Verdade Ou Consequência (Capítulo 01)
Há muitos anos venho querendo publicar um de meus livros, mas ficava receoso por não me achar capaz o bastante para algo deste tipo. Bem, ainda continuo sem publicar, mas quem sabe.
Tive várias idéias de como as histórias seriam, de como os personagens seriam... Acabei por começar por essa que espero que gostem. É apenas o primeiro de muitos que pretendo desenvolver.
A história em si é a mais clichê possível, mas não deixa de se tornar envolvente à medida que se desenvolve. Confesso que escrevi muita porcaria, e às vezes pensei ao ler certos parágrafos e diálogos “Que porra é essa que eu escrevi?”, mas como é o primeiro que realmente consigo terminar, deixei passar batido. No próximo tentarei o meu melhor. Bem, vamos ao resumo de tudo...
'A história gira em torno de Oliver. Um cara de 18 anos de idade que passou por altos e baixos, mas se mantém firme e de cabeça erguida acima de tudo. Ele se apaixona, sofre, é humilhado e se vê infeliz... Sua vida vira de ponta cabeça depois de um jogo de “Verdade Ou Consequência” e com a volta de alguém de seu passado, pessoa que faz de tudo para que ele sofra. Com o retorno desse homem, Oliver e sua família se vêem presos ao passado e passam por momentos de sufoco emocional e físico.'
Paixões. Intrigas. Sexo... Tudo dentro dessa história. Confesso que ao decorrer dos capítulos ela acabou se tornando diferente do que eu esperava. É o caso do casal final, que quando vi o que eu fiz com eles, não pude mais voltar atrás. Então espero que gostem.
PS: Comentem...
CAPÍTULO 01
Seu corpo se levanta de sua cama, mas sua mente permanece sobre o colchão macio. Ele passa a mão por seus cabelos negros e espessos. Mais um dia como todos os outros.
A janela de seu quarto é aberta por suas leves mãos. O sol da manhã invade o quarto. Pássaros piando em cima de árvores. Pessoas caminhando. Tudo parecia perfeito fora de sua realidade, mas em sua mente nada era belo como parecia. Fingir que tudo estava bem era cada dia mais impossível. Ter de manter um sorriso no rosto mesmo estando destruído, estava ficando insuportável.
Oliver toma seu banho. A água caindo em seu corpo o relaxava por completo. Aquele líquido transparente e puro sempre o deixava assim. Como se tudo desaparecesse. Passaria horas debaixo do chuveiro se pudesse. Seu momento íntimo acaba dez minutos depois. Oliver se enrola em uma toalha velha e manchada de alvejante barato e sai do banheiro, que estava esfumaçado. Seu corpo sente a diferença de temperatura e sofre pequenos arrepios. Os pelos de seu corpo se ouriçam. Uma sensação gostosa.
Oliver se encaminha para a cozinha. Sua mãe preparava o café da manha. Suco de laranja, pão francês e torradas feitas com o pão da semana passada. Tudo perfeito como sempre. Roberta era uma excelente cozinheira
- Ansioso para a viagem amanhã querido? – Pergunta Roberta, mãe de Oliver.
- Nem um pouco... – Responde Oliver se debruçando sob a mesa de vidro suja com marcas de dedos. Sua voz era de total desânimo.
- É por causa daquela sua paixão... Júlio é o nome dele não é? – Oliver sempre contava seus problemas para sua mãe. Tinham uma relação baseada na confiança.
- É. Conheço-o há quatro anos. Sou apaixonado por ele há quatro anos... Você não faz ideia de como é difícil olhar no rosto dele todos os dias e não poder dizer o que sinto. Eu nunca deveria ter me apaixonado por um hétero. É estupidez.
- Colé viado! – Diz Diogo, irmão de Oliver ao achegar apressado na cozinha.
- O que eu falei sobre respeito aqui em mocinho! – Roberta repreende seu filho mais velho.
- Foi mal mãe. Gosto de zuar com a cara do meu maninho de vez em quando. – Diogo diz ao dar um leve empurrão na cabeça de Oliver, que quase cai da cadeira em que sentava.
- Bem. Eu já acabei de comer, e agora que você chegou, vou me arrumar. Tenho que comprar algumas coisas antes da viagem.
- Finalmente você vai para algum lugar... Deve estar criando raiz aqui dentro de casa. Você deveria sair todos os finais de semana, como eu. – Diogo fala com a boca cheia de pão.
- Você sai todo dia... – Oliver ri e se levanta de onde estava sentado.
- Não enche vai. Tu ta é precisando de um macho. Desde que tu saiu do armário não se arrumou com ninguém. E olha que tem uns seis anos isso, eu acho, não contei... Tem uns viado lá na faculdade. Parecem ser gente boa. Vou ver se te apresento um. Quem sabe você não dá uma trepada. Sexo é bom sabia. Relaxa os músculos, queima calorias...
- E começou a baixaria... Será que tu não consegue ficar sem falar abobrinha um minuto sequer? – Roberta tenta corrigir o filho, mas acaba sorrindo.
- Tá mãe. Mas pelo menos eu to pegando mulher. Oliver que ta na seca. Sempre esteve.
- Não enche meu saco Diogo.
- To vendo que ta de TPM hoje. Medo. Vou subir. A Patrícia ta me esperando lá em cima. – Ele começa a correr em direção a escada, mas sua mãe grita por seu nome
- Você trouxe mulher para dentro de casa ontem Diogo? – Roberta parecia indignada.
- Foi mal mãe. Mas a mina é espetacular. Eu tive que trazer. – Ele sai correndo antes que Roberta lhe dê mais um sermão.
- E eu pensando que era a ovelha negra da família apenas por ser gay. Estou vendo que não. – Oliver coloca seu prato e copo dentro da pia
- Seu irmão é impossível Oliver. Mas vai se arrumar. Eu ajeito a cozinha.
- Obrigado.
Oliver sobe as escadas novamente. Passa pelo corredor e chega ao seu quarto. Abre seu guarda roupa e pega a primeira coisa que acha pela frente e se veste. – Nada mal... – Ele pensa. Pega sua carteira, chaves e sai.
Ele se senta em um dos pontos de ônibus perto de sua rua. O calor era completamente desagradável. Seu corpo começava a transpirar. Era sempre assim. Ele caminhava pouco e soava muito.
O ônibus chega. Oliver se senta ao fundo. Ele adora ficar lá. Tudo sempre balançava. Ele deixava seu corpo sempre leve, para que a cada movimento do ônibus seu corpo se movesse. Era uma diversão a parte.
Oliver finalmente chaga a loja principal de sua cidade. Lá vendia de tudo. Desde roupas a materiais de construção. Era como se fosse um Shopping. Ele adorava caminhar pelo local e observar as coisas.
- Bom dia. Em que posso te ajudar? – Diz a vendedora, sorridente, quando Oliver adentra uma das lojas.
- Vou fazer uma viagem amanhã. Preciso de roupa de banho. Uma mochila bem grande e algumas outras coisas. Eu fiz uma lista... – Oliver entrega um pedaço de papel rasgado contendo alguns itens à vendedora
- Sim. Pode me seguir... – A mulher lia a lista
Eles percorrem por alguns corredores. A mulher loira sempre ia à frente, pegando algumas coisas e colocando dentro de um carrinho
- Sunga ou short? – Pergunta a mulher ao parar em frente a seção Moda/Praia.
- Com certeza short... – Oliver não gostava de usar sunga. Usava apenas quando criança.
- Interessante... Realmente sunga é uma péssima escolha para quem está fora de forma, mas você tem tudo no lugar. Deveria usar a sunga.
- Não. Obrigado. – Oliver diz sem graça.
- Toma. Experimenta. E não aceito não como resposta. – A vendedora oferece uma sunga na cor roxa a Oliver. Cairia bem em seu tom de pele.
- Nem pensar. Eu não vou colocar...
- Xiiii... – A vendedora coloca seu dedo indicador direito sobre os lábios de Oliver e sibila. - Veste essa porra logo amor. Entra no provador. Depressa. To esperando. – Seu tom de voz era descontraído
- Não. É que...
- Vai! – Ela o empurra até o provador.
Oliver entra. Olha para a sunga. Pensa... Ele não sairia dali se a moça não o visse vestido com aquilo, então a coloca. Toma coragem e sai do provador.
- Mamãezinha... – A vendedora parecia incrédula.