Entre eu e ela - Capítulo 4

O quarto da Julinha era bem bagunçadinho, igual ao meu, mas era aquela bagunça legal, tinha um pôster enorme do Charlie Brown Jr. e outro menor da Rihana naquelas poses bem sensuais. Enfim, olhei rapidinho. Ela pediu para que eu sentasse na cama, sentei.

Eu: vamos estudar então? Qual questão você tem dúvida?

Júlia: eu tenho dúvida em uma matéria bem complicada, flor. – falou sorrindo.

Eu: diga, te ajudo se souber.

Júlia: você sabe, mas parece não querer saber. – se aproximou mais de mim, sem tirar os olhos dos meus.

Eu: fala de uma vez, Júlia! – tá, ok gente, eu já estava uma pilha de nervos, ansiosa por algo a mais, sei lá.

Júlia: me deixa te mostrar? Te garanto que vai ser melhor se eu falar.

Eu: me mostra então! – eita lasquêra, é agora D:

Julinha se aproximou mais ainda de mim, sorriu e pegou um papel de cima do criado-mudo. Eu nem sei dizer o que eu senti na hora. Júlia me mostrou o papel com umas contas enormes...

Júlia: essas contas me matam! – falou olhando pra MELECA do papel.

Eu: ah... é... ah sim... eu te ajudo! – disse com meia tonelada de decepção nas costas.

Júlia começou a rir e tomou a bendita iniciativa. Júlia me beijou! Que beijo formidável! Os lábios daquela loirinha se encaixaram nos meus com uma facilidade extraordinária. Com uma mão na minha nuca e outra na minha cintura, ela introduziu sua língua na minha boca, passou pelos meus lábios, mordiscava... eu já estava entregue a todas as sensações daquele momento. Durou uns 5 minutos, até que Júlia nos separou.

Júlia: você acha mesmo que eu ia querer saber de contas ao invés de beijar essa boca deliciosa que você tem? – perguntou com um sorriso sexy.

Eu: na verdade eu achei mesmo. – quis cavar um buraco e me enterrar de tanta vergonha e timidez.

Júlia: preciso te falar umas coisas, Sofia. Você tá disposta a ouvir?

Eu: claro bebê. – disse lhe dando um selinho.

Ela sorriu com o meu gesto.

Júlia: quero que você saiba que eu sempre te admirei, desde o primeiro dia em que te vi. Não paro de pensar em você. Sei que pra você pode ser tudo novo, mas pra mim também é. Eu tô gostando muito de ti, quero ficar contigo. Te acho linda, legal, inteligente, divertida, etc. Se você quiser um tempo pra “digerir” a situação, eu vou entender, só não quero que você se distancie de mim. Você pode não sentir o mesmo que eu, mas... – calei sua boca com os dedos, delicadamente.

Eu: Júlia, eu sinto o mesmo que você! Eu devo confessar também que não tiro você da cabeça desde que te vi pela primeira vez. Gosto de você, mas isso tudo é novo pra mim, preciso pensar um pouco. Não quero ficar longe de você, tá?

Júlia sorriu e me beijou. Era o nosso segundo beijo, muito melhor que o primeiro. Nesse eu senti mais carinho, mais sinceridade, mais compreensão. Mas enquanto viajava na maionese, Júlia esquentou nosso beijo, suas mãos estavam na minha costa, as minhas estavam na sua cintura. Me deitei por cima da minha loirinha, já estava excitada, queria ela pra mim, não sabia nem como fazer isso, mas queria... Júlia diminuiu o ritmo do beijo.

Júlia: vamos com calma, flor!? – disse me beijando o pescoço.

Eu: ah... é... sim, vamos com calma. – falei tentando me recompor.

Júlia: vamos ter muito tempo pra fazermos o que quisermos, tá? Só vamos ajeitar as coisas antes.

Eu: tudo bem bebê, como você quiser.

Passamos a tarde de “estudos” no maior chamego, brincando uma com a outra, gargalhando, trocando carinhos. Vimos TV, ouvimos umas músicas. Não mencionei antes, mas a Júlia toca violão, e muito bem. Ela cantou uma música do Charlie Brown, Proibida pra mim. Fiquei boba com aquela cena, ela é tão fofa, tão meiga, tão carinhosa e tão, mas tão linda! O momento foi sensacional, mas foi interrompido com a minha mãe ligando, me chamando pra jantar.

Júlia: já tem que ir, flor?

Eu: sim bebê. – fiz uma carinha triste.

Júlia: tudo bem, te levo até a sua casa. – falou como se eu morasse do outro lado da cidade, mas foi muito fofo.

Ela me levou até a porta de casa e nos despedimos com um abraço bem apertado, de urso mesmo. Entrei em casa e enquanto fechava a porta, a vi atravessando a rua de volta pra casa. Eu não conseguia esconder a minha felicidade...

Mãe: que carinha feliz minha filha! Posso saber o motivo de tanta felicidade?

Diego: viu passarinho verde, mana?

Eu: não gente, apenas tô feliz. – disse sorrindo e me sentando.

Jantamos, conversamos e vimos TV, como sempre, depois fomos dormir. Entrei no meu quarto, sentei na beira da cama e pensei, pensei... somente na Júlia, em como ia ficar nossa situação. Nem sabia mais onde a minha razão estava, só queria fazer o que o meu coração mandasse. Fui tomar banho, meu estado de espírito era contagiante. Cantei no chuveiro, dancei, quase caí até, mas foi divertido. Acabei a minha sessão Beyoncé no banheiro, me enxuguei, me troquei e fui deitar. Dormi, cansada, feliz. Acordei com uma dor de cabeça terrível, aquela bem chatinha, de TPM mesmo. Não quis ir a aula, tava mal. Desliguei meu despertador e voltei a dormir. Acordei emputecida com o meu celular tocando umas 9:40, era a Yara.

Yara: ei bicha, por que você não veio pra aula?

Eu: dor de cabeça mana, sem condições. – falei coma voz sonolenta.

Yara: ah sim, melhora logo gata! Você tá perdendo, entrou uma novata aqui, tal de Rafaela, já fez amizade com o Thiago, com o Ígor, com a Bia e com a Júlia. Acho que ela gostou mais da Júlia, tá sentada do lado dela.

Eu: o quê? Do lado da Júlia? – quase gritei.

Yara: calma amiga, elas só estão conversando.

Eu: tô calma Yara, perguntei por perguntar só. – tentei disfarçar meu descontrole.

Yara: então tá amiga, vou desligar, a professora chegou aqui. Beijo, melhora logo.

Eu: beijo amiga.

Se a minha dor de cabeça já estava ruim, imagina agora? Mas peraí, que mal tem ela conversar com a novata? Nenhum mal. Rum, não sou ciumenta.

Continua!