Evan, O Rei 2
Capitulo 2 Fio Dourado
Os lobos nos cercavam, rosnando para Max que se mantinha acima de nós. O lobo formado por mim e Max era maior, maior que uma casa, o lobo que eu formei com Ric era um pouco menor que o lobo alpha de Max, o que o permitia se manter acima de nós enquanto seguíamos sua ordem e ficamos abaixados.
“O que está acontecendo Max?” perguntei olhando para os lados, os lobos tinham intenção de entrar em embate com Max, mas quando olhavam para nós sua expressão mudava, se intensificava, era quase como...
“O lobo de vocês é fêmea.” A voz de Max ecoou em nossa mente embargada, grossa. Aparentemente ele também estava se segurando.
“Merda!” Ric exclamou, virando a cabeça do nosso lobo para checar entre nossas patas traseiras. De relance vi o pênis do lobo de Max completamente fora da pele, grande, vermelho e brilhante, Ric confirmou que éramos fêmea. “Merda, merda, merda...”
“E porque esse alvoroço todo Max? Tem outras fêmeas por aqui.” Eu estava confuso, os lobos ali agiam como se nosso lobo fosse a primeira fêmea a surgir no mundo inteiro.
“Nenhuma delas nunca entrou no cio.”
Isso pareceu tirar Ric do torpor. “Cio? Isso é impossível, não acontece com nossos lobos!”
“Diz isso para o lobo de vocês, não estão exalando o cheiro de cio ainda, mas os feromônios que estão soltando no ar dizem que logo estarão.” Era claro o quanto Max estava se controlando, então ele abaixou e prendeu o pescoço do nosso lobo com sua boca, exercendo apenas pressão o suficiente para nos prender ao chão. “Eu sinto muito Evan, vou ter que tomar posse de vocês.”
Eu tive certeza de que Max não sentia nem um pouco, na verdade os movimentos que seu quadril fazia antes mesmo de tentar a penetração diziam o contrario, ele estava curtindo aquilo, ao meu redor Ric entrou desespero.
“Não! Não! Não! Nem pensar, seu tarado, eu também estou aqui.”
“Sacrifícios tem que ser feitos Ric.”
“Sacrifica o seu toba então!”
Enquanto os dois discutiam eu foquei o milharal além do jardim, me atingiu em cheio que não havia vento nessa noite, tudo estava parado, as flores no jardim, as arvores, mas repentinamente o milharal se agitou, como se uma mão invisível agitasse os pés de milho ou se alguém corresse entre o milharal, mais do que isso, eu senti que alguém nos observava do milharal com altas expectativas e isso me atingia como algo errado. Era como se alguém esperasse ansiosamente por aquele evento, era como se um tigre estivesse de tocaia esperando sua vitima passar.
“Não Max, acha outro jeito.” Meu tom alarmou Max que ficou imóvel, deu um suspiro doloroso e então balançou a cabeça em acordo.
“Graças aos céus, alguém com juízo!” Ric exclamou aliviado.
Pouco depois eu senti um liquido quente se espalhando pelas nossas costas.
“O-o que é isso Max? Por favor, não me diz que é o que eu estou pensando...” Ric estava completamente transtornado.
“Para de reclamar, maninho.” A prazer que Max sentia em estar demarcando seu território deixava sua voz sonolenta.
“Cara, isso tá tão errado.” Eu podia sentir Ric balançando a cabeça.
Depois disso os outros lobos recuaram, mas ainda ocasionalmente rosnavam, e ainda não haviam retornado a sua forma humana, assim que possível eu e Ric nos separamos.
Ric examinou avidamente seu corpo, ao checar que seu majestoso membro continuava intacto ele suspirou aliviado e caiu de costas no gramado sorrindo. Eu olhei para baixo e constatei que eu ainda continuava normal, seja lá qual a mudança que nos afetava quando lobo era revertida quando voltávamos a forma humana, logo senti Max humano me abraçar com força por trás e beijar meu pescoço.
Já não havia clima para nós corrermos ao luar aquela noite, então nos recolhemos, Ric estava em seu quinto banho enquanto eu ficava observando do balcão do nosso quarto os lobos correrem pelo milharal e indo e vindo da mata. Max não pode se recolher conosco, afinal ele era o alpha. Mas volta e meia ele vinha montar guarda abaixo do balcão.
O céu começava a ficar azulado com a aurora quando Max entrou pelo quarto. Muito pouco depois de Ric ter desistido de tirar o odor.
Sem dizer nada ele me tirou do balcão e me beijando me jogou na cama, ao lado do carrancudo Ric.
Ficamos os três em silencio por um tempo, achei que os dois tivessem dormindo. Até que Max quebrou o silencio. “Que loucura...”
“Que nojo...” Ric retrucou do outro lado.
“Quer dizer que nenhuma das fêmeas lobo entram no cio?” perguntei a Max.
“Não, quando estão gravidas elas perdem a habilidade de mudar para lobo.”
Ric virou para nosso lado e disse sério. “Vocês entendem o que isso significa?”
Eu olhei para Max e ele devolveu o olhar, vi seus olhos brilharem com a promessa.
“E-eu sinto muito Max, eu não estou preparado para isso.”
Eu odiei destruir seus sentimentos, desapontar uma chama que reacendeu dentro de Max, mas era a mais pura verdade, eu não era adulto o suficiente para arcar com outra vida, ou para ir contra minha própria natureza masculina.
Max me abraçou e me aconchegou contra seu peito. “Eu entendo meu pequeno, vamos ter tempo o suficiente para isso.”
“Mentira!” Ric acusou atrás da gente, dando um pequeno soco no ombro de Max. “Eu me lembro desse tom, ele vai aprontar pelas nossas costas, ele fazia isso quando destruía meus brinquedos quando éramos crianças. Ele sabe que vai ser impossível os três resistirem quando o lobo entrar no cio.”
Max deu um sorriso e eu me afastei dele fingindo estar chocado. “Seu safado!”
“Mas pode tirar seu lobo da chuva Max, eu não vou mais formar o lobo com o Evan.”
O sorriso de Max não diminuiu. “Algo me diz que isso vai acontecer naturalmente.”
Então Max se deitou de costas e ficou a observar o teto, sonhando, Ric faxzia o mesmo enquanto uma pletora de emoções brincavam em sua face.
Dessa vez eu quem quebrei o silencio. “Vocês não tem a sensação de que estamos sendo manipulados?”
“Hã?” Ric respondeu vagamente do meu lado, sem se desviar dos seus pensamentos, Max nem isso fez.
“Imagina o castelo lotado dos nossos...” Max começou e foi interrompido por Ric.
“Nem completa essa asneira!”
Eu me virei de bruços e enfiei a cabeça embaixo do travesseiro, era inútil discutir com os dois nessas condições.
Mas a sensação de que éramos peões em um grande tabuleiro de xadrez não me abandonava.
Mais tarde naquele dia eu estava inquieto. Era como algo desconfortante ficasse me cutucando, onde quer que eu fosse, eu estava totalmente agoniado.
“O que houve com vocês dois, não pararam quieto um só minuto hoje e não conseguiram se concentrar em nada.” Max me tirou do meu mundo egoísta e olhei para Ric, percebi que ele estava igual a mim.
“Estou estranho, é como se eu tivesse deixado algo incompleto, não consigo entender o que...”
Eu concordei com a cabeça para que Ric havia dito. “Eu diria mais, é como se alguém, ou a alma de alguém nesse castelo estivesse cutucando a minha, pedindo ajuda ou algo parecido.”
“Isso, eu também sinto isso!”
Max olhava para nos como se estivéssemos loucos. Revirei o olhos e quando olhei para a porta do salão Dior e Melissa passavam, pensei ter visto algo dourado faiscando, me levantei em um salto e fui atrás deles.
Os dois se dirigiam para as escadas, para meu choque eu vi algo dourado, uma corda, que unia os dois pelo coração, mas essa corda não tinha substancia, aparecia e sumia.
“Dior, Melissa!” os dois pararam me olharam curioso.
“Precisa de alguma coisa meu ômega?” Dior perguntou curioso.
“Eu acho que vocês quem estão precisando, que corda é essa que estão carregando?”
Os dois se olharam confusos. “Que corda, Evan?” Melissa me perguntou confusa.
“Eu vejo!” Ric estava logo atrás de mim.
“Não vejo nada...” Max estava parado logo atrás de Ric.
Caminhei lentamente até os dois e tentei tocar na corda dourada que os unia, os dois observavam cada movimento meu como se eu fosse louco.
A corda dourada era imaterial, meus dedos não se fechavam sobre ela, mas tocar nela me fazia sentir um puxão em meu próprio peito, em direção a ric, pela maneira na qual ele tocou em seu próprio peito também deveria estar sentindo.
Olhei para ele questionando, ele apenas balançou os ombros e começou a se despir, fiz o mesmo, para o choque de Melissa, Dior e Max.
Quando estávamos nús eu puxei Ric para mim e formamos o lobo branco.
Imediatamente Dior começou a rosnar e tentar mudar de forma, o que o manteve contido foi o rosnado de Max.
Então vi que entre meu lobo e max havia uma corda dourada semelhante, mas muito mais firme, brilhante e sólida em aparência. Eu me aproximei da corda dourada e respirei nela, meu sopro formou uma espécie de fumaça, tornando a corda mais brilhante, quando Melissa e dior prenderam o folego eu soube que estava fazendo a coisa certa.
Quanto mais eu exalava na corda mais ela ficava brilhante e sólida, senti o foco de dior mudar do nosso lobo para Melissa, enquanto ela começava a soltar o odor típico de excitação em direção a Dior. Quando eu parei a corda estava muito similar a corda que me unia a Max.
“Matêe.” Dior declarou olhando para Melissa, ela acenou e repetiu o mesmo para Dior.
“Wow, até eu senti o elo se formando, o lobo realmente tornou vocês almas gêmeas.”
‘Eu não fiz nada, só reforcei o elo que existia entre os dois.’ Disse diretamente na cabeça de Max, visto que o lobo não falava.
“Eu ainda me sinto estranho.” Ric disse ao meu redor. “Melhorou, mas ainda não passou.”
Atrás de nós Dior pegou Melissa no colo e juntos sumiram escada acima.
“Max, invoca os outros lobos, devem ter mais outros que precisam ser unidos, eu tenho a impressão de que sói assim essa sensação incomoda que eu e Ric sentimos vai passar.”
“Ok, mas vamos esperar no salão, eu não quero ter que rasgar a garganta de ninguém que tentar montar em vocês.”
Logo a sala estava cheia, Max permitia apenas que os casais entrassem no salão. Eu e Ric fortalecíamos a corda dourada se ela estivesse presente. Logo os lobos foram ficando ansiosos e criando expectativas, e era horrível dizer a alguns casais que não existia um elo entre eles.
No fim da noite estávamos exaustos.
Cerca de dois dias foram o suficiente para solidificar todos os elos, os casais formados estavam mais que felizes, nem todas as historias eram felizes e as vezes nó s achamos eles entre amigos ou pessoas que nem se conheciam direito, nesses casos decidimos dar tempo ao tempo, ainda sentíamos um certo desconforto vindo dessas pessoas, mas era como manejar o fluxo, podíamos simplesmente ignorar isso no plano de fundo da nossa consciência.
Ao fim da segunda noite eu e Ric conseguimos dormir em paz. Naquela noite curtimos um ao outro a noite toda, eu, Max e Ric. Pois no dia seguinte Ric iria a cidade resolver alguns problemas e ainda me sentia meio inseguro quando precisávamos nos afastar, meu coração ficava apertado.
No dia seguinte eu estava sentado em minha cadeira preferida lendo um livro no balcão do nosso quarto enquanto Max cuidava dos assuntos da matilha no salão principal quando ouvi um som ao longe, apertando meus olhos contra o sol do inicio de tarde consegui ver a silhueta de três helicópteros, quando se aproximaram mais eu vi a camuflagem típica de naves militares, eu me alarmei pois era incomum helicópteros passarem naquela região. Na verdade, aquela era a primeira vez.
Do lado de fora algumas pessoas da matilha haviam saído de dentro da casa para checar a aproximação das aeronaves.
Elas não tocaram o chão, escadas de corda caíram de ambos os lados e soldados choveram delas como formigas, eu me levantei alarmado, enviando uma mensagem para Max não sair do castelo.
Meu pior temor se confirmou quando eles começaram a atingir as pessoas no caminho indiscriminadamente, todos que caiam iam ao chão e eu sentia seu fio sumir do fluxo de pensamentos, alguns viravam lobos para combater os invasores, mas com um tiro eram abatidos também, balas de prata, eu pensei. Os soldados usavam roupas típicas do exercito, exceto pelo que ia na frente, que usava um uniforme preto, eu não pude ver seu rosto, mas algo familiar me atingiu em cheio, sai do quarto
Quando desci as escadas dei de cara com um soldado, mas ele olhou em meu rosto e me ignorou, atirando em Salvador que vinha atrás de mim. Quando senti o fio do pensamento de Salvador sumindo do fluxo eu me atirei no soldado, consegui dar um soco nele antes dele me acertar com o cabo da arma na barriga, ele retirou algemas do bolso e se preparava para prender meus pulsos quando um imenso lobo negro saltou em suas costas, arrancando-lhe a cabeça com facilidade assustadora.
“Max!” eu estava feliz em ver meu alpha, mas minha felicidade durou pouco pois os olhos de Max giraram nas orbitas e ele reverteu a forma humana, caindo na minha frente.
Imediatamente seu pensamento sumiu do fluxo e minha cabeça quase explodiu, meu primeiro instinto foi invocar Ric, mas nosso lobo não era feito para lutas e se eu o trouxesse aqui ele provavelmente seria ferido também.
Atrás de Max o homem de preto segurava um rifle, ele apontou para mim e por detrás do boné preto que cobria seu rosto eu vi o sorriso de triunfo.