Evan e o Rei - Capitulo 8
Capitulo 8 Lua Cheia
“Você dormiu bem na noite anterior Evan, você me parece péssimo.” A voz preocupada de Ileana me trouxe de volta à mesa do café da manha.
“Sim, quer dizer, não, estou com um pouco de insônia, dormi muito pouco.” Terminei num bocejo, mas a verdade é que eu estava pregado, parecia que um trator havia passado por cima de mim.
Nossa conversa foi interrompida com a aproximação do Sr Cobak, agora mais a vontade, vestindo uma calça de denim e camiseta polo, tinha cerca de um metro e oitenta e cinco, já nos seus cinquenta e tantos anos, mas com um físico robusto e bem cuidado, tinha cabelos fartos e usava uma barba, ambos mostrando traços de branco que o deixavam com uma cara mais sabia e máscula.
Para nossa surpresa ele se sentou na nossa mesa. ”Bom dia Ileana, quem é esse jovem que eu não conheço ainda?”
“Oh, Robinson, esse é Evan, um dos nossos funcionários mais talentosos, ele é o responsável pela conta dos Novaes.”
Eu entendi que a conta dos Novaes era do pai do Ric, estendi minha mão e o cumprimentei, meio sem graça. “Prazer em conhecê-lo Sr Cobak.”
“Ora, me chame de Robinson, se você foi elogiado por Ileana significa que merece mais atenção.” Ele disse sorrindo e seus pequenos olhos caramelo se fixaram em King.
“Grande cachorro.”
“Oh meu deus! Evan, eu podia jurar que seu cachorro eram menor ontem!” Ileana exclamou levando a mão a boca, eu olhei para ela e para King, que olhava desconfiado para Cobak. Eu nunca havia percebido nenhuma mudança no tamanho de King.
“Sério Ileana?” Sr Cobak pareceu particularmente interessado nesse pedaço de informação. “Que peculiar...”
“É imaginação sua Ileana, ou vai ver ele está em sua fase de crescimento, afinal, eu não o criei desde filhote, não sei qual sua idade.”
“E como vocês dois se encontraram?” foi a vez de Cobak me questionar, percebi que ele não estava comendo nada, o prato que havia trazido consigo da mesa de café da manhã estava intacto.
“Eu o salvei há algumas semanas na floresta, ele estava machucado, desde então ele não me larga, é um bom cachorro e passou a ser meu amigo.”
Por um minuto o rosto de Cobak ficou serio, até me assustei ele parecia ser daquelas pessoas que tinham duas personalidades, uma hora estava sorrindo e na outra o sorriso sumia, eu nunca confiei em pessoas assim.
“Agora, se vocês me dão licença, eu tenho que falar com o resto do pessoal, prazer em conhecê-lo Evan, a você e ao seu cachorro.” O sorriso estava de volta e dito isso ele se retirou da mesa. Foi uma das interações mais estranhas da minha vida.
O dia foi cheio de atividades, cursos, seminários e ao fim da tarde fui abordado por Cobak.
“Evan, estou com uma emergência e preciso de sua ajuda.
Eu fiquei alarmado. “Claro Sr Cobak, o que estiver ao meu alcance.”
“É simples, só preciso que você vá até a fazenda de meu irmão, que fica a uns 20 quilômetros daqui, eu irei lhe emprestar meu carro, aqui estão as chaves, o nome da fazenda é castelo dos Lobos, não tem como errar, basta sair daqui e pegar a estrada a direita e seguir reto.”
Eu balançava a cabeça afirmativamente. Não era nada complicado, o problema era a noite que caia rapidamente.
“Ele vai estar te esperando na porteira, já o avisei sobre sua ida, leve seu cachorro com você, não tem problemas.”
Bom, pelo menos teria companhia, só achei estranho ele não se incomodar com o cachorro dentro de seu carro, muita gente não gostava.
O carro de Cobak era mais simples do que esperava, era vermelho e bastante veloz, infelizmente o trecho de estrada entre uma fazenda e outra estava em péssimo estado. Quando cheguei à frente da fazendo vi um arco de pedra, entalhado na pedra estava escrito ‘Castelo dos Lobos’, mas não havia ninguém a vista, desci do carro e King me seguiu, já era noite fechada e o céu estava claro, uma linda lua cheia iluminava os céus.
King se aproximou devagar do arco de pedra, olhou para o nome e soltou um longo uivo que me assustou, eu nunca havia visto ele uivar, o som penetrou fundo no meu coração, parecia tão triste e solitário, mas era forte, senti ecoar pelo espaço ao nosso redor.
Feito isso o cachorro disparou porteira adentro, só então percebi que a mesma estava aberta. Sem escolha corri atrás do meu cachorro, antes que ele causasse problemas. Estava tudo muito escuro, ao contrario da estrada não haviam lâmpadas fazenda adentro, então a medida que ia me afastando da estrada a escuridão se fechava mais sobre mim.
Pensei em assoviar ou gritar por King, mas me lembrei de que geralmente essas fazendas costumam ter cães de guarda soltos a noite.
Havia luzes ao longe, muito longe, provavelmente a sede da fazenda, na escuridão o pouco que via pareciam pés de milho a minha direita e algo que poderia ser feijão ou soja a minha esquerda, o milho estava bem alto, maior que eu e exalava um cheiro forte e agradável.
Escutei barulhos ao longe e disparei naquela direção, me pareceu ter ouvido latidos e um choro de cachorro. Corria pela escuridão, minha sorte era que a estrada de terra era bem cuidada, então tropecei poucas vezes.
Alguns metros depois a lua iluminou um trecho da estrada e o cenário mais impossível, entre todas as coisas que eu esperava encontrar, se revelou na minha frente.
King estava sentado com os quadris no chão, rosnando para um grupo de animais imensos na sua frente. A principio pensei que fossem ursos de tão grande, mas então reparei nas suas formas mais esguias e os olhos brilhantes na meia escuridão, aqueles animais eram algum tipo de mutação de lobos, mesmo de quatro patas eles deveriam ter minha altura, a posição de King era estranha então percebi a poça de sangue que se formava ao redor dele, ponto positivo para King, que mesmo machucado não recuou, o lindo pelo branco com marcas pretas lustrosas que brilhavam na escuridão estavam marcados de manchas vermelhas, e o fato de poder ver isso mesmo a luz da lua me encheu de pânico, o sangue bombeava forte em minhas veias, agachei tateando no chão algo que pudesse usar como arma, como só encontrei pedras escolhi as maiores. O grupo de criaturas começava a se fechar em torno do meu cachorro, olhei para as pedras em minhas mãos e no nervosismo sorri, eu estava mesmo prestes a enfrentar cachorros mutante infernais munido de pedras.
A primeira voou certeira na cabeça de um deles, que para minha felicidade recuou na surpresa, foi só um passo, mas isso (e o fato da minha mira ser surpreendentemente boa) me animou, enquanto continuava a jogar pedras usei a vantagem de estar oculto pelas sombras do milharal e chamei King.
“King! King! Aqui rapaz, vem pro milharal!”
Eu não sei o que esperava que ele fizesse, mas quando o cachorro se levantou mancando eu percebi que ele não ia me alcançar a tempo, o efeito surpresa que me dava vantagem estava sumindo rápido e um flash de luz lançado em minha direção por um olho brilhante me dizia que um dos animais já havia me localizado, sem alternativa soltei as pedras e urrei bem alto, sai correndo em direção a eles. Os lobos/criaturas não se intimidaram e se atiraram encima de mim também.
Quando tinha King ao meu alcance eu derrapei no chão, caindo do lado do cachorro, um dos lobos tinha avançado encima de mim, mas minha queda o fez errar, senti-o passar a milímetros da minha cabeça. Agarrei King e o atirei sobre meus ombros enquanto me levantava. Já em pé girei meu corpo para a esquerda para evitar outro lobo, não o vi se aproximar simplesmente decidi que estava cercado por uma matilha de cães infernais, logo, não poderia ficar parado em um só local por um segundo sequer, meu próximo movimento foi me jogar no milharal. Mesmo aliviado de estar cercado por pés de milho não parei, disparei, tentei seguir as fileiras do milharal, sempre que sentia ou escutava um lobo na mesma fileira que a minha eu pulava para a do lado, sempre seguindo as trilhas, para não arriscar correr em círculos.
O milharal parecia ser infinito, eu imagino ter corrido por horas, as folhas de milho batiam em meu rosto e em minha camisa causando pequenos cortes, mas os lobos não cessavam sua perseguição e eu não diminui meu passo, eu corria pela minha vida e pela vida do meu cachorro.
As palavras de Ric não saiam da minha cabeça, eu era guardião do cachorro, será que era isso que ele tinha em mente? Ele teria muito o que me explicar. Isso se eu saísse vivo essa noite. O milharal subitamente acabou, como eu não parei para prestar atenção ao limiar só me dei conta que estava na mata quando tive que me esquivar e uma arvore que apareceu subitamente no meu caminho. Uma olhada rápida ao meu redor me indicou que uma neblina densa havia se formado na mata, fiz uma oração pedindo que a neblina nos protegesse.
King estava imóvel nos meus ombros, mas seu corpo estava quente então ele deveria ter somente apagado, minha meta era seguir em frente, pelos meus cálculos eu estava correndo de volta para a fazenda do congresso, às vezes a lua e as estrelas surgiam entre as copas das arvores, então as usava para guiar meu trajeto.
Algo agarrou minha perna direita e eu fui ao chão, consegui proteger o cachorro nos meus braços do impacto, mas meu braço esquerdo atingiu algo duro no chão e uma onda de dor se espalhou pelo meu corpo. Assim que cai no chão comecei a ser puxado, senti os dentes do animal penetrando minha calça jeans, a pressão que sua mandíbula fazia no local era tremenda, achei que fosse partir o osso e a qualquer minuto ouviria um ‘crack’ fatal, meu braço direito soltou King e tateou por algo, encontrei um pedaço de galho caído no chão e assim que minha mão se fechou sobre ele usei todas minhas forças para dar uma pancada na cabeça do lobo que tinha me pego. O animal não se mexeu, mas olhou para mim com olhos brilhantes, mudei o pedaço de pau de posição e segurei-o como uma lança e afundei-o em um dos olhos brilhantes, a animal recuou num uivo horrível de dor, alcancei King e o joguei sobre meus ombros novamente, aquele uivo com certeza atrairia os demais. Atirei-me floresta adentro, mas agora não me importei em checar minha posição eu só tinha que colocar distancia entre mim e aqueles animais medonhos o mais rápido possível, antes que o esforço me consumisse.
Corri por mais algum tempo, centenas de arvores passaram por mim, vez ou outra escutava um barulho ao meu redor e mudava de trajeto. Belo guardião eu era, iria morrer ali na primeira emboscada. Durante minha fuga julguei ter visto uma mulher entre as arvores, isso se repetiu algumas vezes, é claro que eu não parei para conversar e na verdade aquilo poderia ter sido um truque da minha mente cansada e em pânico.
Mesmo na noite escura eu podia perceber que estávamos cercados, uivos e rosnados me rodeavam, eu estava ferido, sentia meu tênis encharcado de sangue, meu braço esquerdo estava adormecido, o que era bom, senão não conseguiria mais carregar King, que parecia pesar agora uma tonelada. Avaliei minhas alternativas, por todos os lados vinham sons de lobos se aproximando, esses lobos não eram definitivamente normais, eram quase da minha altura. Uma das arvores próximas era mais baixa, então me estiquei e usando meu ultimo sopro de força depositei King em um dos galhos. Cai logo em seguida, não me restavam forças para subir, de joelhos abaixei a cabeça e esperei pelo fim. Do lado esquerdo da arvore uma face de lobo surgiu, levantei minha cabeça para olhá-lo, seus dentes estavam à mostra, seus olhos dourados brilhavam com a satisfação de alcançar a presa, o seu hálito quente fazia fumaça no ar frio da mata.
Ele somente olhou para mim, pareceu não ter descoberto o cachorro depositado na arvore acima, para meu alivio, pelo menos um de nos sairia vivo aquela noite.
Escutei outro barulho atrás de mim e não precisei me virar para saber que mais daquelas criaturas acumulavam-se atrás de mim. Subitamente todos olharam para o alto da colina, que eu nem percebi existir do lado direito, então vi que eu estava em uma pequena clareira, um de seus lados era mais elevado e em choque vi uma mulher parada no topo, usava um vestido branco muito fino, tão fino suas formas femininas e belas se mostravam, mesmo da distancia que estávamos. A criatura mais próxima de mim pareceu se alarmar e abriu a boca, com certeza para me dar o golpe final antes de ser interrompido, mas faltando o que com certeza eram apenas milímetros para ele arrancar minha garganta uma luz forte tomou conta do lugar, foi como se o animal tivesse sido atingido por uma locomotiva, fechie meus olhos por causa da luz cegante e ao meu redor escutei ganidos dos outros animais aparentemente em dor, então tudo cessou.
Fiquei cego momentaneamente até que os pontos luminosos começaram a diminuir, eu ainda estava na clareira, mas não estava no mesmo ponto, apesar de estar na mesma posição agora eu estava no centro da lareira, king agora estava ao meu lado, ainda desacordado.
“Oh, Evan, meu querido. Quantas provações.”
A mulher misteriosa se aproximou de mim, seu vestido esvoaçando com a brisa que soprava na clareira.
Ela se ajoelhou na minha frente e colocou as mãos em meu rosto, sua pele era cor de café com leite, bem pálida, seus grandes olhos amendoados castanhos e seus fartos cabelos encaracolados me passavam um ar de bondade.
“Você se livrou deles?” perguntei olhando para os lados, não havia sinal de lobos ali, ela deveria ter usado um sinalizador ou algo do tipo.
“Dos lobisomens? Sim querido, eles não são mais problemas para nós, nesse momento.”
“Lobisomens?” Da primeira vez que eu os vi soube que não eram animais naturais, mas lobisomens era muito fora da realidade.
“Sim querido, você não sabia?” ela analisou minha expressão de confusão e eu não tinha o que responder. ”Oh não, eu sinto muito, isso tudo é culpa minha, você está no centro de toda essa confusão e nem sabe o que acontece...”
“E você vai me dizer, não vai?” minhas sobrancelhas agora estavam arqueadas, eu queria uma resposta direta, sem jogos, eu estava prestes a entrar em coma ou levantar e sair correndo novamente.
“Vivian, meu nome é Vivian, sim, claro que vou te dizer, nós feiticeiros não somos como nos desenhos animados, não falamos por enigmas, você precisa saber de tudo, ate mesmo por que o rei deles está sob sua guarda.”
Ela olhou para King e eu segui seu olhar, meu cachorro era o rei deles? A mulher na minha frente era feiticeira? A bela mulher fechou os olhos, tomou folego e começou sua narrativa.
“Há alguns meses atrás eu cometi o erro de ficar em débito com um lobo, ele era um lobo lindo e me enganou, sabe querido, eu nunca fui muito boa com homens, e acho que você me entende quando digo que tenho uma queda por Alphas.” Ela me deu uma piscadinha e um sorriso revelando dentes perfeito e pequeninos. “Acontece que esse lobo era o Alpha de uma matilha de lobos muito gananciosa, e eles queriam eliminar o Alpha da matilha madre desse país, para tomar seu lugar. Então ele cobrou esse favor e eu não tive outra escolha, prendi o Alpha da matilha real na sua forma de lobo e diminui seus poderes, o reduzindo a um mero cachorro, o seu cachorro!”
Eu não era idiota e pelo que ela me disse deduzi que Alpha era uma espécie de líder de uma matilha, eu também havia visto um documentário sobre lobos que definia sua classificação dentro de uma matilha a partir de letras do alfabeto grego, eu poderia muito bem começar a negar tudo isso e dizer que não era real, mas isso seria perda de tempo, eu havia visto os animais que me caçavam, eles não eram naturais. A mulher parada na minha frente podia parecer natural, mas definitivamente não era, ela havia usado magia para impedir que eu fosse morto, isso a tornava nossa única amiga ali no meio daquela floresta.
“Então é por isso que eles estavam me caçando, querendo chegar a ele.”
“Sim, sim, mas eu deixei uma brecha.” Ela então abriu um sorriso maroto. “Se ele achasse sua alma gêmea, ela, ou no caso, ele, seria capaz de quebrar o feitiço.”
“Como?”
“Ele tem vindo até você durante a noite, não?”
Senti meu rosto ficar vermelho. “Não era sonho, meu deus, ele é real!”
“Sim, a principio ele era um sonho, mas assim que tocou você a forma humana dele atravessou para esse plano novamente, mesmo tendo que ficar presa a forma do cachorro. Vocês já se amam?” ela se aproximou de mim, se aproximou demais, eu podia sentir o cheiro doce e gostoso que emanava dela, me olhava com olhos arregalados, curiosa esperando minha resposta.
“E-eu...”
“Ora, isso não é da minha conta, mas eu tenho que te dizer uma coisa, quebrar o feitiço não vai ser fácil, ele vai ter que consumir todas as suas forças para retornar a sua gloria.”
E ele já estava fazendo isso não? Eu estava sempre cansado enquanto o cachorro ficava cada vez maior, somente eu não havia percebido isso, com certeza ele ficaria do mesmo tamanho das criaturas na floresta. Eu engoli a seco e a face de Vivian se tornou uma máscara de tristeza enquanto eu sentia que tudo ficou mais escuro ao meu redor. As emoções que emanavam dela eram tão fortes que alteravam o ambiente ao redor.
“Você realmente o ama então, mas eu tenho que lhe dizer uma coisa antes que você siga em frente.” Vivian olhou apreensiva para King. “Ele não era um bom rei.”
Max já havia me contado sobre isso. Eu já havia presenciado sua confissão perturbada, mas eu também me lembrava da minha resposta, não sei quem ele era antes, mas eu sei quem ele era quando se sentava comigo a noite na cama e conversávamos, eu tinha fé em sua bondade.
Minha voz saiu mais áspera do que pretendia. “Ele pode mudar.”
Um sorriso amarelo brotou nos seus lábios. “Sim, pode sim, mas você vai sofrer demais antes disso acontecer, você pode simplesmente desistir agora Evan, volte a sua vida, eu entrego o rei a sua matilha.”
“Nunca!” a resposta saiu de imediato.
“Evan, eu admiro sua coragem, eu vejo sua alma valorosa, mas me ouça. Por favor, você tem um futuro brilhante pela frente, o elo formado por uma alma gêmea não afeta humanos, somente lobos, se você seguir em frente sem olhar para trás isso vai sumir da sua cabeça.”
“E o que aconteceria com ele?” indiquei com um movimento d cabeça o cachorro deitado ao meu lado.
Ela respirou fundo. “Se ele chegar a retornar a forma humana ele vai enlouquecer, vai se matar ou ser morto pela sua matilha. Um elo desse tipo é para sempre Evan, e você nem sequer conhece ele, o verdadeiro rei, não o desmemoriado que visita sua cama.”
Mas eu queria, conhece-lo a luz do dia, ele era uma fantasia que podia se tornar real, ele estava arrependido do que havia antes, e eu já o amava, não havia escapatória para mim também.
“Como eu desfaço o feitiço?”
“Evan...”
“Como eu desfaço o feitiço?” pedi educadamente, repetindo enfaticamente cada palavra, não gritei.
“Tudo bem, você precisa dizer o nome dele enquanto ele estiver na forma animal, você já sabe o nome real dele?”
Apenas balancei a cabeça afirmativamente.
“Ok, apenas o matêe, a alma gêmea dele, pode invoca-lo à sua forma real, mas antes ele precisa absorver muito da sua energia, da sua alma, só então a invocação funcionará.”
Então não parecia ser difícil, transar com o homem que eu amava até a exaustão?
“Você entende o risco Evan? Ele pode te matar, sugar demais de você.”
“Sim, eu entendo.”
Vivian me olhou por uns minutos, decidindo algo, eu não virei o rosto, não pisquei não cedi, entendi que ela estava me avaliando. “Eu vou ajudar vocês no que puder, vocês vão dormir agora e quando você acordar vai estar na sua casa, é tudo que eu posso fazer sem arriscar expor vocês dois ainda mais.”
Mas sua voz vinha distante, era como se eu caísse em um túnel, sua linda forma ficava cada vez mais distante e meu corpo parecia flutuar. Meu mundo se tornava cada vez mais amplo, quantas coisas fantásticas estariam a minha espera?
Não importava, eu tinha uma chance de tornar meu homem sonho real, eu não desperdiçaria essa chance.