Brutalidade - capítulo 22
Capitulo 22 Sobrevivência
Eu perdi a noção do tempo que passamos trancados dentro daquele cubículo, horas, dias? Havia água e uma dor lancinante se instalava no meu braço.
“Você é incrível.”
Eu me concentrei novamente na figura sentada a minha frente no escuro, eu tinha perdido o foco, pensando na ultima vez em que estive nos braços de Drezão, a maneira com a qual ele me prendia na cama, exigindo submissão. “Hã?”
“Eu quero dizer, você me salvou, mesmo depois de eu ter te causado tanto mal, eu percebia que enquanto eu te atacava sua força ainda estava ali, mesmo abalado você lutava.”
Estava perdendo meu foco, a dor no braço era lacerante. Eu não queria estar ali, queria estar confortado nos braços de André, como ele estaria agora? Onde ele estaria agora?
Ivan se levantou, veio até mim e colocou a mão na minha testa, não gostou de ver a expressão preocupada, aliás, era Ivan capaz de sentimentos, desde quando?
Se eu não gostei da expressão que ele fez quando olhou minha temperatura gostei muito menos da que fez quando olhou embaixo da minha tala. Levantou-se e começou a andar pelo pequeno cativeiro.
“Desgraça, que desgraça, você não pode morrer, não posso deixar você morrer agora...”
Tentei levantar cabeça e dizer que eu estava bem mas então não consegui, o suor frio escorria pela minha testa, e quem era aquela pessoa na minha frente mesmo? Bem, eu não sabia, mas logo a porta se abriu e um oriental entrou por ela, olhou para mim e pareceu satisfeito, seu sorriso teria me deixado em estado de total alerta, mas meu corpo já não respondia dessa maneira, o oriental falou com o outro homem que estava comido antes, cujo nome não me lembrava, os dois pareceram discutir, então o oriental saiu, trancando a porta.
O primeiro homem veio até mim.
“Ele vai voltar mais tarde e vai nos matar Gil, tenho que tirar você daqui, não vamos conseguir ir muito longe, mas acho que dá para te esconder em algum lugar antes dele me achar.”
O primeiro homem então se levantou e foi até a porta, a alisou por um tempo, então sorriu para sí mesmo e começou a se jogar contra ela, eu acho que tudo aquilo ficou meio repetitivo, apesar da força evidente que ele fazia, acho que apaguei, quando voltei a mim o homem ainda estava empenhado em se atirar contra a porta, que agora tinha uma grande mancha vermelha que aumentava sempre que ele se jogava contra ela, acho que escutei um choro de dor vindo dele, mas não tive certeza. Então finalmente a porta cedeu, ele caiu por cima dela do lado de fora do cativeiro, por um segundo achei que ele estivesse morto, então ele pareceu se recompor, e com dificuldade se levantou e veio até mim, me ergueu nos braços e me carregou daquele cubículo.
Fui carregado por um corredor (então afinal não estávamos em um porão como eu imaginara antes, filmes demais na cabeça) com grotescas paredes roxas. Atravessamos diversas portas, senti a respiração do homem ficando mais pesada porém seus braços fortes não me deixaram cair. O sol bateu em meu rosto quando saímos por mais uma porta e o homem que me carregava agora soltava um gemido de dor a cada passo mas surpreendentemente sua velocidade aumentou assim que ele avistou um campo aberto, estávamos em um sitio, acho que sua intenção era me deixar em um campo ou estrada então percebi que eu sabia dessas coisas porque ele estava falando comigo, me pedia perdão por algo e dizia que não poderia mais voltar para me ajudar.
Seja lá quem fosse aquele homem eu era grato por ele ter se esforçado tanto para me ajudar, claro que eu o perdoei, pelo quê eu não sei, mas ele foi perdoado.
“Parado Ivan!!!”como um choque minha lucidez retornou novamente e eu pisquei surpreso olhando ao redor, eu estava nos braços de Ivan, que soltava um suspiro aliviado e me depositava no chão, caindo ajoelhado.
Eu procurei aquela voz que havia me invocado das trevas pela segunda vez na minha vida, ignorando a dor lancinante em meu braço eu sentei e atrás de Ivan estava ele, com a camiseta preta colada, arma em punho e o suor escorrendo pela testa e manchando a camisa, ele agora estava parado, com certeza mirando a cabeça de Ivan.
Eu estava realmente feliz em ver Drezão, mas naquela hora eu tinha que salvar Ivan, com certeza ele não hesitaria em executar ele assim que visse que eu estava fora da linha de fogo. E me assustava a cara com a qual Ivan me encarava, parecia que ele já havia feito às pazes consigo mesmo e estava preparado para morrer, me olhava com olhos brilhantes e um sorriso sonhador em sua face, não seria tão fácil assim para ele escapar da realidade.
Usando minha ultima reserva de força me lancei encima dele, acabei por acertar o seu ombro que estava destruído e cai por cima dele no chão. Ivan soltou um profundo som de dor e surpresa e acho que pelo jeito que seu corpo relaxou embaixo de mim ele deve ter desmaiado.
André abaixou a arma confuso e correu em nossa direção, chegou até mim e me tirou de cima de Ivan, me apertou ao seu corpo com um braço enquanto com o outro ia voltar a apontar a arma para Ivan quando eu o interrompi.
“Não amor, ele me salvou.” Senti seus músculos relaxarem apenas um pouco e aproveitei a posição para enfiar minha cabeça em seu peito, sentido seus braços fortes me envolverem e seu cheiro de homem, protetor, me preencher.
Tentei pedir mais conforto, tentei pedir a ele para afastar o oriental de mim, me manter seguro, então mudei de ideia, talvez fosse melhor se eu dissesse a ele que tudo iria ficar bem. Mas o surto de adrenalina que me ressuscitou passava, então escutando as fortes batidas do seu coração eu deslizei para a inconsciência sabendo que estava nos braços de alguém que eu amava, e para minha surpresa, apesar de todos os problemas que eu causava, me amava de volta. Não sei se ele escutou o ‘eu te amo’ que sussurrei antes de apagar, mas eu imaginava que sim, pois eu era capaz de escutar André onde quer que eu estivesse, não duvidava que ele era capaz do mesmo.
Levantei assustado, meus olhos demoraram a focar o local onde estava. Lençóis e cobertores claros, ambiente alvo, cheiro peculiar de agua sanitária e remédio, sim, era um hospital. A primeira coisa que percebi foi a cabeça de André sobre um colo, ele dormia profundamente, estava sentado em uma cadeira ao lado da cama. A segunda coisa que percebi foi o gesso ao redor do meu braço quebrado.
Quando ia esticar a mão para afagar a cabeça de André Natty entrou pela porta do quarto onde estava.
“Gil!!! Meu deus, até que enfim!”
Nessa hora André acordou assustado, olhou para mim que estava olhando para Natty e antes que eu pudesse toca-lo recuou e se endireitou na cadeira, saindo do meu alcance. Natty se jogou encima de mim e eu tentei dar o máximo possível de atenção a ela, enquanto não tirava André do meu alcance visual.
O desfile de pessoas que seguiu me explicaram a situação, André e Júlio descobriram o esconderijo de Kyro, que nesse momento estava preso e graças ao depoimento de Ivan continuaria nesse estado. Mas Ivan agora teria que sumir, iria entrar para o programa de proteção a testemunhas, pois Kyro tinha chefes também que iriam fazer qualquer coiso para se proteger.
Eu pensei em Ivan e em tudo que ele por mim durante meu cativeiro, eu não o havia perdoado pois não estou nem perto desse tipo de superioridade, mas fiz uma prece silenciosa, pedindo sua proteção e redenção.
Mesmo no entra e sai que se seguiu naquele quarto de hospital uma coisa permaneceu constante, Drezão estava ainda sentado na poltrona ao lado da cama. Mas ele poderia muito bem ser parte da pobre decoração do quarto senão pelo ocasional grunhido de reprovação quando alguém se aproximava de mim, na verdade esse era o único indicio de que ele estava ali como meu namorado, no resto do tempo ele encarava o vazio com os olhos estranhamente opacos.
Para respeitar seu espaço pessoal acabei por não aborda-lo também, quando todos saiam ele acabava inventando uma desculpa qualquer para sair também, lanche, falar com médicos, lençóis e eu acabava por ficar só olhando para o teto, pensando no que tinha feito de errado. Logico que ele logo voltava, preocupado e com uma desculpa qualquer e acompanhado. Depois que me certifiquei que todos conhecidos haviam sido despachados fiquei atento enquanto André fazia seu ritual, de cabeça baixa andava de um lado para outro do quarto, então vinha até a cama e checava, tomando cuidado para não me tocar ou me olhar no rosto, quando tomou ar para inventar uma desculpa para sair eu estendi minha mão e segurei seu braço.
Foi visível o choque que meu toque causou, ele fechou os olhos e respirou profundamente, pude ver os pelos de seu braço se arrepiarem e o arrepio subir pelo pescoço.
“Não vai, fala comigo.”
Olhei para ele ainda deitado na cama, deixei a importância do meu pedido transparecer nos meus olhos. Ele me olhou de volta e eu vi claro como dia a dor que ele carregava, puxei-o para cama e Drezão estava tão vulnerável que não resistiu.
“Fala comigo, meu amor.” ele se encolheu um pouco quando falei isso, ele se sentou, mas encarou a parede.
“Como você ainda pode me amar? Depois de todas os problemas que eu te trouxe?”
“Como eu posso não te amar?” então puxei ele para perto de mim, ele relutava. “Eu só penso nas coisas boas que vivemos juntos.”
“Não, me larga Gil, me deixa.”
Então a raiva tomou conta de mim. “Você quer ir, você quer me deixar sozinho? Você vai aguentar ficar sem mim, então vai André, eu estou machucado, eu estou precisando de conforto aqui, se você quer ir embora vai, termina o serviço e me mata logo.”
Ele me encarou novamente, os olhos marejados, o rosto contorcido em dor. “Eu não pude te proteger, novamente, acho que nunca vou ser capaz de te proteger.”
Suspirei fundo e puxei-o para mim com mais força, percebi então que mesmo pedindo para ele ir embora eu não tinha sido capaz de soltá-lo. “Eu nunca precisei de proteção, eu preciso de companhia, toda merda que eu m meto você está lá, André. Quando eu fui para esse maldito congresso em um impulso você estava lá, quando eu entrei naquele restaurante para salvar Kayle você estava atrás de mim, você foi atrás de mim no cativeiro. Você me dá forças, se eu sou capaz de enfrentar todo mundo é por que você esta ao meu lado.”
Ele então cedeu e eu consegui puxa-lo para meu lado na cama, ele passou um braço possessivo em minha cintura e deitou de lado, colando seu corpo no meu.
“Eu não vou conseguir te proteger, como eu posso dizer que você é meu se eu não consigo proteger o que e meu. E o que eu vou fazer agora se eu também não consigo ir embora, se eu não consigo pensar em viver sem você? Eu estou tão ferrado.”
Meu braço estava abaixo de sua cabeça, então o usei para afaga-lo.
“Mas eu sou seu, eu não consigo pensar em acordar pela manha sem você ao meu lado, almoçar ou jantar sem você, voltar para uma casa que não tem você é impensável. E todos esses meses que eu estive longe de você foram um inferno vazio. ” Eu não consegui falar mais, a dor que eu próprio carregava ameaçava me esmagar, todo aquele tempo sem André passaram como se eu não estivesse presente, e tê-lo agora em meus braços me faziam ter medo de algum dia estar sem ele novamente.
Depois disso ele ficou imóvel, sua respiração cessou, eu acabei sendo pego na tensão do momento. A verdade era que André parecia forte, e ele era forte, mas isso só significava que as coisas o acertavam com mais facilidade, faziam mais estrago, mas ele demonstrava pouco. Ele era um grande alvo e ninguém se preocupava em cuidar dos ferimentos dele porque todos viam um homem autossuficiente, que era perfeitamente capaz de tomar conta de si mesmo e de todos ao seu redor.
Eu o apertei forte contra meu corpo, eu nunca mais ia deixar ninguém machucar o titã que segurava em meus braços e também nunca mais presumiria que André estava bem, eu estaria vigilante, sempre o recuperando, curando-o.
“Repete.”
“Repete o que, Drezão?”
Sua mão apertou minha cintura com mais força, mais próximo de si. “Você pertence a quem?” senti seu hálito quente no meu ouvido e eu tive que fechar os olhos para não desmaiar.
“Você Drezão, só seu.”
André começou a grunhir no meu ouvido, me levantou da cama com força e logo eu estava ao lado dela, em pé, com o rosto forçado contra os lençóis ele despiu toda sua roupa e quando eu olhei para trás e vi seu corpo másculo, grande, bem torneado e o pau gigante balançado furioso entre as pernas eu tive que me concentrar pra não gozar na cama antes dele me tocar.
André afastou minhas pernas e minha bunda se revelou para ele através da roupa do hospital, ele mirou um cuspe certeiro no centro do meu anel e seus dedos me penetraram e se moviam com força dentro de mim.
“Repete!”
“Repetir o que, deus!” Meu corpo ia para frente e para trás, meu corpo queimava, eu queria ele tanto, porque diabos ele simplesmente não me penetrava?
“Repete!” a ordem era seca eu eu tive que me concentrar no que ele queria, porque aqueles dois dedos estavam me enlouquecendo.
“Eu sou seu Drezão, meu corpo é só seu, meu rabo é só seu, mas fode ele logo, argh.” Ele girava os dedos e meu quadril era forçado a girar também, me fazendo literalmente fuder a cama. Então percebi o que André queria, percebi porque a pouco havia jurado a mim mesmo nunca olhar para ele e ver a fortaleza que todos viam, eu olharia para meu amor e veria uma pessoa com todas as necessidades de qualquer um, todas as inseguranças que todos nós carregamos. “Meu coração também é seu, você é o amor da minha vida, nunca houve ninguém igual a você e nem nunca vai haver, agora pelo amor de deus, só enfia logo você está me matando.”
Então os dedos sumiram e a cabeça gigante de seu pênis estava no lugar, forçando, forçando, me melando com sua excitação, senti meu anel dilatar ao máximo e queimar, então ele estava dentro de mim, depois forçou com tudo seu pau, o que se seguiu foi um sequência de fortes pistoladas, sentia como se meu estomago fosse explodir mas ao mesmo tempo meu pau estava duríssimo e babava de tesão. Ele gritava sua possessão ao meu corpo e quando alguém bateu a porta ele gritou em fúria.
“Vai embora!”
Seu grito reverberou pelo meu corpo me assustando e ao mesmo tempo me levando ao extremo da excitação. Então André encheu a mão em meus cabelos e virou minha cabeça para me olhar nos olhos.
“Você nunca via se livrar de mim, entendeu, nunca vai se separar de mim. Eu vou decidir aonde você vai e quem toca em você.” Enquanto falava ele não metia com força, apenas se movimentava para frente e para trás, seu pau deslizava pelo meu anel, então ele meteu com força, entre cada palavra que pronunciou a seguir.
“Você.. é meu... para... sempre... só meu!”
“Sim meu amor, só seu arghhhhhh.” Então consegui encontrar eu mesmo no turbilhão que era meu corpo servindo a André. “Me promete o mesmo?” disse serio, olhando em seus olhos.
O rosto de André se aliviou de toda raiva e tensão, então ele me virou, me deixando de costas sobre a cama e colocou meus pés entrelaçados em sua cintura e me beijou com força, e logo o sexo desenfreado se transformou em um ato romântico.
“Prometo, qualquer coisa por você Gil.”
Depois dessa eu nem pude resistir, sujei a roupa de hospital toda com meu sêmen seguido por André, que se segurou a mim como se eu fosse um salva vidas em um oceano tempestuoso. E eu seria, para sempre eu seria seu escudo interno.
Somente eu conseguia alcançar o verdadeiro André por detrás do Drezão, Apaguei novamente segurando ele com força, nenhum de nós dois importando se o outro conseguia respirar ou não, mas nos agarrávamos naquele momento querendo ter certeza que nunca mais nos separaríamos novamente.