UM AMOR INVULGAR II - XV

GENTE AGRADEÇO AS LEITURAS E COMENTARIOS. TENHO ANDADO TRISTE POR A DEMORA. TENHO PENSADO SERIAMENTE SE CONTINUO A POSTAR OU NÃO... MAS JA QUE ESTOU AQUI VAMOS AO CONTO.

Lucas ia dizer algo mas já era tarde Márcia já tinha desaparecido.

Ficaram em silêncio por um bom tempo até que Jotapê disse:

- só vim dizer-te adeus…não te vou pedir perdão novamente porque sei que é difícil para ti e respeito isso.

- n-ão pre-ci-sas de ir embora – gaguejou Lucas.

- o quê…eu pensei que não me querias ver?

- não podes deixar a vida que construíste aqui durante todo este tempo e ir embora assim. Aqui é o teu lugar.

- mas olhar para ti todos os dias e saber que nunca me vais perdoar é muito doloroso para suportar. Por isso é melhor ir-me embora.

- NÂO- disse Lucas quase gritando o que admirou Jotapê.

- porque?

- eu perdoei-te desde aquela noite, eu percebi que tu não estavas a agir por querer eu vi medo nos teus olhos.

- mas eu fui um cobarde…

- eu sei, só não to disse ontem por orgulho e queria que sentisses um pouco da dor eu senti. Só não sabia que tinhas sofrido tanto. Mas agora te estou a dizer – disse olhando nos seus olhos – eu perdoou-te e não precisas de mudar de escola. Além do mais naquela noite não aconteceu só coisas más, eu conheci a pessoa mais maravilhosa deste mundo que me deu tudo aquilo que sou e tenho hoje. Os meus pais adotivos. Eu e o meu irmão agora podemos viver sem medo do futuro e eu não tenho que andar na rua a mendigar comida.

- tens um irmão? Meu Deus o que fiz…ia deixar uma criança sem a companhia do irmão.

- não te culpes mais, nós estamos bem…

- obrigado pelo teu perdão, não sabes o quanto esperei por isso. Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida. Posso dar-te um abraço?

- O QUÊ…?

Jotapê abaixou o olhar e disse novamente.

- se te posso dar um abraço

- desculpa, mas isso é pedir muito

- de despedida…

- já te disse que não precisas deixar o colégio

- mas é o certo…

- toda a gente erra e precisa de uma segunda chance por isso não tens que fazer isso.

-então me dá um abraço e prova-me que me perdoas.

- está bem, se te faz sentir melhor, mas vais-me prometer que não vais deixar o colégio.

- ok o eu prometo…

- Lucas levantou-se receoso e Jotapê aproximou-se dele e abraçou-o.

Meu Deus, como tinha sonhado em sentir aquele corpo junto de si. Eles se encaixavam na perfeição. Apesar de Lucas ser um pouco mais baixo que Jotapê. O calor do abraço de Jotapê envolveu Lucas que em vez de sentir medo sentiu-se protegido. E foram-se afastando aos poucos e ficaram cara a cara. Estavam quase a se beijarem quando ouviram barulho no corredor e separam-se rapidamente.

Jotapê amaldiçoou interiormente os alunos que escolheram aquele exato momento para aparecerem.

Por seu lado Lucas agradeceu, pois senão teria cometido um erro. Mas ao se afastar de Jotapê sentiu um vazio difícil de preencher.

- bem acho que ficou provado que perdoei-te, certo?

- sim só faltou mais uma coisa – disse Jotapê sorrindo timidamente.

- o quê? – perguntou Lucas curioso.

- o que estava quase a acontecer se o pessoal não tivesse chegado.

- quanto a isso, acho que não ia acontecer nada. Foi só um abraço e não passou disso. Bem vou indo.

- posso te pedir outra coisa?

- depende do quê – balbuciou Lucas.

- sair comigo esta tarde – disse Jotapê esperançoso.

- não posso. O facto de te perdoar não significa que nos tornamos amigos ao ponto de sair juntos – disse Lucas com firmeza.

- desculpa, eu pensei…

- pensaste mal. Eu não pretendo sair contigo, João Pedro.

-ok, eu sempre quero mais do que mereço.

- não é isso…

- então é o quê?

- acho que depois de tudo o que se passou não há clima para sairmos juntos. Além do mais os meus pais não iam achar boa ideia.

- está bem eu compreendo – disse ele triste – mas diz-me uma coisa.

- podes falar…

- se não fosse pelo o que se passou eras capaz de sair comigo?

-não sei…acho que nem sequer teríamos qualquer possibilidade nos conhecermos.

- pois…mas se mudares de ideia o meu convite continua de pé. Podemos sair como colegas e não como amigos. Podemos ir em grupo para te sentires mais seguro.

- não se trata disso, João Pedro… eu não posso.

- tens namorada e ela não ia gostar é isso?

- não, estou só e não tenho namorada e não há ninguém na minha vida. É que eu nem sequer cheguei a falar disso com os meus pais. E depois do incidente eu acho que eles iam ficar preocupado com o facto de sair sozinho.

- está bem…eu não insisto mais.

- bem acho melhor irmos para a sala, a aula deve estar quase a começar.

- sim vamos.

Quando chegaram na sala Márcia olhou para Lucas com um olhar cúmplice e perguntou-lhe:

- então como foi?

- normal, só lhe disse que estava perdoado e que não precisa ir embora do colégio.

- só isso?

- sim, porque havia algo mais?

- bem não sei, diz-me tu.

- ele me convidou para sair.

- hummm, que lindo. E aceitaste é claro.

- obvio que não…o que ia dizer aos meus pais?

- pois…mas esquece os teus pais e aproveita. Ele é um gato.

- pois, um gato que quase me matou.

- mas ele já se desculpou, e está na cara que gosta de ti.

- mas eu não…estou interessado.

A conversa foi interrompida pela entrada do professor. O professor felicitou Jotapê pela sua atitude e desejou que ele não saísse da escola. E todos os alunos disseram o mesmo. Ele acabou por dizer que tinha mudado de opinião graças a uma pessoa em especial que o ajudou a ver os seus erros.

Lucas ficou muito contente por ouvir da boca de Jotapê que não ia embora.

Márcia olhou para ele e piscou-lhe o olho. E Lucas mostrou-lhe a língua.

Entretanto o professor disse:

- tenho duas noticias para vocês, uma boa e outra menos boa. Qual delas preferem em primeiro lugar?

- a má – responderam em coro.

- bem então la vai…vocês vão ter que fazer uma trabalho de grupo.

- e a boa professor – perguntou-lhe alguém.

- as duplas já estão feitas. O trabalho vai contar para nota e o melhor trabalho vai poder ganhar um fim-de-semana no parque campismo da serra.

Ouve um grande burbúrio na sala.

- shiuu. Vou agora dizer as duplas, certo?

- Alan e Márcia, Jorge com Letícia…

Lucas queria ficar com Márcia por isso desligou dos nomes dos grupos quando ouviu algo que não esperava.

- o João Pedro sendo o mais veterano e já tendo sido designado pelo diretor como guia do novo aluno Lucas, os dois formam uma dupla.

Jotapê olhou para Lucas e sorriu. Já este desviou o olhar e ficou apreensivo. Parece que tudo estava contra ele. Quanto mais queria ficar longe dele, sempre havia algo que os aproximasse.

A aula acabou e foram todos dispensados para combinaram como e que tema haviam de escolher para o trabalho.

Mal o professor saiu, Lucas começou por levantar-se para se ir embora quando Jotapê lhe agarrou pelo braço delicadamente e disse:

- onde é que pensa que vai menino? Parece que temos uns assuntos pendentes.

- é mesmo? Isso não pode ficar para amanhã?

- nem pensar temos que tratar disso hoje…

- mas…

- sem mas, Lucas. Fomos dispensados por isso.

- ok está bem…

- na minha ou na tua casa?

- na minha…é melhor na tua. Porque…

- estás com medo que teu pai me reconheça?

- pois, eu acho que ele não ia gostar.

- pois…mas eu quero correr este risco e também gostaria de me desculpar com ele.

- nem penses nisso…eu..

- está decido hoje na tua casa as três da tarde…

- não acho boa ideia João Pedro…

- eu gosto quando me chamas pelo meu nome.

- para com isso…

- então tá… só preciso de saber o teu endereço.

Lucas deu-lhe o endereço e se despediram. Jotapê abraçou Lucas e este não estava a espera. Ficou atónito. Era a segunda vez que ele o abraçava hoje. E sentiu a mesma reação.

Lucas foi para casa pensando como havia de explicar aos pais como havia de explicar a presença dele ali. Achou que o melhor era falar com o Stuart…porém ele não conhecia o rapaz e Stive poderia ficar magoado. O melhor era falar com ele.

Então ligou-lhe.

-oi Lucas, aconteceu alguma coisa?

- nã..o, mas eu preciso de falar com você pai…

- não pode esperar para logo a noite?

- é importante

- é sobre a escola? O que aconteceu Lucas?

- é sobre a escola mas não aconteceu nada de mais pai. Só preciso de falar contigo. Posso ir a teu estúdio?

- não, fazemos assim eu vou almoçar em casa falamos. Já que tenho que ir buscar algo em casa.

Ok até já.

Lucas ficou apreensivo. Qual seria a reação de Stive? Será que ele ia expulsar Jotapê como fez naquele dia, a pontapés. Não, ele não seria capaz.

Meia hora depois Stive estava em casa e perguntava-se o seria tão importante que não podia esperar até a noite.

Entrou em casa e foi ao quarto de Lucas e encontrou-o na secretária a escrever qualquer coisa.

- oi filho, então é que tão importante que não podia esperar para a noite?

- eu…ah…

- pára de rodeios e diz logo o que se passa, Lucas Bretson?

Ao ouvir o seu nome completo Lucas percebeu que tinha que abrir logo o jogo…

CONTINUA