Relembrar é mto bom
Era uma quinta-feira fria, viajei até a cidade vizinha pra atender uma situação de urgência com um cliente da empresa, e o trabalho se estendeu até a noite. Já próximo às onze e meia, parei a moto próxima à uma loja de conveniência para comprar créditos pro celular e avisar em casa que provavelmente chegaria só de madrugada.
Depois de recarregar o celular, enquanto falava, vi um rapaz sentado sozinho em um banco numa pracinha em frente a loja e fiquei olhando aquele rosto que me pareceu familiar. Desliguei o telefone e tentei me lembrar de onde conhecia aquela pessoa e de súbito me veio na memória quem poderia ser, um pouco diferente, mas com certeza era ele.
Caminhei até o rapaz, agora cabisbaixo e perguntei:
- Você mora aqui?
Ele levantou a cabeça e olhou pra mim, o capuz da blusa lhe cobria um pouco o rosto. Respondeu:
- Moro, por que?
- É que eu tive um amigo de escola muito parecido com você.
Ele olhou fixamente pra mim por alguns segundos, como se tentasse lembrar de algo, fez uma cara de espanto e falou:
- É você! - e disse meu nome - Mas faz muito tempo que eu não te vejo.
Tirou o capuz, e continuou:
- Que você tá fazendo aqui nessa cidade, essa hora?
- Atendimento de cliente da empresa que eu trabalho. Urgência não tem hora neh. - Respondi e continuei - E você que tá fazendo aqui à essa hora com esse frio?
- Ah nada de importante. Mas e aí, como você tá? Fazem anos que não te vejo, tá um pouco diferente.
- Arranjei esse emprego depois que terminei a escola, e já deu até pra comprar uma moto, mas tô pagando ainda. - Apontei a moto estacionada.
- Nossa que legal.
Ele respondeu com um tom triste e voltou a olhar o chão por alguns instantes, então perguntei:
- Tá tudo bem? Você tá parecendo meio distante, triste. E ainda por cima tá sozinho no frio aqui.
- Ah, não tenho muita coisa pra fazer. Mudei pra cá, tô morando de aluguel, mas tô sem emprego.
- Nossa, complicado. Mas não desanima não.
Me sentei no banco ao lado dele e ele continuou olhando pro vazio e dizendo:
- É eu sei, tava esperando uma pessoa aí, mas também não apareceu.
- Namorada? - Perguntei.
- Não.
- Só rolo então?
- Não, deixa pra lá, é até melhor assim.
- Pode me contar qualquer coisa, a gente foi bem íntimo, você sabê do que eu tô falando neh?
- É, eu lembro o que a gente fazia.
- Mas depois ninguém se viu mais, trocamos de escola.
- Eu gostava da pegação, das punhetas, chupetas, mesmo a gente ainda sendo criança. Eu ficava esperando até a gente se ver no outro dia pra continuar.
- Época boa.
Demos risadas, mas ele continuava quieto. Ficamos em silêncio por um momento, ele colocou o capuz de novo e olhando pro céu disse:
- Sabe essa pessoa que eu falei que estava esperando? - E voltou a olhar pra mim.
- O que tem ela?
- Ela ia me pagar, pra sair com ela.
- Como?... - ele me interrompeu.
- É isso mesmo, eu tô sem dinheiro nenhum, precisando pagar as minhas coisas, eu sei que devia ter pensado em outra forma, mas eu nunca iria pedir emprestado pra ninguém, muito menos pra minha família, conseguir emprego tá difícil.
Nessa hora me lembrei que desde de criança, ele não se dava bem em casa, vivia dizendo que queria morar sozinho. Ele continuou:
- Mas não é isso que você tá achando não, ia ser a primeira vez que faço isso, e por isso disse que foi bom ninguém ter aparecido. Ele tinha combinado de vir aqui, mas não veio e a essa hora não tem mais ônibus. Onde eu moro é longe e não é muito bom andar lá sozinho à noite.
- Então você ia ficar aqui até de manhã pra pegar o primeiro ônibus?
- Ia, mas parece ironia neh, quem me apareceu foi você, num lugar longe, quase de madrugada, no frio.
- Ainda bem que eu apareci. Vamo, eu te levo em casa, só me fala onde é.
- De moto?
- É, por que?
- É que nunca andei de moto.
- Relaxa, eu não corro, e não tem ninguém nas ruas agora também.
Ele concordou, voltamos até a moto, subi e ele também. Falei:
- Pode segurar em mim se tiver medo. Chega mais pra frente também senão você vai cair assim.
- Mas vou acabar te encoxando...
- De boa, como se já não tivesse feito isso antes neh.
Dessa vez ele sorriu de verdade e enquanto íamos pra sua casa, ele explicando o caminho, me segurava bem forte em todas as curvas. Vários minutos depois ele disse:
- Pára, pára, é aqui!
Parei e descemos. Ele pegou uma chave e abriu o portão muito enferrujado, dando pra uma pequena varanda, abriu outra porta e disse:
- Só não repara na bagunça.
- Que isso. - respondi - Que bom, tá mais quente aqui dentro.
Passando uma minúscula sala que mal cabia duas pessoas, ele me mostrou seu quarto e tirando uma pilha de roupas de cima da cama pediu pra que me sentasse. Enquanto ele as guardava em uma gaveta, perguntei:
- Quantos anos você tem agora?Respondeu, sentando-se ao meu lado.
- É mesmo, esqueci que você tem a mesma idade que eu. Seu quarto é igualzinho como eu imaginei...
- Como você imaginou?
- Todo bagunçado.
- Ahhh.
Caímos na gargalhada, mas de súbito ele com uma cara séria, grita:
- Não se mexe, tem alguma coisa na sua jaqueta!
Me empurrou pra trás e começou a me fazer cócegas:
- Que bobo, continua igualzinho, não suporta isso.
E continuou me fazendo rir, até que quase sem fôlego pedi pra parar:
- Chega, chega, tá bom, não aguento mesmo... Mas não precisava ter me assustado.
Ele também se deitou na cama e ficamos em silêncio, até que falou:
- Parece que a última vez que a gente se viu foi ontem, não é? Sabe, - continuou - eu lembro...
Nisso vi o volume aumentando na sua calça:
- Seja lá o que você lembra, mas fez efeito.
- Nossa que vergonha. - respondeu.
Me virei e fiquei por cima dele, senti sua respiração mais forte.
- Eu sei o que você lembra. - disse.
De súbito abri sua calça, ele não disse nada, puxei-a até quase tirá-la junto com sua cueca. Não resisti àquelas coxas morenas e lhes passei a mão, o volume na sua cueca ia aumentando, tirei-a e comecei a bater uma punheta bem devagarzinho.
- Você me mata assim. Como nos velhos tempos, vamo!
Fiquei de pé, tirei minha roupa, tirei seus tênis, segurei e levantei suas pernas segurando-as pelos tornozelos, e ele disse:
- Vai maninho, faz tanto tempo! - disse já apertando o lençol com as mãos.
Meti meu pau, ele só mordeu os lábios, com uma perna sobre a cama continuei metendo.
- Não pára maninho, mais rápido. - repetia.
Apoiei suas pernas nos meus ombros e meti o mais rápido que podia, ele se masturbava com muita vontade. Me apoiei com uma perna sobre a cama e continuei.
- Tô quas...
Mas nem terminei de dizer, gozamos juntos.
- Você me cansou pra valer.
Depois de uma breve pausa deitados na cama, colocamos as roupas novamente e falei:
- Eu tenho que ir embora, amanhã é sexta.
- É, você tem que trabalhar neh...
- Falando nisso, você disse que tá sem emprego - tirei um cartão do bolso e lhe entreguei.
- Amanhã de manhã você vai nesse endereço aí, que tão contratando.
- Mas o que é?
- Quase a mesma coisa que eu faço, você vai ver.
- Valeu!
Passamos pelas sala, ele me acompanhou até a rua:
- Agora que você apareceu, não vai sumir de novo, vem aqui de vez em quando, você é o melhor amigo que eu tive.
- Pode deixar, você vai me ver mais vezes. - e lhe abracei bem forte.
- Mas agora já vou indo que tá muito tarde. - continuei.
- Tchau!
- Até mais!
No outro dia quase cheguei atrasado no trabalho, enquanto conversava com meu chefe a secretária ligou:
- Tem um rapaz aqui interessado na vaga de estagiário. Digo pra subir?
- Claro, mande subir. - disse meu chefe.
O rapaz abriu a porta e ao me ver fez uma cara de espanto:
- Você?
- Sim maninho, olá outra vez! - respondi.
E disse para meu chefe:
- Então, esse é o rapaz que eu lhe falei que vai trabalhar com a gente.
FIM.
Rafael Denalli