O vizinho

Foi no dia da minha mudança. Enquanto as caixas saíam do caminhão de mudança, ele chegou na casa vizinha.

Sobre uma Harley Davidson, enorme, preta. Não consegui ver o seu rosto perfeitamente.

Ele nem notou minha presença, mas senti as minhas pernas tremerem. Não sei o que pensei ou senti, mas a presença dele me atraía, magnetizava a minha atenção. O tempo de abrir a garagem em entrar, pareceu uma eternidade para mim. Ele entrou.

Pisquei, voltei à realidade de caixas e bagunça.

Os móveis já estavam no lugar. Ajeitei as coisas mais básicas. Já era noite, arrumei a cama e me preparei para dormir. Enquanto penteava os cabelos, me aproximei da janela que dava para os fundos do sobrado. Paralisei. Podia vê-lo na edícula da casa ao lado onde havia uns equipamentos de musculação. Ele estava de shorts e camiseta e fazia exercícios. Pude ver o rosto. Forte e belo.

Corri para apagar a luz do quarto para que ele não me visse. Encurralei-me junto a porta, pensando se voltava para a janela. Estava envergonhada. O desejo de vê-lo foi mais forte. Voltei mas ele já estava tudo escuro. Ele deveria ter entrado em casa.

Dormi mal. Um sono agitado. Com ele.

Nos dias seguintes, voltei a repetir a mesma vigilância. Ele fazia musculação todos os dias e todos os dias sonhava com ele me tomando em seus braços, me beijando e seduzindo.

Minha mãe, seguindo o script das outras mudanças, logo fez amizade com os vizinhos e aos poucos soube tudo de Jean. Esse era o nome dele. Tinha 26 anos, último ano de engenharia, sem namorada... Isso era o que me preocupava. Sabia que na primeira oportunidade, minha mãe tentaria fazer com que ele me conhecesse. Era sempre assim. Ela dizia que eu era sozinha, antipática, não tinha amigos. Mães... Eu era tímida e, simplesmente não conseguia me relacionar. Como imaginar como ela reagiria se soubesse da vigilância e dos sonhos...

No domingo, estávamos limpando o jardim da frente da casa, quando ouvi o barulho da moto saindo. Suspirei e foquei a grama. Não queria virar a cabeça. Não queria olhar.

- Oi! – ele disse. Não respondi. Não poderia ser comigo.

- Filha, é com você! Não seja antipática! Oi, Jean! Tudo bem com você?

- Tudo bem, dona Mercedes. Queria saber se eu não poderia levar sua filha para dar uma volta. Minha mãe disse que ela nunca andou de moto e tinha muita vontade.

Eu queria um buraco. Aquele deus ali do lado, me chamando para sair porque minha mãe disse que eu nunca tinha andado de moto! Mentira! Mas ele estava ali, parado me chamando. E eu de moleton, suja de terra.

- Ai, obrigada! Mas não posso sair assim, imunda de terra. Fica para outra vez, tá?

- Bobagem! – ele disse com o sorriso mais lindo do universo – Vou te levar em um mirante perto daqui. É no meio do mato, mas tem um visual incrível!

Sem saída, concordei.

- Só vou lá dentro, lavar as mãos. – Corri para dentro. Escovei o cabelo, passei um batom, perfume. Pensei em trocar de roupa, mas achei que ia dar muito na cara.

Voltei para a rua, toda sorrisos, mas uma montanha russa de emoções: raiva da minha mãe, tesão e ansiedade por Jean. Subi na moto, ele se colou em mim.

Minha mão, gelada, segurava a cintura daquele homem com todo o respeito, por dentro eu queria mesmo era abraçar, beijar e explorar todo aquele objeto.

A moto partiu e andou não sei por onde. Eu estava sonhando. Ele saiu da estada principal, tomou uma rua de terra, montanha acima, até que ele parou, tirou o capacete e me tirou do meu devaneio.

- Chegamos! Acho fantástico o visual daqui de cima! Vamos descer?

Desci, andamos pelo mato rasteiro e falamos inutilidades. Rimos.

- Meu Deus! – pensei – Além de lindo, ele é simpático!

Quando decidimos ir embora, a surpresa. Ele se aproximou por trás, me prensou na moto. Segurou meus braços e sussurou no meu ouvido:

- Eu sei que você me vigia enquanto eu malho. Agora, vou te mostrar o que você não pode ver.

Eu arregalei os olhos e não sabia o que dizer. Ele soltou uma das mãos e levou para baixo da minha camiseta, levantou meu sutiã e explorou meu seio, massageando-o e brincando com o mamilo. Mordiscava e lambia safadamente minha orelha. A outra mão invadiu meu moleton e acariciava meu grelinho.

Pensava que estava louca ou sonhando. Estaria isso acontecendo mesmo? Imóvel, deixei que ele continuasse.

Estava entregue.

Suspirava.

Gemia.

Me arrepiava.

Gritava.

Mal senti quando Jean abaixou minha calça, me dobrando sobre o banco de couro da moto.

- Você me quer? – ele disse com uma voz rouca. – Me diga o quanto!

Engoli seco e respondi que o queria inteiro, em mim.

Ele sorriu e me penetrou. Foi como me sentir partindo em duas, um pouco de dor, mas uma dor gostosa, profunda, eletrizante.

... continua