Consultório de Meninas - Caso 01/01

Um conto erótico de AribJr
Categoria: Heterossexual
Data: 22/01/2009 13:41:35

<center><b>ÂNGELA FILGUEIRAS</b></center>

<blockquote><i><b>Garota tímida, um pouco gordinha, olhos esverdeados que parecia grudar no chão Ângela entrou na sala espiando pros lados como se procurasse algo ou alguém que lhe desse apoio.</b></i></blockquote>

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— Boa tarde! – cumprimentei a mãe, uma senhora com seus 38 ou 39 anos – Dona Mirtes, não é?

Segurava o ombro da filha, também espiou pelos cantos tal a filha.

— Boa tarde doutor...

Ficaram paradas a dois passos da porta. Olhei interessado, pareciam arrependidas.

— E essa gatinha é Ângela? – dei um sorriso sem demonstrar estar afetado.

A garota pareceu se espantar ao ouvir dizer seu nome, olhou paras mim e depois para a mãe.

— Se aproximem... – convidei – Vamos sentar?

Levantei da cadeira e estendi a mão, Mirtes olhou primeiro para meu rosto, mediu-me da cabeça aos pés como se querendo se certificar que realmente era eu o psicólogo.

— O senhor é muito novo... – segurou minha mão – Pensei que era mais velho...

Sorri para ela, todas tinha esse impressão e aprendi usar em meu favor o porte de garoto que esconde meus quase quarenta e três anos.

— É brincadeira da mãe natureza – segurei a mão, estava fria e um pouco trêmula – Parece que o bom velhinho lá de riba não quer amassar minha pele e nem pintar meus cabelos...

Continuei segurando a mão, era macia e dizia que não pegava no batente.

— Sou Ângelo... Como você, princesa... – olhei para a garota – Você sabia que nosso nome quer dizer enviado do Senhor?

Soltei a mão de Mirtes e farfalhei os cabelos curtos da garota, ela parecia querer sair correndo.

— Vamos sentar... – apontei o sofá de três lugares – Em pé cansa...

Pareceu ver um sorriso nascendo no rosto de Mirtes, mas foi só um instante, logo voltou a ficar séria. Tornou olhar para os lados, meu consultório não parece ser consultório: um conjunto de sofás, uma pequena geladeira num dos cantos, uma televisão, um vídeo cassete, uma pequena mesa atulhada de revistas e livros, prateleiras com livros de histórias infantis, romances e nada desses compêndios empoados que pululam pelos consultórios de colegas.

— Você é muito bonita Ângela... – não estava mentindo, apesar de um pouco cheinha, era bonita – Como é? Vamos ficar em pé?

As duas se moveram ao mesmo tempo, pareciam ter ensaiado os movimentos. Olhei as duas e esperei que sentassem. Mirtes ficou empertigada, coluna reta, mãos pousadas ao joelho e pescoço ereto. Ângela se deixou cair na maciez do sofá, ajeitou-se e ficou encostada espiando as coisas do consultório.

— Quem lhe indicou foi uma amiga... – Mirtes começou falar nervosa – Ela me falou muito bem do senhor... Eu não queria vir, mas ela disse que o senhor é bom mesmo... Não sei por onde começar... Será que posso fumar aqui? – abriu a bolsa prateada e tirou uma cigarreira de couro cru.

— A vontade... Também sou fumante... – andei até a porta e mudei a placa para ocupado, voltei – Vocês aceitam beber alguma coisa? – parei perto da geladeira – Água, refrigerante, suco de manga...

Ângela olhou para a mãe, também estava escabriada com o jeito do lugar. Esperavam encontrar um consultório asséptico e cheio de quinquilarias que só servem para impressionar a clientela, mas não viram nada que pudesse ligar o lugar a um consultório de um psicólogo. Mais parecia uma sala de estar normal de uma casa e nem mesmo cartazes tão comuns ou meus diplomas e certificados enfeiavam as paredes verde clara.

— Aceito um cafezinho... – Mirtes tinha visto a cafeteira expresso numa mesinha perdo da geladeira – Você aceita um refrigerante filha?

A garota fixou o olhar na mãe, não falou nada, parecia acabrunhada – e estava, não por menos eu sabia. Esperei que respondesse, mas continuou muda e a mãe pediu que lhe desse uma coca-cola. Servir o refrigerante, entreguei o copo nadir – outro espanto – e coloquei a garrafa na mesinha com tampo de cristal – uma exigência de Mica, minha namorada. Esperei que o café fosse coado, coloquei em duas xícaras pequenas e sentei na poltrona em frente às duas. Mirtes recebeu a xícara e provou, novamente pensei ter visto um pequeno sorriso nos lábios. Tomamos o café em silêncio, Ângela fazia de tudo para não cruzar o olhar com o meu.

— Bem... – coloquei a xícara na mesinha e recebi a de Mirtes – Sua amiga deve ter falado sobre como eu ajo... – parei um instante, olhei para as duas – Esse primeiro contato é somente para nos conhecermos... Eu sou Ângelo, me formei fora do país há alguns anos – sorri – Estou no país há onze anos e vim para cá há nove – respirei, olhei para as duas e as duas estavam quietas, Ângela fixa no chão sem ao menos piscar e Mirtes me olhava atenta – Sou divorciado, tenho duas filhas que moram com a mãe, adoro meu trabalho e gosto muito mais com quem trabalho... Não aceito mais que três casos por dia, isso dá um nó na cabeça da gente e se termina até mesmo não ajudando quem devemos ajudar... Este lugar aqui, que chamo de meu lar, pode ou não ser o local onde me encontro com quem trabalho e não tenho paciente, tenho amigos e amigas que confiam em mim...

Parei, respirei fundo e fiquei olhando as duas. Mirtes olhou para a filha e depois para mim.

— Doutor Ângelo... O senhor... O senhor já deve saber, ou desconfiar o motivo de estarmos aqui...

— Não! – cortei – E não sou doutor e muito menos senhor...

Mirtes sorriu, dessa vez foi sorriso de verdade.

— Ta bom... Me chamo Mirtes e minha filha, minha caçula – olhou para a filha e colocou a mão na ponta da perna da garota – Tem umas coisas que... Ângela é uma menina doce, meiga... – parou e respirou fundo – Não se como isso veio acontecer....

Conversamos por mais de uma hora até Mirtes de dá por satisfeita. Ficou acertado que a próxima vez seria apenas com Ângela.

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— Boa tarde Ângela... – estendi a mão, a garota me olhou assustada – Você não quer entrar?

Me afastei da porta, a garota vacilou e olhou para trás.

— Vai filha... – Mirtes incentivou – Posso esperar aqui doutor?

Falei que sim. Era uma quarta-feira, minha primeira conversa com Ângela.

— Mãe... – ela virou para a mãe – Não acho preciso...

Fiquei parado, não iria forçar nada, as duas já deviam ter conversado muito sobre isso. Notei que também Mirtes estava um pouco incomodada, voltei para o sofá e aguardei.

— Doutor... Eu... Eu... – a garota parou no meio da sala.

— Ângela... – me virei para ela – Não é preciso dizer nada, não vamos fazer nada além de conversar, mas se você desejar...

— Não doutor, não... – andou com passos vacilantes – Vai ser até bom mesmo... - sentou e cruzou as pernas, estava tensa – A Miriam falou que o senhor é legal...

Miriam é outra amiga com quem venho conversando há oito seções.

— Como vai ela? – perguntei.

Ângela me olhou de cima a baixo, tem olhos inquietos apesar da maciez dos gestos. Os olhos dizem muito sobre as pessoas.

— Amanhã é dia dela, né? – a voz pequena era o próprio retrato da garota – Ela disse que vocês batem papo, que o senhor conta histórias, piadas...

Era verdade, sempre tenho um causo na ponta da língua para os momentos certos.

— Ela é muito legal também... – respondi e levantei para buscar refrigerante – Também no primeiro dia ficou cheia de medos e vergonha, mas você verá que não é nenhum bicho de sete cabeças... – abri duas garrafas de coca-cola, ofereci uma para ela – E nosso papo vai ser o que você quiser, viu?

Ela recebeu o copo e tomou uma golada pequena.

— A mamãe acho esquisito esses copos... – olhou para o Nadir Figueiredo – Ela disse que pensava que o senhor ia servir em copos mais finos... – riu – Ela é assim mesmo, bota olho em tudo...

— Gosto desse tipo de copo... – olhei para o meu – É de gente da gente e dá até pra beber café...

Ela riu, estava mais calma.

— Você gosta de música? – perguntei.

— Gosto... Mas gosto mesmo é de MPB, de samba... – voltou a beber – Não me amarro nesse tipo de música de hoje...

— Que cantor você prefere? – perguntei e tornei abastecer seu copo – Se você quiser ouvir alguma em especifico... Olha ali! – virei e mostrei – Lá estão mês discos preferidos e também gosto muito de MPB...

Ela olhou a estante de vidro atulhada de cd’s. Levantei e coloquei Chico Buarque.

— Esse é um de meus preferidos, você conhece a obra de Chico Buarque? – perguntei.

Ângela levantou e foi ver os títulos, me afastei, deixei que ela ficasse olhando as capas e coloquei a cafeteira para funcionar.

— Posso mudar o disco? – perguntou.

— Claro que pode, coloque o que você quiser...

Ela colocou Maria Bethânia. Coloquei café na xícara e fui levar para Mirtes que lia entretida um livro de Mario Vargas Llossa.

— Olha o cafezinho do cigarro! – falei demonstrando alegria.

Ela se espantou e sorriu, recebeu a xícara e espichou o olho para dentro da sala.

— E aí doutor? – perguntou interessada e nervosa.

Olhei para ela e sorri.

— Tudo bem... Você me cede um cigarro? – pedi, ela me entregou a carteira, tirei um e acendi, dei uma tragada longa – E você, como está? – perguntei.

Mirtes se recostou na poltrona e também acendeu um cigarro.

— E a Gelita? – deu uma baforada para cima – Ela falou alguma coisa?

Sorri para ela.

— Estamos nos conhecendo... – olhei para a porta, a garota estava parada nos olhando – Agora me deixe papear um pouco com a princesa...


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Comentários

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24/02/2020 00:39:30
Adorei
21/08/2017 03:04:43
Bom começo..
03/02/2009 07:33:49
...


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