Capítulo 1 - TESÃO A PRIMEIRA VISTA
A sala estava cheia, um burburinho de vozes preenchia o espaço enquanto os calouros se ajeitavam nas cadeiras desconfortáveis do auditório. Pedro segurava firme a alça da mochila, os olhos varrendo o ambiente em busca de um lugar estratégico: nem tão na frente para parecer ansioso, nem tão atrás para não parecer desinteressado.
Ele era tímido, discreto, do tipo que preferia observar primeiro antes de se entrosar. Mas, internamente, sua mente fervilhava. E, naquele momento, um único pensamento ecoava em sua cabeça:
"Será que tem alguém bonito na turma?”
Pedro riu de si mesmo, balançando a cabeça enquanto se sentava. Não era novidade: ele sempre criava fantasias bestas antes de conhecer as pessoas. Mas a realidade raramente correspondia às expectativas.
O reitor subiu ao palco e começou aquele típico discurso institucional. Pedro bocejou discretamente, já sentindo o tédio se instalar. Foi só quando o primeiro professor se apresentou que algo nele despertou.
— Boa tarde, pessoal. Meu nome é Marcelo, sou professor de Anatomia Animal e vocês vão me ver bastante nos próximos meses.
A voz grave e arrastada de Marcelo preencheu o auditório com naturalidade. Pedro levantou os olhos e, no instante em que viu o homem, sentiu o coração falhar uma batida.
Marcelo tinha aquele tipo de masculinidade bruta e despretensiosa que Pedro sempre achou absurdamente gostosa. Baixo, parrudo, peludo, um jeito meio rústico, meio cafajeste, mas sem exageros. A camisa social azul-marinho estava levemente ajustada nos braços fortes, a barriga projetava um volume discreto contra o tecido. O homem exalava testosterona sem esforço, sem precisar forçar a barra.
Pedro desviou o olhar rapidamente, sentindo o rosto esquentar.
"Porra, cara. Tu já tá imaginando besteira e nem começou o semestre."
Mas não conseguia evitar. O professor falava sobre a grade da disciplina com tranquilidade, as mãos firmes segurando o microfone, o olhar passeando pelos alunos. O homem tinha presença, uma confiança de quem sabia exatamente o que fazia.
E Pedro já estava pensando nele de cueca branca, sentado num sofá, as pernas abertas, mexendo no próprio pau.
A imagem surgiu nítida na mente de Pedro sem que ele pudesse impedir. O professor jogado no sofá de casa, uma TV ligada num jogo qualquer, a mão vagarosamente deslizando por dentro do tecido da cueca, ajustando o volume crescente dentro dela. Pedro quase conseguia ouvir o estalo seco da mão batendo contra a coxa, sentir o cheiro de pele masculina quente e levemente suada.
Um arrepio percorreu sua espinha. Ele cruzou as pernas imediatamente, tentando disfarçar a reação.
Marcelo, sem saber da tempestade mental que causava, continuava a falar:
— Vou ser direto com vocês. Anatomia não é uma matéria fácil, mas também não precisa ser um bicho de sete cabeças. Se vocês se dedicarem, vão tirar de letra. Agora, se relaxarem, eu vou pegar no pé. E quando eu pego no pé...
Pedro respirou fundo. Sentiu uma pontada suja na boca do estômago ao ouvir aquilo.
"Eu queria que pegasse em outro lugar..."
O pensamento veio antes que pudesse se censurar. Ele respirou fundo, tentando se concentrar no que realmente importava. Mas algo dizia que aquele semestre não ia ser nada tranquilo.
Marcelo finalizou sua apresentação e saiu do palco. Pedro acompanhou o movimento do homem com o olhar, estudando as costas largas, o andar seguro, a forma como as mãos ficavam naturalmente nos bolsos da calça social.
Quando a apresentação geral terminou, os alunos foram liberados para conhecer as instalações. Pedro se levantou junto com os outros, ainda sentindo o calor residual da fantasia em sua mente.
Mas, quando saiu do auditório e deu de cara com Marcelo no corredor, algo dentro dele congelou.
O professor o olhou diretamente nos olhos e sorriu.
Nada demais, só um sorriso educado, uma expressão neutra que qualquer professor daria a um aluno novo.
Mas, para Pedro, aquele sorriso parecia dizer algo mais.
Parecia um desafio que Pedro estava disposto a desvendar….