Jornada de um Casal ao Liberal - Capítulo 17 - Sete dias de paixão e uma desilusão - Dia Cinco

Um conto erótico de Mark e Nanda
Categoria: Heterossexual
Contém 10329 palavras
Data: 12/03/2025 18:02:21

- Mas… não… não foi isso! Eu só queria dar uma noite inesquecível para ela!

- É… Pois é, conseguiu, mas da pior forma possível! Eu nem sei o que te dizer, mas acho que… Bem, fica pra uma próxima, né?

Saí do seu apartamento, enfim. As duas me aguardavam do lado de fora, conversando baixinho, mas a Nanda seguia invocada. Dali fomos diretamente para o nosso quarto num total silêncio. Quando entramos, ela despejou toda a sua irresignação:

- Palhaçada do caralho!... Aconteceu o que aconteceu, passamos por tudo o que passamos, para chegar na hora e ele… ele… Porra!

- Calma, mulher… - Pediu a Iara.

- Calma o cacete, Iara! Aliás, cacete não porque ele… - Ela se calou, suspirando fundo, antes de continuar: - Porra! Primeiro, ele brocha; depois, goza rápido; por fim, toma um remedinho para ficar de pau duro para mim… para mim, Mark!? CA-CE-TE! Estou tão feia assim, gente!? Eu “baranguei” e não estou sabendo?

Começamos a rir da forma raivosa como ela falava, quase espumando e ela, num primeiro momento ficou invocada conosco, mas logo em seguida começou a rir também. Por fim, falou:

- Tá! Posso ter exagerado, mas ainda assim achei uma puta sacanagem dele. Eu não esperava isso. Das outras vezes, ele até que se controlou melhor.

- Nanda, posso falar? - Pediu a Iara, ainda rindo e secando uma lágrima: - Cara, ele não é liberal. Daí cai no colo dele a chance de transar com a mulher por quem é apaixonada, mas com plateia… E quem tá na plateia? Quem, quem!? O seu marido e a amante do seu marido. Ele entrou em parafuso, mulher. Acho que ele não aguentou a pressão…

A Nanda me encarou e perguntou:

- Cê acha isso também, mor?

Eu me calei por um instante, afinal, estava no melhor dos mundos. O apaixonado pela Nanda broxou, gozou rápido e precisou de um remedinho para tentar dar conta. Eu conhecia bem a minha onça e sabia que ele havia atingido em cheio o seu ego de mulher fatal, e tudo numa mesma noite. Nem se eu tivesse encomendado, teria conseguido atingi-la com tanta força assim. Vendo que eu sorria para o nada, perdido em meus pensamentos, ela insistiu:

- Mor, cê acha que eu devo dar outra chance para ele?

- Eu!? Eu não acho nada! Você é quem decide.

- Você também não ajuda em nada, hein? - Retrucou invocada comigo: - Não sei, gente… Só sei que eu tô confusa, frustrada e ainda cheia de tesão. Caralho! É só comigo que essas coisas acontecem.

- Bom, eu vou tomar um banho. Preciso lavar o cabelo. - Disse a Iara.

Nesse momento a encaramos e a Nanda foi mais rápida:

- Afinal, o que aconteceu com você?

- Então… - Vi a Iara ficar constrangida pela primeira vez em tempos: - Eu fui mesmo ao banheiro do apartamento porque estava quase gargalhando daquela história lá na sala. Até aí, normal, nada demais. Só que eu já tinha bebido umas boas doses, né? Então, sentei no chão para rir baixinho e acabei me encostando no vaso sanitário, mas… Banheiro de homem é sempre uma merda! A tampa estava levantada, então…

- Ah… Iara!? - Resmungou a Nanda: - Credo! Que nojo!

- Pois é… Preciso lavar as minhas madeixas. - Ela sentenciou.

- Mas e o rosto? - A Nanda insistiu.

- Ué!? Eu já tinha molhado as pontas do cabelo e, no desespero, enfiei o resto na pia e molhei tudo o que consegui! Acabei molhando o rosto, peito, enfim… Fiz uma puta lambança lá no banheiro social do apartamento dele. Espero que ele só use o da suíte ou vai ter uma surpresa e tanto.

Enquanto falava e ria, a Iara já estava se despindo e entrou no banheiro. Logo, ouvimos o chuveiro e ela cantarolar uma música qualquer e a madrugada estava só começando…

[...]

Assim que a Iara entrou no banheiro, o Mark me encarou, sorrindo e perguntou:

- Quer ajudá-la?

Entretanto, eu estava tomada por uma sensação que há muito tempo não sentia. Simplesmente, eu me senti estranhamente frustrada sexualmente e acho que isso refletiu no meu ânimo para brincadeiras mais intensas. Então, falei a primeira desculpa que me veio à cabeça:

- Eu!? Ajudar a lavar o cabelo de mijo dela? Nem em sonho! Se quiser ir lá, fica à vontade, mor, mas eu não vou.

Ele foi até a porta do banheiro e a olhou por alguns instantes, certamente avaliando a minha sugestão, mas depois veio em minha direção e me abraçou. A minha língua comprida o chicoteou sem pensar:

- Não preciso de migalhas de ninguém! Pode ficar lá com ela, mor, com a “vibe” que eu estou, é bem capaz de você broxar também.

Ele me encarou meio surpreso, mas sabia o que falar:

- Primeiro, de mim você nunca terá migalhas, só o melhor que eu puder oferecer! Segundo, o dia em que eu broxar, você pode me cortar o saco…

Eu o encarei e semicerrei os olhos, fazendo uma carinha invocada. Ele entendeu de imediato e falou com um sorriso divertido no rosto:

- Tá! Em minha defesa, naquele dia em que broxei, eu estava bêbado igual um gambá. Então, não serve de parâmetro…

- Mor, tô tão feia assim!? - Ela insistiu no argumento, insegura de si pelo feito do outro: - Porra! Tô passada…

- Ó… É o seguinte… Eu não vou defender o Rick. Por mim, como diria o Justo Veríssimo, “quero que ele se exploda”!

- Tá, mas a Iara falou umas coisas que fazem sentido…

- Se fazem sentido para você e são bons argumentos, depois você se resolve com ele. Agora, eu, o Mark, o seu marido, o cara que não gosta do Rick… fazer a defesa dele!? Nem vem, né!

Devo ter feito uma cara de “maior abandonada”, porque ele me abraçou, afagando-me em seu peito e logo me senti grudando em sua camisa:

- Preciso de um banho também… - Resmunguei.

- Uai!? A Iara nos espera! - Falou, com um sorriso malicioso.

Olhei em direção à porta do banheiro e perguntei em voz alta:

- Já tá terminando, Iara?

- Passando condicionador… Por quê? Quer passar para mim? - Retrucou a mulata.

- Eu tenho mesmo que tomar um banho… - Resmunguei para o Mark.

Ele começou a se despir e terminou antes que eu pudesse tirar o meu biquini. Apesar da diferença física e de idade entre ele e o Rick, a energia e disposição do meu marido para uma safadeza contrastava imensamente com a falta de atitude do outro, levando-me a concluir que eu estava muito mais bem servida de homem do que eu mesma poderia imaginar.

Entramos no banheiro e a Iara, como boa safada que é, já abriu um sorrisão e virou a bunda na nossa direção. O Mark a encarou de boca aberta, quase salivando e sorriu com uma malícia imensa, dando uma gostosa risada na sequência:

- Você não presta, mulata!

- Anjinha, faz favor.

Novamente a sua malícia transbordou em atitude e logo ele estava estalando a mão na bunda daquela safada, fazendo ela dar um grito escandaloso, tanto que ele próprio precisou repreendê-la:

- Iara! A gente vai ser expulsa daqui, caramba!

- Então não bate, porra! Mania chata que vocês têm de chegar batendo na bunda da gente!

- Você virou a bunda para mim! Queria o quê?

Ela o encarou e despejou mais um pouco de condicionador na palma da mão, esfregando os dedos e falando:

- Hummm… Deixa tão macio e lisinho… - Deu-lhe novamente às costas, mas vendo que ele encarava a sua bunda, enquanto ela passava as mãos nos cabelos, complementou: - Beeeeem lisinho… Mark, cê entendeu, né?

- Ahhhh… - Resmungou o Mark sem tirar os olhos da bunda dela.

Entretanto, apesar de tentado, ele parecia sentir que eu não estava bem e me puxou para junto deles no box. Ali, ele me ensaboou com todo o carinho que eu nem sabia se merecia e a Iara pareceu ter entendido que o momento impunha uma maior dedicação dele comigo. Quando ela já colocava um pé fora do box, eu a puxei e pedi que ficasse. Ela me encarou e já foi dizendo:

- Você é linda! Para de ficar pensando besteira. Que homem não brocha, Nanda? Ainda mais numa situação daquelas. Fiquei surpresa foi dele ter endurecido, isso sim!

- E eu descarreguei toda a minha frustração nele… - Resmunguei.

- Pois é… Mas agora já foi. Vira o disco e põe na segunda faixa. Adoro essa!

Eu e o Mark a encaramos e ela deu uma gargalhada, antes de começar a cantarolar o tema da “Pantera Cor de Rosa”, enquanto rebolava e esfregava a bunda na gente:

- Tarã-tarã... Tarã... Tarã-tarã-tarã... Tarã-tarããããã…

Começamos a rir e eu abracei aos dois, apertando-os em mim:

- Amo vocês! - Falei, mas me corrigi na sequência: - Amo você! Ela eu aturo. Só um pouquinho... Começa a pensar besteira não!

Iara deu uma daquelas gargalhadas escrachadas dela e depois me deu um selinho. Passaram então eles a terminar o meu banho e logo depois nós duas demos um caprichado banho no Mark, afinal, ele também merecia. Pouco tempo depois, estávamos os três deitados na cama. Apesar de eu seguir excitada, estranhamente estava sem vontade de transar e avisei os dois que queria dormir. Vi na cara deles a vontade de se pegarem, mas o Mark me conhece como ninguém e me abraçou, puxando a minha cabeça sobre o lado esquerdo do seu peito e a Iara sobre o direito, onde acabamos dormindo após conversarmos um pouco.

Minha noite não foi tranquila e acordei antes dos dois, mas já com o dia raiando. Senti um peso na consciência por ter feito o que fiz com o Rick e depois ainda por não ter entrado no clima com eles dois, e quis retribuir, pelo menos, para eles. Não precisei me esforçar muito porque o safado do meu marido, apesar de estar dormindo, estava com o pau duro, certamente tendo algum sonho erótico. Desci e engoli o seu pau sem pensar duas vezes, fazendo ele acordar assustado e sobressaltado, mas, ao ver o que acontecia, passou a gemer gostoso. A Iara despertou pouco depois e soltou um belo “Oxi! Mas já!?”. Então, sem se fazer de rogada, sentou a bunda na cara dele. Resumo: demos uma trepada rápida, mas muito gostosa, na qual o Mark foi abusado por duas mulheres insanas, revezando entre si para ver quem o faria gozar primeiro.

Depois disso, tomamos uma ducha e saímos para um merecido café da manhã, pois queríamos aproveitar o último dia da Iara ali conosco. Ao passarmos pelo saguão principal, vimos, no balcão da recepção, o Rick, com suas malas ao lado, aparentemente fazendo o “check out”. Acabei me sentindo ainda pior com o show que dei na noite anterior e olhei para o Mark, com um certo receio de que ele pudesse se chatear com as minhas intenções. A Iara me socorreu:

- Vai lá, boba, a gente vai te esperar no restaurante.

- Que porra de “vai lá” é essa, caralho!? - Falou o Mark, surpreso e fechando a cara, mas que logo se desmanchou num sorriso para mim: - Vou esperar ninguém não… Eu vou comer! Se acabar, o problema é seu.

- Deixa ela, Mark! Caramba, você acabou de comer, homem! Vem logo. - Disse a Iara, puxando-o pelo braço, enquanto ria.

Ainda constrangida aproximei-me do Rick e ele, quando me viu chegar, não me deu uma de suas melhores recepções, apenas um simples “bom dia”. Perguntei o que ele estava fazendo e ele foi sincero:

- Depois de ontem, o melhor que faço é ir embora, né? Acho que chega de passar carão!

- Rick, eu… acho que posso ter me excedido um “tiquin di nada” assim… - Mostrei um espacinho entre o meu indicador e o dedão da mão esquerda.

- Não foi você, Nanda, fui eu! Pisei na bola. Eu entendi o que fiz, o Mark já me explicou tudo.

- Você pisou, eu pisei, todo mundo pisou. Você não estava pronto para aquilo e… Bem, erramos todos, ponto final! Mas isso é motivo para ir embora?

- Ficar para quê? Estou nem um pouco afim de passar vergonha de novo.

- Você já fez o “check out”? - Perguntei e ele negou com a cabeça: - Então, por que você não faz assim?… Vem tomar café da manhã com a gente! Você se alimenta, respira fundo, pensa um pouco e depois decide se não é melhor ficar.

Ele me olhou ainda bastante desconfiado, mas rapidamente seu olhar mudou para aquele que me deixava mole. Perguntou então:

- Você quer que eu fique?

- Não acho justo você ir embora por ter… - Contive-me ao ver a atenção do atendente e fiz um meneio de cabeça, falando: - Né!? Por aquilo…

Ele encarou o atendente que foi rápido na resposta:

- O senhor ainda não encerrou o procedimento... Se quiser permanecer, não vejo problema algum.

- Posso deixar as minhas malas em algum lugar por aqui? Só para eu tomar um café da manhã, a princípio?

- Certamente, senhor! - Disse o atendente, estalando os dedos para um “boy” que se aproximou correndo: - Jonas, por favor, poderia guardar as malas do senhor Ricardo no guarda volumes?

O rapaz se prontificou, já pegando os objetos e saindo pela nossa lateral.

Fomos os dois, lado a lado para o restaurante. O Mark não parecia estar exatamente tenso, mas estava olhando de uma forma bem concentrada na direção da porta pela qual entramos. Quando nos viu entrar, fez um bico que conheço bem, demonstrando um certo incômodo. Mandei um beijinho à distância e apertei os meus lábios para ele entender, sem emitir som algum, um “por favor”. Ele levantou as sobrancelhas e suspirou profundamente, enquanto a Iara me olhava e a ele, alternadamente, certamente entendendo o desconforto daquele momento.

Fui com o Rick até o buffet, onde nos servimos e depois seguimos para a mesa onde Mark e Iara estavam. O Rick os cumprimentou e eles corresponderam, cada qual a seu modo: Iara sendo Iara, efusiva, radiante, uma festa à parte; Mark sendo Mark, sério, compenetrado, quase assustador. Surgiu um silêncio incômodo enquanto nos sentávamos e eu olhei para a Iara, esperando que ela quebrasse o gelo, o que ela fez de imediato:

- O pão de queijo está divino, não está, amor? - Perguntou para o Mark.

Ele a encarou com olhos semicerrados e balbuciou um simples “Uhum!” Acho que ele não havia entendido direito a pergunta, pois na sequência, deu um sorriso com um certo “q” de inconformismo e negou com a cabeça, dizendo:

- Uhum nada! De onde eu venho, isso aqui nem seria chamado de pão de queijo.

- Oxi! Você é muito exigente, amor! - Ela resmungou, encostando-se nele ao ponto de repousar rapidamente sua cabeça em seu ombro: - É um dos melhores que eu já comi.

- Se vem de São Paulo, Iara, qualquer pão de queijo é melhor que o de lá. - Ele concordou, sorrindo: - Mas taí… Exigente sou mesmo, sempre!

- Oxi, oxi, oxi! - Ela retrucou, sorrindo grandemente.

O Rick deu uma risada ainda tímida, mas começou a interagir, concordando com o Mark ao dizer que o melhor que ele já comeu foi num hotel de Ouro Preto:

- Uai! Sendo de Minas, é bem possível ser dos “bão” mesmo. - Brincou o Mark, ainda não tão simpático como poderia ser.

A partir daí começamos a conversar melhor enquanto comíamos, sempre num tom cordial e sem tocar no assunto da noite anterior. Assim que terminamos, contamos para o Rick que havíamos decidido ficar na praia próxima ao resort, afinal, a Iara iria embora nesse mesmo dia e não poderíamos demorar num passeio externo. Novamente, ela falou:

- E aí, Rick? Também já está indo embora?

- Pois é… - Ele respondeu.

- Pensei que fosse ficar mais tempo. - Ela insistiu.

Ele, meio encabulado, foi sincero:

- Depois da noite de ontem, nem tenho cara para encará-los direito…

- Eu já falei para ele que também exagerei, mas é ele quem deve decidir. - Falei, olhando para a Iara e também para o Mark que seguia calado.

- Eu acho que se você já pagou pela estadia, deveria ficar e aproveitar! Eu só não fico mais porque vou para o interior, visitar alguns parentes, mas vontade não me falta. Vontade e boas companhias, né não, painho? - Disse a Iara, sorridente, enquanto olhava para o Mark.

- Então fica, sô! A gente esconde você embaixo da cama. - Brincou o Mark com ela.

- Se pedir de novo, fico mesmo!

- Uai!? Fica então! - Ele insistiu.

Ela começou a gargalhar da forma como ele falava, pois normalmente ele não forçava o “mineirês”, só o fazendo quando queria marcar mesmo o nosso “jeitin” de falar. Quando ela se controlou, o encarou novamente:

- Palhaço! - Enxugou uma lágrima e o olhou no fundo dos olhos, mas os arregalou de repente, como se tivesse tido uma ideia: - E por que você não vem comigo?

- Eu!? Ir para onde? - Disse o Mark.

- Como é que é!? - Falei eu na sequência, surpresa com a proposta.

- É, ué! Por que a surpresa? A gente podia ir juntos, você fica um dia lá comigo e volta amanhã. Finalzinho da tarde você já está aqui. - Ela insistiu com os olhos brilhando.

Não pude deixar de notar que, de todos ali, o mais surpreso era o Rick, mas enquanto eu e o Mark tínhamos uma incredulidade estampada no rosto, o dele parecia ser de uma certa alegria, até de esperança. Eu já estava pronta para negar pelo Mark, mas ele se adiantou:

- Adorei a proposta, anjinha, mas estou em “lua de mel” com a minha onça branca, lembra? Não dá simplesmente para deixá-la e ir, né!? A não ser que o convite seja extensivo, é?

A Iara não desviava o olhar do meu marido e por sua hesitação, entendi que o convite não me incluía. Ainda assim, após torcer o bico por um instante, ela gaguejou e confirmou que seria extensivo, mas eu não sou boba e já sabia que a intenção dela não seria me deixar para trás com o Rick, mas sim também ficar a sós com o meu marido e, sinceramente, nenhuma das duas possibilidades me agradava. Por isso, tentei ser taxativa, sem parecer ciumenta:

- Talvez numa outra vez, mor. Eu prefiro ficar aqui e curtir a estadia, mas se você quiser ir…

- Então, não iremos desta vez, anjinha, mas agradecemos o convite. - O Mark insistiu, sem pensar duas vezes.

Naturalmente, fiquei feliz com a decisão do meu marido, sempre pensando na gente. Como já estávamos vestidos com nossas roupas de praia, fizemos apenas uma alteração de destino, decidindo dar apenas uma volta na praia e um mergulho no mar para ficarmos o restante do dia sapeando na piscina do resort, para facilitar a vida da Iara também. Insisti que o Rick ficasse e perguntei se ele não queria nos acompanhar, mas ele se mantinha reticente. Notei que a Iara cutucou o Mark, até chegando a cochichar em seu ouvido, como que cobrando dele um posicionamento que veio quente e seco:

- Para com isso, Iara! Ele fica se quiser, caramba…

A Iara, surpresa e inconformada com a sua resposta, resmungou:

- Oxi! Bufa pra mim não, amor!

Pela primeira vez, vi que os dois corriam o risco de se desentender e eu, logo eu (vejam só!), entrei no meio da quizila para apaziguar os ânimos, puxando a Iara comigo para um canto. Ela estava realmente brava:

- Viu o jeito que ele falou comigo!? Que deu nesse “homi”? Oxi!

- Calma! Cê sabe bem o que deu…

- Essa insegurança dele é um saco! Não é porque o palmitão ali vai ficar aqui que vocês vão trepar. - Ela o encarava com sangue nos olhos: - E mesmo que fiquem… não era isso que vocês concordaram em fazer? Oxi!...

- Ele tem os motivos dele, Iara, e a culpa foi minha desde o começo. Não fica brava com ele.

Ela o olhava meio de soslaio e bem brava, mas após um longo suspiro, relaxou, olhando na minha direção e balançando positivamente sua cabeça. Aproveitei para brincar com ela, num tom sério:

- E o teu convite para o Mark, hein!? Acha que ninguém notou que você estava tentando me deixar sozinha com o Rick, mulher?

Ela me encarou e sorriu maliciosamente, dando uma rápida olhada no Mark que seguia ao lado do Rick nos olhando, meio invocado:

- Pelo menos, você teria liberdade para ficar e se resolver de vez com o palmitão e com o Mark depois, né?

- Às vezes, eu não te entendo... Você está a meu favor ou contra? - Perguntei, encarando-a.

- Oxi! Gosto de você, Nanda, mas entre você e o Mark, gosto dele muito mais! Então, se eu tiver que tomar um lado, proteger alguém, vou fazer isso com ele. - Ela retrucou, meio invocada: - E, sim, pensei em dar um pouco de liberdade para você trepar de vez com o palmitão. Você não diz que só quer dar uma, voltar para o seu marido, mostrando que o ama, e esquecer de vez o outro lá? Então, caralho, vai e dá até arder! Dá e volta de uma vez para o Mark, ou dá e some de vez, porque tem gente na pista.

[...]

Assim que as duas se afastaram da gente, ficamos eu e o Rick imersos num silêncio bastante constrangedor. Eu não tinha a menor intenção de pedir para ele ficar, achava isso um despropósito, praticamente um convite para ele tentar comer novamente a minha mulher, algo que, embora eu disse que estava de acordo, não me agradava em nada. Ele deve ter sacado:

- Mark, eu não quero ficar se for para atrapalhar…

Minha paciência que já havia subido no telhado e miava forte, agora caminhava na beirada da eira, quase caindo. Prático como sou, decidi ser ainda mais:

- Ok, Rick, vamos pôr as cartas na mesa, então… Não vou pedir para você ficar, mesmo porque sei o que isso significaria e o meu brio me impede. - Encarei o cara que agora me olhava surpreso: - Sabe qual é o problema nessa história toda? Você ter se apegado à Nanda e tentado acabar com o nosso casamento. Não fosse isso, você já teria se esbaldado uma, duas, sei lá quantas vezes, naquelas carnes gostosas. O que você quer, afinal de contas? Qual é a sua de verdade?

Ele deu uma rápida olhada na direção da Nanda que seguia conversando concentradíssima com a Iara e falou:

- Então tá… - Ele resmungou voltando a me encarar: - Você pode até ficar bravo comigo, mas acho que não vai, porque você já sabe a minha resposta. O que eu quero, aliás, quem eu quero, não me quer! Isso parece já ter ficado bastante claro para todos, ou não?

Como ele não parecia disposto a continuar, eu falei:

- Certo! Eu entendi que ela não te quer, mas e você, vai insistir em ferrar com o nosso casamento?

Ele respirou profundamente, com a cara meio invocada, sem tirar os olhos de mim e falou:

- A verdade é que já dei tantas vezes com a cara na porta que estou meio… Como eu poderia dizer? - Calou-se por um instante, olhando para as duas e disse: - Cansado. Acho que é isso! Eu acho que simplesmente cansei.

- Um bom comedor saberia o seu lugar… Saberia que ele é o terceiro e que não pode, nunca, agir contra a união do casal. Como você quer que eu fique tranquilo, se você não deixa claro qual a sua intenção? Fica difícil, não é!?

Antes que ele pudesse me responder, vimos que as duas retornavam e, aparentemente, agora eram elas que estavam invocadas uma com a outra. Assim que chegaram, a Nanda me convidou para irmos até a piscina, mudando toda a programação novamente, e a Iara insistiu no convite para que eu fosse com ela, o que nova e educadamente recusei. Decidi bancar o político:

- Vamos seguir o nosso planejamento anterior, ok? O Rick já foi convidado por vocês. Se ele quiser ficar, ele fica, mas de qualquer forma, é melhor irmos logo para a praia, aproveitar o dia, porque o tempo está passando.

Ambas concordaram com simples movimentos de cabeça e a Nanda veio se colocar do meu lado esquerdo, entrelaçando os seus dedos em minha mão e usando sua outra mão para agarrar ainda mais firme o meu braço. A Iara fez o mesmo do lado direito e nesse momento tive certeza de que algo havia acontecido entre elas. A Nanda ainda espichou o seu pescoço na direção da Iara e encarou as mãos dela que me envolviam o outro braço, passando a encará-la com os olhos semicerrados. Iara não se fez de rogada e a encarou de volta. Sem que ninguém esperasse, a Iara, ainda sem tirar os olhos da Nanda, falou:

- Fica, Rick! Acho que você ainda tem assuntos pendentes para resolver aqui.

- Não brinca comigo, Iara! - Resmungou a Nanda: - Quando dou para ser boa, eu sou boa; mas quando dou para ser má, eu sou melhor ainda.

Iara deu uma gargalhada escrachada e ainda a insultou:

- Ui! Que medo…

Não houve tempo para nada mais e as duas me soltaram e se grudaram, rolando pelo gramado à frente de onde estávamos. Chamei o Rick para me ajudar a apartar a briga, mas assim que nos aproximamos delas, as duas começaram a rir da situação, já se abraçando e terminando com um selinho:

- Biscate… Você não presta, Iara!

- Eu!? A única putinha enrustida aqui é você! Santinha do pau oco…

- Filha da puta! - Retrucou a Nanda.

As duas voltaram a rolar pelo gramado, mas agora rindo da situação. Alguns hóspedes e dois seguranças se aproximaram, mas vendo que as duas se divertiam, encararam-nos e um deles levantou os ombros, sem saber o que fazer. Eu apenas sorri e fiz um sinal de positivo para eles. Acho que as duas se deram conta do vexame e se levantaram, sacudindo pedacinhos de grama que grudaram em suas roupas. Quando perguntei o que havia acontecido, a Nanda se adiantou:

- Está tudo certo! Já nos resolvemos…

A Iara voltou a ficar próxima de mim, ainda se limpando. Olhei na direção da Nanda e vi que ela seguiu na direção do Rick e lhe deu um beijo na bochecha, dizendo que a decisão era dele, vindo na minha direção após com um lindo sorriso estampado nos lábios, deixando-o para trás:

- O que? - Ela me perguntou, fazendo aquele sorriso brilhar ainda mais.

- Eu que pergunto isso! - Respondi agora para a leveza que havia no seu olhar.

- Fui um pouco Mark agora: quer ficar, fica; não quer, se trupica.

- Eu nunca falei assim.

- Mas falaria se tivesse chance. Eu te conheço…

Passamos a caminhar até a praia, mas decidimos tomar o rumo do norte. Eu andava de mãos dadas com as duas, conversando e brincando de planejar a grande despedida da Iara. Alguns tantos passos depois, eu já nem me lembrava mais do Rick, até ele nos alcançar, dizendo que havia pensado melhor e ficaria até o final de sua estadia. Não quis criar caso e seguimos caminhando, ele sozinho, ao lado da Nanda e eu no centro, ainda de mãos dadas com as duas.

Após uma boa caminhada, a Iara parou num quiosque e comprou duas águas de coco. A Nanda agradeceu, mas recusou, pois não gostava; Rick também não quis, então sobrou para eu carregar. A Iara segurou na minha mão e agora eu não tinha mais a mão para dar a minha esposa. A Nanda a encarou por um instante e naturalmente a xingou, mas com um sorriso no rosto, fazendo a Iara balançar os ombros e dar uma de suas gargalhadas. Então, minha onça segurou em meu braço, mas depois de alguns passos cochichou no meu ouvido:

- Eu te amo para sempre, nunca duvide.

Olhei em sua direção sem entender o porquê daquela declaração inesperada. Ela, olhando-me nos olhos, soltou o meu braço e ainda com um sorriso nos lábios, virou-se para o Rick, chegando-se mais próxima dele, mais um pouco, até segurar em sua mão. Disse então:

- Não é para ficar se achando, Rick. O meu marido só está com as mãos ocupadas de duas coisas que eu não curto e…

- Curte sim! - Interrompeu a Iara, dando outra curta gargalhada: - Pode até não gostar de água de coco, mas da mulata aqui… Oxi! Ela chupa como se fosse uma manga.

- Iara!? Olha a compostura, piranha! - Nanda a interrompeu, dando uma risada na sequência.

- Sei nem o que é isso… - Retrucou a Iara e a encarando ainda disse: - E qual é, né, Nanda!? O que você acha que o Rick pensa que a gente faz à noite no nosso quarto? Tricô!?

Eu olhei para a Nanda, mas meu olhar, mesmo involuntariamente, fugiram para a mão dela segurando a dele. Ela me olhava num misto de apreensão, uma tensão que eu não sabia entender exatamente. Mas na sequência, apenas sorri para ela e dei uma piscadinha. A situação ficava cada vez mais estranha…

[...]

Enquanto caminhávamos, apenas a Iara falava feito uma matraca, monopolizando a atenção do Mark para si. O Rick vinha sozinho, calado, ao meu lado, apenas observando as belezas da região. Eu ainda me sentia mal pelo que havia feito na noite anterior com ele e, lembrando das lições do doutor Galeano, decidi que era hora de ter alguma atitude positiva e impositiva, embora eu ainda sentisse que o Mark ainda tivesse uma certa resistência contra ele, mas eu não podia criticá-lo, afinal, eu havia criado aquela insegurança na cabeça dele.

Coube a Iara, mesmo sem querer, resolver a situação, quando comprou dois cocos num quiosque para nós. Eu nunca gostei, o Mark sabia, mas ela não, tanto que trouxe um para mim. Agradeci, mas recusei, assim como o Rick. O Mark então acabou encarregado de carregá-lo. Ela novamente deu a mão para ele e voltamos a caminhar. Era uma boa oportunidade para eu mostrar ao meu marido que, mesmo não estando com ele, eu sempre estaria com ele. Então, cochichei no seu ouvido e segurei na mão do Rick. Ainda fiz uma piada que a Iara retrucou, gargalhando. O olhar do Mark foi de… não sei ao certo! Mas não havia revolta. Acho que, comparado ao que ele havia deixado acontecer na noite anterior, aquilo era simplesmente nada.

Caminhamos por um bom tempo e num certo ponto, decidimos entrar no mar para nos refrescarmos. Mark, como sempre, tirou a bermuda, sandálias e com a Iara radiante num biquíni branco e mínimo, entrou na água. Rick e eu fizemos o mesmo, seguindo-os de perto. Ficamos um tempo nos banhando e conversando os quatro como se fossemos dois casais, de frente um para o outro. Num certo momento, me surpreendi vendo o Mark conversando um assunto qualquer com o Rick, ambos tranquilos e serenos como se fossem amigos, e isso me deixou livre para talvez ousar um pouco mais.

A Iara logo grudou na cintura do meu marido, pendurando-se pouco depois em seu pescoço e abraçando a sua cintura com as pernas, dando-lhe um caprichado beijo na boca. O Rick não parecia esperar aquilo e arregalou os olhos, olhando na minha direção em seguida:

- Já fizemos coisa muito pior. - Falei, sorrindo.

- Nós!? Eu e você? - Ele perguntou, confuso.

- Claro que não, né, Rick! Eu e eles, no nosso quarto.

- Ahhhh… - Ele voltou a encará-los, pois a Iara parecia querer escalar o Mark pela forma que se mexia.

- Aliás, pior não, melhor! Muito melhor… - Retrucou a Iara, enfim, voltando a beijar o Mark na sequência.

- E você não fica com ciúmes? - Perguntou o Rick.

- Sempre! Mas tenho aprendido a me controlar e entendi que depois que tudo acontece, ele volta para mim. Sempre volta… - Respondi, olhando para ele e dando uma piscada: - Confiança, Rick, essa é a palavra.

- Então, por que a gente… - Ele não terminou a pergunta, mas a insinuação era escancarada.

- Porque não é assim, né! A gente beija quando tem vontade. - Respondi, sem olhar para ele.

- Não. Eu perguntei por que a gente não pode… sabe… ir além.

Eu o encarei, agora entendendo a pergunta e após pensar brevemente respondi:

- A gente poderia e estaria se envolvendo se a burra aqui não tivesse feito cagada! - Indiquei a direção deles que ainda se beijavam, mas agora com a Iara de pé, em frente ao Mark e disse: - Além disso, ele só se envolve fisicamente com ela. Não há paixão, emoção, nada disso, entende?

- Claro que há! Ele é caidinho pela mulata aqui. - Retrucou a Iara novamente, ainda perguntando para o Mark: - Né não, mor?

O Mark apenas resmungou um “Ihhhhh!” e estava certo, porque fui até ela e a peguei pelos cabelos, puxando seu olhar para mim:

- Chama o meu mor de mor de novo, chama! - Falei, olhando no fundo dos seus olhos.

- Oxi! Só estou brincando, sua boba.

Seu olhar era de uma zombaria sem fim, o que confirmava sua resposta. Dei-lhe um selinho e ainda brinquei:

- Não folga não, hein!? Ou eu te afogo aqui, sua piranha encardida.

- Encardida não, queridinha, esse chocolate aqui, quem prova, volta sempre. - Ela disse e ainda deu um tapa na própria bunda.

Voltei para o lado do Rick e ele sorria de toda aquela nossa interação. Acho que tentando se enturmar ainda mais, ele arriscou uma péssima piada:

- Mas a solução está fácil então: basta eu me casar com a Iara. Daí, a gente pode fazer swing sempre que vocês forem para São Paulo.

A Iara o encarou com uma certa surpresa no olhar e o Mark… Bem! O Mark deu uma risada estranha, meio seca, meio mole… Não sei! Eu entendi como sendo uma chacota pela péssima ideia do Rick. Ele nem precisou dizer nada, pois a própria Iara o retrucou:

- Ah… Sério isso, palmitão!? Olha bem para o calibre da mulata aqui. Acha mesmo que você dá conta?

- Ué! Você nem experimentou o papai aqui. Como pode saber?

Ela nem se dignou a responder, apenas negando com movimento de cabeça e voltando a encarar o Mark que se segurava para não cair na risada. Naquele momento, eu quase pude ouvi-la pensando: “Você não deu conta nem da Nanda, seu broxa! Ainda acha que pode comigo!?”. Até o Rick pareceu ter entendido, pois falou, olhando para mim:

- Vocês não me levam a sério mesmo, né?

- A questão é essa, Rick, você leva as coisas muito a sério. Isso aqui é só curtição! E se você conseguisse entender isso, já estaria se divertindo com eles há tempos. - Retrucou a Iara, sem sequer olhar para ele.

O Mark pareceu ter gostado da resposta, porque agora ele beijou a Iara, mas logo eles nos convidaram para voltarmos ao resort e, antes que respondêssemos, já estavam saindo da água. Quando dei dois passos na direção deles, tropecei, mas o Rick foi mais rápido me segurando pela cintura, bem abaixo do seio. Agradeci, mas ele não me soltou. Ao contrário, me puxou pela cintura e me rodou, olhando profundamente em meus olhos:

- E se eu disser que posso aprender?

- Isso seria ótimo!

- Então, você quer mesmo ficar comigo?

- Nunca disse que não queria. Eu só disse que, se isso for magoar o meu marido ou prejudicar o meu casamento, não vai rolar, entendeu?

- Mas, ontem, quase rolou, né? E foi com as bençãos dele.

- Não sei se posso dizer que foi com as bençãos, mas ele concordou sim.

Ele acariciou levemente o meu rosto, sem afastar o olhar penetrante que fitava incansavelmente os meus olhos:

- Eu gostaria de tentar.

- Aqui? Agora!?

- Por que não?

Ele se aproximou ainda mais e os nossos lábios se tocaram. Um calafrio me percorreu a espinha, pois eu imaginava que o Mark estaria olhando tudo e não sabia como ele reagiria aquilo, mas eu decidi confiar em tudo o que havíamos conversado e deixei rolar. Não sei quanto tempo o beijo durou, mas foi o suficiente para a Iara me esculachar:

- E depois a piranha sou eu! Deixa o marido para ficar beijando outro. Vagabunda do caralho!... - Gargalhou na sequência.

O seu tom era de pura provocação, tanto que começou a gargalhar alto. Olhei na sua direção e ela interagia com o Mark, fazendo chifrinhos em sua testa, mas de uma maneira divertida, brincalhona, fazendo o meu marido rir também. O meu olhar procurava o do meu marido, mas ele se mantinha entretido com a peraltice da Iara. Entretanto, ele tinha uma postura leve, bem diferente do Mark que eu havia magoado há tempos. Olhei para o Rick e disse:

- Nunca tente magoar o Mark ou prejudicar a minha família, por forma alguma. Se isso acontecer, juro que nunca mais olho na sua cara, Rick.

- Prometo.

Trocamos mais um beijo, mais ou tão intenso quanto o primeiro e voltamos até a areia, caminhando lado a lado, grudados, ele me segurando pela cintura. Esse trajeto era curto, mas foi a primeira vez que vi o Mark nos olhando, tranquilo, quase sorridente. Vestimo-nos e voltamos caminhando para o resort e agora de uma forma ainda mais pitoresca, com o Mark e a Iara de mãos dadas, eu com o Rick, e eu com o Mark. Ficamos na piscina até a hora do almoço e almoçamos os quatro, juntos, como se fôssemos dois casais, às vezes, até trocando rápidos beijos e carícias leves, bem sutis. Nessa altura, já bem alegres por vários drinks, Mark e Rick conversavam abertamente sobre diversos assuntos, mas eu não me enganava, atrás daquela aparente normalidade, ainda havia dois machos testando os limites um do outro.

Voltamos para a piscina e no meio da tarde, Iara avisou que precisaria subir para arrumar a sua “bagunça”. Ofereci-me para ajudá-la, mas fui recusada; o Mark fez o mesmo e, sem surpresa alguma, ela aceitou, olhando na minha cara e me escrachando. Só respondi com um “há, há, há!”, bem jocoso e eles se foram, deixando-me a sós com o Rick:

- Enfim, sós! - Ele brincou.

- É…

- Credo! Parece até que não gostou.

- Não é isso, é que… é estranho estar aqui com você e com a cabeça lá, nele.

- E por que não pode ficar com a cabeça aqui também? Afinal, a dele já está bem garantida pela mulata.

- É… - Resmunguei, mas me corrigi: - É nada! Aquela lá, se eu deixar, abusa do meu maridinho.

Ele deu uma rápida risada, falando não entender como eu podia ser ciumenta e liberal ao mesmo tempo. Depois, disse algo que achei interessante de verdade:

- Certa vez, li em algum lugar que é errado pensarmos que as mulheres não são racionais. Elas só tem a razão atrelada à emoção, por isso, muitas vezes, agem antes de pensar. Mas essa Iara aí foge bem disso. Talvez seja isso que…

Sinceramente não ouvi mais nada do que ele falou a partir daí. Essa frase tão simples pareceu fazer um sentido tão pleno para mim que comecei a sorrir sozinha. Só me dei conta disso quando ele me deu um selinho e disse:

- Tá vendo? Eu ainda sei te fazer sorrir.

- Sabe que acho que você está certo!

- É!? Em que?

- Nisso aí! - Levantei-me e lhe estiquei a minha mão: - Vem, eu vou ajudar aqueles dois porque ainda quero me despedir daquela danada. Além do mais, se eu não vigiar o meu marido, é bem capaz dela colocá-lo numa mala e levá-lo junto.

Rick não sabia, mas havia dito uma verdade inquestionável. Ali, sozinha com ele, sem conseguir tirar o meu marido da cabeça, eu entendi que a minha razão andava junto da minha emoção e esta do meu sentimento. Eram três faces de uma pirâmide que não podiam ser separadas. E como o Mark não saía da minha cabeça, mesmo eu estando ali sozinha com o Rick, entendi que o meu marido era a minha razão, emoção e sentimento. Preferi não explicar isso tão abertamente ao Rick para não cortar um clima que estava sendo muito legal, mas ali, graças a ele, eu entendi que já havia feito a minha escolha há mais de quinze anos e agora tinha uma certeza ainda mais forte dentro do meu próprio coração.

Subimos até o meu quarto, mas não havia ninguém ali, nem mesmo as coisas que a Iara havia deixado estavam lá. Fomos então até o dela, onde os encontramos, o Mark recostado na cabeceira da cama com as mãos atrás da cabeça; ela nua, terminando de arrumar as suas coisas:

- Por que você está pelada, Iara? - Perguntei, brincando e sorrindo: - E eu preocupada em me despedir de você…

- Não fizemos nada, ainda… - Iara frisou, olhando para mim e depois para o Mark, dando uma risada gostosa: - Só estava terminando de organizar as minhas coisas, mas eu já ia lá me despedir de você, sua chata.

Ajudei ela a terminar de arrumar suas coisas, mas só então me toquei:

- Mas o “check out” não era até o meio-dia?

- Sim, mas a minha condução sai daqui a pouco. Então, vou perder mais de meia estadia.

- Uai, mas… - A encarei, meio perdida: - Então… Então, a gente não vai se despedir?

Ela me encarou surpresa, enquanto o meu marido esboçou um sorriso malicioso. A Iara então deu uma gostosa gargalhada, me abraçou e deu um beijo na boca que eu não esperava, chegando a me deixar vermelha:

- Tão vendo!? Eu falei que ela gosta do tempero da baiana! - Ela falou e encarou o Mark com uma cara de safada: - Eu não ia contar, mas já que estamos de boa… Eu já dei uma despedidinha rápida com o Mark. Foi bem rápida mesmo, até meio sem graça, mas já demos, né, amor? Nem valeu. Espero que não se importe, Nanda.

- Ah! Foi, é? - Encarei o Mark que agora fazia cara de paisagem, assobiando enquanto olhava para o controle remoto da televisão.

- Foi, mas não se preocupe, ele está inteirinho aí, todinho seu, nem gozou dentro. Não quis me lambuzar e terminamos numa chupação gostosa. Só vai ter que dar um tempinho para o “pequeno Mark” se recuperar… - Ela gargalhou novamente da cara que ele fez ao ouvir isso e depois ainda insistiu: - Certeza mesmo de que não quer vir comigo, amor?

- Depois dessa de “pequeno Mark”, certeza absoluta, né? - Ele retrucou, com uma expressão no rosto que misturava insatisfação e felicidade ao mesmo tempo.

- Pena, ué… - Ela disse já pegando as suas coisas: - Pelo menos, me ajudem a carregar as minhas tralhas para baixo. Vai, palmitão, pega essas malas aí. Vai, vai, vai!...

- E você não vai vestir nada para descer, Iara? - Perguntei.

Ela deu outra gargalhada das dela, se dando conta só então de que ainda estava nua. Abriu novamente a mala, pegando uma bermuda e uma blusinha bem decotada, vestindo-as. Depois calçou uma sandália rasteirinha, dando uma voltinha para se exibir. Enquanto ela se arrumava, aproximei-me do Mark e o belisquei de brincadeira, falando:

- Nem valeu, né!?

- A Iara já é de casa, uai! Queria que eu fizesse o que? Deixasse a moça ir embora chateada?

Eu ia brincar com ele, dizendo que quem estava chateada era eu, mas ele me envolveu em seus braços, jogando-me sobre a cama e me dando um delicioso beijo. Assim que os nossos lábios se separaram vi que estávamos novamente ali, juntos um do outro, como sempre deveria ter sido. Acariciei o seu rosto e suspirei de paixão por aquele homem, mas tive que ser sincera:

- Mark, você está com hálito de xereca.

- Sério!? - Ele soprou na própria mão e sorriu.

- Nem vem! Tô limpinha pra caralho! - Gritou a Iara, cortando o nosso clima de romance.

Nós a ajudamos a descer todas as suas coisas e, enfim, ela fez o “check out”. Pensei que fôssemos levá-la à rodoviária, mas ela já havia chamado um Uber e disse que preferia ir sozinha, pois não queria delongar o adeus. Quando o seu carro chegou, enquanto o motorista acomodava a sua bagagem no porta-malas, ela veio se despedir novamente da gente. No Mark, deu aquele beijo de cinema, bocas, línguas e mãos não faltaram entre os dois. Em mim, novo beijo na boca, mas um pouco mais suave, ainda assim enfiando a língua em mim e me bolinando a bunda até eu lhe dar um tapa na mão, arrancando outra de suas gargalhadas. Nem o Rick escapou, ganhando um selinho caprichado e um puxão de orelha, não metafórica e fisicamente falando:

- Aprende a brincar direito para se divertir de montão com o casal aí, seu mané! Você não sabe o quanto eles podem ser divertidos quando deixam a gente entrar.

- Eu… Eu vou tentar…

- Que vai tentar o quê, mané!? Você vai conseguir! Ela quer, ele deixou, só você está atrasando o meio de campo. Aprenda a jogar e bola pra dentro!

- Iara! - Resmunguei.

- Tô mentindo!? Não tô, oxi!

Dito isso, ela veio novamente e abraçou a mim e ao Mark, segredando em nossos ouvidos:

- Adorei ficar com vocês. Quando forem para Sampa, me avisem para a gente combinar algo. Eu tenho uns PA’s que você vai adorar conhecer, Nanda, cada pauzudo…

O Mark se surpreendeu e tentou se desvencilhar dos seus braços, reclamando:

- Mas que filha da pu…

- Sou mesmo! - Ela o interrompeu com um selinho caprichado na boca: - Mas sou boazinha. Inclusive, também tenho umas amigas lá que… Amigas, o caralho! Você vai ser todinho meu! Mas relaxa, mooooorrrr… - Ela me encarou, sorrindo e acabei rindo da cara dela: - Eu não tenho intenção alguma de pegar você para mim, a não ser que essa capiau bocó aí não saiba te dar o devido valor e te deixe na rua, porque aí, benzinho, você é todinho meu!

Agora quem se surpreendeu fui eu, já reclamando:

- Biscate dos infer…

E tentei me desvencilhar dela também, mas ela também me “carcou” um selinho dos bons:

- Sou também, mas sou do casal, de vocês dois, ouviu? Juízo, Nanda, não enverga demais o Mark para ele não quebrar, porque se eu tiver que juntar os pedacinhos deles, não te devolvo mais. - Falou, antes de me dar outro beijo na bochecha.

No final, acabei abraçando apertado aquela safada e chorei. Não sei porquê ainda, mas chorei, surpreendendo a todos e fazendo ela chorar também. Depois, fomos abraçados com ela até o táxi. Ela entrou, mandando beijinhos e tchauzinhos para nós. Quando o motorista já colocava o carro em movimento, ela colocou o corpo para fora da janela e gritou para quem pudesse ouvir:

- Enfia um chifre caprichado na testa do Mark, Rick, mas devolve a mulher dele depois, seu burro. Aprende a brincar, caralho, aprende…

E foi assim, com quase meio corpo de fora de um táxi em movimento e dando tchau, que vimos a Iara desaparecer das nossas vistas. Eu já estava abraçada ao Mark, ainda com os olhos marejados, e o apertei forte, porque senti um vazio com a partida daquela maluca. Ficamos em silêncio por alguns instantes até eu falar:

- Agora eu acho que sei porque você gosta dela…

- É!? E por que?

- Ela é meio parecida comigo, só que numa versão mais escurinha.

Ele riu e pareceu ter concordado com a minha visão, mas logo falou:

- Ainda assim, ela não é você, sua boba, nem nunca será. Nanda só tem uma… e é minha!

Eu o olhei e não precisei dizer mais nada. Beijamo-nos como há tempos não fazíamos. Cheguei a ficar de perna mole. Após aquele momento em que ninguém mais parecia existir, falei:

- Nunca deixarei de te amar, seu bobo. Sempre fui e sempre serei inteirinha sua, alma, corpo e coração. - Então, corri o olho por sobre o seu ombro, na direção do Rick, e sorri com uma malícia tímida: - O corpo, às vezes, pode ser que eu compartilhe...

- Safada! - Ele falou, sorrindo e me dando um caprichado selinho.

Assim que os nossos lábios se separaram, falei:

- Sou. Mas sou a sua safada que te ama mais do que tudo nessa vida. Ninguém nunca irá me tirar de você. Ninguém! Nunca! Entendeu? Me desculpa de verdade, se eu te magoei. Nunca mais acontecerá.

[...]

Despedir-me da Iara não foi fácil. A Nanda é espetacular, mas a mulatinha paulista de sangue baiano fez um rebu na cabeça de todos ali. Acho que até o Rick sentiu um pouco a sua partida. Assim que ela se foi, depois de uma rápida troca de afagos entre eu e a Nanda, minha onça branca me surpreendeu com uma sinceridade e profundidade em suas palavras que há tempos eu não ouvia dela. Isso, sem eu entender o porquê, trouxe-me a lembrança de algumas palavras do doutor Galeano:

“E se ela se decidir por ele? Então, meu querido Mark, se isso acontecer, se ela decidir ficar com o Rick, pelo menos você terá sabido que sua linda história com ela teve um fim digno e ambos poderão sair de cabeças levantadas desse relacionamento, sem mais dúvidas, sem mais desconfianças, prontos para simplesmente seguirem seus caminhos. Sei que será doloroso no início e não se engane, sempre é, mas com o tempo as feridas irão se curar e vocês terão paz.”

Se tudo o que eu acabara de ouvir fosse verdade, e eu não tinha motivo algum para duvidar, nada, nem ninguém iria mais se colocar em nosso caminho.

Mas a verdade é que eu sabia que, cedo ou tarde, eu teria que enfrentar alguns fantasmas que me assombravam, mas será que a paz vinda naqueles moldes valia a pena? Será que precisávamos passar por aquele processo para voltarmos a ser quem nós sempre fomos? Será? Será?

Eu não tinha as respostas, nem mesmo o doutor Galeano parecia tê-las ou se tinha, guardou-as muito bem para si. Ele plantou aquele vento em minha cabeça que, somadas às dúvidas e incertezas, agora parecia um furacão. Ainda assim, eu precisava resolver em definitivo a nossa situação e decidi agir. Conduzi a Nanda pela mão até onde o Rick estava:

- Se não me engano, terá um luau hoje, não é, Nanda?

Olhei na sua direção e ela confirmou com um movimento de cabeça:

- Estou meio cansado, mas… se você quiser ir com o Rick e ele com você, não vejo problema algum.

O Rick arregalou os olhos, encarando-me rapidamente e abrindo um sorrisão. Na sequência, ele olhou para a Nanda, acho que ele esperava enfim um sinal verde dela que acabou vindo, mas não exatamente da forma como ele devia estar esperando:

- Só irei com ele se você vier comigo, mor.

- Não quer ir só com ele? Sei lá, dançar, beber, aproveitar a noite… Vai que depois vocês decidem dar uma esticadinha… - Insisti, piscando para ela, tentando demonstrar alguma malícia.

- Só irei… com ele… se você vier… comigo. - Ela insistiu, pausadamente, sempre olhando para mim e depois para o Rick, se explicando: - Ele é o meu marido, Rick, e sempre será! Somos um só, na saúde e na tristeza, na…

Naturalmente, algo não estava correto e a encaramos, surpresos e curiosos, no mesmo instante em que eu levantei uma mão, pedindo para ela parar. Ela se calou e me encarou com a cabeça levemente inclinada, sem saber o que dizer, até que sorri de uma forma divertida e perguntei:

- Na saúde e na… tristeza!?

- Ah! - Ela resmungou, sorrindo envergonhada e se corrigiu: - Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza… Tá bom assim? Para, Mark!

Rimos um pouco e ela continuou:

- Rick, a gente só vai ter chance de se entender se isso não excluir o meu marido, senão minha escolha já foi feita há muito tempo e para sempre no que depender de mim. Onde ele estiver, eu estarei.

- Noooooossa! - Resmunguei, tentando quebrar um pouco da seriedade daquele momento: - Essa foi a mais linda e emocionante confissão que eu, como advogado, homem e marido, ouvi de uma legítima “stalker”.

- Oi!? - Ela começou a rir da própria colocação, me encarando e concordou: - Ah, váááá… Sou mesmo! Vou pegar no seu pé até depois de morta. Você vai ver… Inventa de casar com a Denise ou com a Iara para ver se não venho puxar o teu pé de madrugada, inventa só!

- Para que vou me casar com quem eu posso comer quando eu quiser? Vou procurar uma novinha cheirando a leite para me esbaldar… - Falei, rindo da cara de invocada que ela fez.

Mas ela sabia que era uma piada, tanto que me deu alguns tapas no peito e caiu numa risada. Após isso, perguntei:

- Por que você faz tanta questão que eu vá junto? Eu estou te liberando…

- Já falei, uai! Estou fazendo questão de você, o meu marido, junto comigo. Eu faço questão, sim, de que você se divirta comigo, nem estou falando de sexo ou qualquer outra safadeza, mas apenas de nos divertirmos juntos, beber, dançar, namorar... Coisas simples que podemos fazer, incluindo o Rick. - Falou, enquanto olhava no fundo dos meus olhos.

- Namorar? - Perguntei, forçando os lábios.

- Uai, nem tinha pensado por esse lado, mas se der, por que não? Mor, quando a gente entrou nesse meio não foi para nos divertirmos? Então… Se for para somente eu ir me divertir, prefiro não ir. Simples assim!

Realmente eu não esperava aquilo. Ela estava mostrando uma maturidade na sua forma de agir que me surpreendeu. Eu devo ter feito uma cara impagável, mas não podia negar que estava satisfeito em ouvi-la falar aquilo para mim, e para o Rick também. Foram bons e longos segundos em que a olhei nos olhos como se eu estivesse frente a frente com a própria Esfinge, tentando decifrar o seu enigma. Desviei rapidamente o meu olhar para o Rick, que seguia nos observando em silêncio, mas com uma expressão tranquila:

- Bom, então… Rick, nós vamos tomar um banho, comer algo e partir para o luau, se estiver a fim de nos acompanhar, será bem-vindo?

Não entendi o porquê do espanto que eles fizeram, pois tanto ele como ela arregalaram os olhos para mim e logo ele encarou a Nanda, como se precisasse de alguma confirmação, isso tudo ao mesmo tempo em que ela seguia me encarando surpresa e boquiaberta:

- Como é que é!? - Ela perguntou baixinho.

O Rick ainda permaneceu estático por mais alguns segundos até que falou:

- Você está me… convidando!?

- Estou, uai!

- Para tomar banho, comer algo e ir para o luau junto de vocês?

- É… Menos a parte do banho, lógico! - Esclareci, fazendo a Nanda dar uma risada divertida: - Se você vai ficar no resort, é um convite. Agora, se você preferir ficar descansando em seu quarto… aí é uma decisão sua.

Ele me encarou por mais alguns segundos em silêncio, enquanto eu sentia a Nanda apertando a minha mão, tentando chamar a minha atenção, fazer com que eu a encarasse. Ele então falou:

- Ué! Se não for nenhum problema para vocês, eu aceito. Onde nos encontramos?

Só então olhei para a Nanda que inclinou a cabeça como se me perguntasse se eu tinha certeza. Sorri e avisei ao Rick que desceríamos para o restaurante por volta das 21:00. Combinados, seguimos para o hotel. Ele foi resolver a sua reentrada no resort, enquanto eu e a Nanda subimos ao nosso quarto.

Tomamos um banho gostoso juntos, conversando e namorando debaixo da ducha. Depois, nos deitamos na cama, nus, para dar uma descansada. Acabamos cochilando, afinal, o “pequeno Mark” havia sido abusado não há muito tempo e eu precisava me recuperar. Fui acordado pela Nanda, não sei quanto tempo depois, para eu ir me arrumar. Ela já havia acordado e estava se produzindo para a nossa noitada.

Vesti-me rapidamente, apenas uma cueca, bermuda, camiseta e uma sandália, voltando a me deitar na cama. Ela logo saiu do banheiro, com um batom na mão e a típica raiva na outra, me cobrando agilidade:

- Mas já estou pronto. - Falei.

- Como é que é!?

Ela veio me fiscalizar, olhando de cima a baixo e dando uma resmungada qualquer sobre querer ser homem na próxima encarnação. Por fim, retornou ao banheiro.

Trinta minutos depois, ela voltou, dando-se por satisfeita e tinha razão, estava linda! Usava um simples floral em tons de azuis que ia até pouco abaixo de seus joelhos, mas com um caimento espetacular, parecendo ter sido costurado sobre o seu corpo. Calçou sandálias rasteiras e colocou um brinco de temática indígena. Sua maquiagem era nada demais para o tempo que levou no banheiro, porque eu achei bem simples e suave, mas preferi não cutucar a onça com vara curta, mesmo porque o “pequeno Mark” seguia se recuperando. Por fim, os cabelos soltos, mas muito bem penteados, davam um arremate para todo o conjunto.

Saímos e fomos direto ao restaurante. Rick ainda não havia chegado. Decidimos esperá-lo um pouco, pedindo apenas dois drinques e um “couvert” de pães e patês. Ficamos petiscando, bebendo e conversando até que ele surgiu, vindo direto à nossa mesa. Vendo que ele não se sentava, eu o convidei. Ele pediu um drink e se sentou de frente para a Nanda, que se ajeitou na mesa para ficar ao meu lado. Passamos a conversar, enquanto bebíamos e petiscávamos. Num certo ponto, ele ponderou:

- Sabem que, naquela hora em que o Mark me convidou, imaginei que tivesse sido para tomar banho com vocês?

- Comigo!? Você está ficando louco, Rick! Sai dessa, cara. - Falei e caímos na gargalhada: - Além disso, quem tem que dar essa liberdade é a dama, não eu.

- Uai, mor, se eu soubesse que tinha essa opção, eu o teria convidado para esfregar as minhas costas.

- Filha da puta! E eu!? Não sirvo mais? - Brinquei, acariciando sua coxa sob a mesa.

- Uai! Cê podia esfregar a frente, meus peitinhos… - Ela sorriu e apertou os seios, levantando-os em direção ao discreto decote do vestido, e se aproximou de mim, cochichando: - Minha xo-xo-ti-nha!

Não aguentei e dei uma risada da forma divertida como ela cochichou comigo. E ela ainda prosseguiu:

- Cê serve demais, mor, mas… - Ela deu uma olhada nos olhos do Rick e depois sobre a mão dele, segurando um copo de uísque e a indicou com o seu próprio dedo indicador: - Mas… olha só que mãozona. Deve ser muito boa esfregando…

Ela começou a rir de si mesma e acabamos todos rindo também. Daí por diante, a conversa ficou ainda mais descontraída. Havia pitadas de sensualidade, de malícia, nas colocações de todos, muito mais incisivas da parte dele para ela, mas ainda assim havia respeito e tudo sempre descambava em alguma piada. Acabamos desistindo do jantar e pedimos apenas uma porção variada de frutos do mar, além de outros drinks mais leves. A conversa estava tão divertida e leve que só nos demos conta do horário quando já passava das onze horas. Decidimos então seguir até o local onde o luau seria realizado.

A Nanda já estava altinha dos vários drinks que bebeu, tanto que me pegou num braço e noutro do Rick, brincando que hoje ela era a representação da dona Flor e seus dois maridos. Eu, naturalmente, não gostei muito da comparação, afinal, dividir os seus sentimentos era justamente o que me incomodava, mas para não ser o corta prazeres, decidi engolir o sapo em silêncio.

Chegamos até o lugar onde o luau. Ela dançou, muito, mas para caramba mesmo! Ora me puxava, dançando e se esfregando de forma insinuante, além de me beijar da forma mais intensa que sabia fazer. Ora puxava o Rick, também dançando muito, mas de uma forma um pouco mais contida, sem tantos esfregas. Digo “tantos”, porque ele naturalmente tentou e conseguiu se esfregar algumas boas vezes nela.

Noutras vezes, ficávamos os três balançando ao som das músicas, bebendo e conversando. Teve um momento em que começaram a tocar várias músicas de axé, ritmo que ela gosta muito, e ela se esbaldou. Eu nunca fui muito fã, mas brincava com ela. O Rick dançava, mas sem chegar na “boquinha da garrafa” e olha que ela tentou fazer ele descer. Teve um momento em que ela precisou ir ao banheiro e nos deixou. O Rick não perdeu tempo:

- Mark, você acha que… Assim… Sei lá! Será que talvez hoje… - Insinuou.

- Não sei, Rick. Ela é quem decide. Eu já havia liberado ontem, se ela quiser, rolará.

Vi a Nanda surgiu da direção dos sanitários femininos, já pegando uma batidinha e virando antes de retornar. Só que, no meio do caminho, com a iluminação precária de tochas e já embalada no álcool, ela pegou um outro cara e começou a dançar, insinuando-se e chegando até a se esfregar nele. Entretanto, quando o cara tentou avançar mais um pouco, ela deu um pulo, colocando a mão no peito dele, dizendo algo e olhando ao seu redor, perdida. Logo, os nossos olhares se cruzaram e ela disse mais alguma coisa para o rapaz e veio ligeira para o meu lado. Nem precisei perguntar:

- Que vergonha!

- O que foi aquilo? - Perguntei.

- Errei de homem. Já tá escuro, essas porcarias de tocha não iluminam nada, bebi um tanto… Daí cruzei com aquele cara lá, alto, cabelo meio… - Ela olhou para o Rick e já entendi: - Enfim, pensei que fosse o Rick e já fui puxando ele para dançar. Só quando ele se aproximou para me beijar que eu vi que tinha errado feio. Daí, pedi desculpas e comecei a procurar vocês.

- Tá sem lente, né? - Perguntei.

Ela inclinou a cabeça e me encarou, sorrindo. Depois balançou afirmativamente a cabeça e disse:

- Esqueci de colocar. Mas… a culpa é também sua. Você devia ter ido comigo até o banheiro e segurando a minha mão enquanto eu fazia um xixizinho.

- Como é que é? - Perguntou o Rick, curioso.

- Uai! Se as mulheres podem fazer companhia, por que vocês não?

Seguimos conversando e balançando juntos, ao som das músicas e foi a vez do Rick ir ao banheiro. Aproveitei para comentar com ela sobre a descarada insinuação dele:

- Uai… Ontem quase não rolou? - Ela perguntou.

- Sim.

- Meu “vale night” já expirou ou eu posso usar ainda hoje?

- Se você quiser…

- Mas você quer?

- Sabe que essa pergunta não é tão simples para mim…

- Eu sei, mor. Fica tranquilo. Vamos só aproveitar a noite e se tiver que rolar, vai rolar.

O Rick voltou e mesmo não sendo da minha vontade, a natureza, e vários drinks, me impeliram a usar o banheiro também. De certa forma, seria bom, porque caso ela estivesse “a fim”, ficar um pouco sozinha com ele poderia facilitar o entendimento entre eles. O meu medo não poderia me dominar para sempre e aquela seria a noite.

OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, MAS OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL PODEM NÃO SER MERA COINCIDÊNCIA.

FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DOS AUTORES, SOB AS PENAS DA LEI.


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Foto de perfil de Mark da NandaMark da NandaContos: 276Seguidores: 640Seguindo: 22Mensagem Apenas alguém fascinado pela arte literária e apaixonado pela vida, suas possibilidades e surpresas. Liberal ou não, seja bem vindo. Comentários? Tragam! Mas o respeito deverá pautar sempre a conduta de todos, leitores, autores, comentaristas e visitantes. Forte abraço.

Comentários

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Já está na hora de mudar esse título. Sugiro: perrengues de um casal ao liberal. (😂😂😂 Tô zoando.)

Falando sério, ótimo retorno do hiato, já trazendo humor e mais tretas. Iara é uma personagem incrível, pois traz muita leveza e humor à historia. Nanda é nossa dona onça, e a personagem que a maioria "odeia amar". Intensa, visceral, verdadeira... Um vulcão em constante erupção. Mark? O que dizer? Existe abafador de vulcão? 😂😂😂😂

Abraço casal. Bem-vindos de volta.

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Cara, pode inventar o mimimi que quiser, ficar com raivinha, mas a verdade é que pra aguentar uma vida dessas o cara tem que ser um completo fracassado, escravo e rendido na vida viu, Deus me livre de um casamento de merda desses, um cara que vive com uma pessoa que alega amar ele mas o ara não é suficiente, não é homem pra ela, precisa se arrastar na lama com outros, não é capaz de viver só com ele, vive na promiscuidade, nunca saberão o que é ser feliz de verdade com alguém que ama, qualquer vagabundo leva, Deus me livre. Nosso senhor tem cada morador viu... nãm...

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Desnecessário.

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Pensa numa mágoa? A mulher que arrasou o coração desse pobre coitado, deve estar muito amaldiçoada pelo dito cujo. Mas também, imagina viver com uma pessoa que tem a alma da idade média? Que Deus livre qualquer um desse martírio.

Fico imaginando, o que dá direito a alguém de escolher a forma que o outro vive sua vida?

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Foto de perfil de Mark da Nanda

Mas... Ora, ora, ora... O que é isso, um Xiita Cristão?

Não, nem isso você é, afinal "Não julguem, para que não sejam julgados".

Conhece essa? Ah, não conhece, né... Tenta Mateus 7:1.

Meu caro, meu casamento é mesmo uma merda há quase 20 anos. Uai! Se brincar tenho mais tempo de casamento do que você de vida.

Você é o tipo de pessoa que eu normalmente massacro nas varas criminais. Tenho pena da mulher que for iludida por esse seu falso moralismo, típico de "stalkers" ou de abusadores domésticos.

Bem, acho que já deu, né? Chega de chutar cachorro de rua... Maldade minha, meu Deus! Adoro um caramelinho.

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Po Mark não ofende os cachorros 🐕 eles não merecem essa comparação

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Até que fim!!! Estão de volta!!!

Simplesmente fantástico!!! Esperando a continuação!!

3 estrelas

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Acho que nunca comentei nesta série antes...qd comecei a ler eu não comentava.

Primeiro digo, falo isso sempre, que essa série sempre foi a minha preferida na casa. então faltam elogios que consiga fazer a essa série (não vá se achar muito...kkkk)

Preciso comentar agora, sendo não seria honesto...vai o comentário de toda a história, sem ficar nesta parte em que a história evolui praticamente nada...kkkk

1) o fato de vc ter esse furacão ao seu lado e mesmo assim deixar o relacionamento esfriar a ponto de precisar entrar nesta de precisar "apimentar" a relação...aí teria muita discussão do pq isso parece ser o usual nestes casos e como, mesmo assim, muitos liberais pensam de forma superior em termos de relacionamento (é algo que já teve discussões, relevem o tema).

2) o que me fez adorar e série é exatamente o fato de mostrar todos como seres humanos, com muitas imperfeições e inseguranças...neste aspecto temos a Nanda, desde o início errando, como o que aconteceu no rodeio por exemplo. Essa personagem, talvez real, talvez não... é a pessoa que estava levando o relacionamento de for insossa mas, após o Mark a estimular, virou essa personagem foda, que consegue fazer a "melhor performance que uma grande casa de swing nunca viu"...mas TB chega no foco de toda a atenção posterior do casal, ela não consegue sossegar a periquita...e nisso, ganhando liberdade (por poder finalmente fazer tudo que quisesse, com quem quisesse sem as amarras anteriores), fez a única coisa que poderia cagar com tudo, já que o Mark (como um bom corno - não fique bravo comigo Mark) relevava e perdoava cada erro. Mas ela teve que começar a se "apaixonar" com um cara dotado (sempre esse tipo aparecendo nas histórias...kkk) que a comeu uma ou duas vezes no máximo antes dele perceber essa paixão. Esse ponto mostra como não é o tipo de relacionamento que define se pode ou não haver traição...ou se isso pode ser considerado traição...se tivesse ativo nos comentários antes, iria puxar essa reflexão com ctz.

3) tem a parte da terapia e etc...o Mark puto pq o cara demonstrou querer destruir sua família, e a Nanda preocupada em o ter por perto, mesmo sabendo de suas intenções. Logicamente que isso abala a confiança de QQ um, até mesmo um Mark da vida. Desculpa Nanda, mas é meio complicado te defender. E sua insistência no Rick é difícil de entender...até pq nunca saberei como é essa tal "paixão de pica).

5) chegamos nesta última parte...a Iara perfeita, maravilhosa...a Nanda com essa ideia de trazer o cara que causou tudo em sua vida e de sua família, para a viagem que era para reafirmação do casal. Por mais que entenda os motivos, sinceramente é difícil novamente te defender Nanda. O Mark está mostrando uma paciência e um amor por vc que é muito difícil de entender, daí comentários como desse...cara...aí embaixo. A pergunta que deixo pra vc é. Se a iara não aparecesse como teriam conseguido resolver a situação (embora não saibamos que conseguiram se resolver ou não nesta viagem, ainda).

Enfim...menção honrosa a outra personagem foda, a Denise...ótima madrugada...muito feliz pelo retorno de vcs!!

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Foto de perfil de Hugostoso

Que SDS de vcs!

Parabéns amigos, que capítulo, o bom que vcs capricharam, mais de 10.000 palavras, podem continuar assim kkkkkkkkkkk

E logo a briga vai ser esquecida, basta uns banhos juntos, umas lingeries bem sexy,.... Rsrsrs, e a paz retorna! Kkkkkkkkkkk

Obrigado amigos!

👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

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Foto de perfil de Homero

Como sempre meu amigo, o conto está fantástico!!

Cheguei a comentar aqui sobre a ausência de vocês. Mas que bom que voltaram (deixaram uma legislação de leitores a esperar pelo retorno de vocês).

Um forte abraço!!

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Finalmente meu casal favorito voltou 😆😆

Pergunta: esses acontecimentos aconteceram a quanto tempo?

Obviamente ⭐️⭐️⭐️

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Foto de perfil de Gordimgostoso40

Quase um ano ansiedade lá nas alturas parabéns pelo retorno .. bom saber q agora o Rick se lasca ou não ...

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Foto de perfil de Ménage Literário

Olha eles... Terei que voltar e reler uns dois capítulos, para lembrar onde estamos. 😘

Mas já deixo as ⭐⭐⭐

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Foto de perfil de Nanda do Mark

Ainda brigados, amiga, mas voltando... Aos poucos... Beeeeeeem aos poucos... Quase parando...

😁

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