A lua cheia espreitava entre as nuvens pesadas, lançando sombras inquietas nas ruas desertas de Wuhan. O silêncio era cortado apenas pelo zumbido distante dos drones de vigilância que patrulhavam incansavelmente, seus olhos vermelhos piscando no escuro como predadores famintos. As luzes frias dos outdoors digitais refletiam nos prédios, projetando a imagem do Líder Supremo em tons monocromáticos, sua voz ecoando pelas ruas vazias com promessas de um futuro seguro e controlado.
Elias corria.
Seus passos rápidos ressoavam contra o asfalto, ecoando entre os becos estreitos e sombrios. O ar estava pesado, denso com a poluição industrial e o cheiro acre de químicos que sempre pairava sobre a cidade. Seu coração batia descompassado, não apenas pela corrida, mas pelo pavor que o perseguia como uma sombra viva. Ele sabia que estavam atrás dele, as forças do governo, os mesmos que ele havia servido por anos, agora transformados em caçadores determinados a capturá-lo.
Ele se lançou em um beco lateral, seus olhos rapidamente varrendo o entorno em busca de uma rota de escape. Acima dele, os drones passavam incansáveis, seus sensores varrendo cada centímetro do chão. Elias pressionou-se contra a parede fria de concreto, o suor escorrendo pela sua testa, pingando no colarinho da camisa úmida. Ele precisava de um plano, mas tudo o que conseguia ouvir eram os passos que se aproximavam, os estalos metálicos das botas dos policiais ecoando cada vez mais perto.
Um outdoor próximo piscou, projetando mais uma vez a imagem do Líder Supremo. Desta vez, a mensagem era clara e direta: "Obediência é sobrevivência. Toda rebelião será uma ameaça à nossa existência." As palavras cintilaram na tela, refletindo nas poças d'água que cobriam o chão, como uma lembrança cruel da ordem inquestionável que governava suas vidas. Elias cerrou os punhos, sentindo a raiva ferver dentro de si. Ele sabia o que estava em jogo. Não era apenas a sua vida, mas o destino de milhões, todos à mercê de um regime que via as pessoas como peças descartáveis em um jogo de poder.
Os passos se aproximaram, o brilho das lanternas perfurando a escuridão, e Elias soube que não tinha mais tempo. Ele se empurrou para longe da parede, correndo com toda a força que lhe restava, desviando entre os escombros e lixo que bloqueavam o caminho. Cada curva que fazia, cada esquina que dobrava, parecia levá-lo mais fundo no labirinto sombrio da cidade, mas ele não podia parar. Parar significava ser capturado, e ser capturado significava que toda a esperança estava perdida.
À sua frente, uma cerca alta de metal se erguia, brilhando com uma luz fraca. Elias acelerou o passo, jogando-se contra ela com toda a força. Seus dedos encontraram as fendas na malha, e ele começou a escalar, seus músculos protestando com cada movimento. Mas ele sabia que não havia alternativa. O som das botas atrás dele estava mais próximo agora, o brilho das lanternas oscilando contra a cerca.
Com um último esforço, Elias se lançou por cima da cerca, caindo pesadamente do outro lado. Ele se levantou com dificuldade, ignorando a dor que latejava em seus músculos. À sua frente, a cidade de Wuhan se estendia, uma selva de concreto e aço sob o céu escuro. Ele precisava se misturar, desaparecer na multidão anônima das sombras, e encontrar um lugar para se esconder. Mas antes que pudesse dar mais de alguns passos, o som agudo de um drone próximo rasgou o silêncio. Uma luz intensa foi lançada sobre ele, queimando seus olhos e obrigando-o a erguer o braço para se proteger. Ele sentiu uma onda de pânico ao perceber que o haviam localizado. Elias tentou correr, mas uma rajada de eletricidade percorreu seu corpo, fazendo-o desabar no chão, convulsionando em espasmos incontroláveis.
Quando os tremores finalmente pararam, ele estava deitado de bruços, ofegante e sem forças para se mover. As botas dos policiais que o perseguiam ecoaram ao seu redor, e ele sentiu a pressão fria do metal contra a nuca quando o algemaram. Seus braços foram puxados para trás com brutalidade, e ele foi forçado a ficar de joelhos, ainda atordoado pela dor. Enquanto levantava a cabeça, seus olhos encontraram a fria lente do drone que pairava acima dele, registrando tudo. A voz metálica do oficial soou alta, como uma sentença final.
"Fugitivo capturado. Preparem para a extração."
Elias tentou lutar, mas seu corpo não respondia mais. Ele foi erguido à força pelos guardas, que o arrastaram sem cerimônia para dentro de um veículo blindado que aguardava próximo. A porta se fechou com um estalo, e a escuridão dentro do veículo o envolveu como um manto pesado enquanto arrancava em velocidade.
Após longos minutos, Elias sentiu o veículo parar com um tranco, seguido pelo som das portas sendo abertas. Ele foi puxado para fora, ainda grogue, e arrastado por um corredor estreito e mal iluminado. O som de passos ecoava nas paredes de concreto, acompanhando o ritmo acelerado de seu coração. Não havia janelas, apenas portas metálicas fechadas que passavam uma após a outra, como se estivessem em uma instalação secreta. Quando finalmente pararam, uma porta de aço pesada se abriu diante dele, revelando um ambiente vasto e escuro. Elias foi empurrado para dentro da sala, que, à primeira vista, parecia uma ala de um grande laboratório, mas o local estava em reforma. Equipamentos cobertos por lonas, chapas de metal sintético e fios expostos denunciavam que o espaço ainda não estava em uso.
Enquanto ele tentava se situar, as luzes fluorescentes foram acesas, banhando a sala em uma luz branca e fria. Elias piscou várias vezes para ajustar a visão e, ao levantar os olhos, percebeu uma figura que emergia das sombras no fundo da sala. Era um homem alto, de postura imponente, vestindo um terno impecável. Seu rosto era uma máscara de calma calculada, com um leve sorriso nos lábios. Elias o reconheceu imediatamente: o Secretário de Desenvolvimento Tecnológico do Governo Global.
— Ah, Elias — disse em mandarim, o Secretário com sua voz suave e carregada de ironia — finalmente nos encontramos, e devo dizer, você nos deu um pouco de trabalho — Ele caminhou lentamente em direção a Elias, as mãos cruzadas atrás das costas, como se estivesse inspecionando uma obra de arte — Sua pesquisa… admirável. Quem diria que você seria capaz de fazer a descoberta mais importante do século no porão de casa.
Elias sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A ironia na voz do Secretário era evidente.
— É uma pena — continuou o Secretário, parando a poucos passos de Elias — que você tenha decidido esconder sua pesquisa de nós. Uma descoberta dessas... imagine o que poderíamos ter feito juntos, se você tivesse escolhido o lado certo da história.
Elias tentou se levantar, mas as algemas o mantinham preso à cadeira. Ele olhou diretamente nos olhos do Secretário, tentando manter a compostura
— Eu sei o que vocês pretendem fazer com a cura… — disse Elias, sua voz firme apesar do medo — … e eu não poderia permitir.
O Secretário soltou uma risada curta, sem humor.
— Você realmente acredita que pode salvar o mundo sozinho, Elias? Acha que pode erradicar a pandemia? O que você encontrou é poder, e o poder não é conquistado, é tomado.
Elias sentiu o peso das palavras do Secretário. Ele sabia que estava lidando com uma mente perigosa, alguém que não hesitaria em sacrificar milhões para alcançar seus objetivos. O Secretário deu um passo para trás e fez um sinal para um dos guardas, que rapidamente desativou as algemas de Elias.
— Agora, Elias… — continuou o Secretário, seu tom voltando a ser calmo, quase amistoso — … vamos ver o que podemos fazer com essa sua pesquisa. Acho que você perceberá que, no final, todos estamos no mesmo lado.
Elias esfregou os pulsos, ainda sentindo o formigamento, encarou o Secretário com uma mistura de desafio e cautela. Qualquer decisão que tomasse ali poderia selar o destino não apenas dele, mas de toda a humanidade.
— Vocês destruíram meu laboratório — ele disse, sua voz carregada de frustração — tudo o que eu descobri, todas as amostras, as pesquisas… tudo foi perdido quando seus homens invadiram minha casa.
O Secretário manteve o olhar fixo em Elias, o sorriso irônico ainda presente em seus lábios. Ele deu um leve suspiro antes de responder, como se estivesse se divertindo com a situação.
— Ah, sim, sobre isso… devo admitir que a eficiência de nossos agentes às vezes é um pouco excessiva. Eles foram instruídos a capturá-lo, mas a destruição foi… um dano colateral lamentável.
Elias sentiu a raiva borbulhar dentro de si, mas se conteve.
— Você não tem ideia do que eles destruíram. Minha pesquisa estava a um passo de… de algo que poderia salvar bilhões!
O Secretário ergueu uma sobrancelha e deu alguns passos ao redor de Elias, como um predador circundando sua presa.
— Na verdade, Elias, nós sabemos mais do que você imagina — ele parou, inclinando-se levemente para Elias — Quando você foi capturado, tivemos acesso a alguns dos dados armazenados em seus servidores, que, felizmente, não foram completamente destruídos. Sabemos que você estava perto de uma descoberta monumental, mas temos o suficiente. Descobrimos que seu corpo, de alguma forma, conseguiu sintetizar a cura. Sua capacidade de produzir uma resposta imunológica eficaz ao vírus, transformando seu próprio esperma em um veículo de disseminação da cura, é nada menos que extraordinária — o Secretário começou a andar novamente, com os olhos fixos em um ponto distante da sala — Claro, essa descoberta levanta algumas questões éticas, mas também nos apresenta uma oportunidade única. E é por isso que você está aqui, Elias. Você é mais valioso do que qualquer laboratório ou pesquisa.
— Qual é o seu plano agora? — ele perguntou, sua voz carregada de tensão.
O Secretário parou e se virou para Elias, seu olhar intenso.
— O plano, meu caro Elias, é simples: vamos utilizar você para disseminar a cura, mas de uma maneira que nos permita manter o controle absoluto. Não podemos confiar que essa cura seja liberada sem supervisão. Afinal, poderíamos estar curando nossos inimigos tanto quanto nossos aliados — ele fez uma pausa, observando a reação de Elias — Você será o responsável por inocular mulheres selecionadas, escolhidas a dedo por nossa equipe. Elas serão portadoras da cura, que será disseminada de forma controlada, mantendo a população sob nosso controle enquanto erradicamos o vírus de forma… seletiva.
Elias sentiu o chão sumir sob seus pés. Ele sempre soube que o governo não jogava limpo, mas ouvir o plano delineado daquela forma fria e calculista era nauseante.
— E se eu me recusar? — perguntou Elias, desafiando o Secretário com os olhos.
O Secretário inclinou a cabeça levemente, como se estivesse considerando a pergunta.
— Ah, Elias — ele disse com um tom quase paternal — essa não é uma opção. Você sabe demais, e nós precisamos de você. Claro, preferimos que você coopere, mas, se não o fizer… bem, há outras maneiras de garantir que você cumpra o seu papel.
O Secretário de Desenvolvimento Tecnológico observou Elias com um sorriso frio, notando a expressão de ceticismo no rosto do cientista. Ele caminhou lentamente pela sala, suas mãos se movendo quase com reverência pelas superfícies metálicas expostas.
— Precisamos garantir que a cura chegue às pessoas certas, aquelas que estão ou estarão alinhadas com os nossos ideais. As cinco mulheres que selecionamos são cruciais para esse plano.
— E como exatamente você espera fazer isso? A disseminação será lenta e eu sou apenas um.
— Você será enviado de volta 70 anos no tempo, para quando o vírus começou a se espalhar, e deverá inocular essas mulheres com a cura. Cada uma delas, em suas respectivas esferas de influência, disseminará a cura naturalmente. E, com o tempo, apenas aqueles que compartilham ou compartilharão da nossa visão para o futuro terão acesso a ela.
Elias deu uma risada seca, descrente.
— Viagem no tempo? Isso é ridículo. É coisa de ficção científica, não de ciência real.
O Secretário parou e o encarou, os olhos cintilando com uma intensidade que fazia Elias se sentir desconfortável. Ele estendeu a mão, apontando para o ambiente ao redor.
— Elias, você acha que esta sala está em reforma? Não, meu caro. Esta sala… esta sala é uma máquina do tempo. Estamos no processo de finalizá-la. Você não tem ideia do que já conseguimos.
Elias engoliu seco, sentindo uma pontada de dúvida pela primeira vez. O que ele havia tomado como uma construção inacabada, cabos expostos e painéis de controle, de repente parecia algo muito mais sinistro e avançado. O Secretário continuou:
— Nós dominamos a viagem no tempo, e você será o pioneiro da nossa primeira missão. Sua habilidade de sintetizar a cura torna você qualificado para essa tarefa.
Elias, ainda incrédulo, sentiu o peso das palavras do Secretário se afundar nele. Se o que ele estava dizendo fosse verdade, o futuro da humanidade, ou pelo menos o futuro planejado por esse regime, dependia dele de uma forma que ele jamais poderia ter imaginado. O Secretário observou a expressão de Elias mudar lentamente de ceticismo para uma mistura de preocupação e dúvida. Satisfeito, ele continuou a exposição do plano com a mesma calma imperturbável.
— Antes de você ir, há algo que você deve saber. Esta viagem será única. O problema que enfrentamos é que, no passado, não existe uma máquina do tempo para garantir o retorno. Isso significa que esta será uma jornada sem volta. Uma vez que você for enviado, não haverá como trazê-lo de volta. Você será o primeiro, mas não estará sozinho por muito tempo. Após a sua partida, enviaremos outros dois agentes ao passado. Eles terão a missão de garantir que a você cumpra a tarefa e que os elementos necessários sejam preservados, mesmo que algo saia do planejado. Eles atuarão nas sombras, observando e intervindo somente se necessário.
Elias olhou ao redor da sala, que agora parecia mais como uma prisão do que um laboratório. A enormidade da missão começou a pesar sobre ele.
— E se eu falhar? Se algo der errado, ou se eu não conseguir alcançar essas mulheres?
O Secretário se aproximou mais, a sombra de um sorriso irônico em seus lábios.
— Falhar não é uma opção. O futuro depende disso. E lembre-se, nossos agentes estarão lá para garantir que você permaneça no caminho certo.
Elias foi escoltado para fora da sala e conduzido por um longo corredor, onde as paredes de aço refletiam o brilho frio das lâmpadas fluorescentes. Ele foi levado para uma pequena sala de detenção, quase desprovida de qualquer conforto. Havia uma cama estreita, uma pia de metal embutida na parede e uma pequena janela com grades, que deixava entrar apenas uma fração da luz externa.
Os dias que se seguiram foram monótonos e intermináveis. Elias era submetido a uma rotina rígida de exames médicos. Todas as manhãs, um grupo de médicos entrava na sala, carregando seus equipamentos. Eles coletavam amostras de sangue, analisavam suas funções vitais, e ele foi submetido a exames invasivos. Cada detalhe de seu corpo era minuciosamente estudado, como se ele fosse uma máquina complexa prestes a ser desmontada e remontada. Além dos exames, Elias foi inoculado com vacinas contra doenças que haviam sido erradicadas no mundo há décadas, poliomielite, varíola, sarampo… As injeções eram dolorosas, mas os médicos não demonstravam qualquer empatia. Ele sabia que tudo fazia parte da preparação para sua missão no passado, onde essas doenças ainda eram uma ameaça real.
O tempo passava devagar, mas a construção da máquina do tempo prosseguia com rapidez. Elias ouvia os sons abafados de máquinas e ferramentas vindos dos corredores adjacentes. A tensão aumentava a cada dia, à medida que ele sabia que a hora de sua partida se aproximava.
Finalmente, depois de semanas de preparação física e mental, um dos médicos entrou na sala e informou a Elias que a máquina do tempo estava pronta. Seu destino estava selado. Ele seria o primeiro humano a viajar no tempo, e o que faria ao chegar ao passado decidiria o futuro da humanidade.
A porta da cela de Elias se abriu com um rangido prolongado. Desta vez, ele sabia que era diferente; não era para mais um exame, nem para outra rodada de vacinas. Dois guardas o escoltaram em silêncio por corredores que agora pareciam mais estreitos, mais opressivos. Finalmente, ele foi conduzido a um escritório mal iluminado, decorado apenas com uma mesa de metal e duas cadeiras de aparência rígida. O ambiente era frio, impessoal, e o ar estava carregado de tensão.
Poucos minutos depois, a porta se abriu novamente, e o Engenheiro Chefe do projeto entrou. Era um homem de meia-idade, com cabelos grisalhos, olhos penetrantes e um semblante de aço. Ele carregava uma pasta volumosa, que colocou sobre a mesa antes de se sentar em frente a Elias.
— O tempo é curto, Sr. Elias — começou o Engenheiro, falando em inglês britânico — Dentro desta pasta estão as fichas de cinco mulheres que você deverá encontrar e inocular. Cada uma delas desempenha um papel crucial no futuro do Governo Global. Elas são… pilares em torno dos quais nossa ordem será construída.
Ele deslizou a pasta em direção a Elias, que hesitou antes de abri-la. Dentro, havia uma série de arquivos, cada um com uma foto, informações biográficas e anotações detalhadas.
— Ju Jingyi — continuou o Engenheiro — é uma cientista chinesa brilhante que, no passado, estava envolvida nos primeiros estudos de virologia que eventualmente levariam à criação do vírus. Ela é essencial por suas contribuições científicas, mas também porque sua descendência futura se alinha com os interesses do nosso regime.
Elias folheou o arquivo de Ju Jingyi, absorvendo os detalhes, antes de passar para o próximo.
— Emilia Ibarra — disse o Engenheiro — é uma atriz e modelo mexicana, cuja influência na cultura popular e conexões políticas ajudaram a moldar a opinião pública de maneira favorável ao Governo Global. A outra é Ana Clara Costa, uma ativista brasileira cujas redes de influência desempenharão um papel crucial na consolidação do poder em regiões estratégicas da América do Sul.
O Engenheiro continuou, delineando o papel de cada uma dessas mulheres e o impacto de sua inoculação.
— A próxima é Lara Schmidt, uma jornalista alemã, cuja carreira será fundamental para controlar a narrativa midiática, garantindo que as mensagens do governo sejam disseminadas sem oposição. E, finalmente, Anya Petrova, uma empresária russa cujos investimentos estratégicos e redes de negócios serão a base econômica para o futuro controle global.
Ao longo de sua explicação, ficou claro que cada uma dessas mulheres, embora não se conheciam, seriam fundamentais para a ascensão do Governo Global.
— Cada uma dessas mulheres foi selecionada não apenas por suas ações no passado, mas pelo potencial genético que suas linhas de descendência carregam. A inoculação delas garantirá que as próximas gerações sejam imunes ao vírus que nos permitirá tomar o controle da sociedade e consolidar nosso poder.
Elias não conseguia afastar o desconforto que crescia dentro dele. Ele sabia que estava sendo manipulado para servir a um propósito que desprezava, mas estava enredado em uma teia da qual parecia impossível escapar.
— Você entende agora — concluiu o Engenheiro — por que esta missão é vital. O futuro do mundo como o conhecemos depende do sucesso da sua viagem. O Governo Global, na época dessas mulheres, está apenas começando a se formar. Sua intervenção garantirá que, quando o poder estiver nas mãos certas, ele será absoluto e inquestionável.
— Entendi — respondeu — Só resta saber se o que vocês planejaram realmente acontecerá como vocês esperam.