Já estávamos com a primeira semana de aula completa, a rotina minha ainda era, acordar, pesar-me, fazer algumas medidas, não era sempre que media tudo, mesmo por que nos últimos 4 dias as mudanças eram mínimas, iria comentar isso com mamãe em breve se persistisse até segunda.
No final de semana, com as retiradas das coisas de papai, tínhamos muita coisa para reorganizar na casa, além de toda a garagem que praticamente saiu quase tudo, ficando o cortador de grama, algumas ferramentas, na verdade uma caixa inteira, papai sempre tinha 2 caixas, uma que levava quando íamos para o apartamento da praia, e outro que ficava em casa, ele pegou a de casa e deixou a mais simples, mas suficiente.
Nos dias marcados que ele viria, mamãe combinou comigo de eu ficar na biblioteca da escola, ou na casa de alguma amiga, pois a situação não estava ainda clara, ela queria primeiro ter toda a distancia possível dele para depois com o tempo dar detalhes. Não era uma coisa oficial, tipo de delegacia para manter distância, mas tinha uma clausula no acordo de separação, que ambos iriam manter-se afastados, proibidos de influenciar ou envolver-se em assuntos particulares, familiares ou da residência que cada um agora era dono.
Eu lembro pois li essa parte e pensei, cláusula não se meta", lembro de ter falado isso na ocasião, tive que ler todo o acordo, pois ali continha algumas partes que diziam respeito a mim, embora estivesse a poucos dias de completar maioridade, um dos itens era exatamente isso, que eu seria emancipado junto com o divórcio, que seria oficializado em cartoria na quarta feira, pela manhã, iria faltar a aula.
Para esse dia eu me vesti com o moleque que era, mamãe na terça retirou todos os vestígios de maquiagem, tirou os esmaltes, cortou minhas unhas mais curtas, escolhemos um moletom e um blusão, por sorte estava frio, foi necessário colocar uma pequena faixa nos seios, o medo não era o tamanho e sim os bicos e aureolas que ficavam mais salientes, afinal papai sabia do tamanho, que ficasse então com a lembrança de quando eram quando violentamente me tirou a camisa naquele dia.
Coloquei um gorro, mamãe também atentou-se ao meu cabelo que estava maior, a ideia era ir no cartório, ela assinar os papeis referentes a ela, eu os meus, também estava um representante do banco, que iria oficializar os saldos, retirar o papai da conta, tudo ao mesmo tempo. EU ficaria em uma sala e evitaríamos o contato com papai.
Até então estava tudo combinado com advogados, cartório, banco e papai, estávamos chegando, tínhamos ido de UBER pois era difícil estacionar ali, chegamos com uns 10 minutos de antecedência, até agora tudo certo, entramos, os advogados já estavam, eu fui para sala reservada, ficaram eles, chegou o gerente, nisso já foram adiantando tudo, com uns 5 minutos de atraso chegou papai, acompanhado de uma mulher, segundo me disse mamãe depois era a tal personal, que ele havia traido mamãe, eu não vi, mamãe que foi me contando depois.
Ao esperar ali, a sala foi aberta por um rapaz, um estagiário, ele trouxe uma garrafa de agua, umas bolachas e uma garrafa pequena com chá, perguntou se eu queria, fechou a porta logo em seguida, eu aceitei o chá e a bolacha e ele ficou ali parado, nisso perguntei:
- Estou aguardando minha mãe que está resolvendo o divórcio, você poderia me dizer se eles já chegaram, desculpe não me apresentei sou Ale...
- Não se preocupe, sua mãe contou sua situação, meu chefe , nossa equipe na verdade que estamos cuidando da documentação para troca de nome social, pode ficar tranquila, não é troca de identidade, apenas um documento em cartório que obriga aos órgãos como colégios, clubes, etc a te chamarem pelo nome social, embora seja lei e direito, sempre é necessário um respaldo legal, reconhecido em cartório, pode ficar tranquila mesmo Alessandra.
Ouvir ele me chamar pelo feminino, eu estando ou tentando me passar por menino novamente foi estranho, muito estranho mas então completei.
- Bom, pelos próximos 6 a 12 meses sou Alessandra, bom os motivos por estar assim imagino que já saiba também, mas desculpa, qual seu nome?
- Olá, me chamo Rubens, sou estagiário aqui, bom respondendo suas perguntas, sim, chegaram, foi meu chefe que pediu para trazer-lhe o lanche e eles já estão assinando tudo, pois fui eu que levou os papéis até a mesa deles, assim como quem tratou do seu caso, eu já estou no segundo ano de Direito, embora pareça um moleque ainda, entendemos a preocupação de sua mãe, infelizmente estes casos, como o seu podem haver violência doméstica, abusos e tantos outras coisas que melhor mesmo evitar, bom se não fosse assim.
- Será que isso demora.
- Seria rápido se a pessoa que esta acompanhando seu pai, não ficasse interferindo, mas meu chefe já resolveu isso dizendo que já estava tudo acordado entre as partes e que ela não tinha e não podia interferir em nada, afinal não era oficialmente ninguém interessado no processo. Gerou uma pequena confusão mas os advogados de sua mãe e do seu pai, pediram para ela retirar-se pois estava atrapalhando a todos. Nisso meu chefe fez um sinal, para que eu viesse cuidar de você, já havíamos combinado algumas coisas para não prejudicar vocês duas.
- Nossa que sujeitinha inconveniente, que lindo da parte do vocês, mas eu estou bem, aflita mas é natural dado o momento e o lugar, mas fico agradecida e bom se quiser sair, afinal é teu ambiente de trabalho, não precisa ficar aqui, deve ter mais coisas a fazer.
- Não, não se preocupe, recebi ordens de lhe fazer companhia, até mesmo por segurança sua.
- Nossa fiquei preocupada, corro algum risco.
- Normas do cartório em casos de divórcios e partilhas, ainda mais envolvendo menores, não era para acontecer, mas dada o surto da amiga de seu pai, eu estou aqui com você e temos 2 seguranças do cartório, um esta bem próximo desta porta o outro ao lado de sua mãe na mesa de reuniões do outro lado do cartório, geralmente lá é feito estas reuniões pois tem gente que traz 4 a 5 advogados, contador, papagaio, periquito, acha que aqui é lavanderia pra lavar roupa suja, bom desculpe, não é este caso, apenas quis te dar uma panorama do local.
Eu sorri para ele, fiz um gesto que demonstrou concordar e ficamos por um tempo em silencio, mas meu olhar, não enganava, ficava olhando a porta, como ele estava ao lado dela, era inevitalvel olhar para ele, ambos nos olhamos por um tempo.
De minha parte, havia esquecido que estava ali tipo um moleque, sorri fui mexer no cabelo quando lembrei da toca e olhando pra mãos, pés, peito lembrei que eu era um piá ali, melhor parar de trocar olhares, mesmo por que não conseguia entender se olhava ele por desepero, por carinho pela atenção dele, ou por que o olhar dele era realmente interessante, sorrisso daquele jovem mexia comigo, isso me perturbava.
- Bom se não se importa, gostaria de ficar sozinho, quer dizer sozinha, tudo bem?
- Sim, claro, desculpe, bom vou ficar do outro lado da porta, precisando é so bater nela que lhe atendo.
- Agradeço. Tentei uma palavra que não me desse maior desconforto em ele me ver de moleque e sabendo que na verdade já serei para ele e para o cartório a Alessandra.
- Demorou uns 15 minutos, veio uma moça com uns papeis, pedindo minha assinatura, ainda como filho, fiz ai ela falou, já estão terminando, seu pai já tá saindo, daqui a pouco venho lhe chamar para sala de reunião, tudo bem?
Mais um dez minutos a porta abriu-se era Rubens me chamando pra ir a sala de reunião, onde estava mamãe, a advogada, dois senhores e o segurança, a senhora que veio até mim, chegou logo em seguida com duas pastas.
- Bom, a primeira fase terminamos, oficialmente sua mãe esta divorciada.
