A Estranha Viagem – Parte II – Os Segredos de Adeline
No conto anterior, relatei como uma viagem mudou a minha vida. Isto porque descobri que minha esposa, Adeline, guardava um segredo que eu jamais poderia imaginar. Para mim, ela era uma belíssima mulher, que eu havia conhecido em uma exposição de quadros há alguns anos, e, descobrindo gostos em comum, fomos nos conhecendo e acabamos casando. Ambos havíamos tido relacionamentos anteriores, e contamos a maior parte das coisas que aconteceram conosco antes do nosso relacionamento.
Eu achava que sabia praticamente tudo a respeito dela. Onde havia estudado e trabalhado, as cidades nas quais morou, quem eram seus amigos próximos. Então foi um grande choque quando encontrei um documento que a colocava como uma espécie de “espiã” a serviço de uma Agência super secreta. É claro que pesquisei a respeito. Mas tomei o cuidado de fazer a pesquisa através de um computador desses que existem em shoppings, onde se paga por hora de uso da Internet. E fui a um em um local distante de casa.
Gente, eu vi filmes de espiões. Se eu usasse o computador de nossa casa, certamente alguém saberia que eu havia descoberto o segredo dela. E havia até a chance de que eu fosse eliminado de forma sigilosa, mesmo contra a vontade de Adeline.
Assim, fazendo essa pesquisa (também fui com roupas que dificultariam minha identificação em caso de haver câmeras por perto), descobri que o tal “Acesso Nível 5” era talvez o mais alto de uma agência secreta. Então, minha esposa devia ser uma dessas “super agentes” que são convocadas para missões difíceis. E, embora o nome da tal Agência não constasse em nenhum lugar da Internet, descobri indícios de que era uma entidade internacional. Curiosamente, parecia haver uma conexão com Sociedades Secretas e Ordens Esotéricas. Eu não sou particularmente chegado em religião, e achava que ela também, mas agora as coisas estavam nebulosas.
O que fazer a partir dessa descoberta? Eu amo Adeline, e não pensaria jamais em colocá-la em risco, ou ficar questionando sua escolha. Se ela não quis me contar, deve ter sido por ordem superior.
Mas estou divagando. A morte do dono daquela Pousada, naquelas circunstâncias, me fez ficar mais atento a pequenos detalhes da nossa vida diária. Eu passei a perceber discretas mudanças no tom de voz dela, que poderiam indicar que estaria tentando ocultar algo ou desviar minha atenção de alguma coisa. Alguma demora para chegar em casa, e eu já imaginava alguma reunião onde seria decidida a eliminação de algum vilão daqueles de cinema, uma missão secreta sendo marcada...
Em uma tarde dessas, ela chegou um pouco mais tarde em casa, e me falou:
- Amor, vou ter que fazer uma viagem. Mas é só um final de semana, pode ficar tranquilo. Preciso fechar um contrato, mas tem que ser presencialmente. O cliente não quer nada online por questões de segurança.
- Onde vai ser, querida?
- Em uma cidade do litoral, no Nordeste. São 3 horas de avião. Vou na sexta, volto no domingo.
- Mas se você vai na sexta, podemos ir juntos. Afinal ,não curtimos aquele último final de semana na Pousada...
- Hmmm amor... você nunca fez questão de ir junto, sempre ficou resolvendo assuntos de trabalho.
- Depois destas férias, percebi que estava perdendo minha vida apenas trabalhando, quando devia ficar mais com você.
- Está com ciúmes, depois do que aconteceu lá?
- Tenho que admitir que sim. E se você for e aprontar alguma coisa?
- Credo! A gente estava junto lá na Pousada!
- E por isso mesmo é que eu quero ir com você desta vez. Ou acha que vou atrapalhar alguma coisa?
Ela pensou um instante. Depois falou:
- Claro que não! Só temos que ver se ainda há lugar no avião. Vou telefonar para a empresa e ver se consigo uma passagem para você.
Não sei se ela ligou para a empresa ou para a sua Agência, mas em seguida ela me disse que havia conseguido um lugar exatamente ao lado dela. Eu estava desconfiado: e se os agentes tivessem um parceiro ( ou parceira) e viajassem juntos, aí nesse caso ela teria dado o seu lugar para mim? Melhor não questionar.
De qualquer maneira, iríamos viajar na Sexta-Feira. Eu geralmente viajo com uma maleta pequena. Já Adeline, como descrevi no conto anterior, costumava levar muita coisa em viagens. Ela levou duas malas grandes.
- Pra que tanta coisa?
- Já que vamos juntos, vou aproveitar para tomar sol na praia. E preciso das minhas coisas.
- Mas podia levar só um biquini, e seu fio dental cabe em uma bolsa de mão.
- Ah, tem protetor solar, acelerador de bronzeamento, meus óleos, perfumes, mais a roupa que vou usar na reunião. E eu ainda vou ter que escolher a melhor, não sei exatamente a temperatura que vai estar por lá na hora , se vou com algo mais discreto ou não. Isto vou saber um pouco antes.
- Então alguém vai informar como você deverá se vestir?
- Mais ou menos. Não quero destoar do ambiente.
- Então vai haver muita gente nessa reunião?
- Vai...mas infelizmente só serão permitidas as pessoas diretamente relacionadas aos negócios em questão.
- Sem familiares.
- É, sem familiares. Mas eu vou e volto em seguida que o contrato for fechado, pode ficar tranquilo.
- E eu ficarei esperando no Hotel?
- Não, você pode ficar na praia mesmo. Vamos ficar em uma pousada bem na beira da praia. E tem um detalhe que você vai gostar.
- Qual é?
- A praia em frente à pousada tem uma parte que é nudista .
- Hmmm, já vi que você gostou de ficar pelada tomando sol.
- Gostei mesmo. Depois da vergonha inicial, achei tudo mais simples. Não tenho que ficar ajeitando o biquini, não ficam marcas... e tem a sensação de liberdade.
- Então não precisa nem levar o seu fio dental.
- Preciso sim, como é que eu vou sair da praia depois?
- Coloca uma canga e só.
- Vou levar, por precaução. Vai que eu tenha que passar por alguma outra praia.
- A tal reunião vai ser na praia?
- Eu um salão de conferências de um Hotel de luxo.
- E você vai ter que ir à praia, ou a alguma piscina desse Hotel?
- Nossa, quantas perguntas! Não vai acontecer nada além do contrato. Não precisa se preocupar comigo.
- Bom, depois do que aconteceu lá na Pousada, eu fico preocupado mesmo.
- Você anda muito desconfiado. Nunca foi assim.
- Desculpe, é que eu amo você e não quero que aconteça nada de ruim.
Ela me olhou bem nos olhos, como se estivesse procurando alguma coisa.
- Não vai acontecer nada. Vou voltar, vamos curtir a praia, namorar bastante depois.
Terminamos de arrumar as malas. Sexta-feira no final da tarde, fomos até o aeroporto e entramos no avião. Chegamos à noite na cidade, e pegamos um táxi até a pousada, que ficava a uns 20 minutos . O motorista nos informou que a cidade era tranquila, dava para andar a pé à noite, a criminalidade era baixa . Isto porque a segurança da região era reforçada .
Tivemos um pouco de problemas com as malas, porque o trajeto até a pousada tinha que ser pela areia, e havia um portal com escada vários metros antes, o táxi teve que parar no estacionamento. Sobrou para eu carregar. Não era exatamente pesado, mas desajeitado pelo tamanho dos volumes.
Enfim , chegamos e o guardião noturno nos mostrou qual seria o nosso chalé, era bem perto da areia. Deixamos as malas ali e fomos até o bar para tomar alguma coisa e comer uns petiscos, que substituíram o jantar. Depois, tomamos um banho e fizemos amor gostoso.
Ela começou me beijando apaixonadamente, foi descendo os lábios pelo meu tórax e depois beijou a cabeça do meu cacete, lambendo gostosamente as bolas, depois chupou até que ficasse bem duro.
Eu havia dado a ela um vibrador daqueles de sucção, e aproveitamos para usar. Enquanto eu penetrava sua bucetinha, o aparelho estimulava o clitóris. Ela teve vários orgasmos múltiplos. Como ela costuma gemer e gritar alto quando goza, as pessoas dos chalés ao redor devem ter ouvido por umas duas horas, que foi o tempo que ficamos trepando. Depois ela relaxou e dormiu.
Acordamos com o Sol brilhando. Naquela região, o nascer do Sol é ao redor das 5 e meia da manhã. E costuma fazer muito calor. Adeline já levantou animada.
- Vamos tomar café e depois ir direto para a praia, quero manter meu bronzeado.
Ela realmente estava com linda, afinal quase um mês tomando sol nua havia deixado sua pele com uma tonalidade maravilhosa. E ela sabia se cuidar, já descrevi como ela usava seus óleos para evitar ressecamento.
Após o café, fomos direto para a praia, já havia cadeiras e guarda-sóis de palha por lá. Foi só levar a bolsa. A pousada ficava na parte nudista. Por via das dúvidas, levei uma camisa e um calção, ela levou uma canga grande.
Na maior parte da manhã , ficamos conversando e tomando sol. Havia poucas pessoas na praia. A certa altura, um jovem casal se aproximou, falando em inglês com sotaque britânico. A moça era muito bonita, morena de olhos verdes. O rapaz, um pouco mais baixo que ela, um tipo comum. Queriam saber se era seguro nadar no mar por ali. Eu respondi que seria melhor não arriscar, já que havia correntes que levavam para o oceano, melhor ficar mais próximo à praia mesmo. E eu não queria ter que ir nadar para tentar salvar ninguém.
Adeline continuou tomando sol, sem dar atenção à conversa. Perto das onze horas, ela falou:
- Preciso tomar um banho e me arrumar, a reunião vai ser logo após o almoço.
- Vamos almoçar por aqui?
- Não. Você almoça aqui, eu tenho que participar do almoço no Hotel, depois haverá uma conferência e mais tarde a assinatura do contrato.
- E a que horas termina?
- Não tem exatamente uma hora para terminar. As negociações podem ser demoradas, por isso eu havia programado a volta para domingo.
- Isso quer dizer que você vai dormir no Hotel?
- Não, claro que não. Espero voltar no máximo no final da tarde. E amanhã teremos o dia inteiro só para nós.
Eu tinha noção do que poderia acontecer, por certo era uma reunião da Agência, onde ela seria informada de alguma missão especial. Ou então, a própria missão, onde ela teria que fazer algo perigoso como surrupiar documentos secretos. Ou eliminar mais alguém. Essa era a parte que eu mais receava. E se alguém descobrisse o que ela havia feito? Se viessem atrás dela, o que ela poderia fazer, totalmente nua em uma praia semi-deserta?
- Você está muito pensativo. Já falei para não se preocupar, não vai ser nada de mais.
- Não esqueça de levar tudo o que precisar.
- E o que eu vou precisar, exatamente?
- Sei lá. Documentos, canetas, os papeis do contrato. E o telefone, você já esqueceu antes.
- É mesmo, vou deixar carregando enquanto me arrumo.
Ela me beijou e se levantou. Fui logo atrás.
- Você podia ter ficado tomando sol e bebendo cerveja, eu já falei que não vai ser nada de mais.
- Eu gosto de ver você se arrumando.
- Tudo bem.
Ela tirou dois vestidos da mala.
- Com qual destes você acha que eu devo ir?
- Você fica linda de qualquer jeito. Mas este aqui realça o seu bronzeado. Se você quiser impressionar as pessoas, este vai chamar bastante a atenção. Ou melhor, você vai chamar mais a atenção. O vestido é só um acessório.
- E se eu quisesse passar despercebida?
- Impossível. Nem usando uma roupa completamente fechada, o que seria absurdo com o calor que está fazendo. Mas por que você iria querer passar despercebida em uma conferência?
- Estou brincando. Vou com este mesmo.
Ela tomou seu banho, ajudei a passar o óleo no corpo dela, depois ela arrumou o cabelo, colocou uma maquiagem leve e se vestiu. Pegou sua bolsa e a pasta com o material necessário para a conferência, eu, após ter vestido um calção e camiseta, a acompanhei até o carro que a iria levar até o Hotel. Era um automóvel de luxo, preto, com um motorista uniformizado. Não sei se era do próprio Hotel ou da Agência, e por motivos óbvios não perguntei .
Retornei à praia, e fiquei ouvindo música no meu aparelhinho de som, um IPod antigo, daqueles com 160 gigas de memória, onde eu tinha quase toda a minha coleção de músicas armazenada. Eu não havia percebido antes, mas havia um guardião por ali, era um Negão de quase dois metros de altura, musculoso, que só usava uma sunga perto do Portal. Quando estava na área nudista, tirava a sunga, deixando aparecer um caralhão enorme, mesmo flácido. Fiquei me perguntando se minha esposa havia reparado nele. Ou se ele havia reparado nela.
Isso eu fiquei sabendo logo em seguida. Enquanto eu ouvia música e tomava um gole de cerveja, ele se aproximou.
- Boa tarde. Eu sou Ademir, sou o responsável pela segurança desta área até amanhã de manhã. Está tudo bem?
- Ah sim, tudo bem. Eu e minha esposa estamos passando o fim de semana aqui.
- Sua mulher é muito linda. Com todo respeito. Ela foi à cidade?
- É, ela vai participar de uma conferência de trabalho. Deve voltar em algumas horas.
- Trabalhando no final de semana? Ninguém merece.
- Pelo menos é no litoral, e depois vamos passar o restante do tempo juntos.
- Bom, se precisar de alguma coisa, é só acenar. Ou apertar o botão no cabo do guarda-sol, que aciona um alarme silencioso que eu vou receber no meu celular.
- Eu não tinha reparado nisso. E, se reparasse, eu acharia que seria para chamar o pessoal do bar para trazer alguma coisa.
- Também serve para isso, hehe. Mas eu sempre confiro se não há alguma coisa diferente acontecendo.
- Mas o motorista do táxi disse que a criminalidade aqui é baixa.
- E é mesmo. Mas em uma praia nudista sempre há a possibilidade de algum engraçadinho tentar assediar as mulheres nuas.
- Obrigado, mas acho que não deve acontecer nada.
- Espero que sim. Até mais.
Fiquei ouvindo música mais um pouco, e resolvi ir até o chalé para tomar uma ducha e descansar, colocando em dia alguns e-mails e editando algumas fotos que eu havia tirado de minha esposa. Acho que, como a maioria dos casais, eu gostava de tirar fotos dela, especialmente nua. E ela sabia posar bem. Tanto que comprei uma máquina fotográfica profissional e fiz alguns cursos de fotografia. Aprendi a ajustar brilho, contraste, equilíbrio de sombras, e a prestar atenção em aspectos como composição, enquadramento e perspectiva.
Enquanto eu editava as fotos, pensei em dar uma xeretada nas coisas que Adeline havia trazido. Duas malas era muita coisa. Será que havia algum fundo falso, como na bolsa de praia?
Não era algo lá muito correto, mas ela havia me escondido muita coisa. Dei uma olhada, tomando o cuidado de não mudar nada de lugar. Era o que ela havia dito mesmo: várias roupas, os frascos de protetor solar, óleos, perfumes, óculos de sol, lentes de contato, batons, esmalte, um nécessaire com remédios comuns para viagens, como pomadas para queimaduras, medicamentos para vômitos e diarreia, curativos. Também escovas de cabelo, secador, um mini ferro de passar roupa. Só isso. Em uma das divisões com zíper, um envelope com fotos, eu já havia visto algumas dela.
Algumas das fotografias eram antigas, dos tempos de adolescência . Outras, também de antes de termos nos conhecido. Fui olhando e imaginando como deveria ser se tivéssemos nos conhecido antes.
Eu já estava quase para colocar as fotos de volta no envelope, quando vi algo que me deixou completamente chocado, e que mexeu totalmente com a minha cabeça.
Nessa imagem, que havia sido tirada com uma câmera Polaroid em um outro país, ela estava abraçada... comigo! O que era impossível, pois eu só a havia conhecido vários anos depois.
Mas eu sabia bem como eu era nessa época. E, a menos que a pessoa da foto fosse um sósia perfeito, era eu mesmo!
CONTINUA