seja bem vindo, sei que to atrasado, mas ta valendo
Obrigado, mano!
A véspera do natal havia chegado. Fernanda e sua família sempre passavam o natal lá em casa a convite de meus pais. Nós fazíamos o amigo-oculto e comíamos a ceia antes da meia-noite mesmo. O natal daquele ano estava igual a todos os outros anos: monótono.
Já era meia-noite e a brincadeira do amigo-oculto já tinha acabado fazendo todos ficarem mais calmos e largados cada um no seu canto. Enquanto nossos pais conversavam na sala, Fernanda e eu namorávamos na varanda. Conversávamos sobre vários assuntos. Eu ficava embasbacado de como Fernanda não era apenas um rosto bonito. Ela era muito inteligente. Entendia de tudo e tinha argumentos para qualquer tipo de assunto. Tinha opinião formada para quase tudo. Argumentava desde política à física. Eu a amava!
De repente, nossa conversa culta e calma foi interrompida por um estridente barulho de moto que aumentava a cada instante seguido do som da buzina em meu portão. Fui atender, era Gustavo acompanhado de Jéssica. Fiquei muito feliz em vê-los. Convidei-os para entrar e beber um pouco conosco. Foi aí que começou a animar tudo porque Gustavo possuía essa característica: animar qualquer ambiente.
— Gustavo, quanto tempo eu não te vejo! — disse minha mãe.
— Verdade, dona Judite! Tudo bem com a senhora? — disse ele a abraçando.
— Estou bem sim. Você tá cada vez mais bonito, menino! E cheiroso também. Essa menina linda é sua namorada?
— Sim. É a Jéssica.
Elas se cumprimentaram.
Ficamos todos conversando na sala. Eu observava como Gustavo tomava conta do ambiente. Ele estava em pé contando suas histórias. A sala da minha casa era pequena e ficava menor ainda porque ele ocupava todo o espaço. Todos prestavam atenção nele e riam das coisas que ele dizia.
Teve uma hora que eu tinha ido à cozinha para buscar cerveja. Peguei uma para mim e outra para Gustavo. As meninas não bebiam. Meu pai já estava com a dele. Quando eu saía da cozinha, tomei um susto ao bater de frente com Gustavo, que apareceu de surpresa. As cervejas quase caíram de minhas mãos com o impacto do corpo dele.
— Que susto, carai!
— Mais um pouco a gente se beija — disse ele rindo.
— Que merda, hein — foi tudo o que eu consegui dizer.
— Tu tava demorando tanto que eu vim atrás de você.
Já eram altas horas da madrugada. Os pais de Fernanda já haviam ido embora lá de casa. Cansados de sono, Gustavo e Jéssica resolveram ir embora também. Fernanda ficou para dormir comigo. Ela estava linda com um vestido preto batendo nas coxas. Toda gostosa!
Entramos no meu quarto, tratei logo de trancá-lo e comecei a beijá-la intensamente. Comecei a deslizar minhas mãos por debaixo de seu vestido até encontrar sua calcinha. Tirei-a. Livrei-me de minha camiseta e calça, ficando só com uma cueca boxer cinza. Passei o dedo por debaixo de seu vestido até encontrar sua boceta. Comecei a brincar nas beiradas usando meus dedos indicador e o do meio. Ela gemeu de prazer. Tirei seu vestido e sutiã. Tirei minha cueca e meu pau pulou duro da cueca. Comecei a beijá-la. Joguei-a na cama e caí por cima dela. Virei-a de costas para mim e comecei a pincelar meu pau em seu buraco de trás. Estava doido por ele. E quando estava quase penetrando ali, Fernanda levantou-se rapidamente.
— O que foi, amor?
— Já te disse, Vitor. Aí não! E parece que você não entende, sempre tenta. Eu não quero fazer sexo anal. Já to de saco cheio disso e que saber? Perdi a vontade também. Vou embora pra casa.
Meu pau ficou mole numa velocidade recorde. Rapidamente me levantei e disse:
— Calma, Fernanda! Me desculpe.
— To cansada! Você sempre me pede desculpas, mas não respeita minha vontade.
— Desculpa amor, por favor! — disse a abraçando — Não queria te magoar. Juro que não vou tentar mais. Vou abrir mão disso! De verdade! Se você não quer. Vou passar a respeitar isso. Eu te amo e não quero te fazer mal nem te magoar. Não quero ser babaca com você — disse a beijando no pescoço.
Ela sorriu e nos beijamos. Depois que tudo voltou a ficar bem, transamos e eu me contentei com o que ela queria me dar.
Dias depois, Fernanda foi lá em casa me dizer que iria passar o Réveillon na casa dos avós, em Florianópolis. Fiquei feliz por ela e triste ao mesmo tempo porque iria morrer de saudades dela. Estávamos juntos há muito tempo e sempre passamos a virada de ano juntos desde que começamos a namorar, mas se ela queria visitar os avós quem eu era para impedir, não é? Acho que já tinha batido minha cota de babaca no mês de dezembro.
A poucos dias para o ano novo fui me despedir dela e de seus pais no aeroporto Santos Dumont e depois fui para casa me sentindo sozinho.
Aqueles dias improdutivos de férias de final de ano estavam me entediando tanto que quando Gustavo me chamou para jogar videogame. Eu aceitei na hora. Já havia esquecido da promessa que fizera a mim mesmo de me afastar dele. Até porque depois das noites que tive com Fernanda eu tive certeza que continuava tendo tesão por mulheres e que aquele sonho que tive com Gustavo foi apenas uma confusão em minha mente. Era tudo fruto de minha abstinência sexual. Mas eu estava tão iludido!
Quando cheguei lá, Gustavo me atendeu apenas de samba canção no portão e me abraçou logo em seguida. Subimos para seu quarto. Beto já estava lá e jogava uma partida de Pes com Ricardo. Cumprimentaram-me sem tirar os olhos da TV. Juntei-me a eles e ficamos jogando a tarde toda e trocando ideia sobre as baladas, garotas e as festinhas que estavam sendo organizadas na praia do Arpoador naquele ano.
Disputei uma partida com Ricardo e ele me eliminou com o placar de 3 a 1. Tive que passar o controle para Beto, o próximo da fila. Gustavo voltou da cozinha com comida e começou a me zoar ao me ver entregando o controle para Beto.
— Vitor, perdeu de novo! — disse ele colocando a comida sobre a mesinha de cabeceira.
— Pela segunda vez é eliminado pelo profi aqui — disse Ricardo se gabando.
— Tem maior habilidade nos campos, mas não tem coordenação motora pra jogar videogame!
Todos começaram a rir do que Gustavo acabara de dizer, inclusive eu. Enquanto ainda ria, Gustavo se jogou de barriga para cima na cama e de pernas levemente abertas. Ainda gargalhava e esfregava os olhos que lacrimejavam por causa da euforia. Nesta hora, deu pra ver por baixo de seu samba-canção sua cueca branca modelando todo o seu saco. Não sei por quê, mas eu fiquei olhando por uns instantes para aquele pedaço de carne envolto no tecido branco. Nem notei que Gustavo percebia que eu olhava.
— Tá tudo bem aí, Vitor? — perguntou ele com um sorriso debochado no olhar.
Rapidamente retomei a compostura e com medo dele começar a me zoar por ter observado sua cueca, inventei uma desculpa:
— Tá… Tô… Quer dizer… Acho que não. Não estou muito legal hoje não. Sei lá! Mal-estar, talvez.
Saí do quarto em disparada, desesperado e transbordando de vergonha. Desci as escadas sem olhar para trás e ao passar na sala não vi ninguém. Ao sair da casa percebi que já anoitecia. Quando me aproximava do portão senti uma mão segurar firme meu ombro.
— Vitor, fica aqui cara!
Olhei para trás. Gustavo me olhava sério. Descalço, sem camisa.
— Vai embora não.
— Não sei cara. Eu não tô muito legal esses dias não. Minha cabeça não tá legal…
— Ei… relaxa! Essas coisas acontecem. É normal se sentir assim — disse ele tentando me guiar para dentro de casa com suas mãos em meu ombro. Eu não tinha certeza do que ele estava tentando me dizer com aquilo — Isso deve ser falta da Fernanda. Daqui a pouco ela tá aí de volta. Bora voltar e continuar a jogar com nossos outros amigos.
— Acho melhor eu ir embora mesmo. Eu não estou nada legal..
— Está bem, mas não vai ser a mesma coisa sem você.
Eu estava gostando de sentir as mãos de Gustavo em meus ombros. Estava gostando da preocupação dele comigo. Ele poderia muito bem ter me zoado na frente de Beto e Ricardo e dizer que eu estava olhando para o saco dele, mas ele resolveu nem tocar neste assunto. Ao contrário, fingiu que nada tinha acontecido e insistiu para que eu ficasse dizendo que era normal eu sentir aquilo. Como se ele soubesse o que eu estava sentindo.
Eu queria muito ficar lá, não por conta do jogo, mas sim pra ficar mais perto de Gustavo e esse desejo estava começando a me deixar preocupado.
Para piorar minha situação, Gustavo fazia uma cara que me fazia ter mais vontade de ficar, mas a minha cabeça me pedia para ir embora. Eu nunca havia sentido o que eu estava sentindo naqueles dias. Não queria nem dar nome àquele sentimento. Estava com medo de admitir para mim mesmo o que estava acontecendo. Era difícil de aceitar.
— Preciso ir. De verdade — disse eu sem nem conseguir olhar nos olhos de Gustavo tamanha vergonha que sentia.
— Tá bom, Vitor — disse ele com uma cara de decepcionado e cabisbaixo — Só lembre que eu sou seu amigo e não quero que você suma daqui de casa, beleza?
Fiz que sim cabisbaixo e saí de sua casa e queria sumir. Queria nunca mais ter que encarar Gustavo, pois já não tinha mais coragem para isso.
Aquele novo acontecimento trouxe de volta à tona todas as preocupações que eu achava que haviam sido dissipadas depois das noites quentes com Fernanda. Eu sentia muita falta dela. Eu tinha vergonha de mim.
Para piorar, fui tomar banho assim que cheguei em casa e enquanto passava sabonete no corpo, mais especificamente quando ensaboei meu pau tive uma pequena excitação e comecei a me masturbar com a imagem de Gustavo deitado em sua cama. Eu passava a mão pelo meu peito enquanto a outra deslizava em meu membro coberto da espuma do sabonete. Assim que gozei comecei a chorar feito um derrotado porque não estava conseguindo lutar contra aquilo. Não queria ter me masturbado pensando em homem nenhum, muito menos em meu amigo. Queria estar naquele momento com Fernanda e saber que tudo aquilo não passava da carência que eu estava sentindo dela.
Eu sempre fui apaixonado por Fernanda, mas naqueles dias eu estava sentindo coisas que não sentia pelo meu amigo. Mesmo com saudades dela, não conseguia tirar a imagem de Gustavo da cabeça. Eu lembrava dele sentando em meu colo no vestiário, lembrava dele de sunga vermelha em sua casa me agarrando por trás e me empurrando na piscina. Não parava de lembrar de sua cueca branca aparecendo por baixo de seu samba-canção. Eu sempre vi Gustavo pelado no futebol desde quando éramos mais novos e nunca havia sentido nada demais. Não entendia porque agora eu o enxergava de forma completamente diferente. Coloquei em minha cabeça que deveria me afastar de Gustavo e verdadeiramente me esforçar para isso, porque tudo que ele fazia estava me deixando confuso.
Naquela mesma noite, Gustavo, Beto e Ricardo apareceram de surpresa em meu portão. Os três estavam bem animados e tinha ido me chamar para dar um rolê pela praia com eles. Disseram que iriam para a pedra do Arpoador pescar. Eu disse que não iria porque não estava bem.
— Bora, Vitor! Vai ser maneiro cara! — insistiu Gustavo.
— O que houve contigo pra você ter saído da casa do Gustavo de repente? — quis saber Beto.
— Sei lá, um pouco tonto, mal-estar. Acho melhor ficar em casa.
— Você que sabe, Vitor — disse Gustavo.
Depois que eles foram embora eu entrei e tentei dormir, mas acabei ficando acordado vendo televisão. Foi uma das noites mais chatas da minha vida porque eu queria Fernanda do meu lado e não a tinha. Queria estar com a galera na pescaria no Arpoador, mas precisava ficar longe de Gustavo. Quando estava perto dele eu acabava não tendo controle dos meus sentimentos. A forma que Gustavo me olhava quando eles vieram me chamar para pescar, era suficiente para me fazer aceitar qualquer coisa que ele quisesse fazer, mas eu estava com tanto medo daquilo que eu preferi deixar a razão falar mais alto e ficar em casa sozinho.
Dois dias depois vi as fotos da pescaria no Facebook. Em uma das fotos, Gustavo aparecia pescando muito feliz. Na verdade ele sempre aparecia sorridente nas fotos. Esta era a sua essência: rir de tudo, fazer os outros rirem com suas palhaçadas.
Em uma outra foto Gustavo aparecia mergulhando na água, o que é inclusive proibido. Os guardas do Arpoador vivem proibindo saltar das pedras, pois já houve vários acidentes com banhistas. Noutra foto, Gustavo estava mostrando um peixe pouco amado pelos pescadores: um baiacu, muito encontrado ali e, para não perder a piada, acabou tirando foto com o peixe. Enquanto via a foto percebi que poderia ter me divertido muito e fiquei com raiva de mim mesmo por não ter ido junto. Que confusão na minha cabeça! Ficava me privando de fazer o que realmente queria fazer.
Passei o outro dia na maior deprê. Sem a Fernanda no Rio, me sentia incompleto. Estava sem energia para tudo, até mesmo para comer. Não fazia nem uma semana que ela viajara, mas já sentia o peso de sua ausência. Desanimava-me a ideia de passar o Réveillon sozinho.
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