Doutor Guaracy - Desejos e Divagações
Ao precisar de exames de rotina, consultas de urgência ou check-up, fomos orientados pelo meu pai a irmos ao consultório de seu mais novo amigo, o Doutor Guaracy, médico do trabalho pelo INSS e clínico geral em sua clínica particular.
Eu contava uma década e sete unidades, e encarnava um estilo recatado de menina comportada, frequentadora de vários grupos da igreja católica apostólica romana, exibindo no peito um escapulário de ouro que me prometia graças especiais e o socorro de Nossa Senhora na hora da morte, quase uma garantia para o céu. Vestidinho azul céu manga três quartos abaixo do joelho, mas na boca um batom vermelho, denunciando minha lascívia que queimava na minha calçola estilo senhora, que eu usava para não ter muita coragem de fazer loucuras no ardor dos momentos. Sim! Eu tinha a mais pura intenção da castidade, claro!
Entro no consultório ao lado de meu querido pai, quando vejo seu amigo Guaracy, de jaleco branco. Aquele homem tinha um quê de especial, devia contar cinco décadas, no mínimo; usando um tradicional óculos quadrado de armação de metal; cabelos, que um dia foram certamente pretos ficando grisalhos; e o principal, um jeito de quem tinha alguns parafusos a menos, um olhar perturbado, e uma fala rápida e desconexa. A decadência... sempre me atraiu, sempre me enlouqueceu... Meu calcanhar de Aquiles.
Antes da consulta, entram ele e meu pai numa conversa sobre diversas banalidades que eu não dei a mínima, pois a minha cabeça... a minha cabeça voou longe, só olhava nos olhos do Guaracy, alternando com o teto e os objetos de seu consultório. Já havia um incômodo entre minhas coxas, imaginava todos os parafusos a menos do doutor. Olhava suas mãos e imaginava a habilidade precisa de um profissional da medicina tocando minhas partes pudicas, deslizando entre meus lábios superiores e inferiores.
Meus pensamentos são interrompidos pelo convite do Guaracy a subir na maca para o exame dos meus pulmões com o estetoscópio, já que uma tosse incansável era o motivo de minha visita. E nesse momento, tudo piora, pois suas mãos vão parar dentro do meu vestido, com aquele estetoscópio gelado, quase tocando meus seios. Sentindo sua respiração em mim, e olhando em seus olhos, quase ofegante de desejo. Aquilo terminou com rapidez, mas para quem carrega fogo no sangue, o suficiente para umedecer os panos com minha viscosa lubrificação natural.
A conversa entre ele e meu pai continuava, e eu... apenas divagava. Imaginei-me em cima daquela maca novamente, suas mãos diretamente em meus seios, será que haveria ali uma ereção debaixo do jaleco? Eu só desejei ser bolinada por seus dedos naquela posição, sentada de pernas abertas, um beijo quente e minhas mãos buscando o objeto de meu desejo que estava entre suas pernas. Meu juízo ia embora conforme meu sangue borbulhava.
Queria sentir aquele médico dentro de mim, queria ser usada e abusada sem muito pudor, sentir as mãos da experiência, as mãos da insanidade. Imaginei-me ajoelhada perante aquela cadeira por trás do balcão médico e suas mãos no meu cabelo, eu com seu membro em minha boca, fazendo o que deve ser feito com muita vontade; rezas e orações, óbvio!
Olho em seus olhos novamente, se ele soubesse o que eu estava imaginando... Mordo meu lábio, não por saliência, e sim por um courinho que se soltou e incomodava, claro! Minha divagação é interrompida pelo aperto de mão entre ele e meu pai, e em seguida em minha mão também, entregando-me as papeladas de exames e receita de medicamentos.
O resultado da consulta? Calcinha molhada, e masturbações incansáveis, orgasmos deliciosos. E frequentei seu consultório por diversas e diversas vezes. Indagava-me se ele me desejava, se sentia o sangue ferver ao meu lado também, e isso eu nunca tive certeza.
Mas uma coisa foi fato. Ganhei o dia numa vez em que o vi quando me encontrava sozinha em um shopping center, o cumprimentei olhando nos olhos e lançando um sorrisinho malicioso e ele me respondeu:
- O-oi, Iamara! Lembranças a se-seu pai!
E saiu apressado, mas... me deixou com dúvidas e com o ego inflamado, ao olhar para traz em minha direção não uma, mas duas vezes.
Fato é que este caso viveu e morreu apenas em minha imaginação. E penso eu, mesmo que por uma pequena probabilidade, que possa ter vivido na dele também. Coragem nunca houve de minha parte em concretizar algo; e se ele nutria algum desejo, também nunca o realizou.