Meu Enteado e Meus Tamancos

Me chamo Emiliane. Obviamente, não posso descrever meu nome inteiro aqui. Na realidade, eu sequer deveria revelar meu primeiro nome, mas me sinto ainda mais suja ao me imaginar escondendo até mesmo esta parcela da verdade.

Moro no Rio Grande do Sul, em uma cidade relativamente grande, próxima de Porto Alegre. Acredito que será melhor não revelar o nome de minha cidade. Junto de meu marido, resido em um apartamento no centro da cidade, próximo ao meu trabalho. Estou me aproximando dos quarenta anos; a história que estou descrevendo aqui, por outro lado, se passou quando eu tinha trinta e cinco.

Pelo fato de eu morar em um local próximo ao meu trabalho, tenho a vantagem de poder ir caminhando até ele. Por outro lado, pelo fato de que trabalho atendendo o público, sou como que obrigada a usar saia com salto alto. Eu poderia me opor a isso, é claro, mas isso poderia me custar o emprego, e nossas contas precisavam ser pagas todos os meses.

Certo dia, ao chegar em casa, me deparei com a presença de um rosto conhecido: Henrique, me enteado. Carlos, meu marido, me avisou uns poucos dias antes que ele passaria alguns dias conosco, pois sua mãe, ex-esposa de meu marido, havia viajada a trabalho. Pelo fato de Henrique ter apenas dezessete anos, não seria prudente deixá-lo em casa sozinho. Garotos tendem a ser tão problemáticos quanto homens-feitos.

Após a surpresa inicial, Henrique me explicou que seu pai lhe havia entregado uma cópia da chave de nosso apartamento. Sorri e lhe dei boas-vindas enquanto caminhava até a sala. Após um suspiro, me sentei no sofá, exausta. Apoiei meu pé sobre a mesa de centro e comecei uma massagem, pois a caminhada até em casa havia destruído meus pés. Ao invés de um salto agulha tradicional, comprei para trabalhar um tamanco de solado amarelo com salto plataforma. Logo explicarei a relevância disso. Mas mesmo usando um tamanco de salto grosso, a caminhada arruinou meus pés. Retirei meus tamancos e olhei para meu enteado. Nesse instante tive a primeira impressão de que havia algo errado, pois Henrique havia cravado os olhos em meus tamancos. Com um pouco de preocupação, chamei sua atenção, e nossa conversa prosseguiu.

Meu marido chegou bem tarde, como é de seu costume, por conta de seu trabalho como vigia noturno. Não pude conversar com ele, pois quando ele se deitou, eu já dormia há horas.

Os dias seguintes tiveram a mesma rotina, mas algo inesperado aconteceu na sexta-feira, meu último dia de trabalho da semana.

Cheguei em casa no fim da tarde, como sempre. Assim que cheguei, caminhei até o sofá e me sentei, exausta. Sempre exausta. Tirei meu pé do tamanco e apoie na mesa para poder começar a massagear. Senti meus ossos estalando. Foi nessa época que notei o quão saltadas estavam minhas veias dos pés: uso excessivo de tamancos, com toda certeza. Desde o início da adolescência fui viciada nos tamancos mais altos. Erro que até hoje me arrependo. Fica aqui um conselho, caso alguma mulher esteja lendo isso: não abuse do salto (ou, pelo menos, use saltos mais baixos).

Hoje em dia meus pés estão deformados pelo uso de tamancos.

Foi nesse momento que o absurdo veio à tona.

Meus tamancos estavam encardidos, pois os usei a semana inteira; o solado estava manchado pelo suor e sujeira, e as solas estavam incrustradas de todo tipo de sujeira das ruas, desde resido do asfalto até chiclete mastigado. As ruas já eram sujas naquela época, e estão ficando ainda piores hoje em dia. Povo porco.

Apanhei meus tamancos e os deixei na lavanderia para limpá-los no fim de semana, logo em seguida fui até o quarto de Henrique para lhe avisar que eu havia chegado, mas ele estava dormindo. Fui então tomar banho.

Assim que terminei o banho, tive um problema com o registro do banheiro; por alguma razão aquela gerigonça não fechava, havia emperrado. Deixei então o chuveiro aberto, me sequei, coloquei uma roupa e fui até o quarto de meu enteado pedir ajuda, pois talvez ele tivesse um pouco mais de força que eu para fechar o registro. Foi então que percebi que ele não estava mais no quarto. Andei então até a sala, e nesse momento encontrei meu enteado em uma posição para lá de estranha. Não, uma posição medonha. Ele estava de joelhos na lavanderia, com um de meus tamancos pendurados em seu pênis, enquanto chupava a sola encardida do outro.

É difícil descrever o que senti no momento. Por vários segundos fiquei ali, paralisada. E ele, ao me ver, se desequilibrou e caiu de bunda no chão, com meu tamanco ainda pendurado em seu pênis.

— Por Deus, o que você está fazendo, Henrique? — Disse a ele. Ou gritei. Não sei. A situação era tão absurda que não consigo me lembrar direito.

Ele estava tão assustado quanto eu, ou talvez até mais. Porém, devagar, ele colocou meus tamancos no chão da lavanderia, no mesmo lugar em que eu os havia deixado, e se levantou.

Apressado, fez menção de correr para o quarto.

— Espere! — berrei enquanto me colocava na frente do corredor. — Comece e explicar essa doideira toda. Agora.

Ainda mais assustado, ele começou a balbuciar. Aos poucos, porém, ele me revelou que desde o primeiro dia em que me viu, não conseguiu mais parar de olhar para meus pés, e principalmente para os meus tamancos. Por alguma razão absurda, ele ficou fascinado a ponto de precisar se masturbar com meus tamancos. Confessou ele que isso o levou a pensar cada vez mais em meu corpo: minha pele bronzeada, meus seios, minhas mãos.

Um absurdo para um garoto de dezessete anos.

Nessa época eu ainda não conhecia nada a respeito desse fetiche em particular. Foi algo assustador.

Eu não soube o que fazer, então mandei que ele entrasse em seu quarto e ficasse lá dentro até segunda ordem, pois eu precisava pensar sobre o ocorrido.

Como eu havia imaginado, precisarei dividir a história em duas partes. Mas prometo que volto, pois de alguma forma preciso confessar tudo em algum lugar.


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03/10/2020 02:06:12


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