InterEstadual 1/2

Um conto erótico de L.S.
Categoria: Homossexual
Data: 02/09/2018 20:47:39

Sete horas da noite eu saí do trabalho, cansado, triste e sóbrio. Uma péssima combinação, principalmente quando chegar em casa antes das nove e meia no noite não era uma opção.

Casa.

Uma palavra engraçada. Sendo eu um cara sem grandes habilidades em manter a vida estável, Casa nunca era um edifício. Não tinha por que. Podemos mudar de edifício a todo tempo. Eu morava em situações, em pessoas, em sentimentos e na maior parte das vezes, em erros.

Sem conhecer muito bem a cidade na qual eu habitava há menos de cinco meses parei no primeiro bar que vi. Decidi tomar uma dose e uma cerveja pra cada mês naquela minha nova Casa. Minha nova vida por algum tempo.

Seis meses antes eu estava numa cidade grande, irritado, tenso e precisando de férias pela primeira vez em sete anos. Um dos melhores amigos que tive me chamou para recomeçar em sua cidade. Um ap novo, um emprego novo, amigos novos, uma Casa nova.

Nunca fui muito bom com despedidas, então simplesmente sumi, arrumei a mala, arrumei minha Casa para ser deixada pra trás e fui. Para o interior, onde o frio e a falta de agitação me fariam engordar e ficar mais preguiçoso do que eu era.

No primeiro mês eu bebi, fumei e transei. Nada a mais, nada a menos. Acabei emagrecendo, conhecendo pessoas, pegando algumas delas, mas no quesito amigos novos o destino me fez tomar uma dose extra.

Uma dose que era doce no início, mas quando alcançava a garganta, ardia e doía. Talvez fosse a úlcera me dizendo para parar. Porém ainda faltavam quatro meses.

No segundo mês eu conhecia as pessoas do trabalho, já havia feito todas as vergonhas que podia nos bares e tinha me aproximado ainda mais da ironia do destino. Por isso tomei uma dose extra. A ironia vestia farda quando eu não estava, carregava um fuzil e uma cara séria. Perto de mim era apenas um ótimo nada. Um Doce Nada. Apenas bebíamos (sem pensar no dia seguinte), ouvíamos músicas que as outras pessoas geralmente não ouviam, conversamos sobre o que os outros achariam chato, as vezes passávamos horas em semi silêncio.

Semi, porque até de boca calada nós continuávamos. Eu aprendi seus jeitos e ele os meus, também começamos a nos encurralar, a dizer algo sem palavras, a forçar as verdades a saírem mesmo quando não queríamos. A saber quando era.mentira, tédio, verdade, ódio, ou piloto automático.

No terceiro mês ele precisou de um lugar pra ficar, então ficou conosco, comigo e meu melhor amigo. Eu pensava que podia controlar aquilo. Manter apenas o sentimento de amizade, mais uma vez a ironia do destino me alcançou, em um dia qualquer no qual acordei e o vi abrir os olhos.

O sol que vinha da janela bateu em suas íris verdes as acendendo. O cabelo preto, curto e bagunçado deixavam seus olhos ainda mais evidentes. O vento frio fez sua boca vermelha e a minha seca.

“Diz que ainda tem pinga.” - disse fazendo um semi biquinho com os lábios. Semi pois também tinha vontade de rir. Ele sabia que odiava quando faziam biquinho antes de pedir algo.

“Se perguntar igual gente eu respondo.”

Estávamos um de frente pro outro, na cama de casal que dividirmos há dias sem nos tocarmos, quero dizer….

“Por que você é tão ruim comigo, mano? Tá frio.”

“Também to com frio, não levantei nem por mim.”

“Quando você ficou com frio naquele segundo fim de semana que vim pra cá eu te ajudei.”

“Você não precisou levantar.”

“Então chega aqui logo.”

Pediu já virando para o outro lado. Pela primeira vez em algum tempo me senti… acho que inseguro é o sentimento. Eu queria fazer o que ele tinha pedido, seria como antes, naquele segundo fim de semana. Um cochilo e só.

Juntei nossas cobertas e o abracei por trás. Meu peito colado em suas costas. Meu braço direito em seu pescoço enquanto minha boca ficava encostada na sua orelha e bochecha.

“Se for tentar me comer pelo menos me acorda.”

“Babaca.” - respondi dando uma pancada com minha virilha em sua bunda.

“É pra dormir, mano. Não pra me arrombar.”

Resmungou sorrindo. Não podia ver seu rosto, mas sabia que sorria.

Pedi outra dose enquanto lembrava de acordar, não sei quanto tempo depois em uma posição ainda mais confortável. Caio estava deitado de barriga pra cima, eu estava de lado, nossas pernas entrelaçadas, minha cabeça apoiada em seu peitoral, seus braço esquerdo segurando o meu, me puxando pra mais perto.

Naquela mesma noite acordei novamente o abraçando de costas. Dessas vez, meu braço esquerdo entrava pela parte de baixo sua camisa e acariciava seu abdômen enquanto o direito estava também dentro de sua blusa com minha mão entrelaçada na sua. Nossas pernas pareciam uma só. A luz do celular dele se mexia e mudava de cor. Ele estava acordado, sem se importar com meu pau meia bomba em sua bunda, ou em como minha mão alisava seu corpo.

“Tira essa luz da minha cara.”

Reclamei antes de virar pro outro lado o ouvindo reclamar que estava desfazendo a posição quentinha. Não voltei a dormir, pois sempre que fechava os olhos, via aquele verde aceso e aquela boca vermelha.

Mais uma dose.

No quarto mês resolvemos ver o mundo derreter, o doce debaixo da língua fez o mundo mais brilhante, mais possível. Eu via seu lábio me chamar, se mexer e murmurar um convite. Ele colocou a mão na minha barba e riu.

“Ela está viva.” - disse acariciando meu rosto e sorrindo. Em algum momento, estávamos perto, muito perto, seus olhos na minha boca, ou na minha barba, nunca saberia dizer. O doce do amor faz isso às vezes. Jurei não fritar mais com ele, mais uma promessa quebrada eu diria.

“ Vai me deixar viajar sozinho?” - perguntou um dia quando já tínhamos bebido mais do que devíamos e nossos narizes ardiam e escorriam.

“Se eu te beijar a culpa não vai ser minha.” - respondi sem saber se sorria ou se me escondia.

“Então me beija. Não gosto de homem mas não vou te recusar.”

Eu devia ter usado aquilo, devia ter beijado aquela boca vermelha. Mas não era tão fácil assim. Fomos pra casa, ele me.olhava, eu o queria. Nunca o vi de farda, ele nunca me viu vulnerável. Assim éramos. Opostos, complementares, unidos, separados.

“Vai mais uma dose?” - o garçom perguntou quando eu já nem conseguia levantar o copo.

“To de boa.” - falei mesmo faltando um ou dois meses.

Porém o resto não importava mais. Ele disse que iria embora, seu tempo naquele estado havia acabado. Era hora dele voltar pra casa. Era hora de eu ficar sozinho. Era hora de ficarmos separados.

Não pela barreira que nossas sexualidades impunham, mas por centenas de quilômetros.

“Vai ficar quieto?” - perguntou quando eu não disse nada.

“O que eu devia dizer? Você vai voltar pra casa. É isso.”

“Tu não tem coração não?”

“Como acha que meu sangue corre?”

“Com o poder do álcool.”

“Exato. É o álcool que vai me fazer companhia quando você for, então já vou começar a me acostumar com meu novo parceiro.”

Estávamos em casa naquele dia. Ele ia voltar por uma semana pra casa, arrumar tudo para seu retorno permanente. Não nos despedimos quando foi, nem um aperto de mão, nem um até logo. Apenas o ajudei a pôr as malas no carro, acendi um cigarro e o observei partir. O vi me olhando pela janela até a curva no fim da rua.

Naquela semana nos falamos todo dia. Quando não era eu iniciando a conversa, era ele puxando assuntos em outras redes sociais. Uma relação estranha, meus amigos diziam. Mesmo meu melhor amigo, que morava comigo se recusava a acreditar que não havia nada físico entre nós. Talvez fosse apenas uma atração psíquica. Talvez.

Eu odiava esse talvez. Odiava aquela forma dele não se importar em como eu o olhava quando bebia, ou seja, sempre. Odiava não conseguir falar para ele parar de me mostrar músicas que traduziram como nos sentíamos perto um do outro.

“Isso é tão a gente.”

“Isso é tão gay.” - respondi várias vezes.

“Eu queria ser gay, infelizmente vim hetero.” - ele sempre rebatia.

Ninguém escolhe a orientação sexual com a qual nasce. Isso aprendi com ele. Assim como engolir a seco toda vez que acordava e o via do meu lado depois que voltou para mais um mês e meio. Nisso último um mês e meio.

Sendo eu alguém que odiava despedidas, mas também odiava sofrer. Fiz o que qualquer imbecil faria, o afastei. Quase não conversávamos, evitei ficar em casa, evitei ouvir suas músicas mesmo quando fez uma playlist com meu nome, para que quando estivesse longe eu pudesse ouvir as músicas que amava e não sabia o nome.

“Você está me evitando”

“Nem todo mundo leva uma vida fácil de militar.”

“Você me odeia por ir embora?”

“Não.”

“Eu te odeio por não vir comigo.”

“Não posso largar tudo aqui.”

“Você largou tudo no Rio pra vir pra cá.”

“Não é a mesma coisa.”

“Poderia ser.”

“Eu preciso trabalhar.”

Respondi me levantando e indo embora. Ele desistiu de me encurralar, eu era ótimo em esquivar, ele sabia disso. Aquele mês passou rápido. O dia em que eu devia dizer adeus chegou. Ao invés de estar em casa para dizer adeus eu estava no bar, pagando a conta e tomando uma última dose.

Seu ônibus era às 22h, eram 20:15h. Ele sairia às 21:30h. Resolvi voltar, Caio estaria ocupado fazendo a mala, ele sempre deixava tudo pra última hora.

Chamei o uber e no caminho tudo o que eu conseguia pensar era em fazer café. As doses haviam tomado minha mente e caso ele estivesse me esperando seria difícil me esquivar mais.

Como a sorte me odiava, ele estava com as malas prontas e perto da porta. Entrei no ap e coloquei água no fogo. Ouvi seus passos se aproximando, mas não virei para vê-lo.

“Pensei que não ia chegar pra e dar tchau.”

“Pensei que odiasse despedidas.”

“Não é uma despedida.”

“Eu sei.”

Respondia orando pra que ele respeitasse o que sabia de mim. Eu sempre respondia de forma curta quando queria evitar a conversa.

“Acha mesmo que vai se livrar de mim só por que vou voltar pra São Paulo?”

“É a minha esperança.”

“Frases curtas? Isso que mereço?” - o ouvi rindo, queria deixar o clima mais leve, mas continuei colocando o pó de café no coador. - “Comprei rum. Acho que é a bebida certa pra esse momento.”

“Já to meio bêbado, mas valeu.”

“Vai recusar sua bebida favorita?”

“Dor de cabeça.”

“Você não liga pra dor.”

Continuei calado esperando que ele se rendesse. Aquele não era meu dia de sorte.

“Leandro.” - me chamou e senti sua mão no meu ombro.

“Odeio que falem me tocando.”

“Odeio que me ignorem.”

Não virei, ele não me soltou. Pelo menos não por algum tempo. Quando senti sua mão sair de mim respirei fundo. O café estava pronto e não haviam mais desculpas para manter o olhar fixo no fogão. Ele não estava mais na cozinha e sorri pelo pouco de sorte naquele dia infeliz.

Sentei a mesa retangular de quatro cadeiras e ouvi a música “Go or Go Ahead”. Na mesma hora eu soube que não seria tão fácil de ignorar sua ida. Aquela era nossa música. Assim que chegou ao refrão ele apareceu na porta, pela primeira vez de farda.

“Por que o uniforme?”

“É o único jeito de você não desviar o olhar, não é?!”

“Vai me obrigar a te olhar?”

“Você está me obrigando a te obrigar.”

“Eu só estou cansado.”

“De mim.”

“Da gente.”

Falei me arrependemos no mesmo segundo. Seus olhos verdes não vacilaram ou se mexeram.

“Nesse caso é muito bom que eu esteja indo embora.”

“Não seja infantil.”

“Só se você prometer não ser babaca.”

Ele sentou à minha frente, nossos olhares fixos um no outro. Torci pro meu melhor amigo entrar pela porta quando ouvi o barulho de chaves. Mas Caio sorriu.

“Pedi pro Breno voltar um pouco mais tarde hoje.”

“Como se as pessoas já não pensassem que a gente transa, ne Caio?!”

“Já disse que não queria ser hetero.”

“Eu não to pedindo isso. Nem falei sobre isso.”

“Então qual é o problema?”

“Nenhum.”

“Claro que tem. Parece que eu estou perdendo você.”

“Por que fala essas coisas?”

“Você sempre disse que eu poderia falar qualquer coisa com você desde que eu não mentisse.”

“Por que se importa tanto com a forma que escolhi me despedir?”

“Porque você disse que não se despediria. Disse que não seria um adeus.”

“E não é.”

“Mas você está fazendo parecer ser um.”

Acendi um cigarro o xingando internamente. Ele estava me ganhando naquela valsa verbal. Logo eu, o senhor da esquiva, encurralado.

“O que eu preciso fazer?”

“Pra?”

“Pra gente voltar no tempo? Sentar nessa mesa e passar horas só ouvindo música e conversando.”

Quis gritar que bastava ele ficar, mas seria egoísmo, mas eu já estava sendo egoísta, assim como ele estava, me colocando contra a parede.

“Nada mudou.”

“Você está mentindo. Juramos nunca mentir. Por que está me tratando assim?”

“Você vai embora. Só to me acostumando a não te ter por perto.”

“Vem comigo.”

“Não posso. Odeio São Paulo.”

“Eu consigo te fazer feliz la, cara.”

Respirei fundo e fechei os olhos. Vê-lo de farda falando aquela frase não era fácil. Mas ele não falou no sentido que eu quis entender.

“Você diz coisas que não são o que parecem.”

“Passei minha vida inteira querendo alguém como eu, sei que você também. Nós nos achamos.”

“Só viemos em corpo/orientação sexual trocada. Você é hetero.”

“E você é homem.”

Ele abriu um pouco a jaqueta, mostrando a dogtag no peitoral me fazendo engolir a seco. Esse era o problema, ele não se importava em o quanto podia me foder com simples gestos.

“Dói ne?!”

“O que?” - perguntei tirando os olhos do seu corpo e voltando a encarar seu rosto. Ele sabia que eu o estava medindo, sabia que eu queria cruzar a perna pra esconder o quanto gostava da visão. Isso me deixou puto. Nós dois éramos egoístas. Nos merecíamos.

“Alguém te mostrar o que você sempre quis mesmo sabendo que não é alcançável.”

“Quem disse que eu te quero?”

“Seu corpo.”

“O que você quer?”

Ele não respondeu. Nossa música tinha chegado ao fim. Infelizmente aquela conversa, não.

“Eu quero que beba comigo uma última vez.” - respondeu abrindo a garrafa de rum que eu nem ao menos havia reparado já estar na mesa.

“Não quero beber.”

“Por favor. Não me faz começar a tirar a roupa aqui e te fazer cócegas pelado.”

“Você é muito abusado.”

“E você muito teimoso.”

Ele tomou algumas goladas e abriu a jaqueta ainda mais mostrando a tatuagem no seu peito direito. Quando baixou a garrafa e me entregou, tomei uma dose e a devolvi para ele.

“Feliz agora?”

“Vem comigo?”

“Não. Por que essa fascinação em me ter por perto?”

“Queria ter essa resposta pra te dar, sei lá, tudo fica mais fácil quando você está perto. Menos tedioso, menos chato, menos…”

“Menos hétero.”

“Você escolheu ser gay?”

“Não precisamos ter essa conversa de novo.”

“Mas eu quero.” - disse dando mais algumas goladas. - “Vai me deixar sem resposta?”

“Você sabe a resposta.”

Caio não me passou a garrafa, tomo mais várias e várias goladas até que estiquei o braço e a peguei de sua mão.

“Quer vomitar no ônibus? Vai ficar 11h dentro dele.”

“Quero o poema.”

“Qual?”

“O que fez bêbado quando voltei depois de ir em São Paulo resolver as coisas.”

“Já queimei a folha.”

“Eu sei. Te vi fazer essa porra. Mas também sei que gravou cada palavra.”

“Você me superestima.”

“Você me subestima.” - respondeu tirando a jaqueta e ficando sem blusa.

“Não tem medo do perigo?” - perguntei sorrindo, tentando aliviar o clima que se tornou tenso, ou foi só meu nervosismo.

“Você pode ser bem piranha, Leandro. Mas não é um estuprador. Odeia gente que comete assédio. Não é a roupa ou a falta dela que vai fazer você me agarrar.”

“Eu to bêbado.”

“Já dividimos a cama muito mais bêbados que agora.”

“Você quer que eu te agarre, é isso?”

“Quero que me conte o poema que fez pra mim.”

Ele levantou e colocou a mão no botão da calça. Grande parte de mim queria ver até onde isso ia dar. Mas aquilo era um jogo para ele, um que o vi jogar inumeras vezes com outras pessoas... e eu estava perdendo.

Baixei a cabeça reunindo as palavras na mente. Tomei alguns goles e respirei fundo sem encará-lo.

”De dez em dez graus desci

E o verde aos poucos se tornou minha cor

De cem em cem metros subi

Mas seu sorriso ainda só me traz dor.

Engraçado como o perdido pode ser achado

Como o impossível se torna o inusitado

Como o abandono gera o encontro

E até mesmo o nada que fazemos é Laço.

Na mesa do bar ou da cozinha fria

O que nos aquece não é comida

Muito menos amor ou carícias

É a pinga barata e barganhada.

Do impossível ao provável até nossos sotaques são trocados

Não eternamente, pois tudo é temporário.

Tanto nossos copos de plástico sem gelo

Quanto meus olhos marejados .

Se não pela sua apressada ida,

Pela sua volta vazia.”

O silêncio gritou quando acabei de recitar o poema que queimei, o poema que eu nem devia ter escrito.

“Você é a melhor pessoa que conheço pra por sentimentos em palavras.”

“Quem me dera você tivesse a mesma habilidade.” - disse ainda olhando para baixo.

“Obrigado.”

“Pelo que?” - perguntei ainda sem devolver seu olhar que eu sabia estar grudado no meu rosto.

“Por foder minha cabeça e melhorar meus dias.”

“Vai se foder.” - tomei mais um gole, dessa vez olhando no fundo de seus olhos.

“Eu não precisava ter voltado.”

“Mas agora precisa ir.” - falei sentindo meu despertador vibrar, eram 21:30h e nosso jogo maldito havia acabado.

O observei se levantar, colocar a jaqueta e retirar algo do bolso.

“Promete só abrir isso quando eu estiver no ônibus?”

“O que é isso?” - perguntei estendo a mão para pegar o envelope.

“Promete?”

“Prometo.”

Não houveram abraços, apertos de mão, nem mesmo um tchau. Nem mesmo uma lágrima. Ele estava indo, sem olhar pra trás dessa vez, talvez tenha olhado, eu não saberia dizer. Dessa vez eu não olhei para o lado. Apenas encarei o envelope lacrado na mesa.

“Por que só quando estiver no ônibus?”

“Pelo mesmo motivo que ficou num bar qualquer até tarde.” - respondeu e logo depois ouvi a porta se fechar.

Quarenta minutos se passaram, nos quais a nossa playlist castigava meus ouvidos e minha boca mamava o que restou da garrafa de rum. Foi quando ela acabou que abri o envelope.

Haviam duas folhas dentro, uma passagem para São Paulo só de ida e um bilhete.

“Você não gosta de São Paulo e eu não gosto de Homens.”

Não sei se sorri, não sei se li corretamente. Decidi pensar sobre isso depois, de preferência quando já tivesse esquecido sobre aqueles cinco meses e o que aquele bilhete queria dizer. Mas como ele bem sabia, nunca fui bom em esquecer coisas, ou em não pensar sobre elas. Mesmo que a coisa fosse ele, o que até aquele momento eu pensava não poder ter.


Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Luciel a escrever mais dando dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Entre em contato direto com o autor. Escreva uma mensagem privada!
Falar diretamente com o autor

Comentários

Comente!

  • Desejo receber um e-mail quando um novo comentario for feito neste conto.
03/09/2018 23:25:16
Muito legal, gostei.
03/09/2018 21:11:29
Muito bonito.
03/09/2018 13:46:51
Muito bom esse teu jeito de escrever, aguardando a continuação!
03/09/2018 06:50:35
Continua logo por favor. Abraço.. Bom dia. Boa tarde. Boa noite.
03/09/2018 06:49:25
interessante, fascinante e intrigante.
02/09/2018 21:47:19
Que coisa linda, tão poética, fascinante! Caio um personagem sem dogmas e Leandro um paradigma... Um relação de cumplicidade, afeto e talvez amor? Acho que sim! Esperando a continuação...


contos gay belmiromulher goza bem fe vagarsinhocontos eiroticos leilapornnegao fudendo engenheiro na obraXVídeos minha esposa queria dar para o negão mais da metade da metade podendovídeo de pornô de mulher de 60 anos com homem quase tudo em cima dela que melecahomen perdi arego ao faz sexo mulher loira tesudaeu quero ver um priquito bem grande daquele bem arranhadocachorro comendo travesticerveporno .commadano rola na novinhacontos eiroticos leilapornx video limonada desenho limonada conssono paiputariha gratis de pai chupando os peitiho duro da fiha noviha bobihaquando ela me pede .me bate com forca me xinga de puta safada vadia eu urrava de tesao.conto erotico incestoContos pornos-fodi a mendigao pau do meu sogro e muito grande contoscontos eróticos peguei minha esposa com um travesticomi a mae do meu amigoContos eróticos procurando aventura no clube de campobucetao na boca contopassando a mao no decote e chupando os peitosThaiana xvideos sabianovinhas vhotando e gozandocontos eroticos da secretaria crente e timidadeixei o mlk tocar uma pra mim contosconto erótico mulher sequestradacontos de casadas dando uma rapidinha com outros no carnavalvideos pornos de genros depilando sogra e n resiste fode elaxexoc calcinhas brancas mulheres bucetudasela aregacou meu pau e depois chupou pornodoidoxvidio novinhas peteno o capaso pate 1Contos marido corno levando a esposa gostosa para ser encoxada no busao lotadoxvideo.ianara rabaovilma fudioa xnxx. comNovinha reboa gostosa yotubhomem emdurece o cacete na bunda da rabuda no bus emcoxadaContos reais de sodomiawww.pornodoido meninas no beijo na boucacontos eróticos flanelinha filme os seios e coxasmulher com bermudacurtinha paceando na ruacontos eroticos inversao de papeisporno levou finha poamigoxvideocomendo pulsocontos eróticos gay amigo sozinho gay carenteContos eroticos vizinho velholesbicas contando cono ébom chupar e ser chpadacontos sexloggoistosa nuonibuconto erotico viadinho vestiu calcinha e shortinhocontos eróticos fui da o cu e cagueicontos eroticos amo minha maninha novinhaconto erótico bundinha de princesaQERO VER APAOLA OLIVEIRA FUDENDO COM APICA TUDINHO NA BUCETAcontos sobre padre taradoengolimos rebolando de fio dentalcontos erotico fura olho/texto/20110541/comentariosabusei de um casal de novinhos ingenuo contos eróticoscontos erotico,meu genro me enrrabou dormindoConto erótico-me apaixonei pela empregada rabudaxnnx amor poe na portinha do meu cu e deixa que eu empurroestrupando a safadas da vedinhasxvide ageito a bumda da esposa pau de burachacontos eroticos porto alegre.traindo marido com uber/texto/201202668esposa nudistacontos eroticos rabuda enganadaContos eroticos elacareca pelada/texto/2013011151enfiou no cu da coroa ela deu um urro x vidiocontos eroticos malv comendo as interesseiraporno negão comendo sapato na do grelo grandefodi minha cadelatodos os vilões em um só corpo versus Goku com cabelo azul ninguém trisca nelexxvido pênis pequnowww.contos eróticos meu paideixo eu fude minha mae.compadastro poen pau na boca da menininhoxvideos nããoooPorno contos incesto maes ensinam suas meninas como chuopar bucetas paus dos pais dar os cuzinhiosbucetinha apertadinho arregassano xvideomarido corno e esposa endemoniada pornodoidox vídeos enquantoo novinho se masturbavaaté gozar o negão metia lhe a picavidio de homem fosando a mulher a bebe a gosma dele pornodoidoContos gays eu homem olhava para a mala do meu padrásto daddie de jumento ele me flagrou.