Infidelidade ou Infelicidade ?

Um conto erótico de Bib's
Categoria: Homossexual
Contém 3535 palavras
Data: 21/07/2016 15:11:01

A temperatura da piscina era de cerca de oito graus, do jeito que James gostava. Nadou de um lado para o outro várias vezes, depressa, apreciando a súbita frieza da água na pele depois do calor da cama e das cobertas, seus ombros largos , dando braçadas vigorozas. Saiu, pingando água no ladrilho delicadamente colorido das bordas. O vento da noite tinha atirado algumas folhas secas na superfície da água, mas ainda assim ele a preferia à outra piscina, interna, clinicamente higienizada, de que Débora gostava mais. Enquanto se enxugava, olhou em torno. A cerca de ferro fundido e as estátuas davam à piscina um ar muito elegante. Além da treliça de ferro fundido, quase coberta pela trepadeira de rosas, havia um cinturão de samambaias que protegia a piscina dos olhares curiosos. Além deles, um muro alto circundava toda a propriedade, garantindo privacidade absoluta. Mas àquela hora da manhã ninguém ainda estava de pé e James caminhou de volta à casa mergulhado em pensamentos.

Subiu os degraus baixos, entrando na grande sala de teto alto. Seus pés nus deixavam marcas no carpete felpudo cor de creme, e a toalha que ele atirou caiu perigosamente ao lado de uma estatueta de cristal que decorava o centro de uma mesa baixa e entalhada. Mas ele nem notou isso, absorto como estava em seus problemas. Mal notou também a saudação polida que a governanta, sra. Gloria, lhe dirigiu, enquanto abria as longas cortinas de seda. Subiu a escada de dois degraus até a sua suíte.

Tomou uma ducha no banheiro marrom e dourado e em seguida vestiu um terno marrom-escuro, risca de giz, para ir trabalhar. Estava amarrando os sapatos de camurça quando ouviu um ligeiro toque na porta.

— Entre.

Sua voz soou desnecessariamente rude, mas os traços finos e os olhos mel se suavizaram ao ver uma garota de seus dezesseis anos entrar. Ela era magra, de cabelos castanho-claros como ele, mas não tão alta, e a relação entre eles era aparente à primeira vista.

— Papai — ela disse, fechando a porta atrás de si —, quero falar com você. Por favor, não deixe a mamãe fazer isso.

— Laura, já falamos sobre isso antes e. . .

— Eu sei, eu sei. Mas você podia fazê-la mudar de ideia. Tenho certeza.

— Acontece — disse ele, carinhosa mas firmemente — que não quero fazer sua mãe mudar de ideia. Laura, você é jovem demais. . .

— Isso é bobagem. — Os lábios da garota tremiam. — Papai, você não entende!

— Isso é o que todos os pais ouvem dos filhos.

— Pois é verdade. Você não entende mesmo. Não sabe o que é se apaixonar.

— Será que não sei? — Os lábios dele se enrijeceram. — Casei-me com sua mãe. Tivemos você.

— Mas você nunca esteve apaixonado por ela, esteve? — Os olhos dela brilhavam, emocionados. — Eu sei. Vocês eram apenas duas pessoas da mesma classe social que convinham uma à outra.

— Agora chega, Laura!

— Não, não chega. Se você alguma vez tivesse amado alguém, amado de verdade, então teria alguma ideia do que eu sinto.

— Laura, acredite, eu sei como você se sente — ele respondeu, seco, e virou o rosto ao sentir uma velha emoção ameaçando se acender de novo. — Mas não tenho tempo para ficar discutindo. Tenho uma reunião às dez...

— Reuniões, reuniões! É só nisso que você pensa, não é? Trabalhar, trabalhar, trabalhar. Você não liga para mim, igual à mamãe. Eu sou como uma boneca que pode ser jogada de um lado para o outro, de acordo com o que é mais conveniente para vocês.

— Laura! — Ele voltou para ela um olhar tão frio que quase a fez tremer. — O assunto está encerrado, entendeu?

— Eu... vou servir de palhaço para os meus amigos — ela insistiu, trêmula. — Professor particular com a minha idade!

— Não vejo por quê. Você esteve doente. Pode dizer a seus amigos que o médico achou melhor que não voltasse ao Primeiro Mundo por enquanto. Então, mais tarde. . . Você não vai ficar prisioneira aqui nesta casa.

— Mas é como se ficasse. Todos os meus amigos estarão longe.

— Só durante as aulas. Além disso, você já tem dezesseis anos. é bem grandinha para não precisar mais de relações grupais.

— Mas não grande o suficiente para ter namorados, não é?

— Não esse namorado.

— Por que não? Só porque John é dez anos mais velho do que eu e tem de trabalhar para ganhar a vida? Porque é trabalho pesado o que ele faz? Não, mamãe disse que não se importa com isso. Ela tem é ciúme.... Porque ninguém ama ela.

— Laura, fique quieta! Não quero discutir mais esse assunto, entendeu? Sugiro que vá se vestir agora e tente se comportar como a mulher adulta que pretende ser.

— Mas, papai. . .

Laura fez uma última tentativa, mas bastou olhar para aquele rosto sério e controlado para saber que seria perda de tempo. E, afinal, o pai era o único aliado que tinha.

— Tomara que o professor, seja gostoso.

James deu um bufo de uma risada , com a resposta pertinente de Laura. Ele nem queria pensar nesse professor.

Minutos depois James estava tomando seu café da manhã, imerso na leitura do A tribuna, quando ouviu o ruído da cadeira de rodas de Débora se aproximando. Sua esposa tinha uma suíte no andar térreo, por causa de seu problema, e raramente se levantava antes dele sair para o trabalho. O fato de já estar acordada só podia ser obra de Laura, que devia ter ido incomodá-la. James afastou o jornal e pôs-se de pé quando a cadeira de rodas motorizada entrou na sala.

Apesar dos membros inferiores paralisados, sempre escondidos em calças ou em saias compridas, Débora Borges era ainda uma bela mulher, mesmo confinada a uma cadeira de rodas pelos últimos dezesseis anos. Em sua juventude tinha adorado os cavalos mais que qualquer outra coisa, e apesar da oposição do marido fora cavalgar semanas antes do nascimento do bebê. A queda que sofrera quase havia matado a criança prematura. Não matou o bebê, mas aleijou Débora pela vida toda.

No começo ela culpara o marido pelo acidente e durante semanas havia se recusado a ver a ele ou à filhinha recém-nascida. Nunca desejara ter filhos e estava convencida de que sua gravidez tinha sido a causa da momentânea perda de controle com as rédeas. Depois, no entanto, quando ficou clara a extensão de sua incapacidade física, ela teve de reconhecer que necessitava do marido mais do que nunca antes.

Com sua característica falta de consideração por qualquer um que não fosse ela mesma, tinha insistido em não continuar morando na propriedade de Vila Velha, que fora presente de casamento do sogro. Mudaram-se para uma casa mais próxima de Vitoria, onde era impossível sequer pensar em cavalos. Débora havia exigido que todos os animais da fazenda fossem sacrificados. Apesar de James não adorá-los tanto quanto ela, sentia falta às vezes de cavalgar um pouco. Por outro lado, a casa era mais próxima de seu trabalho em Vitoria e isso era alguma compensação. E, com exceção de uma única ocasião, tinha conseguido se adaptar bastante bem à sua existência solitária.

— Bom dia, Débora — ele disse. — É uma surpresa!

— A que horas vai voltar para casa esta noite, James? — ela perguntou sem rodeios fria, vestindo ainda a camisola de dormir debaixo do penhoar que acentuava sua curvas.

— Por quê? Tenho um jantar de negócios com Tom Santos, mas isso pode esperar se você marcou alguma outra coisa.

— Entendo — ela disse, olhando intensamente para ele. — Então gostaria que viesse jantar em casa. Afinal, o. . . educador chega hoje, como você sabe, e gostaria que estivesse aqui para recebê-lo comigo. — Ela fez uma pausa, como se quisesse avaliar a reação dele. — Poderemos ter problemas com Laura e preferia que estivesse aqui para me dar apoio.

James aceitou esse fato sem nenhum comentário. Fazia já um longo tempo que Débora não reconhecia precisar da ajuda dele para coisa alguma, mas agora talvez estivesse certa. Laura tendia a ser rebelde às vezes e, depois daquela conversa pela manhã. . . Além disso, Débora tinha um ar cansado. Talvez estivesse sentindo as dores nas costas que de vez em quando a assolavam. Mas de nada adiantava perguntar, porque ela não iria revelar nada.

— Muito bem — ele concordou. — Chego por volta das seis.

— Bom. — Débora sorriu e o ar cansado desapareceu. — Acho que vai ser.. . uma experiência interessante.

— Não creio que seja uma experiência — disse James, seco. — Já concordamos que esta é a única solução.

— E é realmente — ela se apressou em concordar. — Mas, mesmo assim, acho que será interessante.

— Passa das nove — disse James, consultando o relógio de pulso, de ouro maciço. — Tenho de ir, Débora. Até a noite.

— Até a noite.

Débora assentiu com a cabeça e ele se curvou para beijá-la no rosto, consciente de que ela recuava de seus lábios. Desde o acidente não tinha permitido que James a tocasse. Os médicos haviam dito que isso era natural no começo, mas em vez de o sentimento diminuir, ele parecia crescer à medida que os anos passavam. Não que ele fizesse qualquer objeção. Na verdade, todo sentimento que nutrira por Débora havia morrido ao saber com que descuido ela havia arriscado a vida da criança ainda nem nascida. James sabia, porém, que, apesar de repelir o contato físico, ela podia se tornar violentamente ciumenta quando ele manifestava qualquer interesse por outras mulheres, o que não acontecia mais.

Levou aproximadamente cinquenta minutos para ir de carro até seu escritório, perto do Teatro Municipal. Seu carro, na estrada, poderia vencer aquela distância em menos da metade do tempo, mas James tinha se acostumado a controlar a velocidade. Deixou o carro no estacionamento. Entrou na sala da secretária pouco depois das dez e a sra. Sully sorriu para ele, como sempre.

— Bom dia, sr. James — ela cumprimentou, gentil. — Seu pai está ligando insistentemente já faz quinze minutos.

— É mesmo? — James não parecia perturbado, continuando a avançar para a sua própria sala. — O que é que ele quer?

— Acho que não está muito contente com aquele relatório de Dimas — ela respondeu.

— Nem eu — respondeu James secamente, entrando para sua sala. — Espere cinco minutos e ligue para ele. Tem café?

— Acho que seu pai o espera em seu escritório, sr. James — disse a sra. Sully, meio sem jeito.

— Acha? Eu tenho certeza de que ele quer que eu vá até lá, sra. Sully. Mas não será a primeira vez que ele tem de esperar um pouco para poder explodir.

A sala era ampla e espaçosa. Duas das paredes tinham amplas janelas; o sol filtrava-se através das persianas. Havia poltronas de couro e uma enorme escrivaninha, literalmente tomada de papéis e pastas. O chão era coberto por um grande tapete cor de mel. Tinha sido o escritório de seu pai, nos dias em que o avô presidia o grupo de companhias chamado Borges Industrial. Desde então o negócio se expandira e, agora, apesar de seu pai presidir o grupo, não se tratava mais de uma limitada companhia familiar como havia sido antes. Tinha acionistas e a posição na bolsa de valores a ser considerada em qual¬quer transação; e o pai, transferia para ele as responsabilidades maiores.

O telefone tocou e ele atendeu.

— Onde é que esteve até esta hora? — perguntou a voz furiosa e explosiva do pai. — Esteja aqui em cinco minutos.

— Calma — respondeu James, tolerante, acostumado ao humor incerto do pai. — Se está furioso por causa do relatório de Dimas, cinco minutos a mais ou a menos não vão fazer nenhuma diferença.

— Claro que é por isso! — gritou o pai. — Peio amor de Deus, James, eu o mandei a Hong Kong porque suspeitava que Dimas não estava dando tudo o que podia. Mas você não tocou nisso em seu relatório, não é?

— Não.

— Aquele homem está vagabundeando o tempo todo e você nem notou isso! Afinal de contas, para que é que eu lhe pago?

— Dimas não estava vagabundeando — disse James friamente.

— Como pode afirmar uma coisa dessas?

— Se me deixar explicar.. .

— Hum. . . — resmungou o pai, parecendo esfriar um pouco. — Está bem, está bem. Mas acho bom ser uma explicação convincente.

— Será, mesmo. Estarei aí em cinco minutos.

James ouviu o pai bater o telefone do outro lado e desligou o seu com menos ênfase. Talvez devesse ter contado tudo há duas semanas, logo que chegou, mas sabia o rebuliço que a verdade provocaria. O fato de a Borges Industrial estar envolvida, mesmo indiretamente, com um gigantesco sindicato de contrabando de drogas bastaria para causar um enfarte em seu pai. E todos se preocupavam com a pressão sanguínea de Robert Borges. A questão estava nas mãos da polícia, e sem dúvida o nome de Sam Dimas seria em breve riscado da folha de pagamentos da Borges Industrial.

Felizmente, seu pai recebeu as notícias do envolvimento de Dimas bastante melhor do que James esperava. O abrandamento de suas maneiras devia-se sem dúvida à constatação de que os dados do relatório sobre as operações da companhia em Hong Kong não refletiam a posição real dos negócios. De qualquer forma, o velho Robert parecia ansioso para tornar a conversa mais pessoal.

— Como é que Débora espera que Laura vá reagir a esse tipo de tratamento?

— Eu concordo com Débora — respondeu James, que na verdade teria preferido continuar discutindo o relatório Dimas. — Neste caso, pelo menos. Laura é jovem demais para se envolver com um favelado qualquer.

— Oh, quanto a isso não há dúvida — concordou o pai. — John Monteiro não é companhia que convenha à menina. Mas não é esse o problema, é? Prender a menina em casa, com aulas particulares, impedindo-a de conviver com as situações normais à idade dela. . . Isso não vai resolver nada.

— Acha que devíamos tê-la mandado de volta ?

— Acho. Acho, sim.

— E Jhon?

— Você podia arranjar para que ele fosse transferido.

— É? De que jeito?

— Ele é funcionário dos Nogueiras, não é? Você conhece André Nogueira. Podia ter feito algum arranjo com ele.

— Preferimos fazer as coisas do nosso jeito.

— Então contrataram um professor! Um educador! Para uma moça da idade de Laura!

— Se não gosta do título, pode chamá-lo de... tutor. É isso exatamente o que ele será.

— Você sabe perfeitamente bem do que é que estou falando, James. — O velho fez uma pausa. — Além disso, pensei que você fugisse dos professores como de uma praga.

— Bobagem! — disse James, endurecendo na cadeira.

— Bobagem, é? — Robert Borges tinha um ar divertido. — Não era bem isso que você pensava na época.

— Vamos parar com isso.

— O que será que aconteceu com ele, hein? — O pai se balançava na cadeira, — Eu sempre me pergunto o que poderia ter acontecido se ele não tivesse ido embora.

— Preocupações tolas — disse James, pondo-se de pé e caminhando até a janela, de onde se descortinava uma vista panorâmica.

— E fico imaginando também o que teria acontecido se Débora houvesse descoberto o que estava acontecendo, sua verdadeira face.

— Não tinha jeito de ela descobrir nada.

— Tinha, sim.

— Não. Eu sempre tomei todas as precauções.

— Você me intriga — disse Robert Borges, sacudindo a cabeça. — É, James, você me intriga. Na sua posição, . . Qualquer daquelas moças que trabalham no escritório, e as outras, que você conhece socialmente. . . Nossa, será que você nunca sente, sabe vontade. . . tipo “ele” só funciona com homens?

— O que é que isso tem a ver com o relatório Dimas? E porque meu pau entrou na conversa?

— Nada, nada. — O pai fez um gesto vago com a mão. — Sinto muito se o incomodo falando disso, James, mas afinal de contas você é meu filho. E me preocupo com você. Com o tipo de vida que está levando. Não é natural para um homem da sua idade. Vai achar um rapazinho para foder.

— Ah, pelo amor de Deus! — James caminhou para a porta. — E tudo isso só porque contratamos um professor para Laura.

— Quem é o moço? Já o conheceu? Acha que será boa companhia para uma menina tão impressionável como Laura?

— Não sei nada sobre ele. As referências que apresentou, do patrão anterior, são exemplares. Laura precisa de aulas de inglês, francês e história. Esse moço está capacitado para isso.

—Que mais preciso saber? Duvido que eu venha a encontrar com o homem mais de meia dúzia de vezes.

— Débora já o entrevistou?

— Já.

— É jovem?

— Como posso saber? E que importância tem isso? Pelo amor de Deus, papai, o que quer de mim? Que eu tenha um caso de amor com cada professor que cruze o meu caminho? — Ele fez uma pausa, tenso, a mão fechada apoiada à porta. — Olhe, admito que daquela vez.. . Mas foi uma coisa que não consegui controlar. Felizmente ele conseguiu.Mas foi a única vez que eu...

—Você imagina o que poderia ter acontecido se ele não tivesse ido embora.

—Eu não sei. Honestamente, não sei. Já me fiz essa pergunta mil vezes e tudo o que posso dizer é que acho que teria terminado tudo depois de algum tempo. Tento acreditar nisso

— Mas foi muito arriscado ter ido viajar com ele naquele fim de semana, James — disse Robert. — Por que não se divertir em algum quarto de hotel durante as tardes daquele verão?

— Tenho de responder a isso? — disse James, olhando o pai por cima do ombro com um brilho divertido nos olhos.

— Não — disse o velho, batendo a mão aberta na mesa e soltando uma risada curta. — Claro que não. Você não era nenhum bobo, James.

— Eu sei. — James abriu a porta. — Você e mamãe vêm jantar na sexta?

— Acho que não. Sua mãe tem uma reunião do Clube de Senhoras no sábado e tem de preparar tudo. Vou ter que deixar para mais tarde o prazer de conhecer o novo. .. preceptor.

— Que prazer! — murmurou James, impaciente.

Mas, de volta a seu escritório, não conseguia tirar da cabeça as coisas que o pai tinha dito. A chegada do professor tinha despertado memórias do passado e era compreensível que seu pai houvesse pensado nisso também. Afinal, fora indiretamente através do próprio pai que ele tinha encontrado pela primeira vez o único homem que amara. Ele havia estado a serviço dos Fonseca, cuidando dos meninos durante as férias.

Os Fonseca eram amigos de seu pai e, como Arnold preferia trabalhar em casa, James fora obrigado a ter um encontro de negócios com ele, substituindo o pai que não pudera comparecer. E o encontro com o professor dos Fonseca tinha sido inevitável. Não que tivesse havido qualquer coisa naquele primeiro encontro. Ele sabia quem ele era — o nome Borges era muito conhecido —, e sabia também que era casado. O moço fora distante e polido, e nada teria acontecido se ele não houvesse provocado tudo voluntariamente.

Nunca antes James tinha se deparado com algo que não pudesse controlar; ele sufocou o seu desejo mais intimo, mais nunca antes havia desejado um homem que não pudesse conseguir. Durante algum tempo acariciara mentalmente a ideia de pedir o divórcio a Débora, mas sabia que não podia fazer isso. Além de sua extrema dependência dele, havia também Laura, que tinha então apenas dez anos. Ele sabia que Débora nunca concordaria em dar-lhe a liberdade e, se tivesse resolvido simplesmente abandonar a casa, sabia que nunca mais conseguiria ver a filha.

Mesmo com tudo isso, não conseguira deixar de procurar o jovem, e a relação com ele se desenvolveu mesmo contra a sua vontade. Sabia que ele se sentia atraído por ele, e James tinha usado todo o seu charme sem nenhum escrúpulo, despertando as emoções dele e ensinando-lhe toda a experiência que tinha. Até aquele malfadado fim de semana em que havia convencido o moço a viajar com ele.. .

James suspirou de repente e puxou a caixa de correspondência. Tinha de tocar o trabalho. De nada adiantava ficar recordando o passado, mesmo que ainda restasse uma certa amargura ligada às lembranças. Não havia acontecido nenhuma desgraça. Ele apenas o deixara e tudo o que sabia é que agora ensinava numa escola grande. Essa já era a intenção dele naquele verão em que o conhecera, apesar de na época ter apenas dezoito anos e estar esperando para começar a Universidade.

Dezoito anos! Ele fez uma careta. Apenas dois anos mais do que Laura, agora. E ele? Tinha quantos? Trinta? Trinta e um? Pelo menos doze anos mais do que ele. E agora concordava com Débora na afirmação de que John, aos vinte e seis anos, era velho demais para Laura. Sacudiu a cabeça. Seria hipocrisia sua? Será que havia se transformado no tipo de homem que sempre desprezara, acusando o outro daquilo que tinha vontade de fazer? E ele fora ainda pior! John Monteiro, pelo menos, não era casado, nem tinha filhos.

— Sra. Sully? — disse, apertando com força o botão do interfone. — Pode vir aqui, por favor?

Tentou se concentrar na pilha de cartas à sua frente, mas o rosto do jovem dançava diante de seus olhos: rosto quadrado, grandes olhos verdes, cabelos pretos, lisos, como fios de seda, lábios em forma de coração vermelhos.

Oh, meu Deus!, Ele pensou, frustrado, por que é que deixei meu pai falar dele depois de tanto tempo? Tinha conseguido bani-lo para o reino do subconsciente. O simples fato de Laura ter agora algum preceptor solteiro para acompanhar seus estudos não devia ser pretexto para despertar coisas que era melhor manter esquecidas. Deus, ele talvez só precisasse transar.

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Eu aqui de novo, fingindo escrever. kkkk


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Comentários

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Hum gostei ótimo comecei a ler de hoje + já to fã 😊😊😊😉

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lol começou muito bem mas n deixe o outro conto n kkkkkk

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