Profissão Puta

Um conto erótico de Kamila Teles
Categoria: Heterossexual
Data: 06/03/2016 11:05:01
Última revisão: 24/08/2019 16:08:28

* * * Desculpe pessoal, cometi um erro, este conto era para ter sido postado após o Noite de Terror * * *

Meu celular tocou naquela tarde de sábado e o número em destaque era o da minha casa. Como deduzi era o meu avô, comunicou que estava me esperando para esclarecer tudo o que ouviu de outras pessoas e também havia visualizado no Smartphone de um amigo.

Menti que estava trabalhando naquele instante e iria cedinho para Brotas no dia seguinte (domingo) para conversar com ele.

— Trabalhando de quê? DE PUTA? — gritou cheio de raiva.

Havia imaginado nas últimas horas quantas vezes ouviria isso doravante dito só com o intuito de me ofenderem, porém não imaginei que doeria tanto vindo de uma pessoa a qual eu amava tanto.

Com a voz embargada pelo choro, mal consegui responder sobre meu trabalho de promotora em uma feira. Ele incorporou novamente o coronel e, apesar de estar aposentado, nunca deixou de ser o policial autoritário. Exigiu minha volta imediata para casa. Concluiu apelando para o meu lado sentimental.

— Sua avó está passando mal com tudo isso, vou levá-la ao posto de saúde. — Desligou em seguida.

Engano meu ao imaginar que a repercussão ficaria limitada ao blog do cara, a reportagem com detalhes saiu no jornal impresso da cidade e também no portal G1, Miséria pouca é bobagem como diz o ditado.

Praticamente não dormi naquela noite. Na manhã seguinte sai cedinho de Campinas e fui de carro fretado, queria evitar cruzar com conhecidos. Cheguei à casa dos meus avós pouco depois das 8h daquela manhã de domingo e, apesar do sol e céu azul, parecia mais uma segunda-feira cinza, fria e chuvosa. Ao descer do carro senti-me como se tivesse três metros de altura e com a sensação de ter centenas de olhos me observando por frestas de janelas.

Minha avó estava sentada no sofá da sala e não conteve o choro ao me ver, contudo, ao contrário de outros momentos difíceis em minha vida, não recebi seu abraço e nem a sua benção. Meu avô estava sentado ao lado da mesinha do telefone, seu olhar era um misto de tristeza e decepção.

Nossa conversa começou difícil, cheia de tristezas e tiveram seus momentos de tensão, um deles foi quando recusei sua oferta de bancar minha moradia, estudos e tudo mais que eu necessitasse, sob a condição de deixar de ser PUTA (deu ênfase na palavra) e ir morar em outra cidade. Expliquei não ter motivos para me esconder, pois ganhava a vida honestamente como várias outras pessoas, apenas trabalhava usando o meu corpo, e havia escolhido este ofício porque o sexo me dava prazer e não apenas pelo dinheiro.

Pela primeira vez na vida ele me esbofetearia, não fosse a intervenção da minha avó, ela deteve seu braço já erguido e pronto para a agressão.

Após se acalmar um pouco, meu avô disse ter conversado com minha mãe antes da minha chegada e pediu para ela vir me buscar, pois sou responsabilidade dela, como também lembrou sobre eu ter menos de 21 anos e ainda não era dona do meu nariz.

Não voltaria com minha mãe para São Caetano, informei em tom categórico, estava saindo de casa e iria me virar sozinha. Continuamos discutindo enquanto eu arrumava as coisas que levaria. Minha avó só chorava e dava conselhos para eu deixar esta vida, pois logo não seria mais jovem e bonita e iria me arrepender de tudo. Meu avô quis impedir minha saída antes que minha mãe chega-se, o convenci do quanto era inútil a tentativa, pois estava determinada a seguir meu caminho sozinha e fugiria se fosse preciso.

Antes de sair liguei para mamãe e a conversa não foi diferente da travada com meu avô minutos antes, ela também me chamou de puta… Bom, não tinha mais nada a dizer, também não tinha mais nada a fazer naquela casa ou na outra (a da minha mãe). Falei para ela não vir, pois já estava de saída e seguiria o caminho que escolhi.

Agradeci e me despedi dela por telefone. Após desligar fiz os mesmos agradecimentos aos meus avós; gratidão por terem cuidado de mim até aquele momento e que os amava do fundo do meu coração. Os minutos seguintes foi do adeus derradeiro, lágrimas e o abraço carinhoso da minha avó. Meu avô virou as costas quando quis abraçá-lo, porém, antes notei seus olhos marejados.

***

Já ouvi inúmeros relatos sobre garotas de famílias socialmente corretas que optaram pela prostituição, ainda não conheço nenhum caso sobre terem sido apoiadas pelos entes queridos. Como eu supus desde o princípio, meu caso também não foi diferente, eu era a puta da família e todos queriam que mantivesse distância ou sumisse, de preferência.

Voltei para Campinas e não fiquei me lamentando sobre infortúnios e nem permaneci reclusa naquele quarto, a vida sempre segue em frente e cuidei da minha, mesmo estando temporariamente fragilizada. A primeira providência naquele momento foi ficar muito gata, ir a uma balada e divertir-me sem pensar em nada. Começaria o primeiro dia da minha vida nova somente na manhã seguinte.

Escolhi uma casa noturna onde não costuma rolar lances de programas, já tinha problemas demais e não arrumaria uma confusão por invasão de espaço de trabalho, só queria dançar e beber. Adoro boates, não consigo ficar parada com as batidas da música agitada. Os drinques deliciosos e o cheiro de pecado mexem comigo. Passada uma hora naquela balada e, após dispensar meu companheiro de dança que se tornou inconveniente, fui ao bar pegar outra bebida e trombei com um simpático solitário, trintão e tristonho. Pelo jeito o dia dele também não fora dos melhores, nem me deu bola… Ah! Imagine se eu engoliria uma desfeita dessa, jamais. Puxei conversa e o deixei mais animado, pelo visto ele estava apenas esperando alguém o perceber e tomar a iniciativa. Depois de vários goles consegui arrastar o tristonho para dançar comigo.

Foram algumas idas e vindas da pista de dança ao bar e pouco mais tarde o porre dele era maior que o meu, então combinamos de terminar a noite em outro lugar mais sossegado. Partimos pra sua casa, era próximo dali, iríamos caminhando, ou melhor, nos arrastando. Ele sussurrou algo, tropeçando nas palavras, quando paramos defronte a um portão. Deu para entender que era para evitarmos ao máximo fazer barulho, ou acordaríamos sua família. Eu estava muito alegrinha, além de ver tudo dobrado, porém me comportei.

— Sussa, fico quietinha, prometo.

Levou-me para um quartinho na área de serviço, nem liguei para a simplicidade das acomodações, pois estava na fissura por sexo e querendo esquecer tantos momentos de tensão vividos naquele final de semana. Dei toda minha atenção ao que interessava, no caso o homem. Arranquei sua roupa o assustando com minha voracidade, após o deixar pelado da cintura para baixo fiz meu parceiro se contorcer entre gemidos, que ele tentava conter, dando-lhe chupadas, engolidas e fodendo com seu pau em minha boca como se fosse a minha vagina. Controlei para não o deixar gozar, queria aproveitar toda rigidez do seu membro e cavalgar sobre ele.

A cena daquele homem deitado de pênis ereto estava me consumindo com a vontade de senti-lo em mim, não perdi tempo tirando o vestido, tirei apenas a calcinha e apesar da quantidade de bebida ingerida, ainda tive o bom senso de revestir seu sexo com um preservativo que sempre trago na bolsa, só depois sentei sobre ele o deixando deslizar para dentro da minha grutinha… Ahh! O tempo deveria parar nesta hora, são impagáveis os segundos de prazer quando um membro firme adentra alargando meu sexo e invadindo meu interior.

Nem a mistura de odores de produtos de limpeza daquele quartinho e o calor sufocante por falta de ventilação diminuíram a sensação de prazer daquela transa. Ele segurou em minhas nádegas indo e vindo dentro de mim com os movimentos do seu quadril e fazendo meu tesão ir a milhão. Quis gemer alto, gritar e falar palavrões, porém, mesmo alcoolizada lembrei-me das recomendações para não fazer barulho. No momento do clímax foi impossível não gemer alto… Deuuus! Que foda gostosa. Deitei sobre ele esfregando nossas roupas suadas e enfiei a cara no travesseiro urrando como uma fera demoníaca em um orgasmo sem fim.

A cama parou de tremer, fiquei acabada e no estado em que estávamos não tínhamos condições de nos pegarmos outra vez naquela noite. O homem apagou, eu também, e ainda deitada sobre ele naquela cama minúscula.

Só acordamos quando começou a amanhecer, e graças a um sábia que resolveu bancar o despertador assoviando alto em algum lugar no terreno ao lado.

Gente! Só então o doido, apavorado e sóbrio (ou quase), disse que era casado e morava naquela casa com a mulher e a filha. Quando ele disse família ao chegarmos na sua residência horas antes, pensei em pai, mãe e irmãos, nem de longe imaginei mulher e filhos. O cara havia brigado com a esposa e saiu a esmo durante a noite e entrou na boate para beber e esquecer seus problemas com a mulher.

Enfim, era prudente eu sair de fininho antes de ser vista pela dona da pensão ou a filha de oito anos. Meu vestido estava todo amarrotado e meus cabelos parecendo uma vassoura velha. Vesti a calcinha e o acompanhei furtivamente com meus sapatos na mão nos esgueirando pelo corredor até chegarmos ao portão. Enquanto colocava o calçado ele sussurrou perguntando como me encontraria novamente, falei para ele continuar frequentando a boate, eu apareceria por lá uma noite dessas qualquer.

Caminhei sorrindo pela calçada e pensando: se o primeiro dia do meu voo livre começou assim, cheio de emoção, imagine o que virá a seguir.

Continua…

Caso não tenha lido o “Primeiro Programa” (é o conto que inicia esta série)

O segundo Noiva de Mentirinha

O terceiro Ficha Rosa

O quarto Pausa para Namorar

O quinto Jogos Sexuais – Noite de terror

Após este, Profissão Puta, seguem os contos:

Cantinho dos Prazeres

Bacanal Beneficente

Encontros e Desencontros

Adestrando um Cavalo

Cadelinha de Madame

Sereia do Rio

Hominho por uma Noite

Ao seu Lado

Bilhete Premiado


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Comentários

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01/11/2019 00:02:36
Conto muito gostoso de ler. Acho que esse zé mané queria se livrar de você, por isso que falou que a mulher a filha moravam na casa.
21/10/2019 11:47:51
Comecou tenso, mas ficou bom depois. Vc deve ser uma companhia sensacional para quem cai nas suas graças. E essas loucuras... Essas loucuras viram recordações sensacionais. Estou saindo agora para encontrar uma amiga de longa data, casada e com filhos, com a qual transo de vez em quando. Ela , como eu, tem uma certa compulsão ao sexo. Ela quer dar pra mim no estacionamento de um supermercado próximo ao trabalho dela, dentro da minha cabine dupla de vidros escuros. Já transamos lá dentro antes, mas nunca no horário de almoço dela. Ela quer voltar suja de mim, na boca e na buceta, para transar com o marido, que está de férias em casa e vai preparar o almoço pra ela. Ela se excita muito com esse tipo de coisa e, apesar de eu não ter prazer especial em fazer o marido passar por essa situação, realizo essa fantasia pra ela, que sempre realiza as minhas também. A situação toda é muito excitante e sei que que ela vai me cavalgar, como sempre faz quando transamos dentro do carro, vai ligar para o marido dizendo que vai se atrasar um pouco, depois vai me dar de quatro tbm e quando a ficar com a bucetinha inchada e vermelha de levar rolada, vai me chupar até eu gozar e beber a maior parte, esfregando um pouco na buceta. que levará para o marido chupar. Sei que é loucura e se formos pegos arruinará nossas vidas, mas fazemos mesmo assim.
10/03/2016 21:14:30
Pois é Jonny Quest 4.2, verdades e acertos de contas sempre são complicados, deixam arestas e nem todos saem satisfeitos. Sigamos em frente com nossas escolhas, mas aprendendo sempre com as topadas que levamos pelo caminho. Beijos!
10/03/2016 18:55:07
pois é na hora da verdade e o acerto de conta a coisa complica e tal,mas quando fazemos nossas escolhas esta decido e tomamos nosso rumo,a partir dai e vida nova e bola pra frente.
07/03/2016 15:27:09
Oh, Kamila, assim, me deixas emocionado. Não sou escritor, sou um advogado que se jogou na deliciosa aventura de despertar emoções, através dos contos. Sou iniciante, Kamila. Estou em processo de aprendizagem e reconheço que me falta muito. Porém, se o futuro me trouxer a elevada honra de prefaciar o seu livro, desde já, comprometo-me a dar o meu melhor. Beijos, com muito carinho do seu sempre fã.
07/03/2016 14:53:20
Eu amo seus comentários Alec W. Quando eu terminar meu livro (daqui a um ano eu acho, pois estou no início rsrs) com certeza convidarei você para escrever o Prefácio, pois sei que enriquecerá o meu trabalho. Obrigada por tanto carinho e incentivo, beijos!
07/03/2016 11:09:55
Grande conto, Kamila! Texto maduro, bem trabalhado, fluido, revelador do seu potencial como escritora. Drama muito bem colocado, trabalhando a questão da postura familiar, face às suas escolhas. Bela ponderação acerca do amar as pessoas, em que pese o discordar de suas atitudes. Isso tem nome: sabedoria.Também fostes perfeita quanto ao equilíbrio nas doses de drama e erotismo, sem perder de vista o perigo que te excita - e nos excita! Muitos aplausos e beijos!
06/03/2016 11:39:20
Pois é Nicoly, eu choro todo vez que leio este conto, entretanto sou muito feliz com minhas escolhas e faria tudo igual novamente. Beijo linda!
06/03/2016 11:31:08
Adoreii embora a tristeza.. Acredito que a vida é feita de escolhas e vc escolheu ser feliz ao seu modo. Então seja feliz asua forma um bjo querida


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