Me deixa fazer parte do teu mundo porque... Porque eu te amo, porra PARTE 1

O salão de baile estava lindamente decorado. Patricia Arraes e sua equipe de colaboradores haviam de esmerado e muito... Tudo estava realmente incrível e assim que cheguei ao lugar fiquei mais ou menos uma meia hora só olhando aquele monte de velas acesas e me senti num Castelo medieval literalmente. A festa iria ser bombástica.

A turma foi chegando e as mesmas caras com as mesmas bocas me fizeram notar que tudo seria igual aos outros anos. Só que os outros anos jamais voltariam e fazer 21 anos de idade era apenas uma vez.

_ Sei que a festa é sua meu querido e espero sinceramente que tudo saia como o previsto e principalmente que seus amigos não pensem que o mundo esta acabando hoje e destruam tudo o que encontrarem pela frente, ok Gui?

_ Pode deixar mãe vou pedir pra galera não detonar a casa de festas da sua amiga. Não posso prometer que ele me ouvirão e se tudo sair do controle... Eu pago.

_ Como assim eu pago, Gui? Eu e seu pai sempre...

_ Pode parar D. Julieta Ciprianni. Papai jamais vai voltar a pagar seja lá o que for pra mim ou por minha causa e de meus amigos porque esta morto. Você a partir de hoje deixou de sera minha tutora legal e gerenciadora da minha fortuna desde que deixamos o Cartório Ciprianni onde o Testamento do meu pai foi finalmente homologado. Agora se a senhora puder nos fazer um favor bem grande, me deixa aproveitar o meu aniversário e a minha liberdade ou serei obrigado a lhe deportar para o interior do Amapá, lugar esse de onde a senhora nunca deveria ter saído.

_ Até onde sei Guilermo Amadeo Ciprianni Junior, se eu não tivesse saído daquela Cidade miserável, você jamais teria nascido.

_ Nisso você tem razão, mãe. Só que nunca esqueça de que a vida a ser vivida é a minha e eu quero conduzi-la daqui pra frente, entendeu?

_ Se você precisar de algo meu quer...

_ Preciso ir receber meus convidados. Aproveite a festa mãe pois com certeza será a última para a qual eu lhe chamei.

Julieta dos Santos Ferreira calou-se, olhou nos olhos do filho, fez menção de falar algo, lentamente virou-se e saiu de sua presença.

Guilermo voltou a colocar a máscara autêntica de um carrasco da época da Idade Média, levantou o machado cenográfico feito de isopor e saiu em direção ao salão lotado onde todos os amigos estavam sem mais olhar na cara da mãe.

No dia seguinte o Jornal de maior circulação do País estampava na primeira página... HERDEIRO FINALMENTE ASSUME O CONTROLE DE SUA VIDA . A foto que ilustrava a matéria destacava claramente o estado de embriaguez que Guilermo e alguns amigos estavam.

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Passava das 14:00 h quando a porta do quarto do aniversariante do dia anterior foi aberta por Sandra Silva - apelidada carinhosamente de SS por Gui - E assim que as cortinas começaram a correr no trilho após ela apertar um simples dispositivo do controle remoto que estava na parte de cima da cabeceira da cama...

_ Assim você vai me cegar e nunca mais vou te deixar em paz, SS. Fecha isso por favor, vai... Eu juro que faço o que você quiser mas me deixa dormir mais um pouco...

_ De jeito nenhum Guilermo. Já são quase 15:00 h e você não comeu nada, garoto. Nem sei como consegue ter um corpo tão bonito. Bora logo garoto. Levanta já dessa cama e vai tomar um banho... Ou você quer que eu te dê esse banho igualzinho quando você era um pirralho... Hein?

_ nem pense em fazer isso, SS. Já sou grande e sei muito bem me lavar. Tô só com sono...

_ Parece que vou ter que entrar em ação de novo. Depois não diga que não o avisei, garoto.

Sandra fez de conta que ia tirar as cobertas de cima de um Guilermo já assustado e ele falou apressadamente...

_ Tudo bem, eu já vou... Não precisa fazer nada... Prometo que tô indo... Se você puder me dar licença eu ficarei imensamente agradecido.

A velha mulher saiu com um riso de triunfo nos lábios grossos e pintados. Parou antes de abrir a porta e disse:

_ Amo você meu menininho obediente. Você tem meia hora pra estar decentemente vestido e sentadinho na sala de jantar pra poder comer alguma coisa. Ela abriu a porta e Gui perguntou já se levantando totalmente nu...

_ Alguém me ligou?

_ Não sei meu querido. Mandei que os telefones fossem desligados para que você pudesse dormir em paz e seu celular esta lá embaixo. Seu tempo esta acabando, Guilermo Junior.

Ele praticamente voou para o banheiro do quarto e a porta foi fechada por Sandra Silva que saiu como se nada tivesse acontecido há poucos minutos atrás.

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A parede espelhada antes da entrada do box do chuveiro refletiu a imagem total de Gui Junior. Ele era um garoto com voz e postura de homem feito apesar dos 21 anos de idade. O pai só veio saber de sua existência quando o encarregado da Mineradora Ciprianni e braço direito e esquerdo do patrão ligara pra sede da empresa em São Paulo avisando que uma mulher de nome Julieta dos Santos Ferreira tinha algo muito valioso pra dar ao patrão.

Apesara do velho Guilermo Ciprianni ter perguntado do que se tratava ele finalmente foi vencido por uma simples fotografia que lhe fora enviada pela tal mulher onde ele estava na sala de uma casa simples segurando uma bola. De imediato ele soube que aquele da foto não era ele de jeito nenhum pois sua infância foi toda na casa do avô na Itália e no mesmo dia partiu para o Amapá. Na bagagem de volta trouxe o filho já devidamente registrado e de quebra uma mulher que nunca amou e jamais votou a tocar.

Esse filho que desde o dia de ontem passara a ser um dos homens mais ricos do País estava agora com 1.87 m de altura, tinha a pele branca, olhos verdes e cabelos pretos. Pesava em torno de 80 kg e cada milimetro do seu corpo era forte e torneado. Jamais foi vaidoso e sempre foi o alvo preferido dos fotógrafos e paparazzos de plantão por conta da beleza máscula que ostentava num rosto ainda jovem e sua timidez. O que mais chamava a atenção era a força de sua personalidade e o olhar que quase sempre era sério e avaliador.

Gui entrou no banho e deixou a água quente lhe relaxar todos os músculos num banho que mesmo rápido foi bastante revigorante. Ele pegou a macia toalha do cabide e começou o ritual de enxugar o corpo começando sempre de baixo pra cima e quando finalmente pisou na toalha já úmida bagunçou o cabelo, completou o restante da sua higiene pessoal e saiu do banheiro. Foi sem surpresa que encontrou a roupa separada em cima da cama já arrumada... A BOA E VELHA SS ENTROU EM AÇÃO foi tudo o que pensou já sorrindo e pegou a cueca preta pra poder começar a se vestir.

Desceu faltando apenas três minutos para seu prazo acabar e assim que beijou a velha senhora no rosto e sentou à mesa ela lhe disse:

_ Um tal de Cid pediu que você retornasse a ligação assim que terminar de comer.

Guilermo pegou o celular e já ia ligar quando o mesmo saiu de suas mão e novamente SS disse:

_ Assim que terminar de comer, garoto.

Ele nada disse mas se seu olhar fosse mortal que nem picada de cobra, SS estava neste momento esticada no chão da ampla sala de jantar do duplex onde o garoto morava. Dentre todas as pessoas que passaram por sua vida e formação, Sandra foi a única que lhe conquistou e a primeira a lhe amar... Ele jamais a esqueceria ou teria coragem de lhe faltar com respeito. Ele a amava de verdade.

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Assim que o tal Cid atendeu...

_ Ei Guilermo tu viu atua foto, cara? Que jornalzinho mais filho da puta esse. Ta todo mundo bêbado e totalmente em órbita, meu. Você tem que processa esse bando de cachorros. Meu pai falou que você ganharia milhões por conta do uso da tua imagem e ...

_ Ei Cid meu chapa, boa tarde pra você também. Que papo é esse de foto, processar, cachorros... E teu pai envolvido... Irmão tô boiando nessa.

_ Tu não viu o Jornal X? A gente ta na primeira página. Cobertura nacional, chapa. Fama, sacou? O que tá pegando é a chamada da matéria na coluna daquela Jornalista filha da puta que fala mal de deus e do mundo.

_ Cara para por favor. parece obsessão. Tô nem aí pra foto, coluna e jornalista filha da puta. Ontem foi a comemoração d liberdade, sacou? Tô de maior e dono da minha vida e pode apostar cara, minha vida vai dar um salto.

_ Agora tu me assustou Gui. Que papo brabo é esse plena sexta-feira?

_ É isso mesmo que tu ouviu Cid. As coisas vão mudar.

_ E tu vai pelo menos na festa dos Correia de Andrade.

_ Cara tinha esquecido totalmente. Black Tie, né?

_ Dos pés a cabeça e tu tem que me emprestar um par de sapatos Italianos pra poder combinar com o tal do smoking.

_ E o que houve com o teu par de sapatos italianos?

_ O meu pé deve ter crescido... Não entra nem passando sabão.

Guilermo Junior soltou uma sonora gargalhada e disse ao amigo que alguém levaria os sapatos em sua casa. O pai de Cid era um dos Advogados da Holding e foi quem mais lhe ajudou para que a homologação fosse concluída no prazo certo, uma vez que D. Julieta Ferreira tentou de tudo que foi jeito impedir que o filho assumisse seu lugar de fato e direito segundo o testamento do pai.

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Maria Izabel Correia de Andrade juntamente com a família recebiam os amigos mais íntimos num total de Cento e Vinte pessoas para sua festa de noivado com o filho mais velho do Senador Prado, Marcelo. Os três estudaram nos mesmos colégios, cursos de línguas e equivalentes. Por ironia ou não do destino acabaram na mesma Universidade e Marcelo inclusive fazia o mesmo curso que Guilermo apesar de estar um semestre na frente dele...

_ Quem diria que a velha Mabel iria se casar com o cara mais sem noção do planeta. Os três se encararam seriamente e os demais convidados que estavam na fila para os cumprimentos aos noivos pararam para ver o desenrolar da cena.

Mabel, como era chamada por Guilermo desde pequena, e Marcelo jamais gostaram de Guilermo por conta de sua descendência, eles achavam a mãe do garoto uma pessoa inferior por ser pobre, e o garoto os odiava por serem exatamente como eram... Sem noção. Só que boa parte da fortuna dos Correia de Andrade estava atrelada a Holding que o jovem Guilermo acabara de herdar e como ele mesmo dissera ao amigo Cid, as coisas mudariam.

_ Você como sempre um inconveniente, né Guilermo? Falou Mabel.

_ Você acha? E Guilermo desdenhou do comentário da garota.

_ Exijo que você respeite a minha noiva, cara.

_ Tem certeza disso, sem noção?

Marcelo Prado não mais aguentando a maneira grossa e deselegante de Guilermo tratar sua noiva na festa deles tapou seu rosto com a mão esquerda e o empurrou fazendo com que o garoto jogasse o corpo pra trás e sentiu esbarrar em alguém causando um barulho de vidro sendo quebrado. No desequilíbrio ele ainda olhou pra trás no momento da queda e viu com certa admiração um rosto nunca visto antes mas que lhe olhava cheio de preocupação...

_ O senhor se machucou?

Rapidamente um garoto negro, alto e forte também trajando black tie veio em seu socorro e estendeu a mão para que pudesse ajudar o homem que acabara de ser jogado em cima dele.

_ Não machuquei não. Na verdade eu comecei a me divertir...

_ Se o senhor me acompanhar posso dar um jeito nessa mancha em sua roupa e...

_ Tá tudo bem, cara.

Guilermo limpou um pouco de grama da roupa e após puxar Marcelo Prado pra junto de si falou baixinho em seu ouvido:

_ Aproveite bem essa noite. Ela talvez nunca mais se repita na sua vida.

Ambos sorriram de puro nervosismo e Guilermo disse ao jovem negro que o ajudara...

_ A ajuda ainda esta de pé?

_ Sim, senhor.

_ Qual seu nome, rapaz?

_ Marcos, senhor. João Marco... Por favor me acompanhe.

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Caros e queridos amigos...

Que possa vê-los mais uma vez na nossa estrada. E que ela seja tão ou mais brilhante do que sempre foi. Um beijo bem estalado em cada um. Sigamos em frente... Nando Mota.