Bem galera, vou escrever hoje uma história curta, que lembrei da minha adolescência, durante o tempo em que estive morando no Japão. Obviamente isso já faz algum tempo, então preferi atualizar um pouco a história (uns 10 anos kkk). Algo que eu gostaria que tivesse acontecido, mas não aconteceu... Mas... Acompanhem...
Cap.1
Eu, Gustavo Hirohito Watanabe Dias, tinha pouco mais de 16 anos naquela época. Um rápido resumo pra quem interesse, eu nasci em Tóquio. Uma parte da minha família é brasileira, e a outra japonesa, por isso a junção dos nomes. Bem novo, por volta dos 2 ou 3 anos, não tenho certeza, eu vim para o Brasil. Cresci aqui, e quando estava com uns 14 anos, entrando no Ensino Médio, meus pais preferiram que eu fosse estudar lá, já que o ensino é bem melhor que aqui. Fui, cursei todo o me ensino médio e a faculdade lá, e voltei a uns 3 anos. Mas isso não importa, o que importa é que eu estava lá na adolescência e quando isso aconteceu. Minha família morava em Minato, no coração de Tóquio. Apesar de aqui minha família ser vista como de classe alta, lá o nível das pessoas e basicamente o mesmo, já que a desigualdade social é bem pequena. Portanto a maioria das famílias de lá tem o que uma de classe alta tem aqui. Exatamente por isso, usar o transporte coletivo para mim era comum, ainda mais porquê ele é bem eficiente lá. Aquela altura, eu já tinha plena ciência da minha sexualidade, já não me enganava. Já sabia que não sentia a mesma coisa que a maioria dos garotos. Meus familiares não tinham nenhuma consciência disso.
- Gustavo-Kun, você sabe que aqui o respeito com as garotas tem que ser redobrado. Aqui no Japão as meninas não permitem certas brincadeiras como no Brasil - dizia meu avô, ainda acreditando que eu gostava das meninas.
- Hai, ojisan !
Eu nunca dei sinais de que podia ser diferente dos outros garotos, portanto nunca ninguém desconfiou disso enquanto eu estive por lá. Morava em Minato, como disse, e estudava bem ao lado, em Shibuya. Para efeito de comparação aos que nunca viajaram para Tóquio, seria mais ou menos como se eu morasse na Sé e estudasse em Perdizes. Todos os dias acordava cedo, tomava um suco, comia uma fruta e mais alguma coisa e então saía. Uma coisa que sempre gostei muito do Japão e que aqui é extremamente falha é a segurança. É difícil você ouvir falar que alguém foi assaltado lá, já aqui... Então eu tinha o costume de usar o celular na rua, usava um fone bluetooth, algo que não faço aqui, enfim... E todos os dias ia para o ponto de ônibus, esperar aquele que me levaria ao meu destino diário. Durante os primeiros dias, nada de anormal, ia para o ponto como qualquer pessoa comum faz. Porém, certo dia, eu cheguei ao ponto e vi quase que uma miragem em forma de pessoa. Um garoto extremamente lindo, vestido com o uniforme do nosso colégio. Muito bonito mesmo. De cabelos castanhos, bem lisos, usava uma franja, tinha pele branca, que de longe parecia não ter marca nenhuma. Olhos castanhos, bem singelos e ao mesmo tempo presentes. De longe parecia ter um corpo normal, nem muito gordo, nem muito magro. Mas isso não importava. O que importava era que eu via nele uma beleza descomunal, daquelas que me fazia sair de casa mais cedo, com medo de perder o ônibus e não vê-lo. Adorava ficar escorado na parede de um prédio que fica próximo ao ponto, e ficar o olhando, com a luz do sol em seu rosto. Ficava lindo daquela forma. Mais lindo do que de costume. Ele sempre costumava pegar a mesma linha que eu, já que estudavamos no mesmo colégio. Apesar da beleza descomunal, ele parecia ser muito tímido. Não costumava olhar as pessoas nos olhos, não sentava no ônibus, e eu geralmente não o via conversar com ninguém. Mas isso não importava, já que geralmente ele se posicionava na frente da minha cadeira, e eu podia o admirar ainda mais no caminho para a escola. Ainda no dia que o vi pela primeira vez na escola, pude saber algumas coisas dele.
- EI ?
- O que foi ?
- Porquê está observando tanto aquele garoto ? - perguntava minha amiga Mari.
- Não estou o observando.
- Não me enganes. Já somos amigos a muito tempo para eu saber que você está o observando. Gustavo-San, acharia melhor desistir daquele garoto.
- Porquê ?
- Ele é extremamente estranho, não fala com as pessoas, é muito tímido, não tem amigos, não sei nem se ele se relaciona com alguém. Além disso ele estuda no segundo ano.
- E como eu nunca o notei ?
- Não sei. Ele deve ter se mudado para a sua rua agora...
- É. Tens razão. Mas qual será o nome dele ?
- Yuki. Foi o que soube...
- Yuki...
Obviamente que não me entrava na cabeça que aquele garoto era anti social. Ele parecia ser tão ingênuo, tão calmo, tão inocente e doce... Ele inspirava paixão... Meu coração batia forte quando o via andar. Meu olhar virava quando eu o via passar. As vezes, lanchava na biblioteca, apenas para o observar, já que muitas vezes ele ficava lá, devorando os livros, que variavam entre ficção científica e história. Foram dois meses completos em que a nossa relação resumiu-se em olhares desgovernados e que se juntavam por vontade própria. Yuki não demonstrava muita afeição por mim, as vezes um olhar apenas, que logo se desfazia. Ele realmente tinha poucos amigos, então não havia pessoas com quem eu pudesse informar-me e saber como eu poderia aproximar-me dele, e se minha aproximação seria bem vinda. Porém toda essa separação física terminou. Certo dia, a rotina continuava. Esperava o ônibus de retorno, no ponto com um monte de outras pessoas, e uma delas era ele. O ônibus passou, fizemos sinal, entramos. Pagamos a passagem, fui sentar-me no fundo. Como ele fazia nos outros dias, ficava em pé, se segurando no local apropriado enquanto o ônibus seguia viagem. Porém naquele dia ele parecia diferente. Estava mais branco do que o de costume. Se remexia no ônibus com mais frequência, parecia não estar com as Mãos firmes. Parecia estar sonolento. Até que... De repente o ônibus parou no ponto. Quase que na mesma hora ele soltou-se das barras e despencou. Porém eu fui mais rápido. Consegui o segurar e ele não caiu no chão.
- Meu Deus, o que houve ? - perguntei a mim mesmo enquanto dava um jeito de coloca-lo no local aonde eu estava sentado. Muitos Abelhudos apareceram, tumultuado ainda mais. Foi uma das poucas vezes que me vi preocupado por causa de um garoto. Toquei nele, estava com a pele gelada - EI ? Está me ouvindo ? - ele havia desmaiado. Mas não demorou muito e retomou os sentidos.
- Aí... O que houve ? O que... Eu... Eu ainda estou no ônibus - se remexeu um pouco, até ver-me na sua frente.
- Está tudo bem com você ?
Continua
Gostaram ??? Como disse, essa história não é real. Realmente conheci um garoto Yuki na adolescência e fui muito afim dele. Porém nunca ele deu bola. Mas... Existe imaginação para isso. E ela rolara solta nos 4 capítulos deste texto. Beijos.