- Ela já tem isso antes, mas já faz muito tempo. Ela foi no médico, que passou uns remédios e ela melhorou. Isso se desenvolveu por conta da morte da mãe.
- Ela nunca tinha mencionado isso pra mim e acho que pra Maria também não sabia.
- Ela ainda está tomando remédio?
- Pelo visto, não. Eles evitam que ela passe mal.
Eu escutava o povo conversando sobre mim do lado de fora. Mal acordei e já estava ficando irritada com a quantidade de luzes na minha cara. Pra que tanta luz?! Um dos motivos de eu não gostar de hospital é isso. Eu estava ainda com as mesmas roupas, então eu não estava tanto tempo ali. Estava com soro ou sei lá o que era aquilo que estava no meu braço e aquilo me dava agonia. Não gosto de hospital, não queria ficar ali, já estava ótima e é pra casa que eu vou! Tirei aquele troço do meu braço, levantei, fiquei tonta e quase cai. Eu ainda estava com raiva, mas dessa vez, não sabia pelo que? Sentia que não era pela briga com Maria, mas também não sabia o que era. Quando eu me apoiei pra não cair, um copo que estava na mesinha caiu fazendo barulho. Já foi entrando médica (que com aquela cara dela e a roupa estava mais pra mãe de santo), meus tios, Maria e a mãe, e Camile.
- Calma, mô, senta na cama. - disse Maria me ajudando a manter o equilíbrio.
Eu - Tô ótima. Cadê meu tênis?
Médica - Se acalma e se senta pra eu examinar vc.
Deixei ela fazer isso pra poder sair logo dali. Depois de me cutucar bastante, falou pra eu voltar a tomar meus remédios e qualquer coisa voltar lá. Não falei mais nada com ninguém, só esperei sair dali. Eu queria paz, queria ficar sozinha, precisava me entender comigo mesma, não queria olhar pra cara de ninguém. Leona insistiu pra eu e meus tios ficássemos na casa deles mas minha tia preferiu que não e eu dei Graças a Deus por isso. Maria ficava o tempo todo ao meu lado e puxando assunto e me perguntando algumas coisas. Eu respondia umas e ignorava outras. Sentia que a raiva e mal estar vinha um pouco dela. Às vezes eu sentia essas coisas, mas muitas vezes não sabia o por quê de repentino sentimento, fosse ele raiva, mágoa ou angustia. Finalmente em casa, fui tomar um banho e me deitar. Meus tios vieram falar comigo um pouco sobre os remédios mais eu não estava com cabeça pra isso, mas tentei conversar. Paguei a luz e coloquei o meus fones num volume que conciliasse o volume dos meus pensamentos com o da música. Odiava ficar daquele jeito, primeiro porque não tinha respostas e segundo porque não sabia o que fazer pra fazer passar aquilo. Comecei então a tentar pensar em tudo que aconteceu no dia pra ver onde estava a resposta. Maria, Vanessa, Roberta, briga, dúvidas, mágoa. Aperto no coração ( dá mágoa ou meu coração que estava de gracinha de novo?), raiva, Maria, raiva. Talvez essa raiva seja de outras lembranças que o hospital me traz e que juntei com a mágoa sobre a Maria. Então, eu tenho que me focar é na Maria, já que com meus próprios demônios eu me entendo depois.
Me deu vontade de ligar pra Maria naquela hora pra resolver as coisas, já que meu desmaiou atrapalhou. Eu nunca tinha sentido o que sentia por ela, por qualquer outra pessoa. Era diferente, mas que me dava um medo danado de ela não desejar nem querer o mesmo que eu. Nós estávamos a um bom tempo pra essa história de ex ainda está presente. "Ah! quer saber?!..."
- Alô.
- Maria?
- Oi, amor! Como vc tá? Tá melhor? - acho que atrapalhei o sono de alguém.
- Vc gosta de mim mesmo ou só tá comigo por puro encanto?
- Quê!? Como assim?
- Por que se incomoda ainda com ex, por que fica querendo saber essas coisas? Já acabou num é?
- Por que vc tá me perguntando essa coisas agora? É claro que eu te amo. Cara, vai dormir e amanhã nós conversamos direito tá bom?
- Não! Quero agora. Me explica.
- Tah, eu juro pra vc que não quero mais saber dela. Eu só fico chateada de lembrar do que ela fez.
Minha cabeça estava doendo, não tinha notado o quanto eu estava ofegante, o celular estava escorregando da minha mão por conta do suor. Aquilo de novo não. Aaaah! minha cabeça. Cadê meus remédios? Odeio eles. Tá escuro. Cadê a luz? Por que está tudo na minha frente quando eu tenho que andar?
- Tah! Tah? ta ainda ai?
Cadê o celular?
- Que tanto barulho é esse Tah?
Da onde minha tia surgiu?
- Cadê meus remédios?! Minha cabeça!
- Por que vc tá no chão?
- Eu não tô no chão! - Eu estava no chão?
- Vamos voltar pro hospital. Ela está tendo aquelas recaídas de novo.
Me deixei levar. Dessa vez, não sendo a primeira vez, eu me deixei levar. Talvez me mostrasse a resposta de todo aquele tormento na minha cabeça. Eu sabia que nunca teria as respostas que queria, mas queria ter a paz de espírito que precisava. Sempre quando olho para o céu, sinto que vou afundar nele. Tão vasto e perfeito, de um azul que poucos pintores conseguem reproduzir. Mas dessa vez, mesmo com todos os meus tormentos, eu queria ver outro azulEssa parte não era pra fazer parte da história, mas está aqui. Ele é um desabafo, sem pé nem cabeça do mesmo jeito que tá na minha cabeça. Adaptei ao conto pra tentar fazer mais sentido. Fui escrevendo uma coisa e saiu outra de um modo que nem sei porque saiu. Não sei se vou ficar mais aliviada escrevendo. Amanhã é bem capaz de eu acordar, ler isso e até rir, mas na hora deu vontade e escrevi.
Esse conto eu escrevo na hora, penso as coisas na hora e vou vendo até onde dá certo pra publicar, então eu fico sempre surpresa quando recebo vários elogios e vejo bastante leituras. Agradeço a atenção de todos que leem e vou tentar não fazer mais nada sem sentido kkkk mas eu precisava por pra fora o que tava embaralhado na cabeça. Talvez eu demore um pouco a voltar, mas a história irá se seguir porque ainda tem muita coisa pela frente.
Uma boa noite a todos, desculpem os erros e até a próxima parte ;)