O caminho das borboletas. 63
No dia seguinte, a tia havia marcado conosco de irmos levar o Felipe ao parque. Pra quem não lembra, o Felipe é o priminho da Ci. Nessa época ele já estava com 7 meses. Nós o havíamos visto com 1 mês, tava pequenininho. Saímos de casa por volta das 15h. Eu usava um vestido de algodão azul marinho de alcinhas e havaianas. Ci usava uma blusa amarela do Bob Esponja, shortinho e Havaianas também. Ela com o Kaiak e eu com meu Glamour Secret Black ^^ Saímos e pegamos um táxi na avenida principal, em direção à casa da Tia. Chegamos lá e o Felipinho tava muito fofo, gente. Usava um macacão jeans, todo boyzinho, rs... A tia tava doida, arrumando as coisas, e quando nos viu, logo tratou de deixar o pequeno aos nossos cuidados e foi tomar banho. Alguns minutos e o marido dela chegou, indo tomar banho também. Colocamos tudo no carro e seguimos para lá. Fiquei encantada com o lugar. Fomos ao Parque Urbano da Macaxeira, um espaço para realizar atividades físicas, fazer piqueniques, andar de skate, patins, passear, etc. Chegamos por volta das 18h já. Primeiro demos uma volta geral pra se situar com o ambiente, e em seguida Ci e eu levamos o Felipe para o parquinho. Ela sentou num lado da gangorra com ele, e eu no outro. Ele adorava, dando altas gargalhadas. Nós duas babávamos, impossível não pensar nos filhos que queremos ter. Saímos de lá e nos dirigimos para a grama. A tia estendeu uma espécie de tapete gigante e jogou brinquedos no chão. Sentamos com o Felipe e brincamos bastante. Ele gostava de mim, então na maioria das fotos ele está no meu colo, e eu estou sorrindo como uma boba. Ci fotografava tudo e no rosto tinha um sorriso lindo quando me via com ele. As vezes nos olhavamos, como quem se comunicava pelos olhos, dizendo: sim, eu quero ter filhos com você. A tia deitou no colo do esposo, e nós sabíamos que desde que o bebê havia nascido, eles não tinha mais tanto tempo para namorarem. Então decidimos deixar eles um pouco a vontade e demos umas voltas com o pequeno. Ele foi no meu colo e Ci ao meu lado. As vezes nós paravamos um pouco e ela fazia um carinho no meu rosto.
Ci: Não me canso de falar o quanto você é linda. Sei que será uma mãe e tanto.
Eu: Seremos. Te amo.
Ela: Tbm amo você.
Havia alguns casais de lésbicas que nos observavam com os olhinhos brilhando. Minha mente me transportava para anos adiante. Me via ali, naquele mesmo parque, não mais com o Felipe, mas com os nossos pequenos. É estranho amar quem ainda nem conhecemos. Mas é o sentimento que nutrimos pelos nossos futuros filhos. Sempre falamos deles e de como nós os imaginamos. O passeio tava gostoso, mas o nosso pequeno herói tava ficando cansadinho de brincar. Voltamos devagarzinho e ele se aninhou nos meus braços. Nos aproximamos de onde a tia estava com o esposo e Ci sentou junto deles. Eu fiquei no entorno, ninando o Felipe. Andava de um lado para o outro, e ele estava com a cabeça apoiada no meu braço esquerdo e a barriga no braço direito. Tinha o corpo virado para baixo. Mexia na barriguinha dele e ele babava de tanto cochilar. Ci nos olhava de longe com uma carinha fofa de apaixonada. Até que eu virei de costas, andei uns metros e a sinto me puxar pelo braço.
Eu: O que houve?
Ela: Aquele idiota ali não para de olhar pra você. Vem!
Eu: Rs... mas é boba. Te amo!
Ela: Tbm amo vc. Mas estou de olho. Estou de olho.
Voltamos e rapidamente as horas haviam passado. Já eram quase 21:30. Saímos do parque, entramos no carro e voltamos pra casa da tia. De lá, pegamos mais um táxi para chegar na casa da minha sogra. Tomamos um banho e deitamos.
Eu: Adorei o passeio!
Ci: Também super curti. Você já é linda, mas como mãe, fica mil vezes mais.
Eu: É...?
Ela: Humrum... fica muito sexy também.
Me beija.
Eu: Você gosta?
Enfio a língua na boca dela. Ela chupa, morde e continua a falar.
Ela: Amoooo, minha gostosa.
Suas mãos já percorriam meu corpo com delicadeza e calor. Nos amamos com um estranho sentimento de famíliaBÔNUSNos despedimos da Dani e fomos para a parada de ônibus. Eu encostei na parede e ela chegou bem perto de mim.
Ci: Tô doida pra te beijar.
Eu: Em casa a gente namora, tah?
Ela ficou ao meu lado e ficamos conversando abobrinhas e trocando carinho. Chegamos em casa por volta das 21:50. Minha sogra estava no Facebook, rs... aprendeu a mexer na rede, aí lascou, rs... Ci perguntou se ela se incomodava se nós tomássemos banho juntas, e ela disse que não. Pegamos nossas coisas e entramos no banho. Mas realmente, fomos SÓ tomar banho. Ci gosta quando dou banho nela. Sempre é bem gostoso sentir nossos corpos molhados e deslizando. Nos secamos, vestimos nossos pijamas e fomos deitar. Ela estendeu o braço e eu deitei no colo dela.
Eu: E aí, gostou da Dani? (porra_daniz) - Nos conhecemos pessoalmente. Pra quem não leu, volte ao conto 62.
Ci: Gostei sim. Ficamos falando de você, enquanto você fazia os pedidos.
Eu: Huuuum.
Ela: Estava falando pra ela sobre como somos diferentes e tal. Que eu sou mais espontânea e você mais... huuum...
Eu: Chata?
Ela: Rs... é.
Beijou meu nariz.
Eu: Rs... Estava pensando nisso mais cedo também.
Ela: Pensando o que?
Eu: Nas nossas diferenças.
Ela: Você pensa muito nisso?
Eu: Acho que depois que terminamos da última vez, penso com mais freqüência.
Ela: Você já pensou em acabar comigo por conta disso?
Eu: Sim.
Ela: Quando foi a última vez que pensou sobre isso?
Eu: Hoje. Mais cedo, antes de irmos visitar Lucas no hospital.
Ficamos em silêncio.
Ela: Por que?
Eu: Somos muito diferentes, Ci. Muito mesmo. Você tem brincadeiras lesas, eu sou mais chata. Tu sabe disso! Mas já passou. Esquece esse assunto. Eu te amo apesar das nossas diferenças.
Ela: Mah, você acabou de me dizer que pensou em terminar comigo. Como quer que eu fique?
Eu: Não amor, o acento não é nisso. Quis te dizer que mesmo nós duas sendo completamente diferentes, eu te amo e isso me basta.
Ela começou a chorar e disse que não queria mais conversar. Tentei reverter, fazer ela entender o que eu quis dizer, mas já era tarde demais.
Eu: Ci, pensamentos podem sobrevoar nossa cabeça, como pássaros. Não temos como impedi-los. Mas temos como impedir que eles façam ninhos sobre nossos cabelos. Não dei tempo deles sequer se proliferarem.
Mas não teve jeito. Ela ficou com aquilo na cabeça. E eu tive certeza que aquele ditado que diz que nem toda verdade deve ser dita, é uma grande sabedoria. Ela virou e adormeceu. Eu escrevi o conto anterior e adormeci também. Mas dormi muito mal. Acordava muitas vezes para ver se ela estava ao meu lado, se estava bem... As vezes a puxava para me abraçar e sentia certa resistência dela. E nesse tom, a noite seguiu. Eu despertei por volta das 6h da manhã. Não conseguia mais dormir. Fiquei observando ela dormir. Sim, eu sei que nós somos muito diferentes. Mas eu não consigo imaginar minha vida sem ela por perto. E pior é me imaginar com alguém exatamente idêntica a mim. Meu... que raio de vida chata, seria. Ci e eu somos o equilíbrio perfeito, a mistura dos opostos que se completam. Somos agridoce! Sorri olhando ela dormir, até que a beijei no rosto. Ela acordou.
Eu: Eu te amo!
Ela ficou em silêncio.
Eu: Desculpa pela conversa de ontem. Eu estava aqui olhando você dormir e pensando no quanto preciso de ti na minha vida. No quanto você faz toda a diferença no meu dia, na minha rotina, em tudo que sou. Não consigo viver longe de ti, Ci. Eu sei que sou idiota, sabe? Que muitas vezes entramos em discussões sem fundamento e por nada. Mas saiba que eu te amo, te amo demais. E não me reconheço mais sem você ao meu lado.
Eu já estava chorando.
Ela: Então nunca mais fala isso. Nunca mais fala em me deixar. Entendeu?
Eu: Nunca. Nunca mais.
Nos abraçamos forte e eu fui beijá-la.
Ela: Amoooooor, ainda não escovei os dentes.
Eu: Vida, larga de besteira. Você é minha mulher, ora.
A beijei outra vez e ela correspondeu. Eu estava com tanta saudade dela, que nem parecia que havíamos dormido uma ao lado da outra. Logo eu fui me animando.
Eu: Vida, faz amor comigo?
Ela ainda tava séria pela conversa e deu risada: Ham? Rs...
Mas eu tava toda lesadinha e borboletando, e falava como se nós nunca tivessemos nos amado antes: Tô falando sério, bê. Vamos, faz amor comigo.
Ela: Amor, sua cara tá muito engraçada.
Eu fiz bico e ela achou graça.
Eu falando como criança: oooooow momô , pala de rir. Eu quelo fazer amor com você.
Ela rindo: kkkkkkkk amor, calma. Olha, rs... daqui a pouco todo mundo acorda, e nós vamos sair pra ir falar com o médico do Lucas, esqueceu? Mais tarde a gente resolve seu problema, tá? Rs...
Eu de bico: Tá bom =(
Mas pelo menos ela havia sorrido, e é o sorriso mais lindo do mundo. É o sorriso do amor da minha vida, com quem eu quero dividir o resto dos meus dias, entre chatices, sorrisos, briguinhas, mas com a certeza de que apesar de todas as nossas muitas diferenças, a nossa disposição de fazer uma a outra feliz, é bem maior que tudo isso. E quer saber? ... Isso também é amor!
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Ci, você é a coisa mais linda que poderia ter me acontecido. Obrigada por ser quem você é, e por me amar do jeito que eu sou. Te amooo.
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Não há nada mais lindo, do que amanhecer num dia de domingo e saber que eu tenho você, que eu tenho você. Não te prometo a eternidade, mas dias te ofereço um milhão. E deixo você com a metade do meu coração... [Léo Fessato - Não há nada mais lindo]
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Beijos e queijos
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P.s.: Gente, agradeço a torcida pela recuperação do meu cunhado. Ele fez alguns exames e estamos esperando os resultados. Mas no geral, ele está se recuperando bem.