Portas Fechadas III

Um conto erótico de Irish
Categoria: Homossexual
Data: 31/12/2014 17:00:35

- Nano, meu Nano _ dizia Paolo me apertando nos braços vigorosos, a voz embargando _ Parece que eu sabia que voce ia chegar. Sonhei com o trem a noite toda...

Seu cheiro denso e presente, bastante masculino, misturava suor e loçao de barbear em um fundo de agua de lavanda que jà desvanecia. Embriaguei-me naquele odor, no calor de seus braços, na rigidez de seu corpo viril. Juntava tudo de uma vez: saudade, amor, alegria e tambem desejo, algo novo e subito.

- Deixe-me ve-lo _ falei apartando-me dele e o observando por um momento.

Seu rosto irradiava felicidade e comoçao. Da meninice guardava os traços finos do nariz, a boca grande e bem desenhada, e o brilho fulgurate dos olhos negros. Era, sobretudo, um homem magnificamente belo, de pele bem branca que contrastava com a abundancia de pelos lisos e pretos nos braços e no peito cuja camisa mal abotoada deixava perceber. Rosto escanhoado, maos grandes, Paolo devia medir o mesmo que eu, cerca de um metro e oitenta, de ombros largos, forte, bem diferente do garotinho fragil que vendia jornais na rua.

- Como voce esta bonito, Paolo! _ sussurrei sem pensar muito, e vi que ele me olhou com um sorriso embaraçado, tambem me constrangendo.

- Espere. Vou fechar isso aqui _ disse ele pegando um comprido gancho de ferro e descendo a porta do armazem com estrondo _ Esta na hora do almoço. Faz dias que essa venda esta ás moscas, por ser final de mes, voce sabe... O pessoal do bairro esta sem dinheiro.

Apanhou da chapeleira à porta a sua boina escura, pondo-a com cuidado, ficando assim um legitimo e maravilhoso representante de sua terra. Eu nao parava de olhar para ele que, por sua vez, parecia inquieto e ainda comovido ao meu lado. Seus olhos faiscavam ao se fixarem nos meus.

- Almoça comigo, Nano? _ convidou ele apos chavear a porta dos fundos do armazem _ Temos tanto o que conversar!

No trajeto ate à casa dele, que nao era perto, seguimos conversando em voz baixa, as vezes rindo. Era incrivel, pois nem parecia que estivemos longe um do outro por doze anos, e sim como se tivessemos nos visto ontem mesmo. Contei um pouco de minha vida sem graça na capital, no internato e na Universidade, sempre sozinho, estudando como um louco, ignorado pelos colegas. Paolo falou que seguiu sua vida sem grandes expectativas, que ha alguns anos tinha ido morar no litoral e trabalhar no porto, porem, eram empregos piores do que aqueles do interior. Nao valia a pena, e ficar longe da familia era duro. Alem do mais, confessou, queria voltar logo pois sabia que eu estava para concluir o curso em S. Paulo.

- Se dependesse de mim, nunca que estariamos separados _ disse, me olhando de relance.

Nas duas vezes em que vim ate à cidade foi tao rapidamente que, nem que eu quisesse, poderia procura-lo, pois nao havia tempo suficiente. A correspondencia por cartas seria uma possibilidade de contato, contudo, a verdade era que eu tinha um grande receio de descobrir que ele tinha seguido sua vida e me deixado definitivamente no passado.

Paolo morava numa casinha verde-agua, em uma rua tranquila e arborizada. Quando ele abriu a porta fomos saudados por um gato grande e roliço, preto e branco, que veio todo dengoso se enroscar nas pernas dele, miando.

- O Fausto quer almoçar _ disse Paolo rindo, pondo a boina num prego na parede _ Nano, fique à vontade. Se quiser tire o paleto. Esta calor... Nao sei como voces aguentam ficar de paleto o dia todo.

Realmente, aquele final de manha estava bem quente. Coloquei chapeu e paleto sobre uma cadeira ali na sala (ele nao tinha chapeleira) e notei Paolo me olhando com um sorriso.

- E ainda usa colete! Por Deus!

Como o chao de ceramica era frio, ele tirou os sapatos e as meias, insistindo para que eu fizesse o mesmo. Fazia tempo que eu nao andava descalço pelo chao, e a atmosfera da casa dele me parecia tao limpa e fresca que nao resisti, sentindo-me outra vez como uma criança ao lado do meu carcamano.

Logo ele foi à cozinha arrumar algo para comermos, seguido pelo gato que correu atras dele, lepido. Observei a simplicidade de sua sala, a mobilia basica, solida e asseada. Do curto corredor que saia direto no quintal, notava-se um pequeno terreno repleto de bananeiras cujas folhas farfalhavam preguiçosas ao vento brando e ocasional.

- Vem aqui, Nano! _ chamou Paolo mexendo nas panelas.

A cozinha era minuscula, composta pela pia, um fogao pequeno, a mesa e duas cadeiras que pareciam pertencer a outro jogo de mobilia. Paolo cortava tomates, cebola e manjericao enquanto a agua fervia na panela.

- Macarrao da mama, pode ser? _ disse com um sorriso _ Toda semana ela faz uma boa porçao e me traz. E eu sei que voce gosta.

O gato miava sem parar, esfregando-se nas pernas dele, deixando pelos brancos e compridos na calça escura do Paolo. Encostei-me à bancada da pia, perguntando porque ele resolvera morar sozinho.

- Privacidade, amigo _ respondeu, suspirando _ Senso de independencia, de vida adulta. Sou um homem de vinte e dois anos, jà era tempo de me arranjar sozinho.

- Achei que seria para se casar, futuramente _ falei com certo tom ironico.

- Pode ser _ ele me fitou nos olhos _ No entanto, no meu coraçao, jà me sinto casado com alguem, e faz tempo.

Meu rosto ardeu de repente, e fingi olhar o quintal dele atraves da janelinha baixa de vidro trabalhado, aberta ao maximo.

- Ainda tem a medalhinha? _ indagou ele.

Puxei de dentro da camisa a medalha do Sagrado Coraçao, quente por estar em contato com a pele. Ele se aproximou e a tocou, com um sorriso.

- Quase nunca tirei _ confessei meio sem graça, inebriado com seu cheiro proximo a mim.

- Tem o seu calor nela _ sussurrou Paolo, chegando ainda mais perto, subitamente tenso, mantendo seus olhos nos meus _ Eu sempre pensava que, nesse coraçaozinho de rubi que esta incrustado na imagem de Cristo, havia tambem o meu coraçao batendo junto colado ao seu peito, Nano.

O beijo dele veio a principio lento e cauteloso, para depois ir se intensificando numa ansiedade saudosa, ofegante. Era o mesmo menino que me beijou tres vezes anos atras, nervoso, porem o toque estava mais firme, mais decidido e estranhamente experiente. Os labios eram mais sabios, mais grossos, a saliva limpa e generosa. Perdi-me nele, envolvendo-o com os braços, numa fome repentina de seu sabor, naquela velha sensaçao de pequenas e sucessivas explosoes de felicidade quando nos tocavamos. A impressao era a de unidade, porque eu sentia que era ele ao mesmo tempo que era eu, que a minha alma e a dele eram a mesma coisa, a mesma substancia.

- A agua ferveu _ disse ele rindo, me soltando todo ofegante e indo cuidar da panela; lançou-me um olhar travesso e mordeu o labio _ Esta vermelho como este molho, signore Luciano.

Nao contive a risada, empurrando-o por zombaria. Ele pegou um garrafao de vinho debaixo da pia e me serviu a bebida numa caneca de aluminio amassada. Falei a ele que ia fazer como um cachorro magro: comer e ir embora. Tinha ainda o almoço que Yedda estava preparando, e nao podia faltar e fazer aquela desfeita à minha cunhada.

- Que pena, Nano _ murmurou ele, suspirando _ Mas à noite voce volta, nao? Pode ate mesmo dormir aqui...

Travei pensando naquela possibilidade. A questao sexual era, de fato, um ponto sensibilissimo para mim, algo em que eu nao gostava nem de pensar jà que me evocavam tenebrosas lembranças envolvendo Rodolfo. Desconversei e falei que voltaria sim, mas apenas quando pudesse. Tinha acabado de chegar de viagem e precisava me organizar um pouco; percebi que ele ficou triste com minha recusa, e eu tambem fiquei, por ele.

Almoçamos na varanda sentindo o vento quente do meio-dia na cara, conversando varios assuntos sobre as pessoas da cidade e sobre o que tinhamos visto e feito nesses anos todos. Nada me tirava da cabeça a ideia de que ele nao estava intocado como o deixei e que tinha, sim, vivido aventuras durante esse tempo. Quis muito perguntar sobre isso mas nao achei jeito, e meu ciume me denunciaria horrivelmente, tinha certeza.

Despedimo-nos demoradamente com um beijo lento na sala, ainda descalços, e a expressao dele de felicidade, me observando, foi algo maravilhoso que levei comigo com um sorriso, de volta ao casarao para o almoço de minha cunhada.

A mesa estava sendo posta quando cheguei. Yedda quis saber onde eu tinha estado, o que nao hesitei em responder, falando que tinha ido ver um amigo. Lendo o jornal na poltrona, Rodolfo me encarava com um olhar fixo e violento. Seguiu -me ao quarto quando subi para me lavar e trocar de roupa. Vi quando ele entrou batendo a porta com raiva, avançando para mim numa bofetada pesada que ardeu como um golpe com chicote.

- Seu veado imundo _ murmurou ele com desprezo, cuspindo no chao perto de mim e deixando o quarto no seu passo duro e curto.

Ele sempre dava um jeito de encobrir minha alegria e me colocar para baixo. Toquei meu rosto que queimava no lugar do tapa, e pensei se aquela agressao nao era um prenuncio nefasto de outras piores que ele me reservava.

*

*

*

*

Opinem que eu respondo nos comentarios, ok?

Beijao, galera :)


Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Irish a escrever mais dando dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Entre em contato direto com o autor. Escreva uma mensagem privada!
Falar diretamente com o autor

Comentários

Comente!

  • Desejo receber um e-mail quando um novo comentario for feito neste conto.
17/01/2015 13:33:14
Esse Rodolfo... 😶
02/01/2015 00:04:32
Esqueci de vir aqui ontem, desculpa.
01/01/2015 18:35:55
Muito bom.
01/01/2015 11:03:04
Cara essa historia dele morar na casa do irmão não tem sentido algum. Afinal ele ja é independente. FODA-SE o irmão maluco. Mora com o gostosão italiano man. Que inclusive eu pegava numa boa
01/01/2015 05:24:22
Triste. Feliz ano novo
01/01/2015 00:41:45
Feliz Ano Novo Irish!!! Ainda vou ler esse. Desejo para o novo ano: fartas colheitas chegando em seus campos e belas flores surgindo em seus jardins, perfumando suas vidas no exalar das fragrâncias que não se compra em mercados: paz, amor e prosperidade. Para sonhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre. Que a paz, a saúde e o amor estejam presentes em todos os dias deste novo ano que se inicia. Feliz Ano Novo!
31/12/2014 20:42:35
Já escrevi tudo, Quin. Rico? rs Acho que não dá. Mais mau? Nao peguei tao pesado assim contigo, rs. Bom Ano Novo!
31/12/2014 19:31:24
Irish obrigado pelos votos de felicidade!!!!! O Paolo já é experiente :O Ei, eu quero ser mais mal do que o Roberto, ou pelo menos mais perigosos, vingativo e falso rsrsrsrs O Roberto é bipolar aff ele é muito ciumento também! Eu suspeito que eu serei algum ex do Paolo aaaiinnnn, ah... eu também quero ser rico, se possível kkkk Bjs Irish e muitas felicidades pra ti! Super Feliz Ano Novo tá!!! E tb desejo muitos boys lindos na sua vida!! <3
31/12/2014 17:26:27
Oi, povo :) Entao, • VictorNerd, que bom que esta gostando. Valeu! , • Ru/Ruanito, o Rodolfo eh asqueroso mesmo, • Drago *-*, cara, o maior trabalho que eu tenho eh digitando. Tivesse alguem para digitar pra mim o conto renderia muito mais. Valeu, cara!! , •Quin, eu sabia que voce nao ia querer ser o Rodolfo! Ninguem quer,,neh? Relaxa, seu vilao sera mais leve do que ele, espere e verà. Meu natal foi chato e sem graça como sempre :/ Mas como assim voce nao esta animado para seu aniversario?!? Espero que seja um dia lindo pra voce! Feliz Ano Novo, carinha! Muita saude, grana, trabalho,,paz, boys lindos gentis e apaixonados, viagens e alegria!! Tudo o que vc quiser! , • Galera, feliz ano novo a todos! :D


porno antigo menina foge de casa por causa do padrasto taradocontos eróticos c um lutadoraNossa essa rotina já tá com tesão quero ver sarrar na Copaso.mulher fo bumdso levando no cusao so pauzaobpornodoidoporno so vidio reral tiramo a vingidade/texto/2012071168mtk contos eroticos coisas do destino capitulo 1Conto de sexo entre madrinha e afilhadoxnxx porno gey contos eroticos novinho pegando priminho no riachocasa dos contos incestoler contos eroticos menagecontoseroticos m vadia mamae nao solbe o que fazer quando viu e quis chupafilme de sexo pura selvageria de chupar e chupar agressivo mesmo/texto/202211748/comentarios/texto/2013072169fui consolar mamae acabei fodendo ela contos eroticosfime de porno mae e filhatrazano no banheroadolecente finge durmir so para sentir o pinto do irmaocontos erótico de massagitas dotados comendo madames e ninfetasNegao gozando na boca do geyassistindo filme com a tia e perder pra dica abraçadinho xvideosconto erotico homem suado/texto/201001136/denunciameninas nen tentacorre xvideosconto erótico assim nasce uma travesticonto erótico scatvideos de novinha gozando pelo orificio urinariocontos eiroticos leilapornporno gey contos eroticos ferias c priminho novinhotraveste gozanofilme pornô rasgando a vacina novinhaporno gay contos eroticos vendo a bundinha de meu priminho inosente nao aguentei e encojeixvideo pai italiano comendo o cuzinho da sua filhinha italianinha escondidochupa minha bucetapirucas gozanoencontro casuaisxvdebaichodasaiameu primo tirou minha cueca e cheirou minha rolaContos chupando a buceta da janara casadaporno caseiro coroa de brusos levando forte e gemendo gosyosomulher faze do sabao segano boceta da outairma no banho contos eroticosvideos de cornos que aguarda ansioso sua esposa voltar pra casa escorrendo porra de outro toda melada na bucetamenina deixa seu amigo xupar asuabucetamulher fudendendoconto o negao me levou pro quartinho deleenganada patriçinha pornô dinheiroesposo regaço a b***** da mulher nua entra mais poderdei para um pauzudo e quase morriporno mamae decalciha bucetaconto de encesto filho 32 de pau quadrinho/texto/201705176carine patricinha casa dos contosAs Panteras o padrasto irmaos maecachorro com o focinho dentro da bucetatransei com meu primo contocontos eroticos meninas de vinte tres anos transando com cachorro com calcinha preta com lacinhos vermelhocorpao cross frikscontos eroticos casada viu pauzao do mendigocontos eróticos meu bundao está seduzindo meu filho contos com mulheres musculosascontos teen sexoespiabno a irma troca de roupa e tranza com ela porno.doidogozando na bócá da negra casadasexoporno com agretmuler m as calcinhas lancesda xoxotascontos erotico da irma batendo punheta no irmao machucadomundobicha gangorraeu confesso minha esposa voltou toda arrombada e gozada