Vida de universitário é foda 5

Uma semana depois toda a galera resolveu ir em uma baladinha. Cidade pequena nunca tem algo assim sempre, mas quando tem eles levam a sério. Estava tudo muito bom, a música, o clima e as companhias, já que o Victor e Paty estavam convivendo no mesmo espaço numa boa. Tava tudo ótimo, arrumei uma guria e fiquei com ela. O Murilo seguiu o exemplo e saiu com uma loira de arrasar quarteirão.

Depois de um tempo eu fui no banheiro com o Victor e o Manoel. Eles estavam discutindo entre eles alguma coisa relacionada a Thaís, de como ela estava estranha, mas eu nem dei bola pro assunto. Quando voltamos ela já não estava mais por lá, perguntei para os outros onde ela estava e ninguém sabia dizer. Saí feito maluco pra procurar ela, porque no tempo em que estivemos juntos eu percebi que quando ela tá sofrendo o isolamento é o refúgio. A encontrei do lado de fora, em pé e aparentemente esperando um taxi. Quando ela me viu, veio correndo e me abraçou. Ver ela chorando me cortou o coração.

_O que houve?

_Eu preciso sair daqui, por favor, me ajuda Rafa.

_Tá, mas o que aconteceu?

_Eu acho que tô grávida.

Levei um susto danado. Nem sabia o que dizer, não esperava que uma menina tão centrada iria estar passando por uma situação dessa.

_A quanto tempo você tem desconfiado?

_Uma semana, minha menstruação tá atrasada e ela nunca se atrasa, eu não sei o que fazer, eu sei que tô grávida. O meus pais vão me matar, eu não sei o que fazer!!

_Quem é o pai?

Mais choro, dessa vez torrencialmente.

_O Murilo.

Muitas coisas se passaram pela minha cabeça, e eu não estava gostando do rumo dessa situação. Consegui um taxi e fomos pra minha casa. Não conversamos nada durante o trajeto, apenas quando entramos no meu apê.

_Eu não sabia que vocês estavam tendo um caso! Desde quando? Por que ninguém me disse?

_Nós só transamos uma noite...... aqui. Foi num final de semana que você foi pra casa dos seus pais e ele ficou sozinho aqui. Nós tínhamos saído com o Manoel, e na volta o Murilo foi me deixar em casa, mas nós estávamos um pouco alterados por causa de algumas doses que tomamos na rua.... e eu não sei, acabamos se beijando no caminho e acabamos vindo pra cá. E rolou o sexo. E agora eu estou nesta situação!

_Eu não acredito que vocês não se cuidaram! Muita irresponsabilidade de vocês! Caramba, e quando é que você vai contar pra ele?

_Eu.....eu não tenho coragem de olhar na cara dele e dizer uma coisa dessa. Por favor Rafa, eu sei que não é problema seu, mas eu preciso de ajuda. Eu não sei o que fazer, estou sem reação.

_Olha, eu vou te levar em casa, e eu mesmo vou contar pra ele. Acho que na situação que você está.... essa é a melhor solução.

Coloquei a Thaís num taxi e fiquei esperando o vadio do Murilo voltar. Não sei por que, mas eu não havia gostado da história de ele ser pai. De ter saído com minha ex (e nossa amiga) e de ter transado com ela aqui em casa. Será que foi onde? Sala, quarto ou MEU quarto? Já estava ficando bravo com todas essas questões e também pela demora do infeliz. Por fim, cansei de esperar e fui dormir.

No outro dia, quando levantei ele já não estava mais, o que eu achei estranho, pois ele deve ter chegado muito tarde e ainda deixou a mesa do café pronta pra mim. Fui tomar café, lavei a louça suja e fui mexer no facebook. Umas duas horas depois ele chega, com os olhos vermelho de tanto chorar e o cabelo todo revirado, como se estivesse sempre passando a mão na cabeça. Ele me olhou, abaixou a cabeça e foi pro quarto dele. Provavelmente ela havia contado pra ele antes de mim, e sendo assim deixei ele ter um tempo sozinho.

Fiz o almoço e fui chama-lo para vir a mesa. Ele saiu e me abraçou, chorando de novo. Chorava tanto que soluçava a todo instante.

_O que foi que aconteceu comigo! Eu não queria estar nessa!

Pensei um pouco em falar algumas coisas, mas resolvi pegar leve.

_Bom, já está feito. Pelo visto vcs conversaram, o que decidiram?

_Se ela estiver mesmo.....esperando um bebê, eu vou.....assumir. Vamos em uma clínica amanhã para fazer o exame de gravidez.

_Que bom que vcs estão se comportando como adultos, depois de terem cometido um erro de adolescente. Poxa cara, e a camisinha? Na hora tú não pensa em nada? Doença, gravidez? Fala sério!

Ele chorou mais ainda, me abraçou e pediu pra mim ir com eles nessa tal clínica com eles.

No outro dia, entramos em uma clínica muito sofisticada ( a Thaís era da grana). Acho que eu estava mais nervoso do que os dois irresponsáveis. Eles são jovens para ser pais, pelo fato de que estão estudando, ainda não trabalham e tal.

Fizemos os exames, e num curto período de tempo, ligaram lá em casa ligando que o resultado estava disponível. Quando chegamos lá, fomos imediatamente conversar com a Dra. responsável.

_Bom, acredito que poça ser uma grande decepção ou uma grande alívio, mas.... o exame não constou uma gravidez. Sua menstruação atrasou por outro motivo, tudo dentro da normalidade.

Quando ela disse isso os dois começaram a chorar e se abraçaram. Já do lado de fora me agradeceram por apoia-los durante esse momento complicado. Chegando em casa, só eu e ele percebi que eu também estava muito aliviado, feliz. Por que assim eles não teriam essa criança que no momento era indesejada, e meus amigos não teriam que mudar a rotina drasticamente.

_Cara, obrigado por ir com a gente e dar o maior apoio! Você não existe mano! Tô tão feliz, tudo não passou de um susto.

_De boa cara, mas da próxima vez, se lembra de se cuidar.

_Sim, nunca mais quero passar por uma situação como essa. Mas.....hã, eu queria pedir desculpas por ter ficado com a sua ex aqui em casa.

_Relaxa, ex é ex. Além do mais, já disse que você pode trazer qualquer pessoa aqui.

_Você realmente é um grande amigo, um irmão! Te amo cara!

_ hahahahahah não fala comigo assim que eu não sou teus nego! Tbm te considero pakas! Brother forever!

Mais alguns dias se passaram, estava tudo normal. A rotina continuava a mesma, com os velhos problemas. Eis que chega um fds tão aguardado por todos da minha turma da facul, um churrasco com alunos e os professores mais legais. Alugamos um sítio com piscina e ótima área de lazer, para que o churras rolasse a vontade. Bebida não faltava, e nesse ritmo o pessoal estava ficando meio “alegre”, falando e fazendo besteiras. O Murilo não estava bebendo, porque ficou de motorista da rodada (meu pai me emprestou o carro). Como eu tava muito afim de beber e ele disse não estar afim, eu entrei com tudo na tequila, o que me deixou sem nenhum juízo.

Teve um momento em que eu me afastei do pessoal, andando sem direção pelo pasto que havia por lá. Eu estava consciente do que estava fazendo, e a bebida ajudava a tomar decisões ousadas. Não demorou muito, quando eu já estava longe da casa, o Murilo me grita e vem correndo ao meu alcance.

_Hey- disse ele se aproximando- Tá louco cara!? Vai onde?

_Tô só dando uma volta, pode voltar. Não precisa cuidar de mim!

_kkkkkkk olha só pra vc! Quase caindo! Vou andar com você então!

_Blz, vc que sabe.

Andamos mais um bom pedaço, eu falando coisas sem importância e ele rindo. Ele estava lindo-sim, ele estava me deixando vidrado naquela boca linda- e por isso eu acabei observando cada vez mais os seus movimentos. Ele era meu melhor amigo, meu confidente, meu colega de casa, e pensando nisso fui chegando mais perto dele.

Quando eu fui me aproximando ele foi parando de falar e dar risadas, ficou só me observando. Então cheguei bem perto e disse:

_Mano, tú é lindo!

_kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk tá bom, hora de te levar pra casa! Vem, vamos chamar os outro que vão com a gente!

_Não, eu não quero ir!- fui me aproximando_ Eu quero isso...

Nesse momento eu o beijei, segurei ele pela cintura e estava descarregando aquela vontade gigante que surgiu dentro de mim. Percebi que ele ficou assustado, não correspondeu de início. Sendo assim, parei e fiquei observando sua expressão, esperando que ele dissesse algo, mas ele só me olhava com curiosidade, divertimento no rosto. E depois de alguns instantes, foi ele quem tomou a iniciativa.

O beijo estava cada vez mais intenso, prazeroso e marcante. Eu estava amando a sensação, eu queria ficar ali daquele jeito por muito tempo. Mas do nada ele levantou-se e saiu correndo. Parou alguns metros adiante, colocou as mãos na cabeça e voltou a me encarar. Foi quando ele começou a retornar.

_Vamos, precisamos ir pra casa. Você precisa de um banho gelado urgentemente.

_Hey, eu quis te beijar, não fica assim não....

_Para, amanhã quando você estiver melhor conversamos.

Sem me deixar argumentar, fomos pra casa em uma viagem sem diálogos.