Minha história, minha luta, minha glória 20
- Pai! O senhor acordou!- eu entrei em prantos, mas dessa vez por felicidade- o senhor ouviu quando eu disse que o amava?
- Na verdade.. eu ouvi tudo...- ele falou com um pouco de esforço- eu acordei... quando sua mãe estava... aqui.
- O senhor sabia que eu ia entrar?- eu não estava acreditando- e não se opôs?
- Ah, meu filho... Quando você passa... pelo que eu passei...- ele falou- eu tive medo... de não te ver mais...
- Eu também, pai! Eu também!- eu estava apertando muito a mão dele- se isso acontecesse, eu nunca me perdoaria... Eu sinto muito, pai, eu não queria mesmo magoar vocês.
- Eu sei. Agora eu sei- ele falou um pouco melhor- eu fui ao seu quarto um dia desses. E sentei na sua cama. Pra sentir seu cheirinho, pra lembrar de quando eu entrava no seu quarto e do seu irmão de madrugada só pra ver se estavam bem e dar mais um beijo de boa noite. Aí eu ouvi um barulho. E achei um garfo caído no chão.
- Pai... Não era pro senhor ver isso- eu falei- não é algo que eu me orgulhe de ter feito.
- Era pra eu ter visto sim. Foi Deus que fez aquele garfo cair do canto da sua cama- ele falou chorando- sujo de sangue velho e seco. Você disse a verdade quando falou que se autoflagelava, que se furava quando pensava em homens, quando sonhava com um. Verdade?
-... sim. Mas vocês não precisavam ver ou mesmo saber disso- eu falei com vergonha- eu fiz o possível pra não ser como eu sou, pai. Mas é só agora que eu sei o que é ser feliz.
- Eu sei. Não se pode ser feliz fingindo ser o que não é- ele falou- meu filho, naquele dia, meu mundo caiu. Mais do que quando você me falou sobre sua sexualidade. Porque eu vi o quanto você sofreu debaixo do meu teto por medo de me desagradar... Por medo de mim, seu pai, que sempre me considerei seu melhor amigo...
- O senhor é, pai- eu disse- o senhor é meu melhor amigo.
- Não sou. Nunca fui. Eu não sabia nada de você- ele disse- e eu te expulsei da nossa casa em um momento em que você precisava de mim. Nesse dia, eu me senti um merda. Eu fui o pior pai do mundo.
- O senhor não conhece o pai do Otávio...- eu falei mais pra mim do que pra ele- o senhor não é o pior pai do mundo. Esquece isso.
- Não posso. Dói muito pensar no que eu te fiz passar- ele disse- naquele dia, eu quis morrer. Eu peguei minha arma e coloquei na boca, pronto pra atirar. Mas sua mãe entrou na hora e tirou a arma da minha mão.
- Pai! Nem pense em uma coisa dessas, pelo amor de Deus!- eu disse- o senhor é muito importante pra todos nós!
M
- Meu filho, me perdoa! Por favor, me perdoa!- ele disse- eu estou tão arrependido! O que eu fiz foi desumano!
- Claro, claro que te perdoo!- falei abraçando ele na cama- nem precisava pedir!
Nessa hora, acho que por ter ouvido nossas vozes, minha mãe abriu a porta, e logo atrás dela estavam meu irmão e Otávio. Ela entrou no quarto e correu pra abraçar meu pai também. Depois meu irmão entrou e ficamos os quatro abraçados, chorando. Olha, achei que a gente há inundar o quarto de lágrimas, sinceramente!
Otávio ficou lá na porta olhando, com um sorrisinho meio alegre, meio triste nos lábios. Eu sei o que ele estava pensando. Queria que a família dele fosse mais parecida com a nossa, com certeza. Meu pai se arrependeu do que fez, mas o seu Gedeão tinha um coração de pedra.
Nesse momento, nós fomos aos poucos saindo de cima do meu pai, e só ficamos segurando suas mãos. Ele soltou a minha mão e esticou, chamando Otávio pra entrar no quarto. Ele hesitou, e olhou pra mim e pra minha mãe com um rosto muito surpreso.
- Por favor, vem aqui, rapaz- meu pai falou pra ele- eu não mordo, não. Só quero falar com você.
Otávio foi andando até meu pai de cabeça baixa, estava ficando vermelho igual um pimentão. Nessas horas eu dou graças a Deus de meu pai ser negro, por que se eu tivesse puxado só pro lado da família da minha mãe... Eu ia ser igualzinho, ficar vermelho fácil.
- Bom dia, Tenente Freire. Meu nome é Otávio- ele esticou a mão e meu pai a pegou e apertou- é uma honra conhecer o senhor.
- É Tenente coronel, Otávio- meu pai falou sério. Mas abriu um sorriso, puxou Otávio pra abraça-lo e disse- mas pra você é Marcos ou sogro, ou pai, o que você preferir.
Caraca! Minha mãe e meu irmão estavam tão boquiabertos quanto eu devia estar! Eu estava sonhando ou o quê? Meu pai abraçando meu namorado e pedindo pra chamar ele de sogro? Cadê o Coelho branco? Cadê o Chapeleiro e o gato? Nossa, aquele momento nunca, nunca vai sair da minha memória.
Otavio começou a chorar também. Eu sei o que o emocionou naquele momento, mas eu não iria falar nada. Agora, aquele momento também era dele. Pela primeira vez eu me senti completo, preenchido por um sentimento de total e incontrolável felicidade. Minha família estava inteira de novo. Que paz. Era um sonho se realizando, sabe? Ei, eu tenho consciência de quanto eu sou abençoado. Sei que muitos que estão lendo essa narrativa não tiveram a mesma sorte. Mas saibam, leitores, que eu desejo do fundo do meu coração que um dia todos nós, homossexuais, vamos viver em um tempo em que poderemos levar nossos namorados em casa e apresenta-los, sentar com eles diante de nossas famílias sem que isso seja tabu. Eu tenho isso. E desejo o mesmo a todos, pois é uma sensação maravilhosa.
- Muito, muito obrigado por ter cuidado do meu filho quando eu não soube cuidar- disse meu pai abraçado a Otávio- você terá pra sempre minha gratidão, minha amizade e meu apoio incondicional. Muito obrigado, meu genro.
- Ah, seu Marcos, eu nem sei o que dizer!- disse Otávio. Me surpreendeu ele estar sem palavras- eu só fiz o que qualquer um teria feito. Eu amo seu filho, de verdade. Eu nem sei como, nem porque esse sentimento aflorou, de maneira tão repentina, tão diferente, mas aconteceu. Eu nunca vou sair do lado dele!
- Você sempre será bem vindo à minha casa- disse meu pai, soltando Otávio os poucos- e quero conhecer seus pais também. Vamos fazer uma feijoada pra celebrar.
Otávio olhou pra mim, eu olhei pra ele. Meu pai notou a troca de olhares e perguntou:
- O que foi? Seus pais não gostam de feijoada?- ele falou- a gente faz outra coisa, sei lá.
- Não é isso, pai. Tenho certeza que Otávio e os pais dele adoram feijoada- eu falei sem graça- eles não gostam mesmo é de mim. Do nosso relacionamento.
- Não fica assim, Doni. Às vezes acho que meus pais não gostam nem da Olga ou de mim- Otávio falou- e eles têm outras prioridades, família com certeza não é a primeira. Pelo menos não pro meu pai. Mas poderíamos convidar a Olga, minha irmã mais nova, seu Marcos, o que acha?
- Perfeito! Ela é gata?- falou meu irmão- se for, me apresenta!
- Meu filho, você está namorando!- disse minha mãe- e tenha mais respeito com a irmã do Otávio!
- Não se preocupe, dona Yolanda! Eu sei como é essa fase- falou Otávio. É, fase essa que dura até hoje...- mas Olga tem 22 anos, você tem 15, Diogo. Não acha ela um pouco velha pra você?
- Não tenho esse tipo de preconceito. Olha você e o mano, são quase seis anos de diferença. E estão dando certo!
Nós rimos da argumentação do meu irmão galinha e graças a Deus o constrangimento de termos mencionado seu Gedeão e dona Úrsula passou. Ficamos mais um pouco com meu pai até que uma enfermeira viu a vuca no quarto e nos expulsou pra que meu pai pudesse descansar. Voltamos pra casa, Otávio e eu, e de certa forma a nossa rotina quase normal, haja em vista que eu estava suspenso e ainda tinha a sexta feira pra cumprir. Ou seja, naquele dia seria o último da semana de suspensão que o diretor me deu. E só faltava uma semana de aulas pra terminar o semestre letivo, já que junho mesmo já tinha acabado. Mas nós levávamos as aulas até a primeira semana de julho, sabe como é vestibulando. Então ainda teríamos aquela última semana de aulas, que seria a primeira de julho.
Naquele final de semana, meu pai recebeu alta, e eu fui junto com Otávio ajudar a levar ele pra casa. Ele ainda estava debilitado, mas senti que com repouso logo se recuperaria do susto (e que susto!) que levou. Combinamos que iríamos fazer o almoço de celebração no outro fim de semana, e que Otávio iria convidar a irmã para almoçar conosco. Só a feijoada foi abolida, afinal um homem que acaba de sair de um infarto não pode exagerar na dieta, né? Então tivemos a ideia de que iriamos cedo pra casa dos meus pais e Otávio e minha mãe juntos fariam o almoço, um sonho, né? Eles passaram a semana toda conversando e decidindo por telefone o que seria o almoço. Olga aceitou o convite pra almoçar na minha casa, parecia super feliz com o convite. Eu me perguntava como o seu Gedeão e dona Úrsula tinham conseguido criar esses dois tão bem se eram duas pessoas tão podres. Bem, nesse quesito estava tudo bem, na medida do possível. Fora os pais do meu magrelo e alguns tios meus, as pessoas que nos importavam estavam nos apoiando.
Segunda voltei pra escola e reencontrei meus amigos. Quando contei tudo que tinha acontecido pra minha galerinha, eles ficaram boquiabertos, claro. Eu aproveitei e convidei Évora, Brunno, Maria e Neto pra irem no almoço na minha casa. Afinal, eles eram parte fundamental da minha história, da minha vida. Eles toparam e combinaram de juntar uma grana pra pra fazer a sobremesa, que ia ficar por conta dos dotes culinários das duas. Brunno e Neto eram uma negação na cozinha, fato.
Paula não foi às aulas a semana toda, pra minha alegria. Disse uma amiga dela, uma tal de Melzinha (outra periguete), que ela estava passando mal com enjoos, pois estavam no terceiro mês de gravidez, quase quarto, já.
Gehardt ficou sozinho. Afinal, Brunno e Évora se afastaram dele por causa do que ele fez comigo, e fora a gente, ele tinha pouco contato com a maioria do pessoal da sala. As aulas seguiram normalmente, apesar de que quando Régis entrava em sala, me olhava feio o tempo todo. Ele era esquisito. E eu cruzei com Plínio umas duas vezes pelos corredores da escola e ele sorriu pra mim com uma cara de safado, o saliente.
Chegou o último dia de aula, e fomos. Eu não contei ainda, eu acho, mas eu não entrava na escola com Otávio. Ele me deixava dois quarteirões de lá e eu ia andando, mesmo depois que o tio dele ficou sabendo de tudo. Meus amigos sabiam, agora Neto e Maria também (eles inclusive ficaram chateados por não termos contado antes), mas poderia ser muito prejudicial pro Otávio, já que os alunos provavelmente perderiam o respeito por ele. No meio da aula, faltou energia. Como as salas de aula tinham as janelas pintadas de verde, não passava luz. E estávamos dentro de uma caixa de concreto, o calor, sem os aparelhos de ar condicionado, cozinhariamos naquele forno. Então depois de vinte minutos esperando a energia voltar, meu amor entrou na sala.
- Pessoal, um transformador de energia aqui perto explodiu, então não podemos continuar com as aulas- ele disse- então, como hoje é o último dia de aula mesmo, tá todo mundo liberado!
- Êêêêhhhh!!!- todos gritaram.
Pegamos o material e descemos correndo. Então Évora deu uma excelente ideia (será?):
- Pessoal! Tive uma ideia! Porque não descemos pra Doca e vamos no Me Beija?- ela perguntou- é daqui a uma hora, e a gente pode ficar na pipoca!
O Me Beija era um carnaval fora de época, uma micareta que iria rolar naquele dia. Nem me lembrava disso, não curto muito essas coisas. Não tínhamos abadás, mas como ela disse, poderíamos ficar na pipoca, ou seja, no meio da multidão que ficaria ao redor da micareta apenas acompanhando o som e bebendo um pouco.
Maria ficou apreensiva, pois não estava acostumada à essas coisas, sua religião condenava esse tipo de festa, mas Neto insistiu tanto que ela aceitou. Acho que na verdade ela ficou com medo de levar um chifre, pois Neto podia não ser um mega gato, mas não era feio e as pipiras estariam todas lá. Brunno topou na hora, claro. E fiquei meio sem graça. Não curto axé, não sou de festa. Mas, o argumento de que era o último dia de aula e ficaríamos três semanas sem nos ver, sem contar o almoço do dia seguinte, me convenceu. Agora, pode me chamar de antiquado, de canoa, do que quiser, mas eu liguei pro Otávio e pedi permissão. Afinal, mais do que meu namorado, ele era praticamente meu marido naquele momento. Eu estava ainda morando no apartamento dele, e se eu chegasse tarde, era no apê dele que eu ia chegar; se acontecesse algo comigo, de certa maneira, ele estava responsável por mim. Então, pedi mesmo e não tenho vergonha disso.
Ele achou que tudo bem, sabia que eu não beberia, que eu estava com amigos responsáveis e ele não morava longe de lá. Eu poderia ir andando, mesmo que fosse um pouco perigoso. Mas eu não iria tarde, ja que o Me Beija acabaria antes das nove, começando as cinco da tarde.
Quando estávamos virando a primeira esquina pra descer pra Doca, ouvimos um ei atrás de nós. Eu conhecia aquela voz meio esganiçada de tampinha. Era o Guê.
- Vocês estão indo pro Me Beija?- ele falou meio sem graça- posso ir junto? Eu não queria ir sozinho. E eu preciso muito falar contigo, Donovan.
Eu fiquei em silêncio. Não sabia o que responder. Olhei pra galera e pra ele, mas percebi que eles não se oporiam se eu dissesse sim. Eu queria dizer pra ele sumir, se foder, explodir, dar um murro na cara dele. Mas apenas disse:
- Chega aí, baixinho.
Ele veio andando rápido e abriu um sorriso enorme e lindo. Neto o abraçou, gostava muito dele. Brunno o cumprimentou normalmente. Maria foi um tanto fria com ele e Évora... Acho que só não lhe deu um chute porque não podia. Nem olhou na cara dele. Talvez eu devesse fazer o mesmo. Mas sempre houve algo em Gehardt que me atraiu pra ele além de qualquer noção de certo ou errado.
Fomos descendo e ele não falava nada. De repente pegou minha mão numa área mais tranquila e me pediu pra esperar, queria falar comigo.
- Podem ir na frente- ele disse- tenho umas coisas pra acertar com o gigante.
O pessoal quis ficar, mas eu fiz que sim com a cabeça e ele seguiram meio a contragosto.
- O que você quer?- falei olhando nos olhos dele- deixar claro que me acha uma bicha nojenta?
- Eu nunca pensei isso. Nunca- ele falou- quero te pedir perdão.
- Nunca achou isso? Não pareceu quando você fez um escândalo na frente da escola- eu disse- você é um duas caras, moleque!
- Não sou! Eu tive que fazer aquilo!- ele falou desesperado- meu irmão estava parado no carro do outro lado da rua! Se eu não tivesse feito aquilo, ele ia contar pra minha mãe o que ele viu!
- Ah, é? Então porque você não falou isso pra mim na época?- falei com raiva- porque continuou contando mentiras na sala, dizendo que eu tinha te assediado e que te ligava várias vezes, até de madrugada?
- Não, não! Eu nunca disse isso!- ele falou- isso tudo foi invenção da vaca da Paula! Não fiz isso!
- Mas também não desmentiu!- eu disse- deixou ela falar o que quisesse, não me defendeu.
- Eu não podia, juro!- ele falou- meu irmão colocou gente do colégio pra me vigiar! Ele está pagando gente na escola pra monitorar meus passos!
- Ah, conta outra!- eu estava p da vida com ele ainda me vem com desculpa esfarrapada- quer saber, tu queres meu perdão? Pronto, estás perdoado! Agora, não me peça pra que seja como antes, não vai ser. Ainda tô puto com aquela mensagem banca que tu me enviou!
- Não foi babaca! Eu me senti traído!- ele falou parecendo ofendido- você vai na minha casa, diz que me ama, rola o maior clima, a gente se beijou, eu te chupei até, mais um pouco eu tinha até te deixado tirar minha virgindade, e tu me aparece num vídeo dando pra outro?
- Olha já! Ah, vai à merda, Gehardt!- eu falei puto- antes de eu dar pra outro, não se esqueça que você me humilhou na frente da escola inteira! E o que foi, ficou com ciúme do que viu?
- Fiquei. E não foi pouco- ele disse, pra minha surpresa- eu quero ficar contigo, cara! Quero ser seu. Foda-se meu irmão, ele não precisa saber.
- Você está louco, pirralho?! De onde você tirou isso?- eu falei surpreso- eu tô namorando, tô com um cara maravilhoso, que me trata super bem, que até já conhece meus pais, meu filho. Você perdeu sua chance.
- Ah, é? Então olha nos meus olhos e me diz que não sente mais nada por mim- ele falou com um sorrisinho de canto de boca- anda, fala. Que se eu te beijasse você não ia corresponder, que se eu te desse a chance aqui e agora, você não iria devorar meu corpo? Anda! Se você quiser, ele é seu. Deixa esse cara e fica comigo, gigante. Eu sei que você quer.
- Você só pode estar bêbado de novo, moleque- eu disse- não preciso responder isso, você não merece nem a resposta.
- Não consegue dizer, não é?- ele falou sorrindo- não consegue dizer porque ainda me ama! E eu quero você!
Ele pulou e me deu beijo. Eu o segurei, pelos braços, pois sou maior, mas ele se atracou no meu pescoço prendendo os braços muito fortemente. Assim que consegui me soltar um pouco, eu o empurrei.
- Ficou louco, moleque! Nunca mais faz isso, ouviu?
- Você gostou, correspondeu! Eu sei que tenho esperança agora!- ele falou parecendo uma criança- vou descobrir quem é o cara que está contigo, e vou fazer um inferno na vida de vocês dois, mas no fim você vai ficar comigo. Eu sempre tive tudo que quero, você não vai ser diferente.
Ele virou e voltou m direção à escola. Nem ia ao Me Beija, o safado. E o pior é que ele tinha razão, eu correspondi. Por um segundo, mas eu o beijei de volta. E realmente, eu ainda sentia algo por ele.