Brutalidade - capítulo 17 C
Parte C
Antes que pudesse ver meu amor fui arrastado para fora da academia por Wes e seus amigos, do lado de fora uma viatura da policia me esperava, acabei sendo preso. Mesmo o treinamento no exterior estando quase no fim eu não deveria estar no Brasil, e isso acabou irritando meus superiores, a recepcionista de Wes chamou a policia quando invadi a academia e eles usaram isso para me punir, deixar um tempo atrás das grades.
Aquela noite enquanto estava em minha cela isolada a tristeza era angustiante, até quando meu erro me perseguiria, meu mau julgamento me fez abandonar Gil e agora o destino teimava em nos manter distantes.
Na manha seguinte Júlio veio me ver, abriu minha cela e se sentou ao meu lado na cama.
“Anda, desembucha cara, o que está acontecendo?”
“Eu estou com uns problemas, só isso Júlio.”
“Não Drezão, eu te conheço a anos, você frequenta minha casa, conhece minha esposa e meus filhos. Você sempre foi a pessoa mais correta que eu conheci, esse comportamento, essa loucura, isso não é típico de você.”
Eu abaixei a cabeça e coloquei-a entre as pernas.
“Anda Drezão, cara, eu quero mesmo te ajudar, mas você tem que ser sincero comigo.”
Eu tomei folego. “Sabe o garoto que eu pedi para você ir ver no hospital?” ele apenas confirmou com a cabeça. “Eu estava namorando ele a uns meses atrás, ele foi o motivo de ter aceitado aquele treinamento maldito no exterior.”
Júlio estava chocado, ele se levantou e caminhou na minha frente, de um lado para o outro, processando a informação.
“Mas cara, você? Você era o maior pegador! Eu bem que estranhei quando você aceitou embarcar naquela furada, ninguém queria participar daquela merda...”
“Eu me apaixonei cara, amor de verdade. Eu não consigo viver sem ele.” E falar isso em voz alta só tornava tudo mais difícil, olhei para minhas mãos e elas tremiam levemente. Júlio me analisava, para minha surpresa não havia julgamento em seu olhar, apenas tentava compreender a situação.
Finalmente ele entrou em acordo consigo mesmo e sentou novamente ao meu lado.
“E você confiou tudo isso ao Ivan?”. Nossa amizade foi muito forte desde que nos conhecemos, e ele nunca se deu bem com Ivan.
“Você deveria ter sido mais esperto Drezão, Ivan sempre teve inveja de você, todo mundo via. O cara tem uma obsessão doentia.”
“Não cara, isso é loucura, ele sempre me ajudou, sempre esteve ao meu lado. Desde criança.”
Seria possível? Será que som ente eu não havia visto ate agora a pessoa terrível que meu melhor amigo era? Eu tinha que encontrar ele, cara a cara, falar com ele.
“Eu entendo você, mas a verdade é que ele pode ter machucado o homem que você ama, provavelmente teria matado ele.”
Um calafrio percorreu minha espinha, meu estomago revirou. Gil morto.
Julio colocou uma mão no meu ombro.
“Vem, vamos sair daqui e procurar umas respostas, você agora não está mais sozinho nessa, meu amigo.”
Eu poderia ser um bom policial, mas Júlio era um detetive melhor, em poucos dias tínhamos pistas precisas de onde Ivan estava, estávamos passos atrás dele e encurtando a distancia. Nesse tempo eu deixava Júlio trabalhar em seus contatos e ia atrás de Gil, ele parecia estar melhorando, estava saindo de casa, parecia meio fraco, mas se recuperava, eu queria tanto me aproximar. Mas eu sabia que assim que tivesse ele em meus braços meu foco se perderia, eu tinha que encontrar Ivan primeiro.
E tinha Wesley, o rapaz sempre estava por perto, se agarrando a Gil, principalmente quando percebia minha presença. Me doía o coração quando Gil repentinamente levantava a cabeça e procurava ao redor por algo desconhecido. Ele estava procurando por mim, ele sentia minha presença, o rato de academia percebia isso também e isso o deixava ainda mais irritado.
Finalmente tínhamos uma pista solida de Ivan, ele estava entocado na mesma cidade, nunca havia saído daqui, todas as pistas que seguimos dele tinham sido falsas. Na manha seguinte ele sairia de seu esconderijo e Júlio e eu o pegaríamos. Minha intenção era ficar concentrado, mas Antero iria inaugurar sua nova boate naquele mesmo dia e Andréia queria que eu fosse sua companhia. Acabei cedendo e o ambiente era legal.
“E então, já falou com o Gil?” Antero falava ao meu ouvido no meio da multidão dentro da boate.
“Ainda não mano, eu tenho que resolver esse problema antes.”
Ele me lançou aquele olhar reprovador que só irmão mais velho sabe lançar.
“Eu não sei como você aguenta, se fosse comigo eu teria passado por cima de qualquer coisa para ter a mulher que eu queria.”
“Você nem faz ideia mano....” e aquela frase dizia tudo, todo segundo longe de Gil era uma tortura, meus nervos não respondiam e meu corpo tremia o tempo todo. Fui tirado do meu devaneio com um cutucão de Antero.
“Parece que a situação vai ficar mais feia para você.” Então ele apontou para a entrada da boate.
E lá estava meu amor, olhando curioso ao redor, parecia estar ali a contra gosto. Usava uma camiseta gola ‘V’ vermelho sangue e calça jeans preta justa, os cabelos cacheados agora caiam em seu rosto e estavam curtos atrás, não passando do pescoço, eu não conseguia parar de olhar para ele que se aproximava cada vez mais, então percebi que Andréia me puxava na direção dele. Antero chamou atenção de Gil, e quando ele olhou para nós eu consegui fugir em um grupo que dançava ao meu lado, ele não me viu, eu me afastei e fiquei olhando para ele, encostado na parede, suava frio. O jeito que a camiseta grudava em seu corpo, o delineamento daquele abdômen lindo, eu sentia minhas mãos passando por ele. Eu não iria aguentar vê-lo ficando com alguém na minha frente.
“Você não vai mesmo falar com ele.” Antero tinha me encontrado, ele era capaz de achar qualquer um na multidão, era o dom dele. Viu minha cara de medo e suspirou fundo.
“É o seguinte seu tolo, desde que você o abandonou eu vi aquele menino vir aqui e dar o fora em todos que se aproximavam, eu aposto que ele não sabe, mas ele está se guardando para você, mesmo com aquele outro namorado dele ele não se entregava, sempre mantinha uma certa distancia. Ele está esperando você e você se recusa a dar até isso para ele.”
Então eu vi um carinha se aproximar de Gil, dançou um pouco ao redor dele (deus, será que Gil tinha noção do quão provocante ele era enquanto dançava?), enfim, o carinha foi dispensado rapidamente. Olhei para Antero e ele me sorriu de volta.
“Quer saber de uma coisa, não vou ficar aqui olhando vocês dois se torturarem, aquela porta ali dá na darkroom, entra lá e espera as luzes piscarem, quando elas piscarem você fica de frente para a porta, e vê se não vacila agora, mané!”
Dito isso ele me empurrou para dentro da darkroom. Eu esperei por volta de cinco minutos ao lado da porta, já não fazia ideia do que Antero queria, esperei cinco minutos então as luzes piscaram, me posicionei de frente para a porta e de repente alguém praticamente voou nas minhas mãos, eu amparei por instinto e então meu coração parou, seu cheiro me invadiu, era meu Gil.
Ele também congelou nos meus braços, nossos corpos se reconheciam, mesmo sem conseguirmos ver um ao outro. Eu não queria que fosse daquela maneira, mas era muito tempo precisando dele, muito desejo e amor para simplesmente deixa-lo ir, eu tinha que marcar ele, entrar nele, torna-lo meu novamente.
Eu o arrastei até a parede e meu desejo tomou conta de mim, eu estava em sua boca, suas calças, se eu pudesse entraria no seu corpo completamente.
Minhas mãos procuraram seu anel, que eu conhecia tão bem, ele se encolheu e eu tive consciência de que alguém realmente havia abusado dele, eu prometi matar Ivan quando o encontrasse. Mesmo machucado e magoado ele não parou meu avanço, ele me desejava tanto quanto eu o desejava.
E quando ele começou a chorar senti minhas lagrimas descendo também. Em um instinto primal eu lambi as lagrimas que desciam em seu rosto enquanto ele tremia sob meus braços. Ele capturou minha língua e chupou ela com força, com necessidade, foi minha vez de gemer indefeso. Depois de tanto sofrimento e privação meu amor estava ali em meus braços. Eu queria falar, eu queria implorar, mas o nó na minha garganta me impedia de qualquer coisa. Tudo fluiu e quando dei por mim eu o tinha enlaçado em minha cintura e prensado contra a parede, meu pau forçava sua entrada, ele ainda confiava em mim para possui-lo daquela maneira desprotegida. Eu tremia, meu corpo pulsava. Eu senti cada milímetro da carne que penetrava e quando eu estava completamente alojado dentro do que era meu por direito deixei escapar um grunhido.
“Meu.” Eu não acreditava, sempre que estava dentro dele eu tinha que assegurar a mim mesmo que ele era meu, que eu não me perderia naquele momento, que não era uma ilusão.
E sua resposta veio imediatamente, sem pensar. “Sim, Drezão, só seu, sempre fui seu!”
O mundo estava certo novamente naquela hora, mesmo naquele lugar, cercado de pessoas estranhas eu tinha meu mundo nos meus braços, quanto mais eu dava para ele mais ele queria. Ele me queria, seu corpo queimava. Ele parecia tão frágil em meus braços, prensado contra a parede enquanto eu afundava meu pau nele cada vez mais forte. O nó na minha garganta cresceu, eu pensei em tudo que ele tinha passado até aquele momento. E se ele chegasse a conclusão de que só sentia mesmo tesão por mim? E depois desse ato nunca mais quisesse me ver novamente, era justo não era?
Eu congelei, eu precisava dele, não podia perder meu amor. “Você ainda me ama?”
O tempo parou ao meu redor, ele sempre conseguiu tirar o melhor de mim e trazer a superfície, e mesmo ali naquela sala escura, só o toque dele trazia minha fragilidade e necessidade a tona, eu sempre fui mais forte, mas era escravo daquele moleque enlaçado em minha cintura. A resposta dele decidiria meu futuro. Naquele momento só existia eu e ele naquele universo.
“Eu nunca deixei de te amar, eu vou te amar para sempre.”
Eu não podia conter o choro e a necessidade mais, usei uma mão para suporta-lo na altura que eu precisava e a outra escorei na parede atrás dele. E então deixei fluir meses de desejo e agonia. E quando ele procurou minha boca avido senti seu leite atingir meu abdômen e seu anel enlouqueceu ao redor do meu, me fazendo coroar o momento.
Eu o abracei forte, eu pedi aos deuses que aquele momento não acabasse, que eu nunca mais perdesse aquele garoto. Mas vi Antero parado do lado de fora da darkrrom com uma toalha branca nas mãos, eu me separei de Gil, meu ciúme me fez exigir dele fidelidade, ele era meu, não podia mais negar isso a nenhum de nós dois.
Relutando e me odiando o enviei aos braços de Antero, tateei no escuro e consegui recuperar sua roupa e sai da darkroom , mandei uma mensagem para meu irmão, pedindo para dar abrigo a Gil em sua casa. Eu conhecia Gil, ele não voltaria para Wes.
Ainda com o corpo tremendo e as pernas bambas fui para minha casa e tentei dormir, imaginando quanto tempo faltava para tê-lo definitivamente na minha cama. Naquela noite dormi um pouco mais tranquilo, sentindo o cheiro de Gil em suas roupas, me preparando para a batalha do dia seguinte.