Amigo de aluguel

Estava indo, como se tornou tradicional em minhas noites de sábado, a um barzinho de rock clássico. A banda, via de regra, era formada por um grupo de pessoas que pela idade já era beneficiária da seguridade social, tocava e gritava como garotos sujos fazem em suas garagens, o som de bandas que antes de eu nascer, já figurava entre rebeldes com atitude, ao mesmo tempo em que flertava com a indústria pop. Eles, contudo, visivelmente tinham brinquedos mais caros. Sempre me instigou ver que numa cidade preconceituosa travestida de cosmopolita, como São Paulo, haviam ambientes em que você podia ser quem queria.

Da maneira como eu me vestia naquela noite, contudo, seria razoável presumir que iria para a Alôca, ou algum outro gueto GLS do gênero. Ou melhor, se eu fosse reconhecida, claro, o que segundo o espelho não seria tão fácil. Ocorre que, como não deve ser surpresa, eu gosto de rock. O mais próximo que eu poderia conseguir de saciar meu apetite musical, seria o Beco, na Augusta, mas indie rock não era a pedida da noite. No banco de passageiro, meu amigo estava em absoluto silêncio. O mesmo momento em que foi informado do meu gosto por roupas femininas, foi o momento em que ele entrou em meu carro e uma saia lápis prateada, de seda, cobria mais do corpete de vinil preto do que das minhas coxas e este, por sua vez, cobria minhas costas menos do que faziam os cabelos negros cuidadosamente escovados. Ele tentava fingir naturalidade e isso me divertia tanto que eu me senti desestimulada a quebrar seu constrangimento.

Era justo por vários motivos. Primeiro, porque passei a tarde me preparando para poder me referir a mim no feminino. Desde o enema, até as próteses externas de silicone, cuidadosamente fixadas e disfarçadas sobre meu peito recém depilado. A maquiagem, eu terminei no espelho do carro, esperando meu amigo sair de casa e este é o segundo motivo. Eu liguei às 10 da noite e ele alegou estar sem dinheiro. Eu não queria perder a diversão e me prontifiquei a bancá-lo. Essa noite, eu seria literalmente sua sugar momma. Posto isso, achei legítimo um pouquinho de tortura psicológica, enquanto observava suas mãos suadas, mexendo uma na outra, junto com uma respiração pesada, que durou até chegarmos ao estacionamento.

Perguntei se ele estava preparado para entrar e finalmente recebi, em troca, a pergunta que estava esperando. Não nos barrariam? E a resposta é não.

Sei que cometo o crime confesso de falsidade ideológica e agora o leitor é meu cúmplice, mas um ano antes, recém legalmente responsável, furtei o RG da minha irmã mais velha e deixei ela acreditar que tinha perdido. Essa noite, eu seria ela, outra coisa que me divertia. Jamais uma crente como ela se vestiria como eu estava naquele momento, que dirá, aprovar que seu irmãozinho se vestisse. Espero, um dia, que ela aprenda a fazer as sobrancelhas...

Quando esse dia chegar, faço questão de eu mesma ensinar. Embora seja notável que ela nunca me questionou por fazer as minhas. Acho que ela pensa que isso é comum entre gente moderninha como eu. O fato de eu transar esporadicamente com uma amiga, fazia minha família pensar que eu tinha namorada e isso encerrava vários problemas. Nunca fiz questão de desfazer o mal-entendido, até porque essa amiga teve relação direta com as decisões que um ano antes começaram a mudar minha vida. De qualquer maneira, meu amigo fez questão de se explicar, dizendo que não tinha nada contra e que só não curtia, mas me respeitava.

Isso nos fez rir e quebrou um pouco da tensão que havia se imposto como barreira entre nós. Saímos do carro, virei de costas para ele e perguntei se minha calcinha estava marcando, enquanto empinava a bundinha equilibrada sobre um salto 9cm. Não era uma grande bunda, mas seguramente era empinada e combinava bem com uma cintura fina. Notei novamente seu desconforto para responder que sim. Na verdade, eu já sabia. Uma fio-dental rendada, como aquela, é óbvio que marcaria. Dei de ombros e resignada, dei meu braço ao seu, enquanto rebolava rumo ao bar. Sentia meus cabelos balançando com o vento intermitente. Não sei se pelo frio, ou pelo medo de ser descoberta, ou pelo fato de tocar pela primeira vez um homem na minha versão feminina, mas eu tremia incontrolavelmente. Eu treinei muito desde que passei a morar sozinha, para evitar trejeitos caricatos. Cansei de ver vídeos, estudar, ler tutoriais, ensaiar... Mas agora, na fila da entrada, tinha a impressão de que todos os olhares se dirigiam a mim e isso era bem menos legal do que eu devaneava. A tal ponto que meu amigo tirou seu casaco e me ofereceu. Achei injusto e sugeri outra solução. Ele vestiu de volta o casaco e me abraçou por dentro do pesado pano.

Notei ali algumas coisas. A primeira é que a fila estava realmente demorada. A segunda é que a lenda de que piriguete não sente frio, não passa realmente disso: uma lenda. A terceira é que eu ficava absurdamente pequena envolvida em seus braços, de maneira que com o salto e tudo, ainda havia um pau incrivelmente duro se avolumando contra minhas ancas, o que me fez perceber o quão verdadeira era a informação de que ele não curtia. A respiração quente que vinha no meu pescoço me deixava com vontades incompatíveis com o ambiente, então me contentei em esperar confirmarem nossos nomes, rgs e telefones, para finalmente poder apreciar o bom e velho rock'n roll.

Fomos bebendo e curtindo em frente ao palco, enquanto as entradas eram liberadas e nossos corpos cada vez mais espremidos. Quase involuntariamente, novamente grudados. Eu não ia deixar de dançar por causa disso e continuei me balançando, me esfregando no corpo que se prostrou atrás de mim, sem dançar, mas entoando a plenos pulmões cânticos anglófonos em louvor à farra, como bem cabe ao cover de Rolling Stones que ali tocava. Isso, até a primeira parte do show acabar. No intervalo, pedi para sentar, porque a sandália estava fazendo meus pés doerem. Eu sei que uma sapatilha seria menos incômoda, mas eu depilei a virilha... Não ia ser qualquer dorzinha que iria me derrubar. Aliás, estava pronta para vários tipos de dor, naquela noite.

Fomos para outro ambiente, onde deu muito trabalho encontrar duas cadeiras vazias, mas perseveramos. Uma vez instalados no piso superior, começamos a conversar sobre a faculdade, preocupações e ambições, como de costume. Ali, haviamos recobrado a intimidade que marcava nossa amizade, embora notasse seus olhos por vezes se desviando para partes do meu corpo. Especialmente as mais obscenas. Foi aí que eu tomei a iniciativa e falei que estava feliz por ele ter vindo. Estava com medo de ser vítima do preconceito do meu melhor amigo. Ele sorriu e disse que a única dificuldade era respeitar a nossa amizade, naquele momento. Gargalhamos e eu não respondi, mudando bruscamente de assunto. Comecei a ser maledicente, especulando sobre outros possíveis gays do nosso círculo social. O assunto era mantido com desenvoltura, até que ouvimos a banda voltar. Peguei em sua mão e corri de volta para a pista em frente ao palco.

O melhor amigo do homem é o whisky. O whisky é o cachorro engarrafado, dizia o poeta. Devo concordar. Agora, dançavamos juntos, cantando. Novamente eu roçando animada de costas para ele e ele mais discreto, dançava com as mãos na minha barriga encerrando seus braços, que envolviam meu corpo e eram, por sua vez, envolvidos pelos meus. Senti sua respiração quente me arrepiar ao pé do ouvido, pedindo para que eu me virasse para ele. Olhei me fazendo de desentendida e meu amigo fez uma investida, mas eu me afastei. Disse que ele estava confundindo as coisas e após alguma argumentação, ele parou, voltando a me abraçar e encoxar. A verdade é que quando ele desistiu, eu me arrependi e comecei a massagear sua mão, como num movimento masturbatório, mas não houveram novas investidas. Meu desejo, apesar de ser grande, se associava a um enorme medo. Ser penetrada em sonhos, não dói.

Mas o arrependimento estava cada vez mais forte e às vezes eu olhava aqueles finos olhos castanhos e notava que me observavam. Pedi mais uma vez para sentar, no intervalo e seguimos para o ambiente superior, onde nem me dei o trabalho de procurar duas. Pedi para que sentasse e em seguida sentei em seu colo. Perguntei se ele ainda queria. Como resposta, repousou a mão sobre minhas coxas e sem tentar retirá-la, virei a cabeça para ele e gemi de leve. Foi a última coisa que fiz antes de começarmos a nos beijar até a banda começar novamente.

Voltamos agarrados e o ambiente estava muito apertado, a ponto de eu não conseguir me virar. Fomos para um canto de parede e agora minha mão abandonando a sua, ia para em direção ao caralho, duríssimo, por cima da calça jeans. Beijos no pescoço se seguiam de suas mãos se multiplicando ao longo do meu corpo. Era muita mão para um homem só, em nossos amassos nos quais eu agora virada em sua direção, pude perguntar se ele queria ir embora comigo. Confirmado, paguei nossas comandas e seguimos, agora eu usando seu casaco e abraçando meu homem.

Seguimos para sua kitnet estudantil, onde mal chegamos e já nos pegávamos na cama, com minha saia já pela cintura e um dedo indicador acompanhando divertidamente o percurso do fio de minha calcinha. Abri seu zíper sem qualquer diálogo e arranquei calça e cueca, me deparando pessoalmente com o brinquedo que eu brinquei embalado a noite inteira. Comecei a chupá-lo. Sem frescura, sem meia luz, sem nada. Eu queria minha garganta sem ar, engasgada com a porra do meu macho e enquanto ele segurava meu cabelo e eu borrava de batom toda a extensão daquele pau gostoso. Mal comecei e já sentia o gosto do esperma. Não demorou a receber um monte dele, o qual engoli o quanto foi possível, babando o restante. Embora eu tenha realmente ficado meio engasgada no boquete, era tudo o que eu mais queria fazer há meses. Estava quase realizada em minhas fantasias, mas agora o responsável pelo restante delas amolecia em minha mão. Eu abracei meu amigo e beijava seu tórax nu, enquanto envolvida em seus braços fortes, pedia para ele ficar pronto logo, que eu queria ele inteiro no meu cu. As respostas eram não menos sacanas e nossos corpos respondiam a elas.

Pedi um tempo, para pegar em minha bolsinha um gel lubrificante que aquecia. Não que eu tivesse planejado algo para aquela noite, mas uma menina precisa se previnir, argumentei enquanto com a outra mão retirava da bolsa camisinhas. Fui chamada de vagabunda pela primeira vez e achei divertido, perguntando se ele não gostava, enquanto empinava a bunda na altura da sua cara. Foi a vez dele me puxar para seu colo e iniciar beijos, agora com seu pau melado roçando em minha pele. Entre gemidos, sussurros, beijos e mordidas, novamente havia um macho gostoso pronto para ser saciado. Ele me posicionou de costas para a cama, com as pernas para cima. Dizia querer me comer pela primeira vez olhando meu rosto, porque me respeitava e não queria me tratar como as outras garotas. Mal terminou de dizê-lo e retirou minha calcinha para iniciar um banho de língua. Meu corpo se contorcia em espasmos involuntários, enquanto uma língua absurdamente hábil transitava entre a cabeça do meu pau e uns centímetros adentro do meu cu, com longas circundadas no anelzinho.

Eu já implorava por pica, quando finalmente ele colocou o gel em sua mão e com ela começou a me preparar. um dedo, dois, três... Ia e voltava cuidadosamente, sorrindo com o meu desespero. Pediu para que eu vestisse sua camisinha e eu o fiz, com minhas mãos e a ajuda da boca. Voltei a me posicionar com os calcanhares agora em seus ombros e senti a cabeça encostar em meu buraquinho quente. Fechei os olhos e fiz a força para empurrar, como já treinava há algum tempo. Uma lágrima se precipitou em minha maquiagem, mas pedi para não parar. Lentamente minhas pregas eram dilaceradas da maneira como eu sonhei. Minha próstata sentia algum estímulo e eu tentava fixar minhas atenções nela, enquanto minhas unhas vermelhas se afundavam no travesseiro sob a minha cabeça.

Finalmente suas bolas encontraram meu corpo. Abri os olhos e encontrei os seus, que sorriam e me fizeram sorrir também. Esperei alguns instantes, para me acostumar e pedi mais um beijo, antes de ficar pronta para dizer me fode. Levei vara por quase meia hora, gemendo e gritando alucinadamente, a cada tapa que dava, ou levava. Me masturbando, já mal sentia dor ao final, quando os gemidos se tornaram incontroláveis, assim como os espasmos que me faziam gozar no rítimo de nossa foda.

A partir daí, pedi para ele se deitar e me posicionei de frente para ele, egolindo cada centímetro de pica com o meu cuzinho e rebolando enquanto pedia para que ele gozasse gostoso. Pulava sentada, com as mãos em seu tórax e meus cabelos caindo sobre elas. A cada sentada, dava uma reboladinha, implorando leite e, por vezes, chupando algum dedo que ele levava até minha boca. Esperei pouco tempo até ser atendida e cairmos abraçados, para só acordar no dia seguinte, com um profundo arrependimento. Não pelo sexo, mas pelo excesso de bebida, que fazia meu cérebro parecer estar boiando em vinagre. Delicadamente, saí da conchinha e olhei meu anjo dormindo. Beijei levemente sua boca e levantei com cuidado, para não acordá-lo. Vesti a calcinha, escondi meu pênis para trás e ajeitei a saia. Retoquei a maquiagem e me fui, só vestindo as sandálias do lado de fora da casa e jamais tocando novamente neste assunto com meu amigo. Ao menos até nosso próximo encontro, claro.


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Comentários

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15/01/2015 01:57:46
AMEI.
11/08/2014 15:20:11
Adorei seu conto, qualquer um no lugar de seu amigo iria te querer, ainda mais roqueira do jeito que gosto
25/07/2012 09:47:09
Delicioso seu conto. Rico em detalhes. Viajei lendo.
14/07/2012 18:05:15
Delicia de relato!! Vale um 10! Quer conhecer pessoas e casais liberais no Brasil? Acesse / e avalie!
27/06/2012 11:41:25
Adorei...vc passa todo o sentimento da cdzinha...


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