Apaixonado por meu primo brutamontes (parte 27)
Eu estava espumando de raiva, me senti traído, e não entendia como ele poderia estar fazendo aquilo comigo. Porra como o cara tá comigo e beijando uma qualquer no meio da rua!? Minha vontade era de espancar aquela filha da puta. Mas ele não escapava também não. Ele teria que me explicar direitinho aquela historia. Por todo o tempo que ele levou para chegar em casa, cerca de uma hora, a única coisa que eu conseguia fazer era mentalmente criar todo o discurso que declamaria quando ele chegasse, que parecia que nunca ia aconter. Mas como se era de esperar, finalmente ele chegou.
Seu ar era serio. Ele nem me deu a oportunidade de começar a falar tudo que estava engasgado. Ele tomou a frente e começou.
Bruno: -Que foi aquilo rapaz?
Eu: - Como assim o que foi aquilo? Eu que pergunto isso a você!
Bruno: -Agora eu vi, eu tenho que te dar satisfações da minha vida é isso?
Eu: -Não é satisfações de tudo, é só da vagabunda que você estava agarrando.
Bruno: -Não entendi. Eu tenho que te dar satisfação de toda nega que eu pegar? É isso?
Eu já irritado e quase gritando: -Você não tem que pegar nega nenhuma caralho!
Bruno: -Ué? Porque?
Eu já bem irritado: -PORQUE VOCÊ ESTA COMIGO!
Bruno: -Pera lá meu irmão! Que conversa é essa?
A resposta dele me causou confusão. Não entendi o porque da pergunta dele.
Bruno: -Daonde foi que tu tirou essa idéia que eu e tu temos alguma coisa? Tu pensa o que? Que tamo de namoro?
Eu ja olhava para ele meio que atônito com as palavras dele
Bruno: -Cara eu ja te disse que eu não sou viado umas trocentas vezes. Como é que eu posso ta de namoro com um homem então? Que viajem é essa?
Eu: -Bruno a gente dorme junto, a gente transa, a gente faz tudo junto e ainda assim não temos nada?
Bruno: -Eu ja te disse que nos somos brothers! Somos coligados, e só man, nada mais que isso. Não é porque eu soco pica no seu cu que eu virei teu namoradinho vei.
Eu: -Então quer dizer que eu também poderia estar saindo com outros caras?
Bruno: -E eu num sei porque tu não sai. Como que tu vai achar alguém que sinta por tu o que você quer que eu sinta?
Eu: -Então você não sente nada por mim?
Bruno: -Cara eu gosto de ti, tu é o máximo, me amarro em você. Mas o que vou dizer agora eu tenho evitado falar porque sei que vai te fazer sofrer, mas tu precisa se ligar da real. Mas eu não amo você cara.
Ele estava certo, as palavras dele me cortaram o coração ao meio.
Bruno: -Pelo menos não do jeito que você me ama. Eu so gosto de você como um brother, nada mais que isso.
Eu no fundo já sabia disso. Eu durante muito tempo tentei não me enganar, dizendo a mim mesmo que o cara era hetero e que eu precisava aceitar isso, mas quando a coisa evoluiu para o nível que estávamos criei essa fantasia de que ele poderia sentir por mim o mesmo que eu sentia por ele.
Bruno: -Cara eu acho que já não tá mais dando certo a gente continuar da maneira que estamos.
E então veio a bomba.
Bruno: -Eu acho que o mais certo era eu ir embora.
Eu me espantei com aquilo: -Como assim ir embora? Você fala em ir morar na casa de algum dos seus amigos?
Bruno: -Não, não, não teria intimidade pra fazer isso com nenhum deles. Acho que meu tempo aqui acabou. O mais certo seria voltar para o Brasil.
Ao ouvir isso eu fui tomado por um desespero sem tamanho.
Eu: -Não Bruno, não, por favor, não faz assim. Também não é para tanto.
Bruno muito serio e passando convicção em sua decisão: -Primo eu ja me decidi, você foi muito legal comigo todo esse tempo. Você fez por mim o que ninguém nunca fez e nunca me pediu nada em troca. Eu sou muito grato por tudo isso e é por essa gratidão que eu não posso mais ficar aqui. Minha presença começa a ser ruim para você e Deus sabe o quanto eu não quero causar nenhum sofrimento em você. Mas se eu continuar aqui isso vai ser inevitável.
Eu: -Então por favor não me deixa aqui sozinho, por que assim que eu vou sofrer, por favor não vai embora.
Meu apelos não pareciam comover Bruno.
Eu: -Me desculpe pelo que eu fiz, você tá certo, nunca foi dito que nos tínhamos qualquer coisa que não fosse só amizade, eu fiz merda em irritar com você a menina la na Starbucks eu peço desculpa para ela e parar seus amigos, eu faço qualquer coisa, mas por favor não vai embora. Eu preciso de você cara.
Bruno ainda de cara seria: -Tu não entende. Eu já tinha decidido isso a um tempo, só me faltava a coragem para falar contigo sobre isso. Isso que aconteceu só foi a alavanca que precisava para empurrar isso para fora. Não tá mais legal eu ficar com você aqui. Eu vou te fazer mal. E pior, impedir você de encontrar um cara que realmente te ame.
Eu chegava em um ponto que nunca me imaginei chegando por ninguém. Eu esta completamente apaixonado por ele, aliais, mais que isso. Eu realmente amava aquele homem e a idéia de perde-lo me fez entrar em parafuso.
Eu: -Cara eu entendo que você não me ama, mas eu amo demais você. Se você for embora eu vou sofrer demais, eu não sei se vou agüentar isso Bruno. Por favor não faz isso comigo.
Bruno: -Eu sei como é isso Matheus, eu também já passei por esse sofrimento. Mas tu vai superar, vai levantar a cabeça e vai enxergar que isso era a única coisa decente que eu podia fazer. Eu gosto de mulher cara e é mulher que eu quero.
Cada vez que ele falava mais eu ficava convencido que ele não mudaria de idéia e o desespero começou a tomar conta de mim.
Eu: -Você pode pegar as mulheres que quiser cara eu nunca mais vou reclamar, não eu juro, eu não vou ligar e olha, olha, serio, pode ate trazer elas aqui, não tem problema, pode dormir com elas, transar fazer o que você quiser, eu juro que nunca vou me queixar, reclamar e nem fazer cara feia.
Bruno me olhou serio e meio confuso: -Serio isso?
Eu: -Qualquer coisa que você quiser Bruno. Eu não consigo viver sem você.
Bruno: -Não, isso não tá certo. Isso só serviria para humilhar você. Eu não quero isso. E eu já tomei minha decisão.
Ao terminar de falar isso ele saiu andando em direção ao quarto. Em um ato de desespero, corri na direção dele e tropecei no tapete. Catei ficha e acabei ajoelhado do lado dele. Agarrei na perna dele e agora sim com lagrimas correndo pelos olhos eu disse:
Eu: -Se for preciso eu imploro Bruno, eu imploro mas por favor não vai, por favor. Tô te implorando cara, por favor não me abandona, por favor!
Agora eu havia tocado ele.
Bruno me pegando pelos braços e me levantando: -Calma, calma, para de chorar Matheus, calma.
E me abraçou.
Bruno: -Você não tá vendo que enquanto eu tiver aqui tu não vai poder ser feliz? Tu vai ficar sempre preso a mim e eu não sou capaz de sentir as coisas que tu quer que eu sinta.
Eu chorando: -Não me importa, eu prefiro me enganar e nunca ter nada de você a mais do que o que já tenho, pra mim já basta. Ja me serve!
Nem eu nem ele dissemos mais nada. Ficamos um tempo abraçados ali no meio da sala ate passar a minha crise de choro.
Bruno: -Passou?
Eu acenti com a cabeça.
Bruno: -Você não vai aturar essa relação por muito mais tempo e tu sabe que não pode me cobrar nada em relação a isso.
Eu: -Sei, e nunca vou cobrar eu juro.
Bruno: -Tudo bem, eu não quero te vê infeliz, mas se tu tá insistindo nisso, que seja como tu quer.
Abracei ele com toda a força que eu tinha e uma sensação de alivio tinha tomado conta de mim.
Fomos para o quarto e deitamos. Eu abracei ele e fiquei assim agarrado ate que cai no sono.
No dia seguinte conversamos e parecia que os eventos da noite anterior haviam sido esquecidos. Eu preferia assim. A verdade é que ele estava certo. Ele nunca me prometeu exclusividade e sejamos sincero. Um homem do porte dele preso a um cara? Fala serio. Eu tinha que me dar por muito feliz por ter o que já tinha dele. Tentei me convencer disso. Mas me sentia culpado pelo constrangimento que fiz ele passar na Starbucks. Depois de muita insistência minha ele aceitou que eu desse um dinheiro a ele para que ele fizesse uma reunião com seus amigos no lugar que ele quisesse, por minha conta, como um pedido de desculpas e que eu nem participaria.
Cerca de duas semanas se passaram e realmente tudo parecia ter voltado o normal. Era manhã de sábado e eu tinha transado ate as 3 da manhã com Bruno. Olhei para o relógio e se aproximava das 11hs. Bruno não estava na cama. Claro devia estar na academia e em breve chegaria com o almoço como era habito depois de transarmos pela madrugada.
Mas o problema que já se aproximava da 1 da tarde e ele não chegava. Peguei o celular e liguei para ele. Estava desligado. Levantei e fui ate a sala e encontrei um bilhete sobre a mesa:
“Matheus, sinto muito. Não tava dando certo, eu não ia te fazer feliz e tu não merece isso. Se que agora tu vai ficar chateado, triste, sei lá, só sei que vai sofrer. Mas um dia vai entender que o que fiz era o melhor pra você. Eu embarquei no vôo das 10 horas de volta para o Brasil. Dizer muito obrigado não vai ser o suficiente para agradecer tudo que você fez por mim, mas é tudo que posso fazer por um bilhete.
Muito obrigado primo. E do fundo do meu coração, seja muito feliz.”
O impacto do que eu acabava de ler foi tão forte que eu não consegui chorar, nem xingar, nada. Voltei ao meu quarto e me deitei novamente na cama, me cobri e me virei para o lado.
Fechei os olhos e pensei: “Nada tão bom assim foi feito para durar.”
E ai sim um lagrima escorreu do meu rosto, molhando o travesseiro.
...
Hoje, muito tempo depois de tudo isso ter acontecido eu entendo que ele fez o que achava certo. Ele não fugiu, nem se esquivou de responsabilidade. Ele não acreditava que me amava e para ele, eu estar amando ele me impediria de procurar alguém que pudesse me dar esse sentimento de volta já que ele não podia. Essa historia não terminou aqui. Sim, eu e ele tivemos outra oportunidade de conversar. Muita coisa ainda estava para acontecer. Mas eu não sabia disso. Meu sofrimento pela perda dele foi algo grande demais a ponto de eu precisar de ajuda. Foi assim que as 3 primeiras partes dessa historia surgiu. Era uma maneira de reconfortar por te-lo perdido, passou-se muito tempo ate que eu decidisse compartilha-la com outras pessoas. E o carinho que recebi de volta foi muito bom. Agradeço a todos que me acompanharam ate aqui. Pelas palavras de incentivo, de carinho e sobre tudo, pelo interesse na minha historia. Se vou continuar e contar tudo que aconteceu depois disso?
Não tenham a menor dúvida que vou.