Noite a fora no Convento
No começo eram raras as vezes que ele vinha, mas depois a gente tomou mais confiança e começamos a desafiar o espaço e o tempo que nós tínhamos. Depois de ter “tirado o pé do Frei...” tudo ficou mais fácil.
O convento era grande, composto por dois prédios, sendo um com andar térreo e piso superior e o outro somente com o térreo, mas com um subtérreo, onde funcionava a lavanderia cuja porta dava para um portão de acesso de carros. A entrada ficava no térreo, por um portão menor, somente para acesso de pessoas. Depois das 18h, costumava-se soltar os cães, para evitar assaltos. Naquela época, moravam poucas pessoas na casa e a maioria dos integrantes era muito ocupada com as atividades típicas de um sacerdote. Normalmente, depois das 19h, era difícil ficar mais de duas ou três pessoas durante o período de uma hora na casa. O segundo prédio podia ser acessado de outra forma que não pela entrada normal, o que em certas horas era um benefício enorme.
Tinha 24 anos, moreno, corpo normal, cabelos negros, boa aparência e morava ali há uns dois meses naquele ano, mas já havia morado antes, no período de um ano, portanto, conhecia cada centímetro daquela casa. Gostava de ficar no convento, de onde nos falávamos pelo msn. Marcávamos nossos encontros no centro, ficávamos ali conversando esperando a hora h. Ele tinha 25, era branco, olhos escuros, cabelos negros, pernas grossas e um dote de dar inveja pelo qual valia correr riscos para se deliciar dos seus 18cm. Já estávamos amando um ao outro. Eu, mesmo na minha condição de frei não me recusava a correr riscos para ficar com ele, o homem que eu amava e ele, na sua condição de ex-membro de uma igreja evangélica tradicional, também não ficava atrás.
O pessoal do convento já o conhecia, pois ele ia lá em horas ocasionais para conversarmos e ajudar em uma ou outra atividade, o que não despertava questionamentos nos frades, mas até uma simpatia. Depois de conversarmos durante um tempo na rua, no horário certo, por volta das 23h, íamos para o convento. Eu entrava primeiro, para dar uma olhada no local, depois, abri-lhe o portão e entrávamos como gatos, pé por pé. Minha cela fazia divisa com mais duas, separadas unicamente por uma divisória dessas pré-moldadas. Era um risco imenso. Eu sempre ia à frente, averiguando se não havia ninguém. Abríamos a porta, entrávamos. Ufa, chegamos à cela. Trancava a porta e ali começávamos a nos acariciar. Os corações estavam a mil, batendo forte o suficiente para sentir o sangue quente correndo nas veias, mas o amor era maior.
Tirava a sua roupa, primeiro a camiseta, depois a bermuda, peça por peça, intercalando com beijos pelo seu corpo. Despia-me. Deitava-o na cama e começávamos a nos pegar mais intensamente e eram inevitáveis alguns ruídos, mas sempre com muito cuidado pra não despertar ninguém. Já passava da meia noite, mas para nós o tempo não era ninguém, ali naquela cela apertada só havia nós e não havia mundo exterior. Deitado na cama, eu começava a coloca-lo dentro de mim, sentindo cada centímetro do seu corpo, aos poucos, até tê-lo em plenitude. Começava a cavalgar-lhe, sentindo um prazer incomensurável. Não havia limites de posições, pois todas estavam ao serviço do nosso prazer. Carícias, beijos e amassos se misturavam às pegadas fortes, levando-me à loucura e num frenesi, chegávamos ao orgasmo. Depois disso, gastávamos um longo tempo nos acariciando e fazendo planos para nosso futuro, que com certeza, estava gravado no livro da eternidade histórica.
Presos ao tempo, o relógio apontava 3 da manhã e era preciso ir. Fazíamos todo o trajeto da cela à porta principal, sempre com muito cuidado. Tirávamos os chinelos para não fazer barulho. Eu ia à frente para olhar o ambiente. Os cães já sabiam seu cheiro, e não latiam. Abria o portão, chamávamos um táxi e ele ia para casa, com o compromisso de me ligar assim que chegar.
São noites inesquecíveis, loucuras infindáveis, gravadas na memória dos amantes que hoje compartilham suas vidas e que às vezes, se colocam em risco, para lembrar dos velhos tempos. A história não termina aqui não. Muitos capítulos se virão ainda, onde em cada um deles vocês terão a oportunidade de perceber que o amor é palpável, e que vale a pena correr riscos em qualquer lugar e, porque não, noites a fora num quarto de convento....