Soneto do Amor Total, 23 - 13 de março de 1968, quarta-feira

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<tt><center>Soneto do Amor Total</center></tt>

<center><strong><b> VINTE E DOIS </b></strong></Center>

<center><tt><b>13 de março de 1968, quarta-feira </b></tt></center>

<blockquote><b> Eu não sabia direito como é que a gente nascia, mas naquele dia consegui entrar no quarto e vi o Roberto nascer...</b></blockquote>

Nasceu o filho da tia Nadir!

Estávamos na casa dela apreensivos, o mais nervoso era o tio Joca que não parava de fumar. A vovó e a mamãe entraram no quarto desde manhãzinha cedo, antes do vovô chegar com o leite. Pat, Dani e o irmãozinho ficaram no quarto e eu na sala com o resto do pessoal (já estava inquieta, ninguém falava nada)

<i>― O que eles tão fazendo lá dentro? – perguntou para o tio Carlos, não menos nervoso.</i>

― É o teu priminho que vai nascer – respondeu.

<i>― Como é que ele nasce? – papai olhou com cara zangada e Paula viu que fizera a pergunta errada.</i>

Tio Carlos virou para o papai e recriminou com o olhar sério.

― Deixa de besteira, ela deve saber pela gente – puxou a sobrinha e colocou no colo.

― Ainda está muito cedo Carlos, outro dia a mãe lhe fala sobre isso – deu por encerrado o diálogo e saiu em direção à cozinha.

Mas tio Carlos nunca foi homem de deixar pra depois qualquer coisa.

― É pela popota que a gente nasce... – olhou no rosto da sobrinha tentando captar dúvidas – O neném cresce da barriga e, quando vai nascer, sai pela vagina da mãe.

Paula pôs a mão espalmada entre as pernas.

<i>― Mas como pode ser?</i>

― É a natureza filha, é coisa de Deus que faz acontecer – farfalhou a cabeça loira da sobrinha – O corpo da mulher se modifica para esse momento...

Paula não entendeu o que queria dizer essa modificação e, menos ainda, como é que o neném saia pela perereca.

<i>― Puxa tio! Como é que sai pelo buraquinho? O neném nasce pequeneninho e depois incha?</i>

O tio sorriu da inocência infantil da sobrinha.

― Não Paulinha... O corpo da mulher fica um pouco diferente, e não é só a barriga que cresce ou o seio que ganha leite – fez uma pausa escolhendo as palavras certas para explicar as alterações – Quando chega a hora da criança sair da barriga da mãe, nascer, ele vira uma carambela dentro da mamãe e fica de cabeça para baixo e começa a forçar a saída... – titubeou começando a arrepender ter aceito aquela conversa, respirou fundo – E sai pela vagina que se dilata... que... que fica mais aberta só para o filhinho sair...

Paula apertou a periquita sentindo um treco esquisito.

<i>― Deve doer pra caramba...</i>

― Sim, dói bastante... Mas é maneira que Deus encontrou para que seus filhos nascessem, para que saíssem do ventre da mãe e viessem para fora, para viver... Você nasceu assim, sua mãe, eu e todo mundo dessa casa saiu da barriga da mãe da mesma maneira.

<blockquote><i>Abri as pernas, afastei a sunga e olhei minha perereca lisinha e papuda. O tio Carlos observava sorrindo balançando a cabeça.</i></blockquote>

― Ainda é cedo para você imaginar como é que vai ser quando vier o filho – com carinho fechou as pernas da sobrinha e suspendeu a calcinha que tinha baixado – E quando chegar o seu tempo a sua vagina estará muito diferente de como esta agora... Se teu pai não fosse tão quadrado daríamos um jeito para você ver como é que seu primo esta nascendo...

Paula continuou imaginando sobre como a cabeça do neném conseguia passar pela periquita e ficou rodeando a porta do quarto da tia até que a vó apareceu.

― Paulinha vai lá no quartinho de goma e pega um lençol branco que está dobrado em cima do cesto... – e voltou a entrar.

Era a oportunidade. Correu para buscar o que a avó pedira e, sempre cheia de receios, abriu a porta do quarto e entrou. A tia estava deitada na cama com as pernas escancaradas apoiadas nos ombros da mamãe, a avó fazia massagem na barriga dela e pedia para que respirasse fundo. Apenas a luz do abajur estava acesa, parecia ainda ser noite com as janelas fechadas, tapadas com toalhas para não entrar “friagem”. Ficou quietinha em um canto, depois de ter entregue o lençol para a avó, espiando e escutando a tia gemer baixinho. Esticou o pescocinho e viu, horrorizada, a periquita da tia toda aberta e rapada, parecia que dava para sair não só um, mas quantos nenéns tivesse de tão grande a abertura. Meteu a mão dentro da calcinha e explorou sua própria abertura com o indicador imaginando que jamais ficaria daquele jeito e tomou um susto com o grito da tia no momento que a cabeça começou aparecer até ficar entalada e a avó pedir, agoniada, para a filha forçar um pouco mais. Parecia que estava ali há horas quando escutou um choro fininho depois que saiu tudo o corpo, a avó pegou uma tesoura do papeiro e entregou para mamãe que cortou uma tripa que saia de dentro da tia e se grudava na barriga do neném.

Paula levantou devagar e se aproximou da cama, a tia lhe olhou e sorriu.

― Tu estais aí moleca...

Foi quando a avó colocou o neném na barriga da tia que alisou o corpinho pequeno, olhou para a mãe que lhe sorria maravilhada.

― É um cabra macho filha, é um cabra macho com cachopas que parece saco de bode...

Tia riu, parecia que tinha acabado. Mamãe pegou o neném e levou para a penteadeira onde tinha uma balança e a vovó começou a fazer pressão na barriga da tia.

― Vai lá pra fora, Paula – olhou para a neta – Isso não coisa de criança olhar.

Paula saiu do quarto.

<i>― É um garoto macho! – anunciou e todos se abraçaram felizes.</i>

<blockquote><i> Tio Joca entrou no quarto e ficou até que mamãe e vovó saíram. Começou a festa, a casa já estava quase cheia de amigos do tio e da tia. A mesa da copa estava repleta de pratos com tira-gosto e garrafas de moscatel, de pinga e copos...</i></blockquote>

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<center>Este relato é contado em 26 episódios, você leu o 23º</center>

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<tt><center>14 de outubro de 1969, terça-feira</center></tt>

<tt><center>4 de julho de 1972, terça-feira</center></tt>

<tt><center>3 de setembro de 1972, domingo</center></tt>

<tt><center>5 de julho de 1972, quarta-feira</center></tt>

<tt><center>04 de dezembro de 1972, segunda-feira</center></tt>

<tt><center>10 de julho de 1972, segunda-feira</center></tt>

<tt><center>10 de março de 1973, sábado</center></tt>

<tt><center>17 de julho de 1976, sábado</center></tt>

<tt><center>9 de maio de 1974, quinta-feira</center></tt>

<tt><center>16 de fevereiro de 1996, sexta-feira</center></tt>

<tt><center>23 de dezembro de 1974, segunda-feira</center></tt>

<tt><center>26 de junho de 1993, sábado</center></tt>

<tt><center>27 de dezembro de 1974, sexta-feira</center></tt>

<tt><center>25 de dezembro de 1987, sexta-feira</center></tt>

<tt><center>25 de dezembro de 1987, sexta-feira</center></tt>

<tt><center>17 de dezembro de 1971, sexta-feira</center></tt>

<tt><center>08 de novembro de 1979, quinta-feira</center></tt>

<tt><center>1º de novembro de 1999, segunda-feira</center></tt>

<tt><center>26 de junho de 1981, sexta-feira</center></tt>

<tt><center>6 de abril de 1974, Sábado</center></tt>

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