Jogo

Estava vazio. Ouvi um som vindo de algures, no edifício, dos chuveiros. Calculei que tivessem acabado. Voltei para trás e olhei para o fundo do corredor, e escutei um aumento do som por uns momentos enquanto uma porta ao fundo do corredor se abria e um homem saiu.

Era o Jerry, um dos amigos do Tim. “Oh, olᔠdisse, aproximando-se, com uma pequena gargalhada. Não estava a ver onde estava a piada, mas acho que sorri, numa reacção inconsciente.

“O Tim está no chuveiro?“, perguntei.

Riu-se de novo. “Sim, pode-se dizer que está. Ouve: tu tens que ver isto” E nisto estava a voltar pelo corredor, acenando-me para o seguir. Hesitei, mas acabei por fazê-lo.

Parou para que o alcançasse, e depois continuou, dizendo: “A equipa do Tim teve um jogo em que tinham a certeza de que iam ganhar.” Continuava a sentir que havia algo que ele não me estava a dizer. Depois de outro risinho, repetiu: “Sim, eles tinham toda a certeza.”

Chegámos à porta de onde ele tinha saído. O balneário dos homens. Abriu-a e fez-me sinal para entrar. Entrar enquanto os homens estavam no duche, ou a vestirem-se?

Não fazia ideia do que é que ele estava a pensar ou porque é que pensou que eu o iria fazer. Ouvi vozes ecoando no balneário. “Vá lá, dá uma olhadela”, desafiou.

Mal entrei, apenas até ter a visão da maior parte do compartimento. Quase que me engasguei: eram homens fazendo sexo! Três homens estavam a fazer outros três por trás. Todos completamente nus. Por um momento fiquei em estado de choque, sem acreditar no que os meus olhos viam. Tim estava debruçado com os cotovelos num banco, nu, a piça de outro homem metida no cu!

A única palavra para descrever a cena é sórdido. Saí e o Jerry deixou a porta fechar-se. “Sim, o teu marido é um homem de honra. Uma honra do caralho.”

Tinha imensas perguntas para fazer, mas as palavras não me saiam. Finalmente lá consegui: “É assim todas as semanas?”

Senti-me tão envergonhada, não podia estar a falar daquilo, ali, mas estava mesmo a falar daquilo com o Jerry. Ou a tentar falar.

Ele deve ter percebido. “Não, é a primeira vez que vejo algo deste género.”

“E tu…?“

Riu-se outra vez. “Não, eu não entrei neste jogo. Não estou interessado naquilo“, respondeu apontando com o polegar para a porta. Depois olhou para mim - um olhar interessado: “Pareces intrigada. Queres ver outra vez?“

“Não!” saiu-me da boca rapidamente.

“Tens a certeza? Aqueles homens, daquela maneira?“

“Claro que não.“

“E o que é que pensas deles? De fazerem uma aposta daquelas? De serem obrigados a pagá-la?“

Estava emudecida. Pareceu-me que o Jerry pensou que eu estava interessada duma maneira em que não estava, e isso embaraçou-me. Mas não sabia onde é que iria arranjar coragem para o fazer mudar de ideias. Ele continuou: “Do Tim andar a fazer aquilo?“

Tinha que sair dali. Seria um pouco mal educado, mas não contava derrenrascar-me daquela conversa com diplomacia. Mas antes de me ire embora, disse: “Bem, tenho a sensação que eu é que fiquei fora da festa.”

Ainda não me tinha ido embora. Porque é que ainda não me tinha ido embora? Continuei a caminhar com ele pelo corredor. “Nós podíamos tentar um joguinho, um contra um“, propôs.

Olhei-o rapidamente. Não estava a ser porco, ou algo do género: apenas tinha um ar interrogador. E tinha uma bola de basquetebol na mão. “Só alguns pontos, pelo gozo. Acho que o Tim ainda vai demorar um bocado.“

Era uma parvoíce. Ridículo. Ele era alto como uma torre: de modo alguma iria ser um “joguinho” Descalçámo-nos. “À melhor de três“, disse. Passou-me a bola e deixou-me marcar os dois primeiros, mas à minha terceira tentativa, bloqueou-me de repente a jogada, pegou na bola e foi driblando para o cesto. Em trinta segundos marcou mais dois.

Sorriu-me: “Game Over.” Calçámo-nos e voltámos ao corredor. Ninguém. O balneário das mulheres era mesmo em frente. Abriu a porta e segurou-a, olhando-me inquiridor.

Não tínhamos dito nada sobre isto. Nadinha. Não fez nada que levasse a crer que eu tinha prometido alguma coisa. Apenas olhou para mim como que perguntando se eu iria entrar.

Entrou depois de mim, tirou o sabonete do saco, e disse-me para entrar no chuveiro e ensaboar-me.

O Tim estava no carro quando saí, certamente pensando no que me acontecera. Mas não me perguntou nada, acho que já estava suficientemente preocupado com o que andara a fazer, e não parecia interessado em iniciar a conversa sobre o assunto. Tinha sido tudo tão sórdido: tão húmido e ensaboado, ajoelhada no banco: vim-me com tanta força. Tim nunca me tinha feito por trás: nunca tinha feito aquilo antes: graças a Deus que tínhamos aquele sabonete. O meu cabelo ainda estava visivelmente molhado: esperava que na escuridão Tim não reparasse. E a minha roupa interior tinha ficado no saco do Jerry.

Nessa noite, deitada ao lado do Tim, a minha cabeça andava às voltas. O que é que se andava a passar connosco? Mas de qualquer forma desejei-o tanto nessa noite. Dentro de mim.

Fiquei a olhar para a mulher à porta de casa. Era de manhã e o Tim já tinha ido para o emprego. Tinha-se levantado e saído antes de acontecer alguma coisa. Nada. Não conhecia a mulher.

“Sou a Stella: a namorada do Jerry” e entrou casa sem ser convidada.

“Olá“, disse-lhe.

Apreensiva. Ela tinha as minhas cuecas e o soutien na mão. “Importas-te de explicar isto?“

“Uh…“

E tinha um sorriso sardónico. “O Jerry contou-me umas cenas interessantes.” Riu-se. “Não te preocupes, não te mordo. Eu gosto de uma boa estória.”

Empurrou-me a minha roupa interior para as mãos. Fiquei a olhar para aquilo. “Mas agora exijo o direito ao teu marido.” Fiquei a olhar para ela, pasmada. Ela apenas sorriu: “É justo, não achas?“

O que é que se responde a uma coisa destas? Continuei emudecida.

“O Jerry contou-me que eras assim sossegadinha, submissa.” E de repente agarrou-me os pulsos. Assustada, deixei cair a roupa. Estava com medo, olhando para ela: não fazia ideia do que iria fazer a seguir.

Estava deitada de costas na carpete da minha própria sala, nua. Ela estava ajoelhada ao meu lado, também nua. Ainda sorria enquanto olhava para baixo, para mim. “Estás pronta para ser uma menina boazinha?” perguntou. Aproximou-se mais e continuou a olhar para mim enquanto se baixava em direcção à minha boca. Os meus dedos, em mim, estavam muito ocupados.

Nota: este conto foi traduzido do original inglês. Mais informações em />