Meu nome tem cinco letras -DOIS- (01/18)

Um conto erótico de Gui Real
Categoria: Gay
Contém 1310 palavras
Data: 09/05/2024 02:13:38

T– Chico

2020 foi um ano terrível, primeiro eu descubro que gosto de sentar e gemer numa rola, descubro que cu de puta e cu de veado são coisas bem diferentes, descubro que adoro uma putaria pesada, descubro que amo Artur de tantas formas, descubro que adoro fazer sexo e ficar de namorinho com meus amigos, mas Tomás e Pedro são grandes amigos, e tudo isso durante férias e nos dois primeiros meses de quarentena. Depois Tomás e Artur se estranham e brigam.

Quando Pedro vem falar comigo e diz que Tomás o pediu em casamento, papel passado e tudo mais... Pedro diz que era com união de bens, ele estava desempregado e não era numa quarentena que ia arrumar independência financeira, diz que os filhos de Tomás estavam felizes pelo pai largar Annie e Marie, e se revelar gay aos quase sessenta não era para eles problema algum, desde que ele não quisesse mais saber daquelas duas... Pedro me pergunta se eu o perdoaria? Nós nos abraçamos e naquele abraço eu já não abraçava um corpo por quem eu sentia desejo, sentia desejo mas de outra forma, o cheiro, o toque era íntimo, como sempre será, mas não era mais um corpo que me desse conforto, só tesão, eu sei que ficamos abraçados na cozinha como irmãos.

Fui eu quem primeiro chamou a palavra irmão, saí para uma consulta agendada online, antes passei no quarto maior e Artur pede licença, ele vem me ver longe da câmera onde dava aula, eu o beijo, digo que ele vai ter de conversar depois com Pedro, Artur é direto e me pergunta se era para me dizer que estavam indo embora, eu digo que sim, ele fica triste, ele me pergunta se eu não poderia dar a ele outra chance, eu digo que eu não, Pedro e Tomás iam casar e ir embora, eu o amava, Artur me beija e diz que tudo bem, desde que ele e eu estivéssemos juntos, todo o resto poderia se resolver. Ele me beija e diz que sou o homem de sua vida, diz que em vinte minutos ia querer tomar banho comigo, eu o beijo e digo uma hora, nos beijamos e ele retorna para aula.

Dois dias depois Tomás e Pedro estavam colocando as malas no carro e indo embora, Maranhão, casa dos pais deles. Pedro me liga sempre, somos irmãos a final de contas.

Jaime me liga seis dias depois de Pedro ir embora, Jaime é meu irmão, ele foi adotado quando eu tinha quatro anos e ele dez, nunca fomos próximos, mas sempre gostamos um do outro, Jaime fala que estava desesperado e precisava falar com alguém, eu digo que preciso ver o rosto dele, ele não quer, diz que está a ponto de tirar a própria vida. Eu fico alarmado, óbvio, vou até Artur que estava dormindo, coloco meu celular no viva-voz, enquanto falo com meu irmão, meu marido conversa comigo por escrito, ele põe um tênis e uma camiseta, diz que vamos para a casa de Jaime, meu antigo apartamento, leva quase uma hora, Artur quase voa pelas ruas que passamos.

Na porta de Jaime toco a campainha, ele ouve o som da campainha no telefone e me diz que não vai abrir a porta, Artur chuta a porta e avisa a ele que ou ele abre ou Artur não teria dificuldades em derrubar. Jaime abre a porta com o semblante mais detonado que alguém já encontrou, estava coberto de lágrimas e catarro, eu me aproximo lentamente, ele diz que não estava com Corona vírus, eu digo que isso não importava, ele diz que minha ex, a sua atual, ela estava morta, eu achando que ele ia me dizer que ela estava grávida, doente... Durante uma hora e tanto ele me diz de seu amor e de como a amava, eu achei que ele ia me dizer que ela o havia traído, que eles haviam brigado, que ele foi rude ou violento, eu me preparei para tudo, mas não me preparei para ouvir que uma médica de UTI era outra vítima da pandemia.

Artur fala para um vizinho o que ouviu, diz que o viúvo está arrasado e eu (o irmão) e ele (o cunhado) íamos contar com as orações dele para acalmar Jaime, o vizinho deseja força e fé. Artur fecha a porta e pede para eu dar um banho no marginal catarrento, Jaime sorri antes de o abraçar, enquanto tomo banho com meu irmão meu marido faz a cama, tira os lençóis sujos, forra novos, varre o quarto e liga o ar, pede para nós dois conversarmos, ele liga para meus pais e diz que o quadro de minha ex agravou bastante e pede para todos nós nos prepararmos, quando meu irmão aceita ser medicado, eu uso o dedo dele para desbloquear o celular dele e ligar para o hospital, digo que preciso dar encaminhamento ao velório, não haveria nem velório e nem reconhecimento. Um horror.

Uma semana depois eu tenho um hóspede em nossa casa que passa o dia inteiro assistindo séries que ele já havia terminado antes, ou comendo biscoitos e frutas. Artur estava paciente, mas queria que ele procurasse reagir a isso como adulto.

Na hora de jantar Jaime diz que não quer comer, Artur diz que não perguntou, como um adolescente que sofreu uma grande perda ele merecia apoio e pulso para não se perder, Jaime disse que já não era jovem havia muito tempo, então eu começo a rir, Artur também, Jaime fica irritado, mas vendo que era um riso contagioso, se contagia. Ri. Ri até chorar e o choro sair mais calmo e mais sincero.

Artur e eu estávamos sentados ao lado dele, um de cada lado. Ele agradece a nós dois, diz que ia para casa. Meu marido ri diz que não durante a quarentena, só quando tudo isso passasse, ele diz que eu era tudo o que ele mais amava, e eu não ia sofrer preocupação por conta de meu irmão, eu o beijo, Jaime nunca havia visto um gesto íntimo nosso, ele solta um uau e eu morro de vergonha.

Artur diz que ainda não o viu pedir desculpas a mim pelo que ele me fez, diz que no navio eu tinha as mesmas ideias ridículas de acabar com minha própria vida, Jaime olha para mim como se ele mesmo fosse um vírus mortal, uma praga ceifadora, e eu já o vi assim. Ele diz que não era sua intenção me magoar, queria mudar de assunto, mas Artur diz que era a hora certa de arrancar a casquinha e ver o corte cicatrizar, e aquela conversa iria deixar uma cicatriz o que é muito mais saudável que andar por aí com uma ferida. Então conversamos.

Artur se dá por satisfeito quando eu calo Jaime com um abraço, o cabelo e a barba ruiva dele que nasceu como caçula e perdeu irmã, pai e mãe e só restou ele. Ele é muito precioso pra mim, eu sempre quis ser como ele, eu o amo tanto. Artur diz que ia me devorar, fico envergonhado, ele percebe e diz que se eu não quisesse também ia ser uma delícia dar pra mim a noite inteira e pega no meu pau, Jaime gargalha alto, diz que ia ser divertido ver dois machos nada gays negociando quem ia ser a mulherzinha. Eu só sabia morrer de vergonha, falo do jantar esfriando. Havia esfriado, chamo uns três palavrões, Artur morde meu ombro e diz que seu homem estava de volta, me chama de boca suja e me beija, olha pra Jaime e diz que se ele ainda estivesse a fim de ver ia ser um prazer chupar meu pau na frente de meu irmão. Na hora não disse nada mas queria que Artur chupasse Jaime e eu, percebi – meu irmão era muito gostoso.


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