Casamento Arranjado! Cap.6

Um conto erótico de Alex Lima Silva
Categoria: Gay
Contém 2080 palavras
Data: 01/03/2025 13:25:00
Última revisão: 01/03/2025 15:34:48

Acordo com o som do alarme ao longe, olho para o relógio e suspiro, ainda está bem cedo, mas preciso ir para a faculdade. Desço para a cozinha depois de tomar um banho revigorante e me preparar, já com meus itens em mãos; faço uma xícara de café e a bebo com prazer, esperando que a quantidade de cafeína seja suficiente para espantar o restante do sono que ainda me domina, embora gradualmente. Saio de casa apressado e, claro, não deixo uma gota sequer para o Eduardo; se ele acha que vai me fazer de tolo, não faz ideia de quanto está errado. Atravesso a rua distraído e só quando escuto o som de uma buzina muito perto é que desperto para a realidade.

— Uau, quase! — o motorista grita.

— Ah, nossa, desculpe... Acho que estava distraído.

— Eu entendo bem como é. — ele diz sorrindo, não parece irritado, mas preocupado; me aproximo do veículo e me inclino em direção à janela do motorista, tomando um susto com o que vejo. Atrás do volante está um homem de cerca de trinta anos, com uma barba tão impecável que me deixa hipnotizado, quase impossível de desviar o olhar — Mas por que você estava tão distraído? — ele fala, me trazendo de volta ao presente, e eu me sinto corar pela forma tão evidente com que o observava.

— Nem sei... — rio sem jeito — Acho que estava procurando um ponto de ônibus ou um táxi.

— Huum... Aqui perto não tem nenhum, mas talvez eu possa te ajudar... Pra onde você está indo?

— Pro outro lado da cidade...

— Qual bairro?

— “XXXX”, estou indo para a faculdade.

— Nossa, que coincidência, eu trabalho bem perto de lá! Vem, eu te dou uma carona, se você quiser. — dou de ombros e entro no carro, não acho que ele seja uma pessoa ruim ou perigosa e, no momento, é a melhor opção que eu tenho, já que o inútil que eu chamo de marido é um babaca.

— Obrigado.

— Eu nunca te vi por aqui, é novo na área?! — ele dá a partida e seguimos em direção à avenida movimentada.

— Me mudei recentemente! — o encaro e ele levanta uma sobrancelha; acho que é melhor explicar logo a situação — Na verdade, acabei de me casar.

— Sério?! — ele franze as sobrancelhas, parecendo surpreso — Você é tão novo para já estar casado... Que desperdício! — agora sou eu quem o encara, mas ele continua olhando para a frente, parecendo sério.

— Ironia do destino! — digo frustrado — A propósito, nem me apresentei... Sou André.

— Edward!

— Edward? — o encaro divertido e ele assente — Tipo, Edward Cullen? — ele ri.

— Humf, pelo visto, você gosta do filme.

— Gostar não, eu sou fã daquele filme!

— Também gosto bastante. — ele diz enquanto paramos no sinal e ele aproveita para ligar o som.

— Fala sério, Adele?! — Pergunto surpreso enquanto “Hello” invade o carro, batendo nos meus ouvidos.

— Você não gosta? Posso trocar...

— Não ouse fazer isso! — digo sério e ele me encara, sorrindo amigavelmente... Ele é muito bonito, porra — Então, você é um cara que se chama Edward e gosta de Adele?! Diz, você é casado, noivo ou viúvo?

— Solteiro serve?! — ele responde rindo.

— As mulheres de hoje em dia não sabem mais escolher!

— Pois é, sobre isso... Na verdade, sou gay! — meu queixo cai e me viro rápido para olhá-lo, dessa vez com um interesse ainda maior — Espero que não se importe com isso.

— Você está brincando comigo, né?! — ele me olha de volta muito sério — Humf... Como diria meu amigo, Feh: “tô chocado”!

— O quê?! É tão chocante assim eu ser gay?!

— Não, mas você é um cara gay, bonito, tem esse carro que te dá uns cem pontos, se chama Edward, tem essa barba que te dá um ar misterioso que conquistaria qualquer um e ainda por cima gosta de Adele... Você estar solteiro é que é chocante. — ele ri alto enquanto olha para a frente — É por opção, não é?!

— Então, é isso que você acha de mim?! — ele me olha de esguelha com uma sobrancelha levantada... Sinto que falei o que não devia.

— Bom... é, mas acho que não deveria, né?! Afinal, sou casado... Bom, de qualquer forma, sou casado e não cego.

— Você é engraçado! — ele ri descontraído, parece bem à vontade ao meu lado, mesmo que ainda sejamos praticamente estranhos — E respondendo à sua pergunta, não, não é por opção minha.

— Os homens devem estar malucos, só pode! A não ser que você... — me calo rapidamente, quase falei bobagem.

— “A não ser que eu”, o quê?

— Nada, esquece! — credo, de tanto falar do Feh, estou virando um desbocado também.

— Fala!

— B-Bom... — sinto meu rosto esquentar e viro para olhar pela janela — Eu pensei que, talvez, você tenha um tamanho insatisfatório?! Quero dizer, talvez seja muito pequeno... — ele ri alto — Dá pra parar de rir?!

— Não, acho que esse não é o meu problema!

— Então talvez seja grande demais?! Vai saber...

— Vinte centímetros é considerado um tamanho médio, não é?!

— E-Eu acho grande, mas vamos parar de falar disso! — digo sem graça... onde estava com a cabeça para começar esse tipo de assunto com um desconhecido?! E a primeira impressão, André?

— Hum?! Qual o problema?! Eu realmente não me importo.

— Só... vamos mudar de assunto... — ele ri e assente concordando — E então, você trabalha com o quê?

— Tenho uma joalheria e um restaurante... Herança de família!

— Fala sério! Ainda por cima, é rico! Não tem como você ser “o cara perfeito” e ainda estar solteiro! Isso, tecnicamente, é um absurdo!

— Não íamos mudar de assunto?

— Desculpa!

— Então, por que você casou tão cedo?

— É meio complicado.

— Hum... Como assim?

— Digamos que, de certa forma, fui obrigado a isso.

— Seus pais?

— Avô! Mas é muito complicado!

— E você gosta do seu marido?

— Hahaha dificilmente eu possa vir a gostar um pouco dele, e quando eu digo “pouco” é pouco mesmo! Tá vendo meu pulso enfaixado? Foi ele que me empurrou... o idiota!

— E você fez um boletim de ocorrência?

— Foi um acidente!

— Hum... — sinto que esse assunto também está indo para um caminho perigoso, então tento mudá-lo.

— Você mora em que rua?

— Perto da mansão do Sr. Gustavo.

— Gustavo Arantes?!

— Sim, conhece?

— Ele era o meu avô!

— Sério?! Era...?

— Era... Ele faleceu.

— Nossa, não sabia... Na verdade, estive viajando esses últimos dias! — concordo e começo a cantarolar “All I Ask” sem perceber — Não entendo, como ele pôde te obrigar a casar?! Ele não morreu?!

— Foi um dos últimos desejos dele... Como eu disse, é complicado!

— Mas tem o divórcio!

— Eu sei! Tenho que esperar um ano no mínimo para poder me divorciar!

— Por quê?

— Pedido do meu avô!

— Nossa, você está bem ferrado, hein?! — eu rio concordando.

***

Edward para perto da minha faculdade, eu saio do carro e me despeço dele muito satisfeito com a carona.

— Obrigado pela carona!

— Foi um prazer! Hum... Posso pegar seu número?! Sabe, para o caso de você precisar de uma carona novamente.

— Claro! Digita aí — ele pega o celular — É xxxxxxx, mas você volta que horas?

— À tarde!

— Que pena, eu volto meio-dia!

— Hum... Mas você pode vir comigo quando vier para a faculdade!

— Seria perfeito! Obrigado!

— Então até amanhã!

— Até!

***

Na volta, preciso pegar um táxi, após pagar entro em casa me sentindo exausto e dou de cara com o Eduardo.

— Por que você não fez café antes de sair?

— Porque não sou obrigado! — digo e passo por ele indo para o quarto, ele me encara com raiva e depois me segue.

— Espera aí, eu não terminei de falar com você. — ele entra no quarto.

— Mas eu já terminei, e dá licença que eu vou tomar um banho agora.

— Eu tô me lixando para o seu banho, tive que tomar refrigerante no café da manhã. — tiro minha roupa, completamente indiferente à irritaçãozinha dele e fico apenas de boxer indo para o banheiro!

— Que pena, não é?! É melhor você ir se acostumando, porque agora cada um vai ficar por sua própria conta.

— Como assim?!

— Não vou mais fazer nada por você... Pode esquecer o gosto da minha comida, porque você não vai mais provar dela nunca mais! Deu para entender assim ou ainda está difícil?!

— Você não pode estar falando sério.

— Acredite se quiser! — dou as costas e entro no banheiro ficando completamente nu.

— Você não pode fazer isso! — ele abre a porta e entra no banheiro me encarando.

— Então vamos ver se eu não posso. — ele suspira com a mandíbula apertada de raiva, mas eu simplesmente o ignoro — E vê se sai do banheiro, tá invadindo a minha privacidade. — entro no box e a água começa a me molhar, relaxando meu corpo.

— O banheiro também é meu. — ele cruza os braços e se escora na parede me olhando.

— Mas isso não te dá o direito de me ver tomando banho... Agora sai logo!

— Ah vai se foder.

Ele sai do banheiro batendo a porta com força e eu finalmente tomo meu banho em paz.

***

Após tomar meu banho, me sinto mais disposto e percebo que estou com fome, então coloco uma roupa confortável e desço para a cozinha fazer meu almoço. Estou preparando macarrão com frango quando o Eduardo entra na cozinha, desconfiado.

— Tsk, tá bom, eu te levo na faculdade!

— Hum...! — digo desinteressado.

— Você vai me deixar comer desse macarrão?

— Não!

— Mas eu vou te levar...

— É, e além disso, quero que você me peça desculpas!

— Vai sonhando!

— Então, sem macarrão!

— Tá bom, tá bom! — ele me encara por um momento e depois revira os olhos — Me desculpa, tá?!

— Agora sim! — ele fecha a cara e cruza os braços — E não precisa me levar, não, eu já achei uma carona, só precisa ir me buscar.

— Que carona?

— De um amigo que eu fiz... Ele é nosso vizinho, eu acho!

— Hum...

O relógio marca sete horas da noite e vamos ambos para a sala, cada um deitando em um sofá. O Eduardo está assistindo "Jogos Mortais", e eu decido assistir também, já que não tem nada melhor para fazer, mas estou pensando seriamente em ir dormir; na verdade, comecei a ficar com medo e não quero ter pesadelos.

— Tem alguém tocando a campainha!

O Eduardo diz com os olhos grudados na TV e, como não quero assistir mesmo, me levanto e vou ver quem é. Após abrir o portão, abro a porta e me deparo com Edward me encarando enquanto sorri lindamente.

— Boa noite!

— Boa! — o encaro de volta, ele está tão lindo, ainda mais que hoje de manhã... droga — Entra, fica à vontade; nós estamos assistindo um filme!

— Hum... Isso é para vocês. — ele me entrega uma vasilha — É torta de limão!

— Torta?! — Afss, o Eduardo fala atrás de mim cortando o clima.

— Você gosta? — Edward pergunta assim que o idiota vem na nossa direção.

— Muito! Eu sou o Eduardo. — ele estende a mão e Edward a aperta.

— Edward!

— Vem assistir com a gente! — digo sorrindo.

— Porque não?! — ele diz e entra se sentando no sofá ao meu lado.

Eduardo me encara como se aguardasse algo.

— Hum... Toma Eduardo! — lhe entrego a vasilha com torta, girando os olhos e ele vai para a cozinha — Não ouse comer tudo! — grito atrás dele.

— Que filme é esse? — Edward pergunta encarando a televisão.

— Jogos Mortais!

— Você gosta desse tipo de filme?

— Detesto, mas não tinha nada para fazer, então...!

— Estava uma maravilha aquela torta! — Eduardo volta para sala.

— Você já comeu? — Edward lhe encara.

— Não se surpreenda, esse daí é capaz de devorar um cavalo em questão de minutos! — Edward ri.

— Onde você comprou? — ele pergunta.

— Na verdade, fui eu quem fiz! — Edward fala.

— Preciso provar essa torta! — levanto rapidamente, vou até a cozinha e volto para a sala com o que sobrou da torta em um prato — Está uma delícia mesmo! — sento ao lado de Edward novamente, enquanto isso Eduardo se esparrama no outro sofá.

— Obrigado! — Edward me encara enquanto eu levo mais um pedaço à boca — Você sabe cozinhar?

— E como! — Eduardo fala antes que eu possa responder — O André cozinha muito bem!

— Eu tento. — digo enquanto olho incrédulo para o Eduardo.

— Nossa, então eu quero provar da sua comida qualquer dia desses.

— Porque não vem jantar com a gente amanhã?

— Claro, por mim está ótimo!

— Já tinha me esquecido, amanhã o Gustavo vai passar o dia aqui! — o Eduardo me avisa.

— Aquele do casamento?!

— Sim! É bom que nós jantamos os quatro juntos.

— Verdade! — digo me sentindo um pouco aliviado de Edward ter aparecido para me salvar daquele jantar!

Continua ...

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