Era uma tarde abafada de verão em Salvador, e o clima na cidade estava repleto da energia habitual de dezembro. Luís e Júlia, amigos inseparáveis desde o colégio, tinham uma amizade sólida construída em anos de confidências, risadas e conversas intermináveis. Até recentemente, nunca houvera qualquer indício de algo mais entre eles; eram, de fato, apenas amigos.
Mas tudo mudou nas últimas semanas. Júlia havia decidido fazer uma cirurgia estética e colocara silicone nos seios, uma mudança que ela sempre quis, mas que parecia ser apenas mais uma das suas decisões impulsivas. Desde então, parara de usar sutiã. Luís, sempre tão relaxado ao seu lado, começara a notar detalhes que nunca lhe chamaram atenção antes: os contornos perfeitos sob as blusas leves que ela usava, os mamilos destacados, o jeito confiante que ela exibia o próprio corpo. Ele se viu pensando nisso com frequência, e a própria proximidade que antes era confortável começou a se tornar desconcertante.
Uma noite, sem conseguir segurar mais seus pensamentos, Luís abriu o coração:
— Ju, preciso te falar uma coisa. Isso vai parecer meio esquisito, mas... eu não consigo parar de pensar em você. Ou melhor, nos seus peitos. Eles estão me deixando maluco.
Ela riu, surpresa, mas também lisonjeada pela confissão. Gostava da ideia de ser desejada, ainda mais por alguém tão próximo.
— Você é bobo, Lu — respondeu, brincalhona. — É só silicone. Mas... fico feliz que tenha notado.
Mais tarde, enquanto conversavam no WhatsApp, Júlia, num impulso travesso, enviou uma foto dos seios. Sem sutiã, apenas a pele macia coberta por uma blusa fina, com os mamilos visíveis.
— Já que você não para de pensar neles, aí está.
Luís ficou estático, o coração disparado. A imagem apenas intensificou o desejo que ele sentia. Ele respondeu com uma avalanche de elogios, misturando nervosismo e sinceridade, mas não passou disso naquela noite.
Dias depois, numa festa na praia de Boa Viagem, o clima estava perfeito. Música alta, bebida gelada e as pessoas mergulhando no mar sob a luz da lua. Júlia estava deslumbrante, usando um biquíni pequeno que realçava suas curvas recém-adquiridas. Luís já estava um pouco bêbado, o que deu coragem para dizer o que estava entalado:
— Ju, você tá incrível. Posso... posso ver de verdade? Assim, de perto?
Ela arqueou uma sobrancelha, mas, divertida, concordou.
— Vem comigo.
Ela o puxou pela mão até o banheiro unissex. Lá dentro, sem cerimônia, levantou o biquíni, revelando os seios perfeitos. Luís ficou hipnotizado.
— Posso tocar? — ele perguntou, quase em um sussurro.
Júlia hesitou por um segundo, mas acabou permitindo. O toque dele foi delicado, quase reverente, mas o momento foi interrompido por batidas insistentes na porta.
— Tem gente aí? Vamos, anda! — gritou alguém do lado de fora.
Eles se separaram às pressas, saindo como se nada tivesse acontecido. A festa seguiu normalmente, mas Luís mal conseguia disfarçar o desejo crescente. Ele bebia mais para tentar acalmar os nervos.
Já no final da noite, enquanto ele estava sentado na areia, observando as ondas, viu Júlia beijando um amigo em comum deles. Um aperto no peito o dominou, mas ele não disse nada. Apenas suspirou resignado. A amizade, talvez, nunca mais fosse a mesma.