O filho do coronel e a filha do capataz. Parte 3
Na sexta a noite, no regresso de Danilo, os dois estavam diferentes. Mataram a saudade da semana com uma transa bem meia boca, não havia sido bom pra nenhum dos dois. Algum tipo de sombra pairava entre eles. Lurdinha achava que alguém tinha reparado em sua troca de olhares com o peão e falado com o marido. Danilo imaginava que a esposa suspeitava da fidelidade dele. Como ambos estavam com receio de tirar a dúvida, o que poderia piorar o clima, resolveram não tocar no assunto e nem aumentar as suspeitas. Dormiram cada um pro seu lado aquela noite.
Danilo saiu cedo aquele sábado. Pensava que a esposa o conhecia muito bem e não queria demonstrar insegurança e acabar sendo descoberto. Preferiu manter um pouco de distância dela e não dar chances de ser interrogado. Enquanto o irmão lhe mostrava o registro de vacinação do gado, Danilo estava perdido em seus pensamentos e sua mente o levava até Fernanda. Eduardo irritado ao perceber a ereção do caçula, deu-lhe um tapa na nuca e disse:
- Tá maluco, excitado de ficar vendo vaca, seu doente?
Ele constrangido decidiu contar o acontecido na cidade pro irmão, seu melhor amigo e conselheiro. Eduardo ouviu com atenção e aconselhou:
- Se foi só um beijo mesmo, larga de paranóia. Isso nem é traição. Se vc ama mesmo sua esposa como diz, se afaste e corte o contato.
Danilo agradeceu o conselho. Já era mesmo aquela atitude que ele ia tomar por conta própria.
Lurdinha acordou e procurou pelo esposo na casa. Não o encontrando, ficou aflita. Por mais que tenha trocado olhares com aquele bruto, nada havia acontecido. Não era motivo pra distância do marido. Ela se sentia triste e solitária. Esperou tanto pelo fim de semana e agora ele nem sequer estava presente.
Apesar da condição financeira da família, ela era moça simples e gostava de fazer o serviço da casa, ocupava sua mente. Estava pensativa estendendo a roupa no varal, quando percebeu que alguém a olhava. Ao se virar, notou os olhos do peão vidrados nela. Ele passava por ali a cavalo. Ela vestia um vestidinho simples de algodão. O sol da manhã atravessava o fino tecido e revelava as curvas daquele corpo que Oscar tanto desejava. Naquele momento ao invés de sair dali, ela decidiu encará-lo. Pelo menos alguém ficava feliz ao olhar pra ela. Sem pensar direito, acenou. Ele desceu do cavalo e veio ao seu encontro. Encorajado pela situação, resolveu puxar conversa. Nunca haviam se falado e ali se ofereceu a oportunidade. Hipnotizado pela visão, ele falou:
- A senhora está muito bonita hoje.
Recobrando um pouco da consciência, ela respondeu:
- Perdeu o juízo? Vai que alguém ouve você falar assim comigo?
Ele era abusado e não ia perder a oportunidade:Falei alguma mentira? Disse ele.
Lurdinha corou e depois da decepção com o marido na noite passada, sentiu sua xoxota molhar. Ele continuou:
- Isso não é serviço pra madame.
Ela resolveu se insinuar. Se abaixou pra pegar uma peça de roupa e deixou que seu vestido levantasse, lhe revelando um pedaço da pequena calcinha de renda branca. No mesmo instante reparou no volume que se formava na calça dele. Mesmo correndo perigo de alguém aparecer, ficou satisfeita ao perceber que mexia com a líbido daquele bruto. Quem ficou encabulado agora foi ele. Prefiriu sair dali antes que alguém aparecesse e foi direito ao seu quarto se aliviar. Se masturbava imaginando o que aquele pequeno pedaço de renda escondia.
Ela também precisava acalmar aquela vontade. Se trancou no quarto e se masturbava pensado naquele abusado. Cada lembrança daquele momento aumentava a sensação de prazer. Dedilhava seu clitóris com vontade. Imaginou Oscar ali com ela e o gozo foi melhor e mais intenso do que na noite anterior com o marido.
Danilo chegou e estranhou o silêncio. Procurou pela esposa e quando tentou abrir a porta do quarto, viu que estava trancada. Bateu chamando por Lurdinha. Ela se assustou, o que iria falar pra ele? Vestiu a calcinha apressada e abriu a porta, ele estranhou vê-la toda suada.
- O que você esta fazendo? Perguntou ele.
Sem saída, resolveu contar uma meia verdade:
- Desculpe, amor! Estava me masturbando.
Sem dar a chance dele responder, continuou:
-Te esperei a semana inteira e vc mal pensou em mim, gozou e foi dormir. Fiquei na vontade.
Se sentindo muito envergonhado por decepcionar sua amada, ele se desculpou e prometeu que aquilo jamais se repetiria. Ainda havia uma pergunta que ele queria fazer:
- O que o Oscar estava fazendo aqui em casa? O pessoal falou que viu ele saindo daqui mais cedo em disparada a cavalo. Parecia que ia tirar o pai da forca. O que ele queria?
Pega de surpresa e até gaguejando um pouco, ela respondeu:
- Nanada não. Veio trazer um recado do pai. Disse pra ir pegar Mariana que a mãe precisa ir na cidade, e saiu depressa.
Danilo estranhou o nervosismo. Mas, como não estava muito bem no conceito da esposa, decidiu encerrar o assunto.
Durante o almoço Lurdinha iniciou a conversa que pra ela resolveria todos os seus problemas.
- Estava pensando, eu não estou conseguindo ficar longe de você durante a semana, Mariana sente muito sua falta, esse fim de semana foi a prova que nosso casamento não está preparado pra distância. Acho que você deveria nos levar pra morar na capital até terminar os estudos.
Ele pensou por alguns instante e contra seu gosto respondeu:
- Lá seria pior pra vocês. Eu estudo o dia inteiro e a noite ainda preciso colocar a leitura em dia e terminar os trabalhos da faculdade, além de ainda ter que acompanhar a administração da fazenda. aqui vocês tem de tudo. Nossa filha tem sorte em crescer aqui.
Vendo o olhar decepcionado dela, não entendeu porque falou aquelas palavras tão rápido. Falou aquilo pensando em Fernanda e no beijo que não conseguia esquecer. Mesmo prometendo a si mesmo que faria a coisa certa.
Ela também, mesmo decepcionada com a resposta do marido, de repente se pegou pensando em Oscar. Se ela ainda tinha um fio de esperança de conseguir resistir aquele homem, na cabeça dela era Danilo quem a estava empurrando pro inevitável. Se apegou aquele pensamento e decidiu deixar o destino seguir seu curso.
Ainda tentaram se amar mais uma vez aquela tarde. De novo, alguma coisa estava errada, mesmo o marido tendo a feito gozar, a masturbação, pensando no peão, foi seu melhor momento aquele fim de semana. Ela dormiu triste outra vez se sentindo suja por ter aquele tipo de pensamento sendo casada.
O domingo passou rápido e os dois mal se falaram. Ao se preparar pra voltar a faculdade aquela noite, Danilo se despediu da filha e deu um beijo sem graça na esposa. Lurdinha estava começando a repensar suas escolhas de vida. Desde que veio morar ali, só ele tivera espaço em sua vida. Nunca se preocupou em fazer amigos, ele sempre supriu todas as suas carências afetivas, como amigo ou amante. Sempre achou que vivia um conto de fadas e seria feliz pra sempre. Essa noite a solidão bateu forte e começou a mudar a personalidade daquela moça simples que sempre foi gentil e alegre.
Seu Francisco tinha um compromisso agendado de última hora na cidade na segunda de manhã e precisava passar algumas instruções para Oscar. Ao se aproximar de seu quarto, que ficava na lateral dos estábulos, ouviu o final de sua conversa ao telefone:
- Pode ficar tranquila, que por aqui está tudo indo como o planejado. Quando tiver novidades, aviso. Dizia ele.
O capataz estranhou. Mas, não era da sua conta. Talvez ele estive falando com a mãe e dizendo que está bem no serviço. Ele sempre falava bem da mãe. Vai ver era isso. Bateu na porta e o peão deu um pulo da cama assustado. O quanto será que o chefe havia ouvido da conversa. Vendo que seu Francisco estava tranquilo, relaxou.
Lurdinha tinha dado janta e assistia televisão com a filha. Em seus pensamentos buscava alguma coisa que havia feito de errado pra justificar a frieza do marido.
Danilo ao chegar em seu apartamento na cidade grande, estacionou o carro e percebeu alguém sentado na escada de seu prédio. Fernanda o esperava e ela estava linda sentada nos degraus. Seu coração batia acelerado no peito. No mesmo instante, Lurdinha ao colocar a filha na cama, sentiu uma pontada aguda no coração. Não era dor física. Era um mau presságio que lhe apunhalava a alma.
Continua...