A Deusa Taweret - Capítulo 29 - O Mensageiro da Deusa e Anúncio de Nomes (Capítulos 30 e 31)
Capítulo 29 – O Mensageiro da Deusa
- Deusa amada, tem certeza de que ele virá?
- Sim. Eu entendo a alma do meu filho. Já que a Sarah conhecia bem o garoto, logo eu também sei que ele estará aqui em breve.
- E então seguiremos com o seu plano?
Era tão bom ter inúmeros fiéis tão dedicados e que não questionavam nada. Eles tinham pouca ideia do escopo geral do que eu estava planejando e mesmo assim obedeciam e acatavam todas as ordens. Já fazia 3 anos e era como se eu tivesse pisado ali hoje, o amor e a veneração deles estava incólume.
- Sim. Ele será fundamental. O filho da Sarah será o Mensageiro da Deusa. Eu entendi que para ser a Mãe do Mundo novamente eu preciso dominar pelo sexo e não com exércitos como antigamente. Minha influência tem que ser difundida com a Palavra da Taweret. E assim os habitantes desta era moderna irão abandonar os falsos deuses por mim. A verdadeira divindade. Aquela que dá a vida e a prosperidade.
- Perfeito! Os preparativos para a chegada do filhote da Sarah serão feitos conforme as suas instruções.
- Assim espero. Ele poderá chegar a qualquer momento. Não o assustem.
Agora eu só preciso deixar uma pergunta na mente do menino.
E eu sei que ele virá.
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E eu tenho um pesadelo de novo na noite seguinte.
O sonho era igual ao de ontem. A mesma alienígena branca como uma cobra albina se aproxima da cama.
Só que na hora da lambida ela abre a boca e eu escuto uma voz de lá, como se o crânio dela tivesse virado uma caixa de som e a garganta um alto faltante.
- Filho, o seu pai está vivo. Venha para a tribo e descubra o que aconteceu com ele. Toda a verdade será sua.
Era a voz da minha mãe!
E criatura para de ecoar aquela voz distante como uma marionete e volta a soltar seus sons.
Que no caso eram rosnados furiosos com uma cadeia enorme de dentes internos.
E em um impulso feroz ela avança no meu pescoço.
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- NÃO!!!!!!! SOCORRO!!!!!!
Eu acordo todo suado e sozinho no meu quarto.
Então era só um sonho.
- Garoto, o que houve?
Se eu já não estava assustado o velho Alvo’o me aparece com uma espingarda apontando para o teto e para as paredes.
- Eu estou bem. Tive só um sonho estranho.
- Estava usando o Selo?
- Não. Eu tirei hoje.
- Ora, porra! Você realmente quer que a Taweret te pegue, não é possível tamanha estupidez, você é pior que o seu pai. Era óbvio que ela ia aparecer. Mas que droga. Está de madrugada, mais tarde hoje a gente conversa. Volte a dormir, pirralho idiota.
E o Professor sai do meu quarto.
Eu não conseguiria dormir de novo, então eu fico pensando no significado daqueles 2 sonhos consecutivos.
Quem era aquela mulher branca?
O que ela tinha a ver com todo esse rolo de Taweret, Sarah e o meu pai?
O primeiro sonho eu estava com a proteção de Salomão. Então nesse caso eu tinha certeza de que a influência da Deusa não existiu. E meu quarto estava exatamente igual quando eu acordei. Foi tão real que me pareceu uma continuação do sonho quando eu acordei.
Já o segundo sonho parecia só uma repetição do primeiro. Como se a Taweret estivesse lendo a minha mente e só repetindo o que eu vi em pesadelo/reprise, tudo isso para me enviar uma mensagem.
Bom.
De certa forma funcionou.
Eu entendi agora o que eu teria que fazer.
Se eu não pude fazer nada pela minha mãe.
Ao menos o meu pai eu salvaria.
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- Aqui, garoto. Toma o seu café comigo. Precisamos conversar.
E eu sento com o Alvo’o e ele me estende umas folhas.
- Agora que você tem 18 anos e seu pai está desaparecido a tempo suficiente para legalmente ser dado como morto, você pode assinar estes documentos. São autorizações de Copyright e direitos autorais de nome e imagem que eu preciso para publicar o livro que eu escrevi sobre a Deusa Taweret, utilizando os relatos pessoais do seu pai sobre a Deusa e a influência dela na sua família e na sua mamãe; e claro, a minha pesquisa minuciosa sobre o tema no campo de feitiços e artes ocultistas.
E eu lembro da minha mãe na TV no dia anterior.
- Mas e quanto à minha mãe? Ela não apareceu no jornal ontem com o seu paradeiro revelado ao público?
- Eu já me precavi e como seu tutor eu entrei com um processo por abandono da parte dela e venci. Tanto faz ela aparecer. Não lembra das audiências que eu te levei?
Eu havia assinado tanta coisa; ido em tantos bancos; botado as minhas digitais em tantos cartórios e fóruns de justiça. A Alvo’o dizia que estava cuidando do meu patrimônio para que eu não desperdiçasse com putas e heroína (palavras dele), mas eu mesmo não entendia o que ele estava fazendo. Eu só confiava porque não tinha mais ninguém. Não poderia aparecer na casa de nenhum tio ou parente próximo. Porque ninguém entenderia a verdade e compreenderia a minha dor e sofrimento.
- Tudo bem. Eu assino.
E o Professor me dá uma dúzia de folhas de frente de documentos soltas e eu assino todas elas sem nem sequer ler sobre o que se tratava.
- Magnífico! Finalmente poderei publicar o livro. Agora vamos voltar ao assunto secundário. O que você viu no seu sonho? A Deusa se apresentou para você?
Alvo’o era super direto e sagaz que eu sempre era pego desprevenido.
- Nada demais. Eu sonhei com a voz da minha mãe Sarah me dizendo que meu pai estava vivo. E que se eu fosse na tribo saberia da verdade.
- Interessante. Ela te viu pela televisão e reatou o laço. Talvez você nem tenha usado o amuleto de proteção de forma inconsciente por efeito disso. Ela é uma estrategista nata. E como a mensagem veio? Quem entregou ela? Foi a Taweret?
Essa era a hora que eu teria que explicar que foi uma mulher alienígena branca e mole como uma cobra feita de geleia. E que essa criatura com uma cauda maior que o corpo e de olhos vermelhos rubi abriu a boca cheia de dentes afiados e pontudos para entregar a mensagem. E que no fim essa coisa avançou no meu pescoço como um vampiro e eu acordei.
- Não. Foi só uma voz no quarto.
O Professor não comprou a mentira.
- E você acordou pingando suor e gritando só com isso? Enfim, se ela apareceu em uma forma indescritível de terror não vou te pressionar se você não quiser me dar detalhes.
- Obrigado, Professor.
- Mas isso tudo é uma armadilha. Eu duvido que a Deusa esteja mentindo. Mas me parece uma meia verdade. Você nem sabe o estado atual do seu pai. Podem ter torturado ele até quebrá-lo por dentro e por fora. E caso você optasse por visitar o corpo da sua mamãe, iria acontecer a mesma coisa com você.
Mesmo o Professor Alvo’o sendo racional e mostrando como que era uma má ideia aceitar o convite da Taweret.
Algum sexto sentido me dizia que meu pai estava vivo e eu precisava ir para a tribo imediatamente.
- Professor, você me ensinou nas artes ocultistas que devemos confiar em nossos pressentimentos, porque podemos sentir a presença de espíritos e intenções malignas dos seres deste e de outros mundos que nos cercam. Tudo isso com o nosso corpo e as mensagens de perigo que ele envia para o nosso cérebro, como um cachorro que late para um canto vazio da sala. Pois então, eu sinto nos meus ossos que é o meu destino ir para a vila tribal. Que algo grandioso me será revelado lá. E que não tem nada a ver com a Taweret nem a Sarah.
Com uma cara de decepção carrancuda o velho Alvo’o fala.
- Já está falando igualzinho a Sarah. Como a carne é fraca no homem. A Taweret se aproveitou do desejo sincero da sua mãe de educar crianças tribais isoladas e como ela atendeu essa vontade da Sarah? A transformou em uma escrava branca geradora de bebês negros. Este foi o futuro grandioso que a aguardava nessa tribo. Tira toda essa balela de Avatar da Deusa e todos termos bonitinhos. Vamos às consequências reais, a Taweret que planeja e tem ambições agora, ela que tem a consciência de que existe. O que restou da sua mãe virou um depósito feminino de porra e feito exclusivamente para reprodução em massa. A sua mãe agora só serve para ser fudida e engravidar. Ela toma rola, engravida, pare e amamenta. Toma piroca, fica prenha, tem bebês e dá alimento. Recebe vários paus pretos, fica buchuda, tem a prole da tribo e dá peitinho para todos. Ela toma...
- Para. Eu entendi.
- Pupilo, não quero ser mal com você. Mas só existe um Deus verdadeiro, e seu filho é Jesus Cristo. Só este Deus sabe das mistérios da origem e do fim dos tempos e do cosmos. Você acha que essa Deusa de araque realmente é a ‘’Mãe do Mundo’’? Se fosse ela não dedicaria tanto esforço para arquitetar uma forma de trazer o bebê mimado da Sarah para a tribo.
Alvo’o estava me ofendendo enquanto tentava me ensinar a sua visão de mundo. Segundo ele apenas o Deus cristão e os seus arcanjos eram entidades de fora dessa realidade material e perecível. Todas as outras divindades (egípcias, nórdicas, gregas, romanas e afins) eram seres que tiveram origem neste mundo, independente da extensão dos seus poderes. Eram só cópias malfeitas da Trindade e que tentavam usurpar o coração dos homens como falsos deuses.
Na cabeça do Alvo’o isso também incluía a Internet e a Ciência contemporânea. Pois o homem moderno passou a ser usado por elas e a adorá-las, ao invés de utilizá-las como um instrumento necessário.
- Professor. Você já me disse diversas vezes que no seu ponto de vista a Taweret é só uma criança humana de dezenas de milênios atrás e que aprendeu artes místicas e foi acumulando poder absorvendo a alma das outras pessoas até virar o que ela é hoje em dia.
- Sim. Isso será uma das teorias em um capítulo extra dedicado a isso no meu livro.
- Mas você morre de medo dela. Você escreve o seu livro sem ver as estátuas da Deusa no Google imagens! Com medo da Taweret!
E era verdade.
Como a Deusa impediu que se gravasse ou tirasse print da tela do Skype (independentemente de ser o meu login ou o do meu pai) não tinha registro de gravações e nem nada que mostrasse a Estátua verdadeira que serviu de receptáculo para a Deusa Taweret. Apenas os relatos do meu pai e do que ele viu anos atrás na barraca da minha mãe sustentavam essa tese. E toda vez que o Professor Alvo’o precisava revisar o seu livro, ele sempre virava o notebook (sim, ele trocou a máquina de datilografia por um Dell de última geração) pra mim e me pedia para descrever as cópias da Estátua que existiam pelas museus mundo afora. Mesmo sendo réplicas ele tinha pavor de olhar diretamente para elas.
- Claro que eu não olho. Você, a Sarah e o frouxo do seu pai se perderam porque ficaram vendo. Ela age através dos sonhos e das imagens. Essa Vadia Egípcia é uma ilusionista de primeira linha. Por isso vocês 3 viraram amebas dela e o Grande Alvo’o está com seu corpo e alma ilesos de tudo isso.
Quando ficava com raiva a arrogância do Professor era multiplicada muitas vezes. E termos como Mestre, Grande e outros começavam a surgir na sua boca.
- Alvo’o. Não quero mais discutir com você. Só quero ver a Taweret. Só isso.
- Moleque insolente! E jogar fora todo o trabalho que eu fiz para te proteger? Fiz uma promessa sagrada de te proteger a todo custo.
- Eu só quero uma passagem de ida na primeira classe direto para a Zâmbia, hotel e tudo necessário para que eu chegue lá. E em troca eu coloco o seu nome em todos os bens que estão em minha posse. Tudo. A casa em Londres dos meus pais. A casa de férias de campo em Sheffield. Tudo que minha mãe trabalhou na ONU para conquistar somado ao que sobrou do meu pai que você não torrou. Tudo será seu. E não será como tutor. Será em definitivo.
E o Grande Professor Alvo’o das Artes Místicas e Ocultas.
Se transforma no pequeno velho mercenário abusador de empregas domésticas.
- S-sério? Você está mesmo determinado a ir. Agora entendo a sua firmeza e irei ceder. Vou acertar toda a papelada e te comprar a passagem. Vou pagar até o Uber para o aeroporto.
Pronto.
O verdadeiro Deus do Alvo’o no final das contas sempre foi só um.
O Dinheiro.
- Obrigado, vovô.
E assim foi acordado. Em poucos dias tudo estaria preparado e eu repetiria os passos do meu pai até aquele país africano.
O Convite da Taweret foi recebido.
E eu seria o Mensageiro da Deusa com a resposta dela.
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Capítulo 30 - A Diáspora de Taweret
Capítulo 31 - A Deusa da Adolescência e das Travessuras