Amor que nunca acabará - Capítulo 6

Um conto erótico de Cadu
Categoria: Homossexual
Data: 03/07/2020 21:04:52

Nosso dia foi maravilhoso, do Jardim Botânico nós fomos para a praia de Copacabana e ver o mar pela primeira vez não tem preço. Ver aquela imensidão azul, me trouxe uma paz e a certeza de ter feito a coisa certa ao sair daquela cidade.

Como o Edu, assim como eu, não podia ter grandes gastos, nós fomos até um supermercado e compramos um lanche bem barato: bolacha recheada e um copo de mate.

- Olha, eu tô impressionado com toda essa cidade.

- É linda, né?! Mas não esquece que ela também tem o lado feio. Aqui é muito perigoso, acho que é perigoso em todos os lugares. Então, você não pode dar bobeira nunca. Você precisa estar sempre atento a tudo. - Ele me falava enquanto olhávamos o mar, estávamos sentados em um dos vários bancos do calçadão de Copacabana.

- Valeu por avisar! Estarei sempre em alerta - na verdade, para quem morou nas ruas, isso era algo natural. Ou eu ficava em pleno estado de alerta, ou eu poderia ser agredido, roubado e até morto enquanto eu dormia na rua.

Nós ainda passeamos bastante e no final do dia o Edu me levou para ver o pôr do sol na pedra do arpoador. E quando eu vi aquela beleza natural, foi impossível não chorar.

- Ei, cara, não precisa chorar, não. - ele disse pondo a mão no meu ombro e me abraçando de lado

- Valeu por me apresentar isso, Edu!

- De nada, irmão. Foi um prazer!

Nós ficamos por ali até o sol se pôr completamente e logo em seguida fomos para e pensão.

- Edu?

- Oi!

Nós já estávamos no trem, voltando para a pensão.

- Muito obrigado mesmo por ter saído hoje comigo e ter me apresentado tudo.

- Não foi nada, Cadu. Nosso dia foi bem legal, né?!

- E como foi!

- Eu também estava precisando largar um pouco os livros, senão eu iria ficar louco. - ele sorriu - então, eu é que tenho que te agradecer por me ter feito desgrudar a cara do livro

Nós dois rimos, e fomos conversando até chegar na pensão. Eu acho que eu nunca tinha falado tanto em toda minha vida, nós passamos o dia conversando. Era fácil falar com o Edu, os assuntos surgiam naturalmente.

- Oi, dona Carmem! - Edu cumprimentou a dona da pensão

- Oi, meninos! Nossa, eu já estava preocupada com vocês. Sumiram o dia inteiro...

- Ah, eu levei o Cadu para conhecer a cidade

- Mas que maravilha! Um lindo gesto, Edu. E você, Cadu, gostou da cidade?

- Achei tudo lindo, Dona Carmem!

- Essa cidade não é chamada de maravilhosa à toa, não é mesmo? Vamos jantar?

- Onde estão os meninos, Dona Carmem? - Edu perguntou

- Ah, eles acabaram de sair.

- Aqueles sem vergonhas nem esperaram pela gente.

Jantamos só nós três, eu ajudei dona Carmem a organizar tudo e depois cada um foi para seu quarto. Eu fui tomar banho e dei de cara com o Edu saindo do banheiro enrolado na toalha.

- Mais uma coisa que eu esqueci de te falar: aqui no verão nós somos literalmente cozidos. É um calor do demônio, não esquece disso. Quando o verão chegar, você vai cozinhar. - ele disse indo para o quarto dele e me deixou rindo da maneira como ele falou

Eu entrei no banheiro e tomei meu banho. Ainda era difícil acreditar que eu estava podendo tomar banho e viver como uma pessoal normal. Fiz toda minha higiene e voltei para o quarto me largando na cama logo após ter colocado uma roupa leve. Eu ouvi baterem na porta.

- Cadu? Tá acordado? - era o Edu

Eu fui até a porta e a abri. Edu foi logo entrando.

- O quê que você tá fazendo? – ele perguntou

- Nada! Eu estava só deitado.

- Posso ficar aqui um pouco?

- Claro que pode!

Ele se sentou no chão, já que no meu quarto só tinha uma cama e um guarda roupas, mesmo o quarto sendo bem espaçoso. Eu sentei também no chão e fiquei encostado na cama, estávamos um de frente para o outro.

- E aí? O que você vai fazer amanhã? - Edu me perguntou.

- Continuar andando atrás de emprego. Como você me mostrou como pegar o trem, hoje, eu acho que tentarei ir lá pra o Centro.

- Por lá você terá mais chances de conseguir um trampo.

- E você?

- De manhã vou para a faculdade e a tarde eu vou trabalhar.

- Você vai direto da faculdade para o trabalho?

- Vou, sim. Seria impossível vir até aqui e depois voltar.

- Cansativo, não?

- E como! Tem dia que eu chego aqui só para dormir mesmo. Mas faz parte, né?! Ah, amanhã eu saio um pouco mais tarde já que não tenho os primeiro períodos, se você quiser, a gente pode sair junto.

- Ah, legal! Vamos, sim!

- O que você tá procurando?

- Como assim? - eu não tinha entendido a pergunta

- Para trabalhar...

- Ah, qualquer coisa. O que me der dinheiro eu topo

- Não vai virar garoto de programa, hein?! - Ele disse rindo

- Isso com certeza, não! - Eu ri junto

- Então, refaz essa frase aí.

- Beleza! Então, eu quero qualquer emprego onde eu não tenha que vender meu corpo sexualmente. Ficou melhor assim?

- Agora sim! - Nós continuávamos rindo

Ficamos ali conversando até umas 22h e depois ele foi para o quarto dormir, pois segundo ele, ele sempre tentava dormir cedo, quando não trabalhava de noite, para poder aguentar a jornada do dia seguinte. A única exceção era na sexta feira e no sábado quando ele não precisava acordar cedo nem no sábado e nem no domingo.

Meus primeiros quinze dias foram de muitas andanças pela cidade e de toda a economia que eu podia fazer. Como eu estava adaptado a suportar a fome, passar o dia inteiro andando pra lá e pra cá geralmente dá fome em qualquer pessoa, mas naqueles dias, se eu sentia fome, eu nem percebia. Com o decorrer dos dias a minha preocupação de não conseguir nada só aumentava, eu me preocupava e tinha medo de as empresas não darem uma chance para um menino de 18 anos sem experiência nenhuma. Felizmente, depois de tanto esperar e andar, um supermercado me ligou e me convocou para uma entrevista. Eu estaria concorrendo a vaga de repositor de estoque.

Durante esses primeiros quinze dias, Edu e eu acabamos nos aproximando bastante já que os outros só se falavam entre si. A impressão que a gente tinha é que eles tinham formado o “Clã da medicina”. Nós nos falávamos todos os dias. Foi após esses primeiros quinze dias que eu entendi o motivo do Edu ter gostado tanto da minha chegada na pensão. Nesses primeiros dias, ele vinha todas as noites que ele estava livre ao meu quarto pra gente conversar e isso acabou se tornando um hábito nosso.

- Cadu, vai dar tudo certo, cara. O nervosismo é normal, vai na fé que dá tudo certo. - Edu tentava me acalmar em uma das noites em que estávamos sentados no chão do meu quarto.

Eu ligava frequentemente para a Dona Joana e a informava como eu estava, assim, ela sabia que eu iria a uma entrevista de emprego. Ela ainda me cobrava todas as vezes que nos falávamos para eu ir lhe informando de tudo e eu pedia que ela informasse tudo ao padre também.

Enfim, o dia da entrevista chegou e como era folga do Edu, ele me levou lá após as aulas dele. Meus primeiros dias no RJ foram bem tranquilos graças ao Edu, ele não media esforços para me ajudar.

- Edu, eu tô muito nervoso.

- Tenta se acalmar, vai dar certo, você vai ver. - ele me deu um empurrãozinho que eu já estava habituado, pois ele fazia isso com frequência

- Acho que eu nunca fiquei tão nervoso na vida...

- Não vai ter um pirepaque, Cadu - ele disse rindo de mim

- Não ri de mim! - eu devolvi o empurrãozinho que ele tinha me dado

Ao chegar no local da entrevista, eu vi que havia várias pessoas ali aguardando. Pelo visto, a vaga seria concorridíssima. Edu e eu ficamos aguardando durante uma hora, até eles chamarem meu nome e eu entrar.

Quem me recepcionou foi a chefe do RH do supermercado para o qual eu estava concorrendo a uma vaga, era um supermercado de Copacabana. Ele era bem movimentado, ela me disse, e por isso o serviço ali era muito intenso, sobretudo para a vaga que eu estava concorrendo. Ela me fez várias perguntas, entre elas o motivo de eu querer aquela vaga. Eu fui sincero, disse que tinha me mudado há pouco para a cidade e que precisava trabalhar para eu poder conseguir estudar.

- Certo, Carlos. Mas você sabe que essa vaga é de 8h corridas, não é?

- Sim, senhora. No momento eu não estou estudando, pois cheguei aqui após o início do ano letivo.

- Ok, então. Uma outra pergunta, aqui no seu curriculum não vejo nenhuma experiência. Esse seria seu primeiro emprego?

- Sim, senhora.

- Ok, nossa empresa tem um programa específico para jovens que estão se inserindo no mercado de trabalho.

Aquilo foi uma luz no final do túnel para mim, me senti esperançoso, pois no decorrer da entrevista eu fui ficando menos nervoso e consegui falar calma e claramente tudo o que me perguntaram.

- E aí? E aí? - Edu me perguntou assim que saímos para a rua

- Tô esperançoso, Edu.

- Foi boa a entrevista?

- Foi! No decorrer da entrevista eu fui ficando menos nervoso. A senhora que me atendeu era muito simpática.

- Eu te disse! Ei! A gente já está aqui em Copacabana, vamos dar um pulo na praia?

- Vamos! - o supermercado no final das contas era bem pertinho da praia e nós fomos andando.

- Eu nunca me canso de olhar esse mar. - Ele suspirou quando sentamos em um banco no calçadão

- Ele é lindo demais, né?! Traz paz pra gente...

- É isso mesmo! Vamos lá no mar?

- Assim? - eu disse indicando nossas roupas, estávamos de tênis e calça jeans

- Assim mesmo! Tira logo esse sapato e vamos - ele disse tirando o sapado e rindo para mim

- Ah, não Edu!

- Vamos lá, Cadu! Deixa de ser fresco, tira logo esse sapato

Eu fiz o que ele disse e ele foi me puxando até o mar. Nós começamos a caminhar na beira da praia, as ondas iam e vinham e molhavam nossos pés.

- Se você conseguir esse emprego, vamos sair para comemorar.

- Com certeza absoluta! Se eu conseguir esse emprego, uma montanha sairá das minhas costas.

- Eu já até sei onde a gente vai!

- Onde?

- Em uma boate!

- Boate? - eu disse fazendo careta

- É! Você nunca foi em uma?

- Não! - se ele soubesse como tinha sido minha vida, ele com certeza não me faria aquela pergunta

- Não acredito! - ele me empurrou e eu quase caio dentro d'água o que nos levou a uma crise de riso quase infinita.

- Minha barriga tá doendo! - Eu disse limpando minhas lágrimas

- A minha também! - ele disse ainda rindo - se você caísse, eu juro que eu não conseguiria te ajudar, pois eu iria rir até não querer mais.

- Muito amigo, viu?!

- Amigo que é amigo primeiro ri, depois ajuda.

Nós fomos rindo até voltarmos ao calçadão.

- E agora? Como que a gente calça os sapatos?

- Vamos ali, ali a gente consegue lavar os pés. - ele disse apontando para o banheiro.

Nós lavamos os pés e secamos com a meia, tivemos que calçar os sapatos sem meias, é claro.

Nós pegamos um ônibus e fomos para a estação de trem, pois já estava ficando tarde e o Edu ainda precisava estudar.

- Eu juro que se não fosse essa prova maldita, a gente iria assistir o pôr do sol lá no arpoador.

- Fica para a próxima.

Já no trem, eu perguntei para o Edu.

- Como é a boate aqui no RJ?

- Ah, a que nós vamos - ele estava certo que o emprego já era meu, pois eu havia contado do projeto de inserção de jovens no mercado de trabalho que a empresa tinha - ela é um pouco diferente, mas acho que você vai gostar.

- Como assim diferente?

- Ah, você vai ver. Eles ficaram de te ligar quando?

- Até as 18h de amanhã.

- Você vai conseguir!

- Queria ter tanta certeza assim...

- Ei! - ele bateu na minha perna - pensamento positivo!

- Aí, caramba! Doeu!

- Frouxo! - ele disse batendo novamente o que nos fez cair na gargalhada novamente.

Rir com o Edu era fácil, na rua nós parecíamos dois malucos rindo das besteiras que a gente falava. Eu estava extremamente feliz ali, eu me sentia outra pessoa. Todo o peso que me reprimia na minha cidade natal tinha me deixado no momento que eu decolei do aeroporto daquela cidade maldita.

- Boa noite, Cadu! - ele me disse depois que já tínhamos jantado.

- Boa noite, Edu!

Ele subiu para estudar e eu continuei ali pela sala. Dona Carmem estava lá e eu fiquei fazendo companhia para a senhorinha. Ela estava assistindo a novela e eu fiquei por lá.

- Fala, Cadu! - Felipe me cumprimentou assim que entrou em casa - Oi, dona Carmem!

- E aí, Felipe? - Eu disse

- Já jantou, querido?

- Já, sim, senhora. - com essa resposta, ela voltou a prestar atenção na sua novela

- Como foi lá, Cadu? - ele sabia que eu iria fazer a entrevista naquele dia

- Foi tudo tranquilo. No início eu estava para enfartar, mas depois tudo correu bem, eu acho.

- E quando você sabe a resposta?

- Amanhã mesmo...

- Ah, legal! Você vai conseguir, tô torcendo por você.

- Valeu, cara!

- Bom, vou subir. Vida de médico é dentro dos livros - ele disse suspirando

- Vai lá! Boa noite!

- Boa noite, Cadu.

Ele nem falou nada com dona Carmem e eu acho que mesmo se ele tivesse falado, ela não iria ouvir, pois ela estava muito concentrada na novela e nem tinha prestado atenção no que falamos ali ao lado dela.

Quando terminou a novela, eu desejei boa noite para a dona Carmem e fui me deitar também. Foi eu encostar a cabeça no travesseiro que o Edu bateu na minha porta, isso já era um hábito.

- E aí? Já estudou?

- Já, sim!

- Foi rápido, hein?

- É! Eu só fiz uma revisão, já tinha estudado bastante essa matéria.

Nós estávamos os dois sentados no chão, lado a lado e encostados na cama. Estávamos em silêncio após a fala do Edu, olhávamos fixamente para a janela e a noite lá fora.

- Aí, tem dias que eu sinto falta de casa... - ele suspirou. Eu não podia falar o mesmo, pois eu não tinha uma casa - sinto falta dos meus pais, dos meus irmãos, da minha namorada...

Eu fiquei calado o que o fez olhar para mim.

- Ah, droga, desculpa, Cadu!

- Não, tudo bem! Sem problema.

- Eu aqui falando de saudade de casa e você...

- Sem grilo, Edu. Pode falar! Você tem irmãos?

- Tenho! Eu tenho uma irmã mais velha, a Pâmela, ela tem 25 anos e um irmão mais novo, o Paulo, ele tem 11 anos.

- Deve ser legal ter irmãos! - eu disse, pois por mais que eu tivesse dois, eu não poderia chamar aquilo de irmão.

- É ótimo e não é. Amo meus irmãos, mas tem horas que eu quero bater no Paulo, o moleque é um capeta. - ele disse rindo e olhando para a noite lá fora - mas mesmo sendo capeta, ele me faz falta. Você não tem ninguém lá na sua cidade?

- Tenho uma tia - eu dizia que Dona Joana era minha tia, pois foi assim que ela se apresentou, por telefone, a dona Carmem.

- Ah é! Você me falou, foi ela quem te ajudou, né?!

- Isso mesmo!

- Você tinha namorada?

- Não! Para falar a verdade, eu nunca namorei.

- Sério isso?

- Sério! - eu falei sentindo minha cara esquentar de vergonha

- Tem que resolver isso aí então, hein?! - ele me empurrou com os ombros - quando a gente for na boate comemorar teu mais novo emprego, a gente resolve isso. - ele sorriu

Nós voltamos a olhar lá para fora, em silêncio.

- Acho que eu já vou dormir - ele disse se levantando

- Mas já?

- Já, sim. Amanhã tenho que estar cedinho na universidade. Vou ter uma prova do cão!

- Eita! Boa noite, então.

- Boa noite!

- Boa sorte lá na sua prova.

- Valeu, Cadu! Ah, e me avisa assim que eles te ligarem, valeu?

- Beleza, eu não tenho créditos para ligar, mas te mando uma mensagem.

- Seu pobre! - ele disse rindo

- E não é que eu sou mesmo?

Ele saiu rindo do meu quarto. Eu me joguei na cama e fiquei pensando em como minha vida tinha dado uma volta de 360⁰. Fiquei pensando se os membros daquela família sentiam a minha falta, mas logo cheguei a conclusão que com certeza não sentiam, afinal, eles me jogaram na rua a base de porrada. Foi pensando nisso que eu adormeci.

No dia seguinte, quando eu desci para tomar café todos os meninos já tinham ido para a universidade e só estava a Dona Carmem em casa.

- E aí querido, nada deles ligarem?

- Até agora não, Dona Carmem.

Mas ainda eram 8h da manhã e com certeza não me ligariam naquele horário. Como eu estava aguardando a ligação, eu não sairia atrás de emprego naquele dia. Então, eu tomei meu café e fiquei no quarto sem fazer nada. Ali eu não tinha livros, televisão, som... não tinha nada para me distrair e como dona Carmem estava limpando lá embaixo, eu não ficaria lá na sala lhe atrapalhando. O jeito foi ficar no quarto sendo corroído pela ansiedade e o medo de não conseguir o emprego. Às 11 horas da manhã eu recebi a ligação.

- Alô, bom dia! Falo com o Carlos M. M. - disse a voz de uma mulher do outro lado da linha

- Bom dia! Sim, sou o Carlos M. M.

- Olá, seu Carlos. Aqui é do setor de RH do supermercado "###". Estamos ligando para lhe informar que você foi aprovado para ocupar a vaga de Repositor de Estoque e pedimos para que você compareça amanhã com todos os seus documentos para que possamos efetivar a sua contratação e lhe instruir de como e quando o senhor começará a trabalhar conosco.

- Sim, amanhã estarei aí. Muito obrigado! - eu estava com vontade de gritar de tão feliz que eu estava

- Eu lhe aguardarei amanhã. Bom dia! - Ela encerrou a ligação

Logo em seguida eu mandei mensagem para a Dona Joana informando que eu tinha conseguido o emprego e eu também mandei mensagem para o Edu que logo em seguida me ligou.

- Eu não te disse, eu não te disse? - ele falava todo feliz

- Cara, eu tô empregado! Nem acredito!

- Eu disse que você conseguiria. Essa sexta vamos comemorar! Vamos comprar os ingressos.

- Tudo bem! - eu sorria para a parede de tanta alegria que estava sentindo - E a prova? - eu lembrei de perguntar

- Foi tranquila, acabei de sair da sala. Acho que tiro nota bem boa.

- Maneiro!

- Vou desligar agora, senão acabam meus créditos. De noite a gente se fala.

- Tá bem! Até de noite!

Aquele dia eu estava com o sorriso grudado na cara e nada faria ele sair dali.

- Que sorriso todo é esse, menino? - Dona Carmem me perguntou quando desci para almoçar.

- Eu consegui, Dona Carmem! Eu consegui!

- Ah, querido - ela veio me abraçar - parabéns! Fico feliz por você. Quando você começa?

- Ainda não sei, eles pediram para eu ir lá amanhã. Eles irão me informar como e quando eu começarei a trabalhar.

- Que maravilha!

Ela me deixou almoçando e voltou aos seus afazeres. Eu tinha vontade de sair gritando pela rua de tanto que eu estava feliz. Feliz por saber que eu não voltaria mais para a rua. Enquanto eu não conseguisse um emprego, essa possibilidade sempre existiria. Estando empregado, eu poderia continuar ali na pensão.

Aqueles seriam os primeiros passos para o meu futuro, eu descobriria mais tarde.

- Eu te disse! Eu te disse! - Edu entrou no meu quarto e foi me abraçando, era a primeira vez que ele me abraçava

Nós ficamos um tempinho abraçados e eu pude perceber como ele era cheiroso.

- Disse mesmo, mas eu só iria acreditar depois que me ligassem.

- E aí? E agora? - ele se separou de mim e se sentou, como de costume, no chão, de frente para a janela e de costas para a cama. Eu fiz o mesmo, ficamos lado a lado.

- Amanhã eu tenho que ir lá.

- Caramba, que pena que eu não posso ir lá com você.

- Sem grilo, eu acho que eu consigo chegar lá. Eu prestei atenção quando você foi comigo.

- Não vai se perder, hein?!

- Não irei não - eu disse dando risada

- Sexta feira já sabe, né?! Vamos sair.

- Sim, senhor.

- Muito bem! É de menino obediente que a gente gosta - ele disse rindo - Vamos ter que comprar o ingresso. Amanhã mesmo eu compro, senão a gente fica sem pois hoje já é quarta e logo eles acabam.

Ficamos acertados de que ele compraria os ingresso e depois eu repassaria o dinheiro para ele. Eu não estava podendo gastar, mas era para comemorar meu emprego. Então, eu me dei esse luxo.

- Carlos, nós precisamos dos seguintes documentos: carteira de identidade, CPF, comprovante de residência e carteira de trabalho - a moça do RH me disse

Eu tinha ido de trem e quase me perdi, mas eu ia com os olhos tão abertos que consegui chegar no horário certo no RH do supermercado.

Quando ela me falou em carteira de trabalho, eu fiquei com medo, pois eu não tinha isso ainda.

- Eu tenho todos os outros documentos, só não tenho carteira de trabalho. - eu disse com medo e envergonhado

- Você nunca tirou carteira de trabalho?

- Não, senhora.

- Tudo bem, então, você irá nesse endereço e tirará sua carteira de trabalho. Demora uns dias para eles emitirem. Com a carteira em mãos, você volta aqui. Mas, Carlos, nós precisamos com a maior urgência. Nós só poderemos efetivar seu contrato com a carteira, ok?

- Certo. Eu irei agora mesmo lá.

- Tudo bem! Volte aqui assim que tiver a carteira.

Eu saí dali direto para o local onde ela tinha me indicado, é claro que eu não fazia a mínima ideia de como chegar lá. Mas, como dizem: "quem tem boca vai à Roma". Então, Eu fui perguntando como chegar lá e depois de algumas horas eu consegui chegar. Quando eu cheguei no guichê de atendimento onde eu tiraria a carteira de trabalho, fui informado que eu deveria ter cópia de todos os meus documentos e mais uma foto 3x4. Por sorte, tudo poderia ser resolvido lá por perto.

Eu corri para tirar as cópias, fazer as fotos e voltar ao guichê de atendimento. Quando eu cheguei lá novamente, já eram 13h. A moça me atendeu e como não tinha ninguém naquele horário, eles emitiram minha carteira de trabalho naquele mesmo dia. O universo estava conspirando para que tudo desse certo, eu tenho certeza! No mesmo dia eu voltei ao supermercado, já estava quase dando 17h quando eu cheguei lá e eu pensava que não iria encontrar ninguém no RH, mas quando as coisas estão no nosso destino, elas acontecem naturalmente.

- Oi, boa tarde! – Eu cumprimentei a Fabiola, ela era a pessoa responsável pelo RH e tinha sido ela quem me recebeu na manhã daquele dia.

- Oi, Carlos! Boa tarde! Em que posso te ajudar?

- Eu consegui tirar minha carteira de trabalho e eu já trouxe.

- Nossa, mas tão rápido assim? Geralmente demora uns dois dias. Você teve sorte.

- É, não tinha ninguém lá e a moça conseguiu me entregar hoje mesmo.

- Bom, então, vamos lá! – ela disse pegando minha carteira – Você vai deixa-la aqui para que possamos assiná-la, quando ela já estiver assinada, eu te chamo aqui para você busca-la, ok?

- Tudo bem!

- Já que você trouxe sua carteira hoje, amanhã mesmo você já começa, tudo bem?

- Sim, senhora.

- Ok! Você entra às 7h e sai às 15h. Você terá uma hora de almoço que será organizada junto com seus colegas. Aqui nós damos ticket refeição, então, você pode almoçar em um restaurante que fica aqui perto, o preço é bem acessível e quase todo mundo daqui almoça lá. Alguma dúvida até aqui?

- Não, senhora.

- Certo! Amanhã quando você chegar, você vem direto aqui, ok? Se eu não estiver, alguém daqui irá lhe levar até onde você irá trabalhar. Nós iremos apresentar a pessoa responsável por você. Bom, acredito que seja isso. Seja bem-vindo à nossa empresa.

Eu a agradeci e fui direto para a estação nas nuvens, ou pelo menos essa era minha intenção. O que eu fiz, na verdade, foi caminhar até a praia. Como no dia que o Edu tinha me acompanhado até ali, eu tirei meus sapatos e fui até o mar. Caminhei sentindo as ondas e a agua gelada nos meus pés, depois de um tempo, eu sentei na areia e fiquei observando aquela imensidão azul. Era reconfortante olhar o mar e ouvir o som das ondas batendo na areia.

Já era noite quando eu levantei e fui andando para a estação de trem. Quando eu cheguei na pensão, o Edu estava na sala com a dona Carmem.

- Cara, por onde você andou? Nós estávamos preocupados com você.

- Ah, eu fui lá no supermercado levar meus documentos.

- Mas você saiu daqui de manhã, querido.

- Pois é, eu passei o dia tentando resolver umas coisas, faltavam alguns documentos.

- Mas você conseguiu? – perguntou a senhorinha

- Consegui! – eu disse com um sorriso de orelha a orelha

- Graças a Deus!

Eu pedi licença e os deixei lá na sala, eu precisava tomar banho, pois eu estava só areia da praia.

- Cara, eu fiquei preocupado com você! – ele estava sentado na minha cama quando eu voltei do banheiro

- Foi mal, Edu! Eu nem lembrei de avisar, o dia foi cansativo pra caramba.

- Você já comeu algo? – Foi só ai que eu lembrei que eu não tinha comido nada o dia inteiro

Eu estava tão acostumado a passar o dia sem comer nada, que eu ainda não estava habituado a estar sempre comendo.

- Que vacilo, hein, Cadu?

- Foi mal, Edu! Eu realmente não lembrei de avisar vocês

- Esse também foi um vacilo, mas eu estava falando de ficar o dia inteiro sem comer.

- Ah, eu estou acostumado.

- Mas não pode! Como bom futuro nutricionista, se eu você pegar sem comer novamente eu puxo a tua orelha. Dona Carmem deixou teu jantar separado lá embaixo. – ele sorriu para mim

Eu adorava aqueles sorrisos, eu achava o Edu lindo. Ele era moreno, seus olhos eram cor de mel, ele era fortinho e tinha o cabelo sempre arrumadinho e bem penteado com gel. No entanto, como ninguém ali sabia da minha opção sexual e eu nunca dei bandeira de nada, eu guardava só para mim a admiração que eu sentia por ele. Ele foi o único que se dispôs a me ajudar e sem a ajuda dele, minha adaptação àquela cidade teria sido bem mais difícil.

- Eu vou lá daqui a pouco. - Ele ficou me olhando e eu fiquei extremamente sem jeito, pois eu estava de toalha, na porta do meu quarto e ele sentado na cama. Como eu iria me trocar com ele ali? – Eh, Edu?

- Sim?

- Eu posso me trocar?

- Ah, foi mal. Vai lá, pode te trocar. Ele disse saindo da minha cama e sentando no chão.

Eu fiquei sem jeito de pedir para ele sair do meu quarto, então, não tinha outro jeito. Eu teria que me vestir com ele ali mesmo. Eu fui até o guarda-roupas e deixei as portas abertas, pois elas poderiam me cobrir um pouco. Eu primeiro vesti a cueca por baixo da toalha, tirei a toalha e vesti uma bermuda e uma camisa, foi só então que fechei a porta do guarda-roupas. Quando eu olhei para onde o Edu estava, meus olhos se encontraram instantaneamente com os olhos dele que estavam fixos em mim.

- Eh, eu vou descer para jantar – eu disse extremamente envergonhado

- Vamos lá, eu desço com você. – Ele disse se levantando

Quando eu desci Dona Carmem queria esquentar meu jantar, mas eu pedi para que ela ficasse sentada assistindo sua novela, eu não daria esse trabalho à ela. Eu poderia comer sem precisar esquentar. Eu peguei o prato que estava na cozinha e fui para a mesa. O Edu já estava sentado à mesa.

- Ei! – Ele chamou minha atenção enquanto eu comia

- Hum! – Eu disse enquanto mastigava

- Já comprei nossos ingressos. Na sexta está confirmado.

- Ah, legal! –eu disse após engolir – quanto eu tenho que te repassar.

- Nada, não. É um presente!

- Que nada, Edu! Me diz ai quanto foi...

- Não, já disse, é um presente. Vamos comemorar, você é um assalariado agora. – ele disse rindo – E aí, como ficou seu horário lá?

Eu não tinha aceitado o fato dele comprar os ingressos, mas se ele não queria falar o valor, o que eu iria fazer?

- Eu entro às 7h e saio às 156h. Vou ter uma hora de almoço.

- Eles vão dar ticket alimentação?

- Unrum! – Eu mastigava

- E transporte?

- Unrum!

- Ai, sim! Você tirou sorte grande, então.

Ele ainda me fez algumas perguntas sobre meu novo emprego e como eu estava comendo, eu só respondia “Unrum!” que era meu sim e “UmUm” que era meu não. Quando eu terminei de jantar, eu lavei meu prato, talheres e copo e os guardei em seus devidos lugares. Só então agradeci dona Carmem por ter guardado meu jantar, desejei boa noite e subi ao meu quarto com o Edu nos meus calcanhares.

- Ei! Amanhã você vai sair junto com a gente, né?

- Que horas vocês saem?

- Quando a gente tem que chegar cedo na universidade, a gente sai daqui umas 6h.

- Mas se eu sair 6h daqui, eu não chego na hora lá. Eu entro às 7h.

- Acho que chega sim, Cadu.

- Acho que não, eu estava planejando sair daqui às 5h20.

- Cara, você vai madrugar.

- É, não posso chegar atrasado no primeiro dia, ne?

- Verdade! Você já sabe chegar lá direitinho?

- Sei, sim! Você me ensinou direitinho.

- Eu sou um ótimo professor! – ele estava todo convencido – Como você não me disse que não tinha carteira de trabalho?

- Eu não sabia que eu precisaria desse documento, nem lembrava da existência dele para falar a verdade.

- Comigo foi a mesma coisa. A sua saiu muito rápido, quando eu tirei a minha ano passado, eu tive que esperar três dias para poder ir buscar.

- A dona Fabiola disse a mesma coisa.

Eu ainda expliquei a ele como eu tinha chegado até o local de tirar a carteira e como tinha sido todo o meu dia. Quando deu 22h, ele foi para o quarto dele me desejando boa noite e boa sorte no meu primeiro dia de trabalho já que nós só nos veríamos na noite do dia seguinte.


Este conto recebeu 66 estrelas.
Incentive Caduu a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Agora parece que as coisas estão caminhando a seu favor, que bom que ainda surgiu essa amizade na sua vida pra te ajudar a seguir em frente.

0 0
Foto de perfil genérica

É tão bom quando as coisas conspiração a nosso favor

0 0
Foto de perfil genérica

Linda essa amizade dos dois,o Cadu está dando a volta por cima, continua

0 0
Foto de perfil genérica

Amando

0 0
Foto de perfil genérica

sempre existes anjos que ajudam a ter fé

0 0
Foto de perfil genérica

amor vence as barreiras do preconceito é do ódio

0 0
Foto de perfil genérica

parabéns

0 0
Foto de perfil genérica

conto mais emotivo que ja li aqui

0 0
Foto de perfil genérica

O amor é O tempo unem para a União

0 0
Foto de perfil genérica

Que capítulo lindo, perseverança é tudo mesmo!

0 0
Foto de perfil genérica

Muito bom

0 0
Foto de perfil genérica

Que mudança radical em sua vida... Não gostei do Edu falar que está com saudades da namorada, mas eu torço que logo, logo ele tenha saudades de um certo namorado...torço por vcs dois...Ansiosa pelo próximo capítulo. Bjs qrdo.

0 0
Foto de perfil genérica

Muito bom!

0 0
Foto de perfil genérica

Edu é top

0 0


sexoirmá vai dormir con seu irmaoconto tudo começou quando minha sobrinha de dez anos sentou no meu coloconto erotico gay musculoso cachorro cigarrocontos eroticos broxaContos eróticos Perdendo o cabaço na Lua de melminha mae se tremeu todinha quando meu pau entrou nela conto eroticovidios posta do nainternete mule de xortiu kurtopadastro abusa das intiadinhascomendo a buçetona da minha irma enquanto a mae passaPAI MALTRATA A FILHA E A FODE CHORANDO AMARADAxvideos mulher gpstosa por baixo da saia gg kk/texto/2009081330/denunciamulher furando o grelhilho da bucetaporno quadrinhos banda desenhada pau grande negro traindo o marido com o sogro de pau grandeconto erotico corno não aguentou o chifrecontos eroticos humilhada arrebentada abalminha mulher de peito e Tonzinho XVídeosesperei ela se distrair e empurrei no cu dela xnxxCodornas tênis gemendo XVídeoscachorro pisudo fudendo mulher no matocontos de filho encoxando mae no onibuscupabuceta e leva roladaquero ver moças dentro de casa de baby doll bem gordinhoquero ver comendo aquele perly do desenhos Power Rangers nx vídeos pornô/texto/201307403granny de 69 chuoando cokc grandeOque falar pra uma mulher pra convensela a tranzar/texto/2016101161Manda se solta solta pum bolado na bunda dessa gostosafime de cavalo mule pornoé doido tia Lenaquero ver um vídeo de mulheres transando com cachorro t***** de quatro com a bunda empinada engatada e urbano gayxvideos coroas enpegada faxineira limpando a louça e o patrao chega em casa e acaba fazendo sexo com elaContos erótico incesto naturismoVrvidiospornoconto coroa bunda gigante sodomizadaconto minha sogra mim escutava meter na filha dela batia sirrricavideo porno amador de empragada lavando louca e menino batendo punheta vendo a empregadaChinguei minha sobrinha de vagabunda ea visinha daxvideos filha sevigado da sua maeesses irmaos tem uma ligacao muito forte pornodoidocontos eroticos GAYS,irmão postiço parte 2contos eróticos minha mãe me fez perder a virgindadeconto erotico de maes esfregado suas sadalia de salto no pal dofilho para ele goza nelas/texto/201404328conto coroa bunda gigante sodomizadaconto erotico vovô vovó e a empregada/tema/idade%20media/melhorespornodoidosenhoracontos encoxadasgemeas identicas dando a bucetinha pra um taradinho/texto/20160964festas na casa de amigos e depois de tanta bebidas um porno com muita violênciamarido corno e esposa endemoniada pornodoidovideo de virgem se entregando pata o pauzudocontos eiroticos leilapornpicão grosso na buceta mijona ñ.mao do guri na minha jebaesperimentando causinahasConto gay estupro coletivovideo gozano na cueca slipgranfina brasileira sequestrada e fode e gozaConto meu cunhado aceitou ser corno so no escuroContos erotico mae bucetuda tias e filho casetudo de sungacasa dos contos gay incestos meu senhormae ajuda seu finho sem calcinha pornocomendo a cunhada com permissão da esposa contos eroticoscontos gays-categoria incesto gays forçado- maduro vs menino ninfeto- meu padrasto paulocontos gay amigocasadoscontosfilhasou puta e amo porra dentro da minha buceta conto eroticoconto menina rola