A Deusa Taweret - Capítulo 19 - Aprendendo a Dividir
Capítulo 19 – Aprendendo a Dividir
Já no dia seguinte eu fico sem saber o que fazer.
Enquanto meu filho estava na escola eu fico enchendo a cara de vodka em casa. Nunca fui de beber muito. Mas agora eu estava tentando me afundar em mágoa e tristeza.
Eu olho o notebook desligado na mesa da sala.
Quer saber?
Foda-se.
Eu ligo o computador e abro o Skype.
- Se você quer me torturar, Taweret. Sinta-se livre pra dividir comigo essa experiência.
Conectando...
- Pelo menos eu quero ver a Sarah.
Conectando...
- Vamos lá, Deusa. Me mostre o que você tem.
Conectando...
Ao estabelecer conexão eu vejo a minha esposa sentada. Só que não era mais na cama na frente da mesinha do notebook. Os nativos tribais haviam construído um trono de madeira e a Sarah estava nele.
E além disso tinha dois bebês no colo.
Cada um estava mamando um seio dela.
As íris dos olhos da minha mulher agora já estavam mudadas pra um verde cristalino e profundo; ao invés do castanho claro e escuro natural dela. O corpo dela também estava ligeiramente maior, os seios mais fartos e mais abertos. Com cada braço ela segurava um bebê negro diferente, enquanto eles mamavam e chupavam desesperadamente os mamilos dela em busca de leite.
- Então essa Deusa já alterou o corpo dela e agora a Sarah está lactante? E agora vai passar a alimentar as crianças da vila tribal como uma vaca leiteira?
E ela nota a minha presença, porque ela vira olhando pra câmera do PC e diz.
- Oi, marido querido. Observe um dos milagres da vida. Esses bebezinhos estão sendo alimentados pelos seios de sua Sarah.
Os nativos em volta olham a webcam e iam começar a futucar curiosos.
- Não mecham, meus súditos! Se ele quer ver. Então ele verá.
Os índios obedecem na hora a ordem dela.
Aquilo era bem diferente do normal.
- Que ironia. Antes eles te drogavam a força e agora acatam as suas ordens?
Ainda dando de mamar, a Taweret sorri e responde olhando diretamente pra mim.
- A sua esposa que era forçada a tomar o chá pra agilizar o processo. Mas agora que já estou quase terminando a transferência, eles me obedecem pois sabem que é a Deusa amada dele que está aqui agora.
Os seguidores voltam a se ajoelhar e a rezar aos pés do corpo da Sarah no trono, com dois bebês negros tomando o seu leite.
Chega.
Só que ao invés de desligar eu boto o computador no quarto e vou pra sala.
- Não vou ficar ligando essa merda toda hora ansioso. Vai ficar 24 horas vendo a parede do meu quarto, sua meretriz imunda em forma de deusa egípcia!
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Eu volto da minha escolinha e vou brincar na sala.
- Papai, quando é o dia de falar com a mamãe?
- Não sei. Outro dia. Sei lá. Me deixa beber e não enche o meu saco.
Meu pai dorme no sofá roncando.
Eu estou tão sozinho.
- Filho. Não fique triste. Escute a minha voz. Vem pra mim.
- Mamãe?
Era a voz da mamãe!
Ela está no quarto do papai e voltou pra casa!
- Mamãe!
- Estou aqui. Olha para essa tela mágica dos homens brancos.
Mamãe estava igualzinha da última vez.
Aí eu vejo algo diferente.
- Mamãe, por que seus olhos estão tão verdes?
- E só a luz, achou bonito?
- Sim, mamãe. Tá diferente.
- E como está o seu papai?
- Hum... Ele está cansado e dormindo na sala. Papai estava bebendo aquele suco que só adultos podem beber.
- Entendo. Filho, você pode sempre vir aqui me ver. Falar com a sua mãe. Mas não pode falar com o papai. Senão ele não vai deixar você me ver.
- Tá bom, mamãe.
E eu fico brincando a minha mãe. Mas muito mesmo.
Ela perguntou da minha escolinha e de como era a vida aqui.
- Quantas informações interessantes. E essas pessoas não têm uma Deusa? Uma Mãe?
- Deusa? Papai me leva pra uma casa onde tem um homem em uma cruz de madeira. Meu pai diz que é ele. Só isso. E mãe eu tenho só você mesmo.
- Sim, querido. Você gostaria de vir aqui me ver?
- Claro. Mas porque você não veio pra casa? Já não ensinou os homens selvagens?
Mamãe sorri e responde.
- Eles não são selvagens. Eles são como você. E a mamãe está ocupada. Eles não tem mãe e não tem os seus privilégios que você tem. É mais fácil você vir aqui. Pede ao seu papai pra te trazer pra mim.
Eu não entendi nada.
- Tudo bem. Aí eu vou poder brincar com você aí?
- Sim. Vai poder brincar comigo. Eu preciso muito de você aqui. Minha criança querida. Eu entendi com você que eu não posso ser só a Mãe de uma tribo. Eu tenho que ser a Mãe do mundo inteiro. Você vai me ajudar com isso.
- Mãe do mundo? Tô confuso.
- Você vai entender agora. Chefe, me traga a garoto.
Então surge uma criança bem mais velha. A mamãe o bota no colo.
E como se fosse um bebezinho ele começa a chupar os peitos da mamãe, enquanto ela levantava a blusa pra ele.
- Mamãe!! Por que ele está fazendo isso? Tira ele daí!! Agora!!
E eu já estava chorando.
- Filho. Eu sou a mãe deles também. Ninguém aqui pode cuidar deles a não ser eu. Você não pode ser tão ciumento com a sua mamãe.
- Não! Você é a MINHA mamãe! Só a minha!
Mamãe mais séria fala.
- Filho. Ou você vai ficar sem a sua mãe por ser egoísta. Ou você aceita dividir ela e a Sarah vai brincar com você. Você tem que deixar outras crianças brincarem com seus carrinhos.
Eu não queria ficar sem a mamãe.
- Tá. Eu quero você comigo.
- Então engole o choro. E guarda segredo. No momento correto o papai irá te trazer. E você vai ficar com a mamãe. Pra sempre.
O garoto era bem mais velho, deitado parecia menor. Com uma mão ele aperta um peito que esguicha leite, enquanto mamava o outro.
Já faz tempo que eu não tinha idade pra isso.
Mas eu estava com ciúmes.
- Você queria estar aqui. Não queria? Fazendo o que ele está fazendo comigo?
- Sim. Eu acho que sim, mamãe.
- Então sempre que você voltar da escola venha me ver. Eu vou te ensinar todo dia como que se divide os brinquedos com as crianças pobres que não tem. Você vai entender como o trabalho da sua mamãezinha é importante. E você vai fazer parte desse trabalho. Agora tchau.
- Espera, mamãe! Vamos brincar mais!
A tela pisca e minha mãe some.
Conexão perdida.