A menina mais putinha da rua
Não posso revelar a idade das pessoas envolvidas neste relato. Posso me limitar a comentar o quão jovem nós éramos. Apesar disto, vou descrever o físico de cada um, apenas para efeito visual e digo de antemão: para não expor os envolvidos, tantos anos depois, usarei nomes fictícios, inclusive o meu. Embora o ideal fosse você vir este desabafo como fictício.
Houve tempo no qual estar na rua até as dez da noite, falando sobre trivialidades era comum. Imagine roda de amigos, meninos e meninas presentes, todos sem experiência, debatendo tópicos irrelevantes para o mundo real, porém de extrema importância na mente inocente e sem malícia. Horas perdidas. Porém, as melhores memórias e o tempo mais gostoso da vida. O frio, o tal sereno (ainda hoje místico para mim) e a imagem nítida da lua cheia e estrelas sobre nós, enquanto os primeiros feromônios eram deixados e captados. Luzes acesas das casas e dentro delas adultos genuínos assistiam às novelas ou a telejornais.
Sexo era tabu. E por este motivo, apenas dizer esta palavra trazia risinhos, vergonha e logo se mudava de assunto. Esta era a norma. Isto era ensinado pelas entidades superiores.
E esta norma era quebrada por Cristina.
Cristina era a putinha da rua. Por ser a mais velha e por ter pais cujas tendências morais não cooperavam, se descobriu mulher antes da hora. Para as meninas, era o mau exemplo a nunca ser seguido, sob pena de surra. Para os rapazes, era a porta de entrada para o pecaminoso mundo das ereções, punhetas e, quando com muita sorte, perda da virgindade.
Era sexualmente ativa.
Cristina era mestiça. Não conheci seus pais, mas eram evidentes os traços indígenas. Cabelo bem liso e pele bem morena. Contrariando o padrão, já possuía peitinhos salteados, como duas peras fazendo volume sob o uniforme curto e apertado, assim como a bundinha. Era a única moça da rua de rabinho arrebitado, redondo, já visível na calça, desenhadinho, me dando muitas vezes a impressão de estar sem calcinha. Escultura. Raramente ria de alegria verdadeira. A maioria das vezes estava de dentes para fora por deboche. Para concluir a descrição, era matriculada na pior escola pública do bairro. Sim, aquela aonde ninguém de bem queria ir e se ouviam notícias terríveis acerca das atitudes dos alunos.
Pois Daniel recém-chegado (conhecido como 'o filho do feirante'), o garotão, o rapaz peralta com habilidade para o futebol, o com já certa experiência e histórias sobre como comeu a prima, a soltar pipas e dar piti quando a sua era cortada (creio ser este o termo), já com certo porte muscular e ano mais novo foi se engraçar justamente de Cristina. Ficavam na porta de casa, se agarrando, se abraçando, sentados como namorados de porta, mas safados como cães no cio.
E isto virou assunto por semana ou mais. Fofocas para cá, fofocas para lá.
Diferente de mim e Pablo, claro. Ele era o mais novo. Muito, muito mais novo. Até comparado a mim. Pablinho possuía zero malícia. Era bom garoto e cismou comigo para compartilhar aventuras e debates acerca de programas televisivos e fitas VHS. Adultos genuínos, outros caras, garotas e até eu mesmo por vezes me peguei indagando a razão para ele ser tão apegado comigo. Talvez fosse pelo fato de eu ter poucas companhias, ou raramente me envolver com colegas de igual idade. Era a pessoa diferentona e me sentia mais à vontade perto dos mais novos.
Naquela noite, as horas corriam velozes. Do grupo de sete, logo três foram embora e quando menos percebi, estávamos somente eu, Daniel e Cristina se comendo ao ar livre e Pablo. Os dois se beijavam, enroscavam as línguas e eu podia ver a mão dele subindo pelas costelas e por vezes procurando apalpar os peitos da indiazinha. Ela, por sua vez, com ambas as mãos no rosto dele, o acariciava e dava gemidinhos baixos, suprimidos, mas com evidente tesão.
Tomado por espécie de remorso (ou vergonha alheia) procurei eu distrair Pablinho falando sobre amenidades saudáveis. Porém, os olhos do piá fixados no ato estavam. Pablo parecia em transe ao ver os dois se comendo. Procurei eu por vezes o cutucar no ombro. 'Pablo, tu já viu...' - e sem resposta, acentuava o gesto, a ponto de o chacoalhar. 'Pablo! Oh Pablo!'. Nada dava fim ao interesse pela cena ali a ocorrer.
Neste momento, Cristina percebeu a mão de Daniel nos peitos dela. Se fingindo de rogada, fez mini escândalo com tons de bronca:
'Larga do meu peito, filho da puta'
'Deixa só eu dar uma pegadinha!'
'Não! Larga esse caralho. Olha o Pablinho olhando pra gente porra'
'Pablo tá é a fim de ver também, hahaha!'
Então Daniel, de onde estava, abaixou de supetão o calção do garoto. O pintinho, claro, estava duro como rocha. Eu desaprovei e isto expressei no rosto, mas não iria intervir. Daniel era forte e mais velho. Eu perderia sem nem começar.
'É assim que nasce o punheteiro, ó!' continuou Daniel, passando a mão no escrotinho miúdo de Pablo, por vezes o punhetando de leve. E riu de forma escandalosa, porém abafada, para evitar atenção demais dos adultos genuínos donos da calçada onde estávamos.
Neste momento, Daniel também baixou o calção e aos risos começou a bater a própria punheta particular. Trocando olhares com Pablo, ora para o rosto, ora para o caralho. E, como bom entendedor, logo estava Pablino também batendo a (talvez) primeira punheta da vida. Rindo sem saber. Sentindo prazer sem entender. Eu cruzei os braços. E sem me manifestar, ainda expressando desaprovação, me limitei a assistir.
'Pablo, caralho. Essa cara de anjinho e esse pau duro, porra!' disse Cris. Aproximando bem o rosto à pica dele. Quase a cheirando. Depois foi risadinha, bem safada, enquanto descansava as mãos sobre os joelhos, como se fosse rebolar. Dali, podia eu ver a bundinha perfeita e pelo nosso posicionamento, apenas eu podia. Misto de tesão e repúdio. Heroísmo impotente caiu por terra. Eu quis participar da brincadeira, mas a inércia me impedia. Assim como a curiosidade não me permitiu levantar e ir embora.
'Tá vendo?! Pablinho tá louquinho pra ver tuas tetas, filha da puta!' outra vez Daniel fez a solicitação.
Em determinados momentos de nossas vidas, estímulos funcionam com mais eficácia. Cristina se posicionou, com ambas as mãos segurou a parte inferior da blusa e, em único supetão, a retirou. E isto já seria inspirador o bastante. Mágico o bastante. Mas no breve lapso entre isto e o seguinte, desejei ver mais. Pura ganância. E este mais veio, na sequência, quando baixou (mas não retirou) o sutiã. Estava ela ali, fruta nova, ainda maturando, mas com peitinhos para fora. E os olhares, de Daniel, de Pablinho e meus também devo confessar.
E com os indicadores e polegares brincou com os biquinhos, fazendo conjunto com as auréolas escuras de indígena mestiça, sob luzes amareladas dos postes.
A pressão foi demais. Segundos depois estava Daniel gozando. Pablinho, rindo, inocente, sem entender bem, sem interpretar bem, continuou seu esboço de masturbação, abobado com a porra de Daniel descendo pela mão. Ela foi bem rápida em se vestir novamente. Daniel gargalhava, se recompondo e saindo dali em pinote, como se fugisse, de vergonha, cri, mas com orgulho do ato.
Esporrei, caralho! Olha minha mão! continuou Daniel, escandaloso, já sem filtro. Aos risos, querendo a limpar em Cris. Em defesa, Cristina também ria, o contendo, o bloqueando, procurando evitar se sujar de esperma. Pablinho, hipnotizado e feliz, também participava da algazarra, ainda com a mão no pintinho, mas agora em movimento mais bruscos. Os três pareciam muito felizes.
Até quando um, e depois o outro, e depois a outra me viram. Meu olhar depressivo e abismado, representando a culpa da cena. Se recompuseram. Como robôs, os três, se despediram com boas noites e falous, até amanhã. E foram os três embora, cada um em direção à própria casa.