đđEU AMO VOCĂđđ: CAPĂTULO: 24
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Reinaldo despertou como o barulho do relógio. Carlos também levantou. Ainda sonolento, ele foi mijar e depois foi na cozinha pegar uma ågua na geladeira. E era só o que tinha mesmo no momento dentro da geladeira; só ågua pra beber.
Reinaldo disse: - Vai dormir amor, ainda Ă© muito cedo.
Carlos sonolento respondeu: - Eu vou...
E foi pro quarto deitar. Reinaldo se arrumou todo pro trabalho, foi ate o quarto e beijou a testa de Carlos que dormia um sono gostoso. Da porta do quarto ele olhou pra Carlos dormindo tranquilo pela Ășltima vez antes de sair de casa.
Depois passou no seu tio e tomou café lå e foi com seu tio embora para o ponto do Înibus, quase as 5hs da manhã.
Carlos despertou, olhou a hora no relĂłgio despertador na cabeceira da cama. Eram 10:45 da manhĂŁ, ele se levantou, ligou a TV, e enquanto as vĂĄlvulas da TV esquentavam, para aparecer a imagem, ele foi no banheiro. Mijou bastante e escovou os dentes. Seu estomago roncou de fome. Na sala a TV jĂĄ aparecia a imagem do programa Vila SĂ©samo. (programa infantil que passava nesse perĂodo pela manhĂŁ e reprisava a tarde). Ele foi para a sala e viu encima da vitrola um papel escrito, ele apanhou e viu o dinheiro, e entĂŁo leu o papel que era um bilhete deixado por Reinaldo:
- Bom dia meu broto!
- Estou deixando 100 cruzeiros para vocĂȘ fazer as compras do mĂȘs! Se faltar ainda alguma coisa, a noite vocĂȘ me fala que lhe dou o dinheiro para comprar o restante.
Carlos ficou olhando o papel pensativo e deixou o bilhete por sobre a vitrola. Pegou o dinheiro e contou. Tinha realmente CR$: 100;00 em notas de 10 cruzeiros. Ele colocou uma camisa e abriu a porta de casa, deixando a TV ligada. Quando ia saindo no portĂŁo dois meninos que estavam em frente sua casa, um moreninho clarinho e outro bem escurinho que tinham mas ou menos uns 8 ou 9 anos; cercaram ele e o pretinho perguntou:
- Tio a sua televisĂŁo ta ligada no programa Vila SĂ©samo?
Carlos surpreso respondeu: - EstĂĄ sim! - Porque?
Os dois meninos se olharam e o moreninho parecendo tomar coragem pra falar disse: - O senhor pode deixar sua janela aberta sĂł um pouquinho, pra gente ficar olhando daqui de fora?
Carlos se compadeceu dos meninos e se ele não fosse sair em busca de algo para comer, até deixaria aquelas pobre crianças assistirem televisão na sua sala.
Mas mesmo assim ele com pena disse: - Eu deixo vocĂȘs assistirem se me disserem onde encontro alguma vendinha para comprar algo de comer.
O menino escuro disse: - O senhor desce a rua pra esse lado e duas ruas depois tem uma padaria do seu Manoel. Se seguir na mesma rua da padaria, mas a frente tem a venda do seu Joaquim.
O menino moreno disse logo em seguida: - O senhor vai deixar a janela aberta para agente ver?
Carlos deu um sorriso de piedade pro dois e disse: - Vou sim, Ă© sĂł um instantinho!
E voltou se para dentro de casa e abriu a janela de madeira da frente da casa. Antes de sair, pegou no botĂŁo de volume e autiou o som, para os meninos poderem ver e ouvir a televisĂŁo do lado de fora do quintal da frente da casa dele.
Ele foi caminhando, comprou um pĂŁo (naquele tempo, eram pĂŁes de bisnagas grandes que vinham embrulhados em papel de pĂŁo e amarrados com barbante.).
Comprou tambĂ©m 200grs de mortadela e de cafĂ© muido na hora dentro da padaria. Ainda comprou um Kilo de açĂșcar. E voltou para casa. Quando ia chegando no portĂŁo, lĂĄ estava os meninos de pĂ© encima de dois caixotes de madeiras, cada um com o seu. Arrumaram em algum canto, para poderem dar altura. Carlos sorriu pra eles e entrou, foi para a cozinha fazer o cafĂ©, e o cheirinho de cafĂ© invadindo a casa. Da cozinha ele escutou a voz de um dos meninos falando para o outro:
Esse cheiro do cafezinho, e eu aqui com fome, ainda nĂŁo comi nada.
O outro respondeu: - Podes crĂȘ Zezinho!
Da cozinha ele descobriu que um dos meninos se chamava Zezinho. E com pena preparou um copo de café para cada e cortou um pedaço de pão com uma fatia de mortadela dentro e levou num prato para eles comerem.
Os meninos ficaram, numa felicidade só. Aquela era uma manhã de sorte para os dois, poder ver televisão e ainda ganharem um café da manhã, foi mesmo supimpa.
Carlos estava na cozinha lavando a louça do café, o prato e os copos que os meninos tinham usado, quando de repente ouviu um alarido na sua porta. Ele correu e foi ver da janela da sala e do lado de fora viu os meninos saindo em desparada e Rosa a esposa do tio de Reinaldo, bringando com eles e falando:
- Anda cambada de meninos vadios, vĂŁo ver televisĂŁo em outra freguesia!
Da Janela Carlos foi direto abrir a porta pra mulher que tinha deixado sua filha Vanessa com sua vizinha e estava acabando de chegar na porta dele. Ela jĂĄ chegou dizendo: - Foi vocĂȘ, que deixou esses moleques vendo televisĂŁo pela sua janela?
Carlos respondeu: - Foi sim!
Rosa: - Meu filho nĂŁo faça isso. Esses moleques sĂŁo tudo uns abusados, se vocĂȘ deixa os dois vendo televisĂŁo hoje, amanhĂŁ eles voltam pra te pedir de novo, com mais dois outros garotos, e no outro dia com mais e depois mais, antes de chegar o fim do mĂȘs, vai ter menino atĂ© dependurado no lustre da sua sala pra ver desenho na TV. Escuta o que eu to te falando!
Carlos: - Eu fiquei com pena deles, mas a senhora tem razĂŁo!
Rosa: - Quem tem pena Ă© galinha! - Agente nĂŁo pode ficar com pena, porque se nĂŁo eles abusam da sua boa vontade. - Vai por mim, que vocĂȘ Ă© novo no bairro, e eu jĂĄ sou macaca velha, conheço tudo por aqui.
- Mas deixando esse assunto de lado, eu vim aqui porque lhe prometi ir as compras com vocĂȘ.
Carlos: - Que bom estou mesmo precisando! - Reinaldo me deixou dinheiro para as compras.
A mulher olhou Carlos e reparando no jeito dele, ligando uma coisa com a outra. Ela soltou na cara de Carlos (paraibana arretada, nĂŁo era de meias palavras, dizia tudo na cara mesmo) dizendo pra ele:
- Eu sei que vocĂȘ e Reinaldo tem um enrosco entre vocĂȘs e nĂŁo Ă© sĂł amizade.
Carlos olhava pra mulher assustado, nĂŁo sabia o que dizer. Mas ela continuou:
- Se o tio dele souber vai ficar louco, e uma hora ele vai saber, vocĂȘ nĂŁo acha?
Carlos não respondia nada apenas queria saber até onde aquela mulher queria chegar.
Vendo que Carlos estava mais branco ainda de susto e nada respondia, ela disse:
- NĂŁo precisa ficar assustado, eu nada direi a ele. Se bem que eu acho que ele sabe, mas nĂŁo quer se meter e prefere fazer vista grossa. No que eu acho muito bom, nem ele e nem ninguĂ©m tem que se meter na vida de vocĂȘs dois!
Carlos: - Porque a senhora esta dizendo isso?
Rosa: - Ontem quando vocĂȘs saĂram lĂĄ de casa depois da janta, meu marido o tio de Reinaldo veio atĂ© mim na cozinha e falou:
- Nega, eu pensei que Reinaldinho fosse me voltar do Rio com uma moça, e ele me volta com um rapaz para morar com ele. O que vocĂȘ acha disso?
- Eu nĂŁo acho nada, se o rapaz falou que Ă© amigo. Ă porque Ă© amigo e pronto, oras...
- Mas minha preta e se for outra coisa, vocĂȘ sabe o que estou querendo lhe dizer.
- Se for Ă© assunto deles. Aqui nessa casa agente deve amar e continuar a cuidar de Reinaldo como nossa famĂlia. Porque ele Ă© da nossa famĂlia. O que ele faz lĂĄ dentro daquela casa com esse outro rapaz, jĂĄ nĂŁo Ă© de nossa conta. E depois esse mundo de hoje, jĂĄ nĂŁo Ă© mais como o nosso, agora a onda Ă© o amor livre. Ă o Terceiro Sexo. NĂŁo Ă© isso que agente mais se ouve falar hoje em dia que Ă© homem com homem e mulher com mulher?
- Pois então, pare de besteira homem, e deixe os dois serem felizes do modo deles, se assim for da vontade deles. (Terceiro sexo = termo muito usado na década de 70 para designar a sexualidade entre gays e lésbicas).
Carlos ouvia a mulher e pelo papo ele sentiu segurança nela. Ela parecia ter uma cabeça moderna e pra frente. Ele então falou:
- Eu agradeço a senhora, pelas palavras de respeito para com nós dois.
Rosa: - Que isso meu filho, eu sou uma mulher moderna, eu sei que vocĂȘs fazem como diz hoje em dia: o tal do Sexo pra Frente, homem com homem ou mulher com mulher. Igual a vocĂȘs dois tem muitos espalhados por esse mundo a fora. E quem sou eu pra julgar vocĂȘs dois. Eu gosto do Reinaldo desde que vi ele pela primeira vez ainda um menino. Eu sĂł quero que vocĂȘ faça ele feliz sĂł isso, porque ele Ă© um rapaz trabalhador e merece a felicidade. (Sexo pra frente = outro termo muito tĂpico dos anos 70 para designar o amor livre, o sexo entre homens com homens, mulher com mulher ou em caso de vĂĄrios homens com mulheres a famosa suruba. No geral todo o tipo de sexo que nĂŁo era o sexo normal com sĂł um homem e uma sĂł mulher. Era nessa Ă©poca considerado o amor livre, o Sexo Pra Frente).
Carlos respondeu: - Eu faço! - Bem... - Eu tento, pois, o amo muito!
Rosa: - Amar jĂĄ Ă© o suficiente para enfrentar as barreiras da vida meu filho. E pelo duro que vi Reinaldo dar pra por a casa dele de pĂ© e tudo isso para te trazer pra cĂĄ, para viver com ele. Ă porque vocĂȘs devem se amar muito. SĂł quero que vocĂȘ saiba que pode contar comigo sempre. Aqui neste lugar, eu sou a segunda mĂŁe de Reinaldo, tenho ele como meu filho, uma vez que a mĂŁe dele se encontra longe no Rio.
Carlos mas feliz por saber da sinceridade daquela mulher diz: - Ele pretende trazer a mãe para cå até o meio do ano.
Rosa: - Ă to sabendo disso meu filho. - Mas ela sabe sobre vocĂȘs dois?
Carlos: - Acredito que seja como seu esposo, desconfia mas prefere fingir que nĂŁo vĂȘ. Mas de todos os modos, Reinaldo pretende contar para ela antes de trazer lĂĄ para cĂĄ.
Rosa: - Ă melhor que ela saiba mesmo pela boca dele, do que pela boca dos outros. Mas e quanto a vocĂȘ, jĂĄ contou a sua famĂlia?
Carlos: - Jå e meu pai deu um tiro por conta disso no peito de minha mãe. Depois lhe conto sobre isso com mås calma. O importante é que ele esta amargando uma cadeia e que minha mãe esta viva e muito bem. Além do que ela me aceita como sou e me apóia.
Rosa: - Graças a Deus, se tivesse um filho como vocĂȘ, esteja certo que eu apoiaria tambĂ©m. - Agora seu pai fazer isto! - O bom Ă© que ele esta preso e vai amargar uns bons anos atrĂĄs das grades. (Naquele tempo de ditadura, a pessoa quando cometia um delito, ou crime ficava preso por anos. Diferente dos dias atuais em que o cara rouba ou mata, a polĂcia prende e os juĂzes soltam. Hoje um bandido mata seu filho sĂł pra roubar o celular dele e dois dias depois esta em liberdade).
Os dois foram as compras num mercadinho próximo dali. Eles conversaram muito e a mulher voltou com ele para fazer a comida, ela foi ensinando a ele cozinhar de um jeito especial. E Carlos estava adorando essa aproximação com ela, ao menos ele tinha ali alguém que intendia ele e Reinaldo e não condenava eles. E viu nela também uma mulher simples mas que se tornou aos poucos uma amiga especial. Ela ensinava tudo para ele de uma casa. Assim Reinaldo quando chegava em casa cansado do trabalho encontrava uma casa limpa e uma comida bem gostosa pra aliviar ele do seu cansaço.
Aquela noite Carlos esperou e esperou, jĂĄ estava terminando a Novela das 10hs da noite quando Reinaldo chegou, cansado e exausto.
Carlos, tirando o paletĂł de Reinaldo e falando com ele disse: - Amor o que houve, vocĂȘ chegando tĂŁo tarde?
Reinaldo: - Meu broto, vai se acostumando. Esqueceu que tenho dois empregos. Trabalho pra burro naquele prédio, pra poder termos nosso conforto.
Carlos: - Ă, eu sei. - Queria poder trabalhar tambĂ©m, para poder te ajudar e assim vocĂȘ poderia sair de um desses emprego, e te aliviaria mais.
Reinaldo: - Seria uma boa. - Vamos ver como vai ficar. EstĂĄ para pintar uma promoção boa, e ai ficarei sĂł na parte de propagandista. Vou praticamente ganhar o que ganho hoje, e poder ter sĂł um emprego. E jĂĄ falei de vocĂȘ para o meu patrĂŁo, ele ficou de te encaixar assim que tiver uma oportunidade lĂĄ. Calma que isso logo vai acontecer e vamos trabalhar juntos no mesmo prĂ©dio.
Carlos sorriu com a possibilidade futura, e deu um beijo em Reinaldo e depois falou: - Vai tomar um banho para descansar um pouco, que vou esquentar a janta.
Depois que os dois jantaram, pois Carlos fez sĂł um lanchinho para espantar a fome e poder esperar para Jantar junto com seu homem. Reinaldo ainda elogiou a comida gostosa de Carlos e Carlos ficou muito feliz. (Ele estava aprendendo bem, com a tia de Reinaldo).
Eles foram finalmente deitar para dormir, mas Reinaldo ainda queria matar saudades. E disse para Carlos: - Quero fazer amor hoje com vocĂȘ novamente! - Passei o dia lembrando de nossa noite de ontem.
Carlos: - Então vem meu amor! (Disse isso deitado na cama e abrindo os braços pra ele).
Reinaldo: - Deixa eu sĂł ligar o rĂĄdio.
Reinaldo foi atĂ© a sala e ligou o rĂĄdio da vitrola. O locutor estava acabando de falar enquanto ele voltava pro quarto e deitado na cama começava a beijar Carlos. (AliĂĄs, eu to achando que essa mania de TomĂĄs no futuro de sĂł gostar de transar ouvindo mĂșsica, vem do passado, pois Reinaldo sĂł gostava de fazer amor ouvindo mĂșsica tambĂ©m).
No rĂĄdio o locutor anunciava o sucesso Music And Me dos Jackson Five na voz doce do entĂŁo menino Michael Jackson.
We've been together for such a long time now
Music, music and me
Don't care wether all our songs rhyme
Now music, music and me...
A mĂșsica rolando, e Carlos de pernas aberta, nĂș da cintura para baixo, e de olhinhos fechados sentia Reinaldo penetrando ele de frente, atĂ© estar tudo dentro e Reinaldo começar lentamente estocar o cuzinho dele com metidas calmas porĂ©m fortes. Carlos estava com suas pernas pro alto, por sobre o ombros de Reinaldo, e ia aguentando as pirocadas de Reinaldo ficando cada vez mais forte. Ele lĂĄ deitado, seus cabelos claros cumpridos esparramados pela cama, parte deles caĂdo de lado sobre seu rosto. E no silĂȘncio sĂł se ouvia Michael Jackson cantando pra eles, os gemidos de Reinaldo e Carlos. AtĂ© que Reinaldo gozou. Os dois caĂram de lado ofegante. Se beijaram, e Reinaldo se levantou num pulo para se banhar e dormir. Carlos foi logo atrĂĄs. Depois conversaram um pouco, Carlos contou sobre o seu dia e ouviu Reinaldo contando sobre o dele e entĂŁo eles dormiram abraçadinhos, atĂ© Reinaldo acordar com o despertador. Dessa vez Carlos levantou e foi preparar o cafĂ© pro seu marido, e depois levou ele atĂ© a porta e trocou um Ășltimo beijo gostoso com ele, antes de abrir a porta. Eles saĂram no portĂŁozinho de casa e Carlos ficou olhando seu homem descendo a rua para ir em direção da casa do tio, e depois entrou para ir dormir mas um pouco.
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E no prĂłximo capĂtulo:
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Felipe e o magricela do TK escutaram uma rajada de tiros. E quando dĂĄ essa rajada Ă© pra avisar que as policias estĂŁo invadindo o morro.
Felipe disse: - VĂŁo bora mano, vĂŁo bora. Atividade, atividade no bagulho!
E depois virou se pra Abner e entregou uma pistola na mĂŁo dele e disse: - Cuida do teu problema ai, que agente vai cuidar do nosso. - Valeu!