Complicado part.03

[...] Renan – Vocês conversaram o que?

Eu – Não conversamos, é o que eu te disse, ele dormiu aqui e assim que acordou foi embora. Nem agradeceu, nem nada. Só descobri o nome por que por acaso ele esqueceu o cartão de credito aqui.

Renan – Que cara doido.

Eu – Não acho que ele seja doido, mas deve ter algum problema...

Renan – Hiiiiii... Já ta defendendo. Apaixonou mesmo, hein?

Eu – Foi, foi isso mesmo, me apaixonei por um cara que deixou minha cama fedendo a cachaça e que eu só vi uma vez.

Digo irônico.

Renan – Paixão a primeira vista, nunca ouviu falar?

Ele gargalhava pelo telefone.

Eu – Ele é engraçado, ele.

Digo irônico.

Renan – Ei vou ter que desligar aqui, vou la na casa da Aline agora. Te vejo mais tarde.

Eu – Ok, manda um beijo pra Aline.

Desligo.

Fico jogando até que dar a hora de ir a boate...

PT.03

As 11:00 da noite, como combinado, eu já estava lá, pronto pra começar. Queria fazer tudo correto, caso seja necessario sustituir alguem de novo, eu ser chamado.

Diferente de ontem, Ricardo não estava lá.

Eu – Ele não veio hoje, Renan.

Renan – Calma, seu namoradinho ainda vem. Ele nunca chega no mesmo horario, as vezes vem mais cedo, as vezes mais tarde.

Eu – Ele não é meu namoradinho...

Renan – Ainda, né?

Diz me interrompendo.

Eu - Só quero devolver o cartão de credito do cara.

Renan – Uhum, é isso mesmo. Acreditei.

Diz ironico.

Eu – É pra acreditar mesmo.

Renan – Diz que não achou ele bonito, que eu acredito.

Eu – Ele é um cara bonito, eu nunca neguei isso.

Renan – Então? Tu é um cara presença, ele também. Os dois são gays. O que custa tentar?

Renan vive me jogando pra cima de todo cara gay que ele conhece.

Eu – Tu tem que parar com essa mania de ficar procurando namorado pra mim.

Renan – Só tô fazendo meu serviço de amigo. Só quero que você seja feliz Juan. Depois daquilo que aconteceu e depois do Guilherme, acho que você merece.

Eu – E quem te garante que o Ricardo é gay?

Renan – Ele tá aqui todo fim de semana e aqui é uma boate gay, não sei se você percebeu.

Eu – Você tá aqui todo final de semana, você é gay também?

Renan – Eu tô aqui trabalhando, ele vem por que quer!

Diz rindo.

Eu – Ah, prepara teus bebidas aí que o pessoal ta esperando.

Continuo atendendo os clientes.

Depois de algum tempo Renan vem falar comigo novamente.

Renan – Olha ali quem chegou.

Fala mostrando o Ricardo que vinha caminhando até o bar.

Eu – Boa noite.

Digo assim que ele se senta.

Ricardo – Uma dose de vodka.

O entrego e ele bebe udo de um só gole.

Ricardo – Outra!

Ok...

Eu – Olha, você deixou isso no chão do meu quarto hoje.

Entrego o cartão de cretido a ele.

Ricardo – Hm, pensei que tivesse perdido. Valeu.

Valeu não é obrigado, mas eu não estava esperando um agradecimento mesmo. Vida que segue.

Coloco mais outra dose pra ele e vou atender as outras pessoas, mas sempre o observando.

Em determinado momento, um rapaz se aproxima dele e começam a conversar. Na verdade o rapaz falava e ele se limitava a responder sim ou não... Ou as vezes não respondia. Até que chega uma hora que o rapaz desiste e o deixa lá.

Ricardo me chama e mostra seu copo vazio.

Eu – Vai com calma rapaz. Vai se divertir um pouco. Por que você não vai dançar com seu amigo?

Ricardo – Que amigo?

Eu – E aquele cara que estava aqui agora pouco com você?

Ricardo – Não é meu amigo. É um cara querendo ficar comigo.

Eu – Hm. Ele é bonito, porque não conversa com ele, vai que se dão bem...

Ricardo – Se eu quisesse, agora estaria comendo ele no banheiro.

Diz ironico.

Eu – Só acho que...

Ricardo - Se gostou dele, fica com ele você! Não gosto de gente oferecida e não tô a fim de pegar ninguém. Valeu?

Diz me interrompendo.

Eu – Velho porque tu é assim? Que foi que aconteceu? Tu vem aqui todo fim de semana, enche o rabo de cachaça, fica ai todo amargurado, não fala com ninguém...

Ricardo – Você é barman/analista?

Eu – Não. Só quero saber o que deixou assim.

Ricardo – O que, eu não posso mais beber? É proibido? Já passou pela tua cabeça intrometida que eu simplesmente possa gostar de beber?

Eu – Gostar de beber é uma coisa... Você já ta na fase alcoolatra!

Ricardo – Você é barman, deve adorar alcoolatras!

Ele diz sorrindo.

Eu – Não, quem adora é o dono do bar.

Ricardo - Você dá palpite na vida de todos os clientes ou é só na minha em especial?

Eu – Até agora você é o único que eu vejo bebendo alem dos limites.

Ricardo – Como é teu nome mesmo fera?

Eu – Juan.

Ricardo – Juan. Então Juan, eu não preciso de lição de moral, só preciso que você mantenha meu copo sempre cheio, pode ser?

Eu – Ok! Só queria saber o que houve...

Ricardo – Quem sabe depois de mais algumas doses, eu te conte.

Eu – Então, teve algo mesmo?

Digo enchendo seu copo.

Ricardo – Olha, tão te chamando lá do outro lado. Por que você não vai irritar alguem por lá e me deixa em paz?

Eu -...

O deixo lá sozinho.

Renan – E ai, como foi?

Eu – Como foi nada. O cara é um grosso. Devolvi o cartão, não me agradeceu. Perguntei com que houve com ele, só me deu patada...

Renan – Se ele não quer papo, deixa ele pra lá.

Pedi que o Renan trocasse de lado comigo, então ele ficou responsavel por atender o Ricardo.

Ele ficava me chamando, mas sempre quem ia era o Renan.

Renan – Juan, pode cobrir meu lado só uns minutinhos enquanto vou ao banheiro?

Eu – Vai lá.

Renan – Valeu, tô quase me mijando.

Disse já andando.

Ricardo – Juan...

O atendo, mas dessa vez não falo mais nada.

Ricardo – Qual foi? Nenhum comentario de auto-ajuda?

Diz rindo.

Ricardo – Assim que eu gosto, caladinho!

Babaca.

Eu – Cara, eu gosto de conversa com as pessoas, me ajuda a passar o tempo. Gosto de ser amigavel, mesmo com gente como você!

Ricardo – Gente como eu? Que tipo de gente você acha que eu sou? Bonito e bem sucedido?

Eu – Amargo, arrogante e mal educado.

Ricardo – Agora eu sou mal educado porque não quero dar detalhes da minha vida particular pra um estranho?

Eu – Não, não por causa disso, mas a forma que você fala é grosseira, isso é falta de educação. Quando alguém te ajuda, você não agradece, isso é falta de educação.

Ricardo – Eu pedi sua ajuda em algum momento? Eu faço isso todos os dias e estou ótimo!

Eu - Qualquer pessoa que olhe pra você, ver que você não está ótimo. Olha pra você bebado e patetico... Mas você pediu pra eu te deixar em paz, não foi? O cliente é quem manda.

Ricardo – Olha aqui filho da...

Vejo que Renan já esta de volta e deixo ele lá falando só.

Ricardo – Juan! Juan volta aqui agora!

Deixei ele falando sozinho, quando percebi ele já tinha saido do bar. Depois fico pesando que agi errado com ele. De fato, não sabia o que havia acontecido e não cabe a mim julgar a realidade alheia

Pouco a pouco a boate foi ficando vazia e fiquei batendo papo com os meninos. Logo mais fui liberado pra ir.

Já la fora, avisto Ricardo novamente. Era minha chance de me desculpar. Ele estava sentado no chão, parecia esta chorando.

Eu – Ricardo?

Ricardo – O que você quer?

Diz secando as lagrimas.

Eu – Cara, eu quero me desculpar pelo que te disse mais cedo.

Ricardo – Relaxa...

Eu – Você tá bem?

Digo sentando no chão ao lado.

Ricardo – Eu acabei de ver o cara que eu amo, que eu achei que me amasse também, lá dentro, aos beijos com o amante dele e estou bebado demais pra conseguir dirigir até em casa. O que você acha? Eu não poderia estar melhor!

Diz ironico.

Eu – Porra cara, eu sinto muito. Tenta não se abalar por isso.

Ricardo – Você acha que é facil? Acha que nunca tentei?

Eu não sei nem o que dizer pra fazer ele se sentir melhor.

Eu – Vamos. Levanta daí, vou te deixar em casa.

Ricardo – Não! Me leva pra sua casa. Tudo lá em casa me lembra dele e não tô conseguindo lidar com isso agora.

Eu – Ok. Vamos.

Ele me passa as chaves e fomos. Quando chegamos em minha casa digo a ele pra ir tomar banho, enquanto separo uma roupa minha pra empresta-lo e preparo aluma coisa pra nos comermos.

Após o banho ele vem ate a cozinha.

Ricardo – Pow velho, valeu. Tava precisando desse banho.

Eu – Tranquilo. Pega, toma esses comprimidos vai diminuir sua ressaca amanha.

Ele toma.

Ricardo – Obr... Obrigado.

Eu – Por nada.

Ricardo – Quero dizer, obrigado por tudo. Por ter me ajudado ontem e hoje também. E eu fui o maior cretino contigo...

Eu – Esquece isso. Só vamo comer e ir dormir logo.

Digo sorrindo.

Ricardo – Por falar nisso, tem problema eu dormir aqui de novo não, não é? Seus pais não vão reclamar?

Eu – Eu moro sozinho.

Ricardo – Hm... Ta certo.

Ele fica um tempinho calado.

Eu – Você quer conversar?

Ricardo – Cara... Juan, eu não sou muito de tá falando sobre meus problemas com os outros, prefiro lidar com eles sozinho, mas como acho que tô te devendo uma...

Seu rosto ficou triste novamente.

Ricardo – Um dia eu sai mais cedo do trabalho e peguei meu namorado na cama com o amante dele. Na nossa cama, na cama que ele fazia amor comigo.

Eu – Que foda.

Ricardo – Ele pediu desculpas, mas disse que tava apaixonado por esse cara, que era com ele que ele queria ficar... Daí ele me deixou.

Eu – Vocês estavam morando juntos há muito tempo?

Ricardo – Passamos 4 meses namorado e 2 anos e meio morando juntos.

Eu – Nossa! Foram morar juntos depois de só 4 meses?

Ricardo – Eu tava louco de paixão por ele. Queria passar a maior quantidade de tempo possivel ao lado dele. Eu amo demais aquele desgraçado! Eu ainda não acredito que ele foi capaz de me trair dessa forma! Depois de tudo que eu passei pra ficar com ele!

Eu – O que você fez?

Ricardo – Ele sempre reclamava porque não queria namorar alugém que tivesse no armario. Então me vi obrigado a contar aos meus pais por medo de perde-lo. Quando contei que estavamos juntos, meu pai não reagiu bem, me agrediu, disse que nunca que aceitaria ter um filho viado, cortou relações comigo... Ele morreu me odiando Juan! Mesmo eu abdicando minha familia por ele, ainda fui traido!

Eu – E sua mãe?

Ricardo – Minha mãe é tranquila. Sempre me apoiou em tudo.

Eu – Ricardo esse cara não te merece! Esquece ele! Parte pra outra.

Ricardo – Como? Se ele não sai da minha cabeça!

Eu – Há quanto tempo isso aconteceu?

Ricardo – Um mês... Um mês e ele já esta morando com o amante. Amanha ele disse que vai passar lá em casa pra pegar o resto das coisas dele.

Eu – Você não pode ficar sofrendo por esse cara pra sempre. Muito bom que ele leve tudas as tralhas dele de uma vez. Assim você apaga a existencia dele da sua vida de uma vez!

Ricardo – Queria que fosse facil assim...

Ele solta um longo suspiro.

Ricardo – Acho que já vou deitar. Eu vou dormir onde?

Eu – Pode ficar lá na minha cama de novo.

Ricardo – E você?

Eu – Eu me viro no sofa.

Ricardo – Não velho, eu que to aqui de metido, eu fico no sofá.

Eu – Que isso Ricardo! Você é meu convidado, não vou deixar você dormir todo desconfortavel.

Ricardo – Ah vamo parar de frescura, tua cama é grande, cabe nos dois numa boa.

Eu sorrio.

Eu – Verdade. Vai lá deitar, que eu vou tomar banho ainda.

Ricardo – beleza...

E ele vai pro quarto.

Continua.

Guga Carvalho, Suara, Jonh, Luuisiho queridos, muito obrigado pelos comentários. Espero que continuem gostando.

Grande abraço.