O GATO DO MEU CHEFE- CAP. 2
TE AMO MESMO ASSIM.
- E como foi a entrevista querido.- Perguntou a minha mãe com muito dificuldade.
- Foi ótima mamãe. - Não queria desaponta-la, então resolvi mentir. - Acho que fui bem.
- Oh meu filho, eu sei que foi. Você vale ouro. Estou rezando pra que consiga esse emprego.
- Obrigado mamãe. - Foi a única coisa que consegui dizer, começei me sentir culpado por mentir para ela.
- Filho, eu acho que não vou durar muito tempo.- Ela começou a falar ainda com mais dificuldade.- Precisamos ter uma conversa séria.
- Não mamãe, não diga isso. A senhora ainda vai viver muito. E o que tiver pra conversar pode ser outro dia que estiver melhor.- Lagrimas começam a se acumular em meus olhos.
- Não meu filho tem que ser agora.
- Tudo bem.- Respondo.
- Você sabe que eu te amo independente de qualquer coisa não é mesmo.
- Não duvido disso mamãe. - Dou um beijo em sua mão.
- Então meu filho. Se abra pra mim. Diga o que a muito tempo quer me dizer. Diga o que se passa aqui. - Ela toca o lado esquerdo de meu peito.
- Mamãe, é dificil mas eu te amo e sei que me ama.
- Então diga meu filho.- Ela tosse fraco.
- Mamãe eu sou gay. Não sei quando passei a me sentir assim ou a desejar e sentir atração por homens, mas é isso que eu sou. - Dei uma pausa.- Me perdoe por não dizer antes, é que eu não sabia como seria sua reação.
- Ah meu filhinho, eu sou mãe esqueceu. Mãe sente o que se passa com os filhos. - Ela tosse novamente.- Eu já sabia meu filho, só precisava que você me contasse.
- Obrigado mamãe.
- Eu te amo do geito que você é. Sempre será meu filho. Um homem com H maiúsculo. Eu te amo meu filho.
- Te amo o dobro mamãe. - Disse depositando um beijo em sua testa.
- Você precisa ir pra casa meu filho, ja está ficando tarde.
- Sim mamãe. Já vou indo. Descanse.
- Sim meu filho pode deixar.
- Dona Laura.- O doutor Carlos entra na sala com uma prancheta.- Está na hora de seu remédio. Boa tarde senhor Arthur.
- Boa tarde Doutor. Cuide bem dela.
- Pode deixar. - Ele responde.
- Vou indo mamãe.
- Sim meu filho e cuidado.
- Pode deixar mamãe.
Dou um último beijo em minha mãe e um aperto de mão para o Doutor Carlos e vou embora.
∆°∆
Segui caminhando até o ponto de onibus mais próximo, e fico pensando como esse dia foi diferente. Estava ruim, aquela entrevista teria acabado com meu dia e os próximo também se não fosse pela conversa que tive com minha mamãe. O dia passou a ficar bom até então.
- Uma esmola senhor, por favor. - Um menino de olhos azuis claros me aborda e me olha com os olhos tristes. Ele está todo sujo e descalço. Aparente ter em média 9 anos.
Passo a mão nos bolsos e sinto o dinheiro da passagem no bolso de trás da calça. Penso por um instante. É o unico dinheiro que tenho, se dar a ele terei de ir a pé. Olho em meu relógio de pulso e vejo que são 15:47.
Pego o dinheiro e dou ao menino. Ele olha e sorri com seus dentes amarelados.
- Obrigado senhor. Deus que o ajude.
- Amém.- Respondo devolvendo o sorriso.
Ele corre para o outro lado da rua e logo some de vista.
Daqui até em casa são 12 quilômetros, se for rápido consigo chegar antes da novela acabar.
Começo a andar na calçada e sigo em direção a minha casa. Será um longo caminho.