Fogo Cruzado - Capítulo 24

Capítulo 24 - O dia seguinte

Eu não a veria mais e nem a tocaria, um amor platônico, talvez. Isso nem importava. Mas, de uma coisa eu tinha certeza: Havia descoberto a sexualidade. A minha sexualidade.

Levantei da cama e vesti a calcinha, procurei o sutian e o vestido e os vesti, ajeitei o coque nos cabelos, que havia desmanchado e saí, encostando a porta, antes de olhar mais uma vez a delegada que dormia tranquila, de barriga pra cima.

Do lado de fora da casa, liguei para um táxi, passando o endereço e esperando do lado de dentro do pátio, pois estava tarde.

Olhei no relógio do celular e vi que passavam da meia noite.

Quando o táxi chegou, saí pelo portão, que pra minha sorte, estava aberto e entrei no carro, passando ao taxista o endereço.

Em casa, minha mãe já estava dormindo e isso era bom. Não teria que dar explicações. Fui direto pro banheiro e tomei um banho não muito demorado. Não parava de pensar no que havia acontecido. Estava feliz e triste, ao mesmo tempo.

Rodrigo... Me lembrei já deitada na cama. Eu tinha que terminar com ele. Ou melhor, terminar o projeto de namoro que ele tinha para nós. Não podia dar falsas esperanças a ele, ainda mais estando apaixonada por alguém. E ainda por cima, ele e Cássia eram amigos.

Em que roubada você se meteu hein? Minha consciência resolveu me incomodar e eu a ignorei.

O bom, ou ruim, é que eu não veria mais a delegada. Ela provavelmente acordaria pela manhã e pensaria que tudo tinha sido um sonho.

Ou pesadelo. Minha consciencia zombou.

Eu não queria pensar mais na parte ruim daquela história, apenas lembrar dos bons momentos que passei naquela noite.

Eu posso não te ver mais, mas sempre te guardarei no meu coração. Pensei sorrindo e adormeci.

Naquela noite, eu sonhei várias vezes com tudo o que aconteceu...

Pela manhã, acordei cedo. Meu sexo ainda ardia, lembrança da fátidica noite passada. Tomei um banho rápido, precisava organizar algumas coisas do trabalho e da faculdade e precisava esquecer por algumas horas o que havia acontecido e me concentrar, segunda-feira voltaria a minha rotina normal.

Após o banho, vesti um vestido curto que tinha, sem calcinha ou sutian e me sentei em frente ao meu notebook, na escrivaninha, para digitar um trabalho da faculdade.

Depois de algum tempo naquele ofício, ouvi batidas na porta e ela se abriu em seguida. Eu continuei digitando, sem olhar. Afinal, só morávamos ali eu e minha mãe. Ninguém, exceto minha avó, nos visitava.

-Com licença, filha. A sua amiga Cássia veio te visitar. -Eu virei rapidamente em direção a porta, dando de cara com a delegada, ao lado de minha mãe, que sorria como se conhecesse Cássia a muito tempo. Já a delegada, estava de cara fechada, vestida socialmente como sempre, os cabelos desalinhados a deixavam irresistível. Trazia nas mãos, uma sacola de papel de alguma loja. Ela não fazia o tipo que usava bolsa.

-Tu-tudo bem, ma-mãe... -Gaguejei.

Estava perplexa. O que ela fazia ali? Como sabia onde eu morava?

Ela é delegada, sua imbecil. Minha consciência não perdoou.

-Vou deixar vocês conversarem, enquanto faço o almoço. -Falou minha mãe sorrindo e antes de sair, fechou a porta.

A delegada ficou me encarando, a expressão impenetrável. Eu me obriguei a falar:

-Vo-você... -Iniciei, mas logo fui interrompida por ela.

-Eu quero saber o quê significa isso. -Disse em tom sério, enquanto pegava algo da sacola.

Eu arregalei os olhos. Era o lençol. Abri a boca para falar, mas me faltou coragem e baixei a cabeça, com vergonha.

Ela se aproximou rapidamente, ficando a minha frente. Parecia brava.

-Isso é algum tipo de brincadeira? -Segurou meu braço, me fazendo levantar da cadeira.

-Não... -Respondi baixinho, ainda de cabeça baixa.

-Por que não me contou? -Ergueu meu rosto, me fazendo a encarar.

-Isso não importa. -Falei a encarando. Não importava mesmo. Estava bem demais pra me culpar ou culpá-la de qualquer coisa.

Ela aproximou seu rosto do meu, havia largado a sacola e o lençol no chão.

-Me desculpe, eu fui bruta com você. -Sussurrou. -Eu te machuquei? -Perguntou com evidente preocupação.

-Só um pouquinho. -Eu sorri, era engraçado vê-la assim.

Ela sorriu fraquinho, se aproximou mais e me beijou.

Continua...

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