AMOR DE PESO - 01X17 - A BUSCA

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 3647 palavras
Data: 28/09/2016 01:56:42
Última revisão: 24/11/2020 23:23:39

Pai e Mãe,

Que noite espetacular. Tá, eu sei. Não deveria falar sobre certos assuntos com vocês, mas estou feliz. Porquê? Ao meu lado dorme o homem mais lindo do mundo. Estou passando por toda esse pesadelo com a pessoa que mais amo e, de certa forma, isso me dá forças para continuar.

***

— Zedu, o que a gente fez? — perguntei preocupado.

— Você está arrependido? — ele respondeu com outra pergunta.

— A Alicia...

— Eu não estou mais com a Alicia. A gente terminou ontem. Isso me rendeu um copo de refrigerante light no rosto. A sensação não é boa. Você e o Diogo?

Sim. O Diogo e eu. De fato, nós nunca namoramos, porém, já estávamos juntos há quatro meses. E o que a recém solteirice do Zedu representava? Eu deveria ter esperanças em ter algo com ele? São tantas perguntas que flutuam na minha cabeça, ainda mais agora, onde a prioridade é a nossa sobrevivência.

Naquela noite, ficamos em silêncio, apenas nos acariciando. Os sons da floresta eram as únicas coisas que quebravam aquela quietude. O Zedu estava deitado em meu peito, aproveitei para acariciar seus cabelos negros. De repente, a chuva voltou a cair e o frio se intensificou.

Caramba, entre todos os dias que deveria fazer frio em Manaus, os deuses do tempo escolheram justamente esse? O Zedu perguntou se eu estava bem, respondi que sim. Ele beijou minha bochecha e acariciou meu rosto.

— Você está tão calado. Eu te machuquei? — Zedu quis saber, quebrando o silêncio.

— Não é isso. É que… você…

— Eu?

— Desde sempre eu quis ficar com você. Mas, parecia tão impossível.

— O quê?

— O fato de nós dois ficarmos juntos. — respondi tentando ser o mais claro possível.

— Yuri, desculpa. Eu sinto o mesmo por você, mas sempre tive medo de ser...

— De ser? — perguntei, mesmo já sabendo qual seria a resposta dele.

— Tenho vergonha de ser gay. — a voz de Zedu soou triste e baixa, não imaginava que uma pessoa tão alegre como ele passava por uma tempestade tão forte.

— Não é fácil, porém, eu prefiro ser provocado todos os dias pelo Lucas, Vando e os outros, do que esconder quem, realmente, sou. Aprendi isso de um jeito difícil.

No meio da nossa conversa, o vento começou a bater mais forte e a água escorria por todos os lados. A gente se abraçou mais forte, na esperança de espantar o frio que nos atingia. Sério, não imagino passar por uma desventura dessa com outra pessoa.

O Zedu não era um cara forte. Seus 70 quilos bem distribuídos não eram eficazes contra a baixa temperatura. Por outro lado, os meus 100 quilos conseguiam me fazer sofrer menos, então, abraçava o Zedu da melhor forma que conseguia.

Na floresta, todos os sons ganham uma proporção assustadora. Um trovão ecoou pela mata e nos assustou e, cara, como assustou. Quase dou um grito, mas precisei ser corajoso pelo José Eduardo, ele parecia mais assustado que eu.

— Se você gostava de mim, porquê, porquê você tá com o Diogo? — ele perguntou, após se recuperar do susto.

— Porque ele me aceitou. O Diogo é mais próximo da minha realidade.

— Como assim? — ele perguntou se afastando um pouco.

— Zedu. Olha para mim, olha para você. Eu sou gordo e feio. Você é bonito, atlético e simpático. Acho que se a gente namorasse, as pessoas iam pensar que você é louco.

— Yuri. — Zedu falou tocando meu rosto e rindo. — Você é lindo. O peso é apenas uma questão de gosto. Por exemplo, o Diogo e eu, gostamos. Muitas pessoas se atraem por gordinhos.

— Você fala do Diogo, mas você teve a Alicia por anos. — soltei, me arrependendo em seguida.

— Verdade. Eu não fui sincero com ela, mas, ao mesmo tempo, ela é a última que me preocupa em relação a minha orientação.

Ok. A Alicia não era mais um obstáculo na vida do Zedu, na verdade, na minha vida. O Diogo era um caso a parte, mas ele sabia que o meu coração pertencia a outra pessoa, apesar de eu sempre negar. O que o futuro esperava para nós? Será que era mais uma ficada, igual como aconteceu com o Leo?

***

A tia Olivia passou parte da noite desacordada, por um bom tempo, o Carlos ficou ao seu lado para ter certeza que ela ficaria confortável. Titia acordou e estranhou estar na cama de um hospital.

Carlos explicou toda a situação e a tia Olivia não segurou às lágrimas. Ela temia pela minha vida, afinal, nunca fiquei tanto tempo sem dar notícias.

A minha tia desmaiou e passou parte da madrugada desacordada. Ela despertou e estranhou estar no hospital. Carlos dormia em uma cadeira ao seu lado e acordou quando percebeu que a minha tia estava consciente.

— Por quanto tempo fiquei desacordada? — ela perguntou de Carlos.

— Cinco horas. — Carlos respondeu com uma voz rouca.

— Cinco horas? — Tia Olivia ficou assustada e levantou da cama. — Precisamos ir até a polícia.

— Ei, calma. — disse Carlos, tentando parar titia. — O capitão dos bombeiros deixou um rádio conosco. Assim que as buscas iniciarem eles vão nos contar e marcar um ponto de encontro.

— Meu Deus, Carlos. — Tia Olivia caminhou até a janela e observou a chuva que caia intensamente. — Ainda está chovendo tão forte. Será que eles estão bem? O Yuri é muito frágil.

— Olivia, você vai se surpreender com o Yuri. Fora que ele não está só. Mais tarde, vou no escritório entregar alguns documentos. Já falei com as meninas, o Richard e Giovanna estão bem. Vai dar tudo certo. Agora, descansa, por favor. — Carlos pediu guiando a namorada até a cama.

— Carlos, obrigada. Você é o melhor. — titia agradeceu dando um forte abraço em Carlos.

***

Acordei com frio, muito frio, nem parecia Manaus. Ainda continuava escuro, peguei em Zedu e ele estava tremendo, além de parecer febril. Fui até uma parte afastada para fazer xixi e encontrei um tipo de lona grande. Levei até onde o Zedu dormia e o cobri com aquilo. Não era um cobertor, porém, servia para nos manter aquecidos. Abracei o Zedu o máximo que pude. No dia seguinte, acordei com muitas dores nas costas, fiquei em pé e respirei fundo.

— Ei, tudo bem? — perguntou Zedu, sentando com dificuldade e limpando os olhos.

— Estou sim. Apenas meu corpo que está dolorido, nada demais.

— Eu que o diga. — Zedu disse tirando a lona de cima de suas pernas e ficando assustado. — Merda. Olha a cor da ferida.

A perna do Zedu estava ficando roxa e o torniquete que fiz não segurava mais o sangue, o chão ficou todo sujo. Não tínhamos mais tempo a perder, o Zedu precisava de ajuda médica urgente. Tentei usar o ambiente a nosso favor, mas, pelo menos, nada daquela área seria útil.

Subi o monte que sustentava os restos mortais da velha ponte. Achei um tipo de elevador manual, peguei alguns objetos para simular o peso do Zedu e a estrutura aguentou. Fiquei muito animado e não perdi tempo para subir ele.

Demorou um tempo para o José Eduardo aceitar o plano. Eu queria muito achar ajuda para ele, então, a cooperação dele era imprescindível para a gente sair dali. O Zedu entrou no elevador e voltei para a parte superior do elevador. Maldito barranco, caí e ralei o joelho.

A dor não era urgente, no caso, a minha dor. O Zedu estava ficando cada vez pior. Comecei a puxar a corda do elevador, confesso que não foi tão pesado quanto imaginei. Aos poucos, conseguia subir o elevador manualmente, o Zedu ficava dizendo palavras de incentivo, achei fofo da parte dele.

Esquece o que eu disse sobre o peso. De repente, os meus braços começaram a tremer. Eu não tinha mais forças para aguentar, então, parei por um tempo e voltei a puxar. Fechei os olhos, não pensei em nada, apenas puxei a corda até às mãos sangrarem.

— Eu vou conseguir!!! — gritei aos prantos, tentando não desistir de salvar o Zedu.

A estrutura chegou na parte superior e fez um barulho estranho. Percebi que não estava mais pesado e, aos poucos, soltei a corda. O elevador não desceu, ou seja, o trabalho foi concluído com sucesso. Deitei no chão e fiquei de braços abertos, aproveitando o ar que entrava nos meus pulmões.

O Zedu foi se arrastando no chão e ficou deitado do meu lado. A gente não falou nada, eu conseguia sentir a gratidão dele. O céu estava nublado, alguns pássaros passaram voando por cima de nós. Por um segundo, imaginei tendo o poder de voar, isso ajudaria bastante.

***

Nos momentos de desespero, não conseguimos um tempo para pensar, mas existem pessoas que se superam e controlam todas suas emoções. A tia Olivia foi em casa, apenas para mudar de roupa e, obrigar, os meus irmãos irem para à escola. Mesmo contra vontade, Richard e Giovanna, decidiram obedecer o comando dela, pois, não queriam causar mais problemas.

Naquela manhã, os noticiários só falavam dos dois estudantes que estavam perdidos na floresta. Ramona e Letícia, também foram para a escola. Alguns alunos, inclusive o Brutus, se aproximaram para saber informações sobre nós. "Que tragédia", "Eles vão aparecer", "Vou orar por eles", esses foram alguns dos comentários.

Apesar da preocupação dos meus colegas, alguns conseguiam ser podres. Como por exemplo, o João, que aproveitava cada momento para fazer uma piada infeliz, um verdadeiro projeto de Vando.

— Soube que eles estavam se pegando na floresta. — soltou João rindo.

— Cala boca, babaca! — esbravejou Letícia.

— Está preocupada? Eu soube que ontem, o Zedu te chutou. — comentou João achando uma forma de provocar Alicia.

Por algum motivo, o Diogo se meteu e uma pequena confusão se iniciou. Os dois quase partem para as vias de fato, graças a Deus, que tia Ray apareceu para salvar o dia. Agora, além do nosso desaparecimento, os alunos passaram a comentar o termino entre Alicia e Zedu.

— Ei, não fica triste. — pediu Diogo pegando no ombro de Alicia.

— Mesmo magoada, o Zedu ainda é importante. Estou fazendo papel de trouxa? — ela perguntou sentando na escadaria do colégio.

— Não sei, Alicia. Realmente, não sei. — foi a única forma de consolo que Diogo encontrou.

***

Sede, fome, cansaço e vontade de fazer o número dois. O Zedu, coitado, não tinha mais forças e precisei o carregar pelo resto do caminho. Cara, ser forte nessas horas é uma bênção e maldição, só eu podia carregar o Zedu. Estava suado e fedido, muita informação, eu sei, mas essa era a realidade. Daria qualquer coisa para ter acesso a um banheiro.

Chegamos em uma área descampada onde havia uma pequena cabana. Deixei o Zedu sentando e fui verificar. Não achei sinal de pessoas, logo pensei que ela estava abandonada. Dentro também não encontrei móveis, apenas louças empoeiradas. Juntei umas vasilhas antigas e deixei do lado de fora para encher com a água da chuva. Pelo menos, de sede a gente não morreria.

Acomodei o Zedu na parte mais limpa da casa, acho que antes de ser abandonada, aquele espaço deveria ser a sala. O assoalho de madeira fazia um barulho estranho, quase um gemido. Embora, Zedu e eu, estivéssemos na merda, achávamos um jeito de manter o bom humor e esperança.

— Essa casa parece ter vida própria, né? — perguntei dele.

— Tá tão abafado aqui. — Zedu comentou tirando a camiseta.

Fiz a mesma coisa, afinal, com o Zedu não conseguia ter bloqueios. Ele ficou impressionado com a quantidade de hematomas e feridas do meu corpo. O Zedu fez carinho em mim, confesso que tremi nas bases, o toque dele conseguia despertar todos os meus poros.

— Eu tô morrendo de fome. Ainda tem alguma coisa? — ele perguntou fazendo carinho nas minhas costas.

— Eu vi um pé daquela fruta roxa, como é o nome?

— Jambo. — ele respondeu com um sorriso estampado no rosto.

— Isso, Jambo. Vou pegar algumas. — falei me levantando com muita dificuldade.

Você já o Indiana Jones? Sempre corajoso e com suas roupas de explorador. A tia Olivia poderia ser uma versão feminina dele. Ela estava pronta para desbravar a caverna do tesouro perdido. No inicio da tarde, a equipe de resgate se encontrou na frente do Parque. Eles percorreram o igarapé e encontraram o graveto que deixei marcando nossa localização.

O capitão mostrou o tecido e, na hora, titia lembrou da camiseta que eu estava usando na manhã que desapareci. Segundo os bombeiros, aquilo era um bom sinal e poderia ajudar nas buscas. Uma equipe se preparava para sair, então, tia Olivia e os pais de Zedu decidiram embarcar para ajudar.

A minha tia estava vestido para explorar a caverna do tesouro perdido. Ela encontrou os pais de Zedu no Parque e foram até o ponto de encontro. Eles percorreram o Rio e um dos bombeiros avistou o graveto com parte da minha camisa.

Já a missão de cuidar dos meus irmãos ficou com o Carlos. No horário certo, ele chegou na escola deles. Ao avistarem o namorado da tia Olivia, os dois correram e fizeram algo que desarmou Carlos, um forte abraço. Infelizmente, Carlos não tinha nenhuma boa notícia, eles seguiram para casa tristes.

— O que vocês querem almoçar? — perguntou Carlos, deixando as chaves do carro na mesa.

— Estou sem fone. Eu como algo depois. — disse Giovanna subindo às escadas.

— E você? — ele quis saber de Richard, que estava sentando no sofá.

— Carlos, o Yuri está morto?

— Não, claro que não. Ei, não se preocupa. O Yuri vai dar um jeito. Espero que amanhã a gente tenha uma boa notícia. — Carlos consolou Richard sentando ao seu lado e fazendo carinho em sua cabeça.

— Quando meus pais morreram, a tia Olivia demorou para me contar. Eu não quero perder o Yuri. — Richard abraçou Carlos e começou a chorar.

— Ei, campeão. Não fica assim, por favor. Vai dar tudo certo, viu. Vamos fazer assim? Você sobe e toma um banho. Depois, a gente conversa mais. — pediu Carlos afagando os cabelos do meu irmão.

— Tudo bem. — Richard concordou e subiu às escadas.

— Eita, Carlos. Que situação. — ele comentou para si mesmo.

***

Será que fiz bem em não aceitar o pedido de namoro do Diogo? Afinal, ele sempre esteve ao meu lado. Naquela tarde, o Diogo seguiu para o nosso lugar especial e relembrou de todos os bons momentos que passamos juntos. A surpresa do dia ficou por conta da presença de Brutus.

Diogo é um ótimo amigo, entretanto, como inimigo ele consegue se superar. Ele recordou todas as coisas que o Brutus fez comigo e tentou sair para evitar problemas. O Brutus o segurou e lhe deu um forte abraço.

— Eu… eu não sei o que fazer... — confessou o Brutus chorando.

— Olha, cara. Eu não quero confusão... — Diogo deu um jeito de tirar Brutus de perto dele.

— Eles eram meus melhores amigos. Eu os decepcionei.

— Você deveria falar isso para eles. — afirmou Diogo, tirando os óculos de grau e os limpando com um tecido.

— Se acontecer algo com eles… eu…

— Bruno. Você teve a oportunidade e fez uma merda seguida da outra. Se acontecer alguma coisa com o Yuri ou o Zedu, tenho certeza que eles não gostariam que você derramasse uma lágrima.

— Você sabe o quanto é difícil?

— O quê? Não ficar ao lado dos teus amigos? Das pessoas que te apoiam? Não sei, Bruno. — Diogo aumentou o tom de voz, ele costuma agir assim quando fica nervoso.

— É Brutus.

— Pouco me importa. — Diogo deu às costas para Brutus, apesar de querer dizer poucas e boas.

— Vocês não entendem…

— Olha, Brut… digo… Bruno. — ele falou voltando e aumentando o tom de voz. — Eu não me interesso no teu drama familiar. O Yuri e o teu suposto melhor amigo estão perdidos, feridos ou quem sabe mortos. Pega essa tua auto piedade e enfia no rabo. Você acha, realmente, que a gente dá a mínima para as coisas que você sente? — empurrando Brutus que não reage. — Você acha que tem alguma relevância? — empurrando Brutus, dessa vez, mais forte. — Você é um merda, que fez o Yuri sofrer. Sabe quanto é difícil para ele? Sabe?! — Diogo empurra Brutus que cai no chão. — Quer saber? Você não vale a pena. — Diogo saiu e deixou Brutus chorando.

***

Caramba. Nunca fiquei tão feliz ao comer frutas, acho que devorei uns nove Jambos. A fruta lembra uma maça, mas, sem o sabor doce. De acordo com Zedu, o Jambo com sal é a combinação perfeita. A gente descansou para poupar energia e fiz uma varredura na área da cabana, sem sinal de vida.

Após comer, o Zedu passou mal e vomitou bastante. A febre dele só aumentava e, para completar, uma forte chuva caiu, com direitos a raios e trovões. Aproveitei a situação ao nosso favor, levei o Zedu para a parte de fora da cabana e tomamos banho. Lavei tudo o que pude, naquele momento, a última coisa que passou na minha cabeça foi sexo.

O Zedu não falava nada, porém, dentro de mim, eu sabia que ele estava sofrendo e muito. Seus lábios tremiam, seu olhar parecia distante e o ferimento continuava sangrando. Usei uma cortina antiga para enxugar os nossos corpos. Depois, obriguei o Zedu a comer algumas frutas, o seu corpo precisava de energia.

— Pronto. Podemos descansar um pouco. — falei deixando o Zedu de forma confortável, mas percebendo que ele estava chorando. — Ei, o que houve?

— Eu não quero morrer, Yuri.

— Não vamos. Nem eu, nem você. — tentei ser forte, mas me emocionando.

— Tá doendo muito. Eu não queria ser frouxo, mas tá doendo.

— Você não está sendo frouxo. Para, por favor, não fala assim.

— Desculpa. Eu estou cansado, Yuri. Não posso continuar.

— Eu não vou sozinho! — gritei e me controlando para não assustar o Zedu. — Não posso ir sozinho. Eu não vou conseguir sem você.

Esgotados, em todos os sentidos, a gente se abraçou e chorou por alguns minutos. Eu tentava distrair o Zedu de todas as maneiras. Peguei o MP3 antigo dele e sugeri que ouvíssemos música no aleatório. Deitei ao lado do José Eduardo e dei play. Para a nossa surpresa, a primeira canção que tocou foi "Digimon Digitais", sim, a música da Angélica.

Digimon, digitais

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***

— Sério? — brinquei olhando para o Zedu e levantando minha sobrancelha esquerda.

— Que foi? Eu tive infância, ok. — murmurou Zedu, colocando a cabeça no meu ombro.

Começamos a cantar juntos, sem se importar com a dor e cansaço. Engraçado, não assisti tanto ao anime Digimon, mas lembrava da famosa música. Segurei meu microfone imaginário e fiz meu show ao lado do Zedu.

***

Zedu e Yuri (cantando junto com Angélica):

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Basta o perigo chegar

Eles virão pra salvar

São os amigos da paz os digimons são demais

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Digimon

***

Os bombeiros seguiram as pistas que deixamos. A minha tia e os pais de Zedu continuavam a criar esperanças, não queriam pensar no pior. O responsável pela busca falou que eles iriam acampar naquela clareira. A minha tia é tudo, menos uma pessoa da floresta, ela levou vários produtos para facilitar sua vida.

Um inseto enorme entrou na barraca da titia, como se fosse um ninja, ela pegou um spray e aniquilou o coitado. No meio do caos, Teresa, a mãe de Zedu, acabou rindo com a habilidade da tia Olivia. Elas sentaram na cama inflável e começaram a conversar sobre a nossa amizade.

— Eu agradeço muito ao Zedu, Teresa. Ele é um garoto sensacional. O Yuri melhorou muito depois que o conheceu. — garantiu tia Olivia pegando nas mãos de Teresa.

— O Zedu é assim. Um menino de coração aberto. Eu espero que eles estejam bem. — disse Teresa chorando e sendo consolada pela titia.

A nossa casa parecia uma zona de guerra. Carlos era um homem esforçado, bom negociante e ótimo em lidar com clientes, só que criança não era sua praia. Mesmo tristes, os meus irmãos continuavam verdadeiros pestinhas.

Carlos era um homem esforçado, bom negociante e ótimo em lhe dar com clientes, mas criança não era a sua praia. A casa de Olivia parecia uma zona de guerra. Giovanna e Richard não colaboravam também.

— Eles fizeram essa bagunça toda? — Carlos pensou desesperado.

— Carlos. A janta tá pronta? Estou preocupada com o Richard, ele não comeu nada. — Giovanna falou sentando ao lado de Carlos.

— Ele poderia aproveitar a falta de fome e não bagunçar tanto. — murmurou Carlos, cruzando os braços.

— Você disse algo? — perguntou Giovanna.

— Não. Vou comprar algo para vocês. — saindo da sala desesperado.

O peso das nossas escolhas aparecem, de uma maneira ou de outra. Ramona estava em casa deitada e fazendo um dever da escola. Ela olhava fotos antigas em suas redes sociais e aproveitou para criar a #forcazedueyuri e várias pessoas aderiram espalhando mensagens de solidariedade. De repente, uma personagem de Brutus aparece na tela do seu celular.

Brutus: (mensagem de texto) – Fala comigo, por favor.

— Será que eu respondo? — Ramona tentou escrever uma mensagem, mas apagou em seguida. — Droga. Droga. Eu não vou responder. Não vou.

Naquela madrugada, o Zedu acordou delirando e falando coisas desconexas. Nunca fiquei tão assustado e impotente, pois, não sabia o que fazer. A única solução foi o abraçar e torcer para o pesadelo passar. Aos poucos, ele se acalmou e dormiu novamente.

No dia seguinte, tomamos água e comemos algumas frutas. Acabei encontrando um carro de mão enferrujado, mas que seria útil para carregar o Zedu. Depois de algumas horas caminhando pela floresta, conseguimos chegar em uma clareira e outro prédio abandonado.

— Que merda! Não paramos em lugar nenhum! — gritei chorando.

— Yuri... eu estou passando mal... — Zedu não aguentou e começou a vomitar.

— Meu Deus. — falei segurando a cabeça de Zedu.

O Zedu desmaiou e sua ferida começou a sangrar ainda mais. De repente, dois cachorros apareceram e fiquei assustado, ainda mais. Peguei um pedaço de ferro que estava jogado no chão e os cachorros se aproximaram de nós.

— Vão embora! — gritei segurando a barra de ferro. — Merda! Merda!!! — os cachorros correram para nossa direção e me preparei para atacar.


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Comentários

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Nuss! Cada vez melhor e mais intenso! Simbora!

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Massa, acho q os cachorros eh o resgate assim espero.....sei q quando voltarem pra realidade tudo vai ser diferente, tenho medo por eles, mas to curioso pra ver o desenrolar dos fatos

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MUITA TRAGÉDIA. ISSO É BOM PRA FORTALECER OS LAÇOS DELES. VAMOS VER SE VAI DAR RESULTADO.

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#maravilha_de_conto vc escreve muito bem cara, nota 10. continua logo!!!

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A cada postagem curto mais esse conto.Yuri cresceu.muito a meu ver...

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Amando esse conto...To com pena do Brutus. Tomara que ele acorde pra vida e reconquiste seus amigos💜💜💜

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Aaaaahhhh eu quero gritar hahahhaha, nossa pensei que tinha sido o último capítulo, mas que bom que não foi, amo esse conto, #ForçaZedueYuri

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