Meu Amigo Policial - 7
Pessoal, mais uma vez obrigado pelos comentários e pela boa recepção que vocês deram ao meu conto. Sinto que devo desculpas pelos erros que estavam no conto anterior. Respondendo as dúvidas do SafadinhoGostosoo e Peludodf: Sim, a mulher que o Beto estava fodendo era sim a mulher(agora ex) do João. (Sim, o Beto é realmente um filho da puta kkkk)
Mais uma vez, obrigado por acompanharem e comentarem. Vamos ao conto. Espero que gostem. :)
Capítulo Sete
“Se eu morrer jovem, me cubra com cetim
Deite-me em uma cama de rosas
Afunde-me no rio ao amanhecer
Mande-me embora com as palavras de uma canção de amor”
– The Band Perry – If I Die Young
Dizem que, quanto você está de cara com a morte, sua vida passa diante de seus olhos. Eu não sabia se eu estava realmente morrendo mas isso estava acontecendo comigo. Me lembrei dos meus pais e o quanto e os amava. Lembrei do Hal, meu ursinho de pelúcia que eu ganhei dos meus pais quando tinha 4 anos e meus pais me contaram que pra onde eu ia eu levava aquele urso de pelúcia comigo. E eu ainda o tinha, acho que o mantia pra me lembrar dos meus pais. Eu tinha doado todos os meus brinquedos menos este, que tinha um enorme valor emocional.
Lembrei do meu primeiro dia no ensino médio que foi quando eu conheci o Pedro. Pedro é um ano mais velho que eu e ainda estava no primeiro ano do ensino médio porque sua família tinha viajado e ele não conseguiu se matricular em uma escola pra continuar a cursar o primeiro ano então ele passou meio ano em casa estudando por conta própria e por isso sabia bastante do conteúdo do primeiro ano. Nos tornamos melhores amigos e isso permaneceu até hoje. Conheci a Júlia e apresentei pra ele e ele conheceu o João e o Beto e me apresentou. E assim o nosso círculo mais forte de amizade se estabeleceu.
Lembrei do meu primeiro namorado e como Pedro não suportava ele. Eles viviam brigando e isso chegava a até ser engraçado. Terminei com esse meu namorado porque ele teve que ir pro intercâmbio e ele achava que nosso namoro não sobreviveria à distância e pra um não acabar traindo o outro resolvemos acabar o namoro de forma amigável. Ainda hoje de vez em quando converso com ele. Quando Pedro entrou pra Polícia eu não apoiava muito a ideia mas estava feliz por meu amigo ter conseguido realizar seu sonho. Desde que conheci Pedro ele tinha esse sonho de se tornar policial e isso se devia ao fato de que o pai dele tinha sido um ótimo policial e ele queria seguir os passos do pai e foi assim que o Pedro conheceu o Beto e o João. Quando vi os dois, confesso que não fui muito com a cara deles, principalmente com a cara do João que parecia ser um daqueles machões que só vive falando de mulheres, futebol e sexo. Sério, ele basicamente só falava disso. Mas aos poucos fui percebendo que ele era uma boa pessoa. O Beto parecia ser mais tímido no quesito de falar, mas aos poucos ele foi se soltando mais. Uns tempos depois estávamos nós três na festa de casamento do Pedro. A mulher do João não tinha ido pro casamento. Na verdade nunca a conheci porque ela não gostava de ir em festas com os amigos de João e também não recebia os amigos dele na casa dela. Nunca fui na casa do João, apesar de saber mais ou menos onde fica, por causa da sua mulher que parece ser muito chata. Somente o Beto e o Pedro a conhecem porque uma vez ela tinha aparecido na delegacia atrás do João. A festa estava muito boa. A decoração estava perfeita e a música que tocava era de boa qualidade.
Olhei para o meu amigo naquela roupa toda forma e meus olhos lacrimejaram. O meu amigo estava seguindo em frente e eu estava muito feliz por ele. Ele estava na pista de dança, dançando com a Júlia quando eu me aproximei e falei:
- Posso roubar a noiva pra dançar com ela um instante? – Falei e estendi meus braços para ela.
- Por pouco tempo, senão eu fico com ciúmes – Pedro fala sorrindo.
Júlia estava linda. Ela já era muito bonita naturalmente mas naquele dia ela havia se superado.
- Você está linda. Quase virei hétero quando te vi – eu falo e ela ri bastante enquanto nós dançávamos.
- Obrigada.
- Pelo quê? – eu pergunto espantado.
- Por me apresentar pro amor da minha vida – ela fala e eu a abraço. Eu estava muito feliz com aquilo.
- Poderia ser um casamento duplo se você aceitasse namorar com o Gabriel – ela fala e eu começo a sorrir.(Gabriel era o amigo dela que ela tinha tentado empurrar pra cima de mim).
- Ele não faz meu tipo – eu falo sorrindo.
- Amigo, nenhum cara faz seu tipo, daqui a pouco vou realmente achar que você é hétero – ela fala e nós dois começamos a rir bastante.
De repente, veio a memória da Júlia em um caixão. Minha amiga tinha morrido tão cedo. A tristeza veio junto com as memórias. Aquele dia tinha sido um dia muito triste. A morte de pessoas que amamos deixam feridas que, às vezes, nem o tempo pode cicatrizar. Com esse sentimento de tristeza veio uma dor enorme e não era uma dor emocional e sim uma dor física. Abri meus olhos. Tentei avaliar meu estado. Eu tinha certeza que não tinha morrido. Verifiquei o lugar onde eu estava e definitivamente estava em um quarto de hospital. Olhei com dificuldade para o lado e vi Pedro dormindo em um mini sofá ao lado da cama onde eu estava. Há quanto tempo ele estava ali? Fico observando ele. Ele ainda estava com o uniforme. Ele acorda e, ao me ver acordado, ele vem desesperado pra cima de mim.
- Cara, eu fiquei com tanto medo de perder você, não podia perder mais uma pessoa que eu amo – ele fala chorando.
- Calma Pedro, vaso ruim não quebra – eu falo tentando fazer uma piada.
- Eu não posso te perder, Lucas, esse seu acidente que você sofreu só me fez perceber que eu não posso me privar dos meus sentimentos só porque fico pensando no que os outros vão dizer.
- O que você quer dizer com isso? – eu pergunto estranhando aquela conversa.
Ele não responde mas aproxima seu rosto do meu e me beija calmamente como se quisesse aproveitar cada segundo. Fiquei sem saber o que pensar. Nem poderia me afastar porque nem tinha força pra isso.
- Eu sei que parece loucura, Lucas, mas eu percebi que o que eu sinto por você não é só amizade. – Ele fala.
- Cara, que loucura, você já tinha se relacionado com outro homem?
- Não, nunca, mas estou disposto a tentar porque to muito afim de você – ele fala.
- Cara, eu preciso pensar e principalmente, você precisa pensar, não vá tomar uma decisão dessas de forma precipitada. Talvez você só esteja confundindo as coisas. Não pense que tem alguma coisa de errada com você. Você é bonito, inteligente e eu ficaria muito feliz de ter um homem com você do meu lado. Mas eu tenho medo que você possa um dia perceber que não é isso que você realmente queria e se sinta preso a um relacionamento.
- Eu te amo, sempre te amei, desde o ensino médio...
Eu não sabia se era por causa dos remédios que provavelmente os médicos me deram ou se foi por causa dessa bomba mas eu comecei a ficar tonto.
- Tu te lembra da Kátia?
- A tua ex que brigou contigo porque tu tinha broxado? – eu perguntei e quase dei um risinho mais até pra isso meu corpo começou a doer então me contive.
- Isso foi o que eu contei, mas não foi exatamente o que aconteceu. Ela terminou comigo porque teve uma vez que enquanto eu fazia sexo com ela, eu falei teu nome.
Eu não tava acreditando nisso, como isso era possível? Pra mim o Pedro sempre foi 100% hétero e agora ele me falava isso.
- Mas e a Júlia?
- Eu realmente amei a Júlia, ela me fazia esquecer você por breves momentos e eu gostava de estar com ela. Fiquei muito triste quando ela morreu. Eu sentia que ela seria a única pessoa nesse mundo que seria capaz de me fazer feliz além de você. Nunca tentei nada com você porque te respeitava muito e porque tinha medo do que as pessoas falariam e do que meus pais falariam. Mas agora eu percebi que não posso deixar minha vida passar assim. Eu te amo, Lucas, sempre te amei.
- É muita coisa pra quem acabou de sofrer um acidente mas já que estamos revelando nosso sentimentos posso te falar que você foi meu primeiro amor. O modo como você me defendia e me protegia confundiam minha mente e eu comecei a te ver com outros olhos então eu comecei a tentar de esquecer porque achava que você era hétero e quando a Júlia apareceu fiquei feliz porque ela poderia te fazer feliz de uma forma que eu não poderia. E eu te amava tanto que fiquei feliz por sua felicidade.
- Então você aceita namorar comigo? – ele fala e eu fico mudo. O cara hétero que eu sempre gostei estava ali me pedido em namoro.
- Eu gosto muito de você, mas eu preciso pensar a respeito – eu falei mas por dentro estava uma gritaria. “SIM,SIM,SIM”
- Eu espero o tempo que for necessário – ele fala e dá um beijo na minha testa e volta pro sofá. Nesse momento ouço batidas na porta e vejo que era o Beto.
- Pedro, você poderia nos deixar conversar a sós? – eu peço e o Pedro sai com uma cara feia.
- Se precisar de alguma coisa estarei lá fora – ele fala, me olhando e saindo.
Eu o encaro e espero que ele comece a falar.
Continua...