Guerreiro - Capítulo 3

Um conto erótico de Jader Scrind
Categoria: Homossexual
Data: 12/02/2016 12:59:28
Assuntos: Homossexual, Gay

GUERREIRO

TERCEIRA PARTE – EU MANDO EM VOCÊ

Cheiros: perfume amendoado, meio chique demais, na pele de Romulo, e por baixo desse perfume, como um lindo rosto por trás de uma máscara exageradamente ornamentada, havia o cheiro familiar, simples e robusto, da pele do jovem loiro, que Arthur aspirou com força.

Cheiros: Suor, por ter ficado horas e horas naquele armário, cheiro de couro, dos detalhes da sua roupa, cheiro do cabelo ruivo, algo meio afrodisíaco, meio amendoado também, mas não artificial, era o cheiro de Arthur, que Romulo aspirou com força.

Naquele abraço esses cheiros se reencontrando. As mãos de Romulo nas costas do outro, apertando, e Arthur de olhos fechados nem sabia que uma lágrima escapara. Mas aí o abraço acabou, foi interrompido de um só golpe. Quando Arthur lembrou de todo o resto, lembrou que não era só o reencontrar de um amigo, era a droga daquele dia em que ele foi embora naquela carruagem para nunca mais aparecer. E empurrou Romulo, que olhou surpreso para ele, não entendendo muito bem o porquê daquilo. Sob a luz amarela daquela lamparina, via que Arthur continuava chorando enquanto o empurrava de novo, com as duas mãos, e de novo, e de novo até que o bateu contra a porta.

– Por que você fez isso? Por que foi embora, desgraçado, desgraçado!

– Calma, Arthur, calma. Eu te explico, espera!

- Me explica? Me explica por que me deixou? Me explica então por que não se dignou a sair daquela carruagem?! É pra isso, pra se tornar um riquinho esnobe? Romulo? Esse é seu novo nome, Paulo! – Arthur o pegou pelo cabelo, quase no topete que as vezes se formava em Romulo, e levantou sua cabeça, o fez olhar nos olhos, tanta raiva daquele cara que pensou que ele não sairia vivo dali. – O cara que se tornaria guerreiro, agora veste seda e linho como uma dama?

Romulo podia sentir falta dele, podia ter num primeiro momento adorando revê-lo, mas agora, depois de todas aquelas ofensas, o sangue ferveu depressa, principalmente aquela última ofensa porque ficava tão tão irritado assim quando alguém insinuava coisas como essa, se vestia como uma dama, parecia querer dizer que ele gostava de homens, e Romulo gostava, mas sentia vergonha, assim, em voz alta alguém falando aquilo, por algum motivo ele odiava, detestava esse tipo de insinuação, nem que partisse do seu maior amigo. Ele não tinha coragem para saltar do abismo. Nem parar admitir que amava um homem. Ficava fora de si porque nem a ele mesmo Romulo admitia isso, essa coisa que ele sentia no peito. E o moleque que treinava para se tornar guerreiro e que tinha nervos exaltados e vontade de lutar aflorou por cima do conde todo educado que ele aprendera a ser, e Romulo acertou um soco na cara de Arthur. Tão forte que o ruivo o soltou, cambaleou para trás.

Droga. Se arrependeu no mesmo instante. Não devia ter feito aquilo. Seu amigo, que ele sempre quis proteger, e agora sempre vinha querendo amar, não merecia aquele ato intempestivo, Romulo não era impulsivo, Rômulo não devia agir assim. Mas não pediu desculpas, Arthur também passara dos limites, e quando levantou os olhos um filete de sangue escapava do canto dos lábios. Os dois se encararam, em silencio. E alguém batia na porta, desesperadamente, era Gabriel, que ouvira os gritos exaltados lá dentro e depois o som do soco e imaginava que seu plano dera errado e o traidor ainda estivesse resistindo. Romulo foi até o morto, pegou a chave do quarto que ele trazia no bolso e a abriu.

Gabriel ficou mais que aliviado ao ver que tudo correra bem. O homem jogado no chão formava uma poça de sangue sob seu corpo, Arthur estava machucado, mas Gabriel nem perguntou a razão, já supondo que houve uma luta corporal antes de conseguir executá-lo. E depois ele foi até seu amigo Romulo e o abraçou.

– Que bom te ter de volta ao reino, Romulo – ele disse, e depois sorriu para Arthur que ainda estava com um rosto muito fechado, visivelmente zangado ou impactado por ter matado alguém. – Me desculpe a indiscrição, esse guerreiro que salvou a sua vida, o nome dele é Arthur, um grande amigo que eu fiz por aqui na sua ausência. E Arthur, esse é o conde mais famoso do reino nas últimas semanas, Romulo, futuro marido da princesa e pai da linhagem real!

Um silêncio se seguiu as apresentações, os dois não fizeram menção de fingir se apresentarem, nem de explicar qualquer coisa a Gabriel, apenas continuavam se encarando, com ódio. Não deviam sentir ódio, eram circunstancias, sempre, que fizeram Arthur ficar sozinho no abismo aquele dia, Romulo ter ido ao castelo e por uma sequência de acasos se tornar nobre, ter que ir embora, ter que fingir que não o conhecia, que não o amava. Mas justificativas não mudavam fatos. Havia mágoa em Arthur por ter sido deixado. Havia mágoa em Romulo por ter sido indiretamente chamado de veado e não ter recebido nenhum carinho do amigo depois de todo esse tempo com saudade dele.

– Eu preciso ir – Arthur falou, e antes que Gabriel tentasse protestar, ele já não estava naquele quarto.

***

Saiu daquele quarto respirando longamente, como se tivesse acabado de passar por um susto, como se o coração dali a pouco fosse explodir feito uma fruta molenga. Só não correu porque era um guerreiro e eles não podiam chamar atenção quando estavam nos corredores do castelo. Queria ir embora daquele lugar tão luxuoso e bem iluminado, queria se esconder o chorar de raiva. Estava tudo estragado, as lembranças de como foi a última vez que os dois se viram, a promessa do beijo, estava tudo arruinado. Seu Paulo não existia mais; o rapaz por quem ele se apaixonou e que não ligava para dinheiro e queria ser guerreiro, esse não existia mais. E se havia alguém loiro de olhos azuis cândidos ainda vivo, esse alguém era Romulo, e Romulo acertou um soco na sua cara. Romulo Arthur odiava. Foi uma pena não ter conseguido fugir. Foi uma pena um senhor de idade avançada cruzar com ele no caminho bem quando a mão de Arthur já tocava a maçaneta da saída, e esse senhor perguntar assim do nada, como foi lá no quarto.

– Quem é o senhor? – Arthur perguntou, voltando-se para ele, respeitosamente.

– Eu sou o sábio do reino. Eu sou a mente por trás de tudo que acontece aqui dentro, inclusive o plano para matar o espião. E então, como foi?

– O espião está morto.

– E o conde, passa bem?

Arthur não respondeu. E nem precisou, porque Gabriel vinha lá atrás no corredor, felizmente sozinho, e já ia dizendo ao sábio que tudo corria perfeitamente bem, enlaçando o braço no ombro de Arthur e exclamando:

– E você, onde pensa que vai amigo? Agora você é um herói, salvou a vida de um nobre! Iremos te apresentar ao rei! Vai ser um exemplo de bravura entre os guerreiros do reino.

Romulo vinha se aproximando deles enquanto alguns guardas estavam ocupados no seu quarto retirando o corpo do espião. E Arthur acompanhava cada passo dele enquanto se aproximava. Se encaravam com ódio, com olhos em chamas de pura raiva, e o senhor sábio percebeu isso na mesma hora, tanto que depois ficou esperando que Arthur e Romulo trocassem alguma palavra, mas não falavam nada, apenas Gabriel, que nem percebia o que acontecia ao redor.

Quando Gabriel falou que iriam falar com o rei, parecia ser uma conversa numa sala discreta, apenas eles e a majestade, algo discreto, afinal não podiam alardear por aí que mataram um homem de um reino aliado, e que estava no castelo para cometer um assassinato. Essa era a idéia inicial, e o sábio chegou e pedir ao rei que assim fosse. Mas o rei era um homem cheio de si, e chegou até Arthur, e falou a Arthur que ele era bravo e naquele reino o que mais se prezava era bravura. Seu hálito manchado de vinho do jantar enquanto cuspia ao falar. E gritou: “Acordem a todos! Temos motivos para comemorar!” e uma pequena festa aconteceu no salão. A princesa que se sentou ao lado do conde Romulo e se enchia de sorrisinhos com ele, tentando chamar sua atenção, e o rei na cabeça da mesa, junto com sua rainha a direita e o guerreiro Arthur à esquerda. E o rei falava a todos da bravura dele, da coragem e do golpe certeiro que abriu os intestinos do inimigo. Na verdade, o que o rei mais gostava era de ter motivos para beber.

Oscar dera seu jeitinho, cobrou dois ou três favores aos seus amigos guerreiros que cuidavam dos corredores do castelo e trocara de posto com eles, por isso estava naquele salão enquanto o rei tecia tantos elogios ao seu amigo, muito discretamente, parado num dos cantos como um guerreiro comum, ele sorria de orgulho de Arthur. E quando uma das cozinheiras passou com uma bandeja de carne por ele, Oscar pediu licença e tomou a bandeja da Mao dela “pode deixar que eu mesmo sirvo”, indo até a mesa, curvando-se ante ao rei, e cortando um pedaço de carne de carneiro ao lado de Arthur, que só então notou sua presença, e os dois sorriram de quem guarda um segredo gostoso, Oscar gostava cada vez mais dele. Porra, Oscar nunca sentira aquilo por ninguém. E o rei então, pra lá de bêbado, comentou:

– Vejam só, ele é tão valioso que vem um guerreiro lhe servir a comida no lugar das cozinheiras – os dois voltaram-se para o rei, como se tivessem sido pegos no flagra, e os olhos de Romulo nem conseguiam virar-se para sua princesa prometida, de tão focados e enciumados que acompanhavam aquela cena que acontecia na ponta da mesa. – Venha cá, guerreiro – ele chamou Oscar, que ficou em pé ao seu lado. – O que acha disso? Um jovem que ainda nem passou pelo ritual da maioridade, e já tem seu primeiro ato de salva-pátria.

– Eu acho que Arthur ainda tem muito a oferecer – tão cheio de duplo sentido aquela sua frase que era espantoso que ninguém tenha comentado nada sobre as faíscas caindo sobre a mesa. É sim, ele tinha muito a oferecer a Oscar, como aquela bunda redonda e musculosa, que com seus pelinhos vermelhos o tiravam do sério.

Mais tarde, naquela noite, Oscar foi no dormitório dos novatos quando todos já estavam dormindo profundamente, acordou Arthur com cuidado e pediu para ele ir dormir no seu quarto, onde não dormiram, ficaram acordados a noite toda, e Oscar passou horas e horas só chupando, lambendo e beijando a bunda dele.

– Vai liberar ela pra mim, bravo guerreiro, orgulho da guarnição?

– Nem me olhe com essa cara, que isso não vai rolar não, espertinho. Melhor desistir.

Oscar sorriu, safado, e voltou a mergulhar o rosto naquela carne, não sem antes responder – Nunca!

***

Durante o dia seguinte, Nem Oscar nem Romulo viram Arthur, o primeiro porque estava muito ocupado preparando o local onde seria o ritual de passagem; e o segundo porque não podia sair do castelo, ainda mais depois da confusão da noite anterior. Do lado de dentro do castelo, os preparativos eram para o banquete que haveria depois do ritual, e para esse começavam a chegar comitivas de barões do sul, marqueses da área das montanhas e nobres que nem tinham uma terra para chamar de sua mas mantinham o título, como demonstração de poder. O sábio conversara com Romulo naquela manhã, para saber se estava tudo correndo conforme o planejado, e lembrando-lhe que naquela noite do jantar ele precisava fazer o pedido, diante de todos, porque caso não fizesse era possível que algum daqueles outros nobres que estariam a mesa faze-lo, e aí o rei teria que se indispor e recusar. Romulo só balançou a cabeça, concordando, mas nem olhou para o ancião, continuava em frente a janela, observando a construção do palanque de madeira do lado de fora. O ritual iria acontecer na manhã seguinte, com a pompa que ele sempre quisera para si, quando sonhava em ser guerreiro. E só Arthur estaria lá. Arthur seria um bravo guerreiro, e enquanto isso Romulo precisaria passar o resto da vida indo a jantares monótonos, bailes enfadonhos e casado com uma princesa birrenta.

– Ah, e sobre o ritual de passagem, o copeiro Gabriel irá na cerimônia com a família – o sábio dizia enquanto estava de saída, andando bem lentamente para fora do quarto. – O guerreiro que lhe salvou a vida estará lá. Será uma boa oportunidade de vê-lo pela última vez...

Romulo se virou abruptamente na sua direção. – Ultima vez?

O senhorzinho já estava com um pé do lado de fora quando disse, tão calmo que a sua voz era quase um murmúrio – Eu sou velho, sabe conde? Muito velho, mas ainda tenho olhos que enxergam além do que qualquer outro entre os muros desse reino. E eu vi o que você não queria me contar dois anos atrás, eu vi porque você queria ser guerreiro. Por mim, se você fosse mais um plebeu poderia ficar com quantos ruivos quisesse. Mas agora você é um nobre, e você vai se casar com a princesa e ser muito feliz ao lado da princesa. Para garantir isso, direi ao rei que um guerreiro tão nobre quanto Arthur seria muito útil no reino inimigo, como um espião nosso, porque eu pressinto que nossos aliados não vão ficar nada contentes quando souberem que matamos um dos deles e casaremos nossa princesa com você...

– Mas... mas isso seria como entregá-lo a morte...

O ancião já estava do lado de fora, se arrastando pelo corredor, e quando ele respondeu Romulo já não o via, apenas ouvia sua frágil voz: – Bom, para mim a morte de um guerreiro é o cumprimento da sua missão.

Virou-se urgentemente para a janela, Arthur apareceu lá na tenda dos guerreiros sem saber de nada do que lhe aguardava. Romulo precisava salvá-lo.

***

Dois trompetes artesanais tocaram juntos na hora exata em que o sol nascia brotando do mar no horizonte na manhã seguinte, e com a música dos trompetes começava o ritual.

Gabriel já estava lá, sua esposa, Alice, uma linda moça humilde, em pé ao lado dele cuidava do bebe de colo enquanto os seus filhos mais velhos, de 4 e 7 anos saíram correndo para brincar pelos arredores. Romulo estava ao lado do casal, e inquieto procurava por Arthur, mas imaginava que os novos recrutas ficavam numa tenda escondida se preparando e só apareciam na hora do ritual. Quem ele encontrou foi Oscar.

– Escute, eu preciso falar com Arthur, é algo urgente.

– Olá... conde de...? – Oscar tentava lembrar o nome das terras que a família de Romulo dominava, e que tinha ouvido no jantar do castelo da outra vez.

– Isso não importa agora. Onde ele está?

– É impossível falar com ele agora, antes do ritual os guerreiros...

– ...Não podem ter contato com ninguém que não seja guerreiro. Eu sei, eu sei, mas isso é realmente caso de vida ou morte. Se você disse a ele que sou eu, ele vai querer me ouvir.

– Me desculpe, mas acredito que Arthur nem vai saber o seu nome, ele só te viu uma vez na vida, e estava realizando uma missão...

Se não estivesse numa situação tão delicada, Romulo riria daquilo. – Ele só me viu uma vez? Claro, claro, só diga a ele que o seu melhor amigo quer falar com ele, e que é importante, e que eu sinto muito pelo que fiz naquela noite, mas preciso realmente falar com ele...

Melhor amigo? Aquilo não fazia o menor sentido, e Oscar estava tão enciumado quanto confuso. O que foi que Romulo fizera na outra noite que agora pedia desculpas? – Mas se você não puder falar com ele, pode deixar que eu mesmo o procuro, guerreiro.

E se afastou, iria na direção das tendas sabendo que em uma daquelas estaria seu amigo, mas naquela hora a carruagem mais alta e ornamentada, empurrada por dois cavalos brancos se aproximava. Era a família real que estava chegando, e com ela, o ritual teria inicio.

Romulo foi obrigado a voltar para seu posto, Gabriel perguntou porque ele parecia tão nervoso e ele não soube responder.

– Nem parece que vai receber um presente do rei – Gabriel comentou, com um meio sorriso.

- Você acha que a princesa é um presente? Já ouviu o quão aguda é a voz dela? Sabe Gabriel, as vezes eu queria não ter encontrado naquela floresta, ou deixado ela lá, para que os ursos a encontrassem.

Gabriel achou que ele falava em tom de brincadeira e respondeu – Que espírito nobre vigora em você, meu amigo. Mas não é desse presente que eu estou falando. Estou falando do dote. Se você pedir a mão da princesa e o rei concordar, você pode pedir qualquer coisa como dote, seja metade do reino, ou um queijo do sul, e o rei lhe dará.

– Por que nunca me falaram sobre isso?

– Porque o sábio é um homem sábio, e não iria te contar algo assim correndo o risco de você pedir para executá-lo. Hoje a noite, durante o jantar, ao pedir a mão da princesa você já poderá pedir qualquer coisa, só não pode ir contra alguma ordem anterior do rei, porque um rei não volta atrás nas suas ordens...

– Entendo...

Enquanto Romulo pensava em tudo isso, o rei sentou-se no centro do local, rodeado dos seus convidados e dos guerreiros veteranos, e então o rei bateu palmas duas vezes, e em fila indiana os novos guerreiros foram saindo das tendas e se apresentando diante dele. O rei tinha em mãos uma espada, e a cada guerreiro que se prostrava a sua frente o rei tocava a espada nos seus ombros, o abençoava e dizia qual seria sua função como guerreiro, sempre ouvindo os conselhos que o sabia sua direita sussurrava ao pé do ouvido.

Arthur era o último, e de propósito, para fazer suspense sobre a sua função, o guerreiro mais famoso dos muros da capital. Romulo olhava para ele, apreensivo, e Arthur olhava para ele também, queria demonstrar muita raiva, mas não conseguia, sua fisionomia se abria um pouco ao olhar seu amigo, por mais que a raiva o dominasse, Arthur não conseguia esconder seu encantamento com Romulo, seu Paulo, loiro de olhos azuis cândidos, Oscar observava a isso e logo deduziu que Romulo não mentira, conhecia Arthur sim, e há muito tempo, e ia querer muitas explicações do seu amigo quanto a isso.

Quando faltavam dois guerreiros antes de ser a vez de Arthur, a princesa apareceu ao lado de Romulo e pegou na sua mão. Ele olhou para ela por um instante, pego de surpresa com a presença dela ali. – Senti saudades suas, conde – ela disse, beijando seu rosto, e Arthur desviou o olhar dali.

Droga, justo quando Romulo sentia que podia fazer as pazes com o amigo e ter uma conversa civilizada com ele, explicar sua situação, pedir seu perdão, ela aparecia e estragava tudo. De novo.

Mas então Romulo olhou para ela outra vez e teve a idéia. Não tinha tempo nem de pensar se daria certo ou não, Arthur já seria o próximo a ser abençoado pelo rei e antes que a majestade começasse a falar, Romulo gritou – Espera! – e o interrompeu. O que era crime, diga-se de passagem, mas o rei não fez menção de exaltar-se com ele, porque a princesa estava de mãos dadas com ele. Romulo foi até a frente do povo, quebrando todas as regras do protocolo, levando a princesa consigo e lá na frente, olhando para Arthur que não entendia direito o que ele estava fazendo, mas parecia que estava fazendo apenas para humilhá-lo, levar a sua princesa ali na frente de Arthur, jogar na sua cara que agora era com ela que Romulo estava, mas não era isso que Romulo estava tentando fazer.

– O que pensa que está fazendo, conde? – perguntou o sábio, muito exaltado, porque ele já havia dito no ouvido do rei, que Arthur deveria fazer uma missão no exterior, mas o rei ainda não dera a ordem em voz alta.

– Estou aproveitando que todos estão aqui, os guerreiros do nosso reino, alguns nobres que vieram para o jantar dessa noite, e todos os demais, para dizer que eu estou pedindo a mão da princesa de nosso reino em matrimonio!

Os olhos de Arthur pingavam gotas de raiva que pareciam lágrimas. O sábio já imaginava o motivo daquilo e pedia ao rei que apressasse a benção do guerreiro, mas o rei respondeu que o que o conde estava fazendo era mais importante. E Romulo continuou: - Sim, eu sei que deveria esperar até o jantar dessa noite, mas não quero correr nenhum risco de algum desses nobres aqui presentes roubarem de mim a mais bela moça do reino – ela estava corada, Romulo sentia que um punhal saía das suas palavras e atingia o peito de Arthur, mas precisava fazer aquilo, era a única maneira de salvá-lo. – e se a princesa quiser, gostaria de desposá-la. Aceita?

– Sim! Sim! Aceito!!! – ela o abraçou com força, rindo muito contente, e depois beijou sua boca, sob os olhos do rei e de Arthur.

– E eu gostaria de pedir ao rei, já nesse instante meu dote. Juro que não será nada muito custoso e que não atrapalhará em nada nas suas ordens.

– Pois diga, conde.

– Gostaria que esse guerreiro, esse bravo guerreiro que salvou a minha vida, fosse meu guerreiro, responsável pela minha segurança, e quando me casar, responsável também pela segurança da princesa e dos nossos filhos.

Arthur queria sair dali, mas não podia. Arthur que acertar um soco na sua cara, mas não podia. Só podia ficar quieto e torcer para que o rei não concedesse esse desejo a ele. Mas o rei, para indignação do sábio, disse que o dote era sagrado, e o desejo podia ser 4realizado a partir daquele momento.

– Eu o abençôo como um guerreiro, e daqui por diante, sua missão será proteger o pai do futuro príncipe, nem que lhe custe a vida – a espada tocou no seu ombro, estava consumado. Depois que ele deu as costas e estava se retirando, o rei ainda disse a Romulo – Agora você manda nesse guerreiro, Romulo. Tudo em nome da minha filhinha...

***

Arthur juntava suas coisas numa trouxa de pano para levá-las ao castelo, onde ele passaria a viver. Não que tivesse tanta coisa assim, duas peças de roupa e algumas lembranças dos seus pais, que ele nunca mais poderia rever, haviam ficado para trás, para antes da sua vida de guerreiro. Ainda estava furioso com a cena de Romulo pedindo a mão da princesa na sua frente, e ainda ter a audácia de chamá-lo para proteger a ele e a sua família. Então quando Oscar entrou no dormitório e o encontrou sozinho, Arthur já não estava lá muito calmo para ter uma conversa delicada daquelas:

– O que você anda escondendo de mim, Arthur?

Virou-se para ele esperando que Oscar estivesse falando num tom de brincadeira ou de malicia, mas não era, ele estava tão sério que, com aquelas roupas de guerreiro, parecia estar a um passo de entrar numa batalha.

– Por que eu esconderia alguma coisa de você?

– Não sei, talvez por que o conde que pediu ao rei para ter você sempre por perto, me falou que te conhece, te conhece há muitos anos, disse que era seu melhor amigo. Como isso é possível? Como você pode ser amigo de um nobre que sempre viveu a milhas daqui?

– Talvez ele tenha mentido.

– Mas ele não mentiu. Eu vejo nos olhos de vocês dois que ele não mentiu – Oscar se aproximou dele, ficou lado a lado com ele, esperando que Arthur parasse de arrumar suas coisas e desse atenção total a ele, e quando o ruivo se virou na sua direção, Oscar tocou seu rosto – Você sabe que eu não vou ter ciúmes, não sabe? Do que aconteceu antes de a gente se conhecer, eu também já fiz muita coisa por aí... mas só não mente pra mim. Eu quero confiar em você, eu quero sempre ouvir a verdade quando falo com você... – beijou sua boca, apenas um toque de lábios e afastou o rosto alguns centímetros apenas, com os olhos abertos os dois, se olhando.

– Se eu te contar, você não dirá a mais ninguém?

– Não vou contar, juro.

– Então tranca a porta – Oscar obedeceu ao seu pedido e depois de trancá-la, voltou para perto de Arthur, sentaram-se lado a lado na cama do ruivo e Arthur contou tudo a ele, cada detalhe, desde o beijo dos dois meninos na beira do abismo, do carinho que ele sentia pelo seu amigo mais velho, talvez fosse até amor isso que ele sentia, e depois do desaparecimento de Paulo, que mais tarde ele foi entender, dois anos depois, que pelo que entendera, Paulo se tornara Romulo para poder casar com a princesa, porque apenas um nobre pode pedir a mão dela. E todos sabiam que era uma fraude, o sábio do reino, o copeiro Gabriel, a princesa e até o rei, e estavam juntos nisso, para fazê-lo príncipe. Arthur só não fazia idéia de porque eles aceitaram isso, porque corriam o risco de iniciar uma inimizade com todos os reinos próximos somente por um plebeu que eles queriam transformar em nobre...

– E agora ele quer você por perto... – Oscar pensou em voz alta, olhando para o chão, depois voltou-se para o amigo – Ele ainda gosta de você, só pode ser isso, não sei o que ele espera daqui pra frente, se ele vai casar só pelo dinheiro, s´po pelo tiutulo, mas tenho certeza de que ele ainda gosta de você. Quando ele falou comigo ali fora ficou claro que ele ainda não te esqueceu. Mas... e você, Arthur, ainda sente alguma coisa por esse conde de araque?

Arthur sem querer encheu a voz de raiva quando falou nele, tudo de volta a mente, a humilhação de mais cedo, o soco na cara da noite anterior – Eu nunca gostei do conde Romulo. O garoto que eu... – iria dizer amava, mas achou melhor não, controlou as palavras – gostava, era Paulo, meu amigo plebeu que seria guerreiro assim como eu. Por causa dele eu entrei na guarnição sabe, era uma maneira de passarmos a vida toda próximos, mas Paulo não existe mais. Romulo é outra pessoa, é um esnobe riquinho como todos os outros daquele castelo. E dessa pessoa eu não gosto nem um pouco.

Oscar gostou de ouvir aquilo, ele não queria pensar em perder seu amigo, pelo menos não esse amigo. – e de mim, você gosta? – agora sim aquele tom de voz de molecão malicioso.

Arthur riu, foi pro espaço aquele papo sério que estavam tendo até então. Sorriu – de você eu gosto, apesar dos seus péssimos hábitos em bordeis e tavernas. Oscar pegou no seu braço, na altura do bíceps, e Arthur enlaçou esse braço na parte de trás da cabeça dele para puxá-lo para um beijo.

– Eu já disse isso antes, mas vou dizer de novo, eu vou te visitar no castelo todas as noites que eu puder, tudo bem?

– Vou ficar te esperando – Arthur respondeu – Mas agora eu tenho que ir, preciso me apresentar para a guarda do castelo ainda antes do almoço.

Foi embora dali, deixando para trás seu amigo ainda sentado na sua cama, Arthur conferiu se a espada estava bem presa a roupa, algo lhe dizia que sua estadia no castelo não seria nada tranqüila.

***

Se você olhar das janelas da parede leste do castelo terá uma visão esplendorosa do mar, que tranquilamente banhava toda aquela região do reino, formando uma paisagens das mais belas já vistas. Mas você não conseguirá ver, alguns quilômetros além do oceano, o reino que fazia fronteira com o do conde Romulo. E que era um pouco mais pobre, sem tanta ornamentação, com o castelo escurecido tanto de musgo quanto de bichos rastejantes que se alimentavam desse musgo. A população era mais pobre e os homens mais carrancudos. Talvez por viverem exclusivamente da caça precisavam ser assim mais brutos e ferozes. Assim como o era o rei desse reino, um senhor muito idoso e magro e levemente encurvado para frente, mas que ainda parecia severo e brutal, tendo ao seu lado o príncipe que seguia os seus passos e também seria um homem severo e brutal. E esses dois estavam ansiosos pelo mensageiro que chegara num navio do reino vizinho há menos de meia hora. E quando esse mensageiro entrou pelas altas portas do castelo e explicou ao rei que o espião que o rei mandara meses antes para matar o conde fora descoberto e executado e que naquela manhã a princesa do reino vizinho aceitou ao pedido de casamento de um conde que até então ninguém conhecia. O rei, que há parecia bastante zangado, se zangou ainda mais e sua boca se distorcia fechada como se não lhe restassem dentes nem lábios. A princesa rejeitara seu filho príncipe para casar com um conde, como se não estivessem interessados em criar alianças, em estender a parceria entre os dois reinos. E bateu duas vezes seu cajado de cedro preto no chão, com raiva, calculando se daria uma resposta a altura daquele desaforo do rei vizinho, que parecia não ter poder nenhum sobre seu reino, fazia tudo que sua filha mimada queria. Ele pensaria em alguma maneira de revidar. Ah, se pensaria.

***

Arthur só foi chamado pelo conde Romulo quando já havia passado da hora das luzes do corredor do castelo serem quase todas apagadas. Isso não era incomum, geralmente os guerreiros eram chamados para fazer a guarda na frente da porta dos nobres quando eles tinham medo de serem atacado por inimigos enquanto dormiam (ou quando estavam com mulheres casadas dentro do quarto), e Arthur fez como fora ensinado nessas situações, bateu três vezes na porta para avisar ao conde que ele já estava no seu posto e então virou-se para frente, olhando o corredor vazio. Mas então Romulo entreabriu a porta e disse, num tom natural como se fosse natural aquele ser seu guerreiro, e eles estivessem se conhecendo agora:

– Pode entrar aqui por um instante, guerreiro?

Arthur entrou, com medo, com raiva, confuso, com tudo. Romulo estava enrolado numa toalha, o cabelo molhado, ao lado de uma das sete lamparinas que continuavam acesas, iluminando completamente o quarto.

– Senhor? – Arthur respondeu quando fechou a porta, igualmente agindo como se estivessem se conhecendo agora.

– Só gostaria de conversar um pouco contigo – Romulo tirou a toalha com naturalidade, ficou nu na frente dele, e lentamente foi até uma gaveta, vestiu sua calça branca e confortável de dormir, sem olhar nesse instante para Arthur, que de canto de olho olhava para ele, porque era a primeira vez que o via sem roupa. Romulo estava provocando, mas Arthur não cairia.

– Não prefere que eu fique no meu posto lá fora, vai ser mais seguro.

– Não, não prefiro.

Ficou sentado na lateral da cama, olhando para Arthur por algum tempo, num silencio tão profundo que ouvia até o som da própria respiração, nervosa.

– E o que o senhor quer conversar?

– Não me chame de senhor, Arthur, sou eu, seu amigo...

– Prefere que eu te chame de Paulo? – provocou, Romulo sabia que não podia proferir esse nome, as paredes são ouvidos. – Por que esse era o nome do meu amigo.

– Vai ficar brigado comigo para sempre, menino?

– Eu não estou brigado com você. Eu nem te conheço.

– Conhece – Romulo se levantou, se aproximou dele, parou no meio do caminho, os dois em pé, Romulo ainda era cinco centímetros mais alto, Arthur ainda tinha aqueles olhos verde escuros e vivos a luz do sol vista através de uma esmeralda. – Não é porque eu troquei de nome que você deixou de me conhecer. Eu ainda sou o seu amigo mais velho, o que você beijou aquela vez.

– E que sumiu depois?

– Eu não sei se um dia você já soube, mas eu ia lá te encontrar na segunda tarde, eu cheguei na metade do caminho, mas encontrei a princesa jogada na mata, e a trouxe para cá, foi por isso que eu não apareci, e foi isso que me colocou nessa situação que eu estou hoje., mas eu ia lá te ver, eu gostei daquele beijo, queria mais.

– E quer que eu sinta pena? Quer que eu finja que então está tudo bem? Você podia ter levado a princesa com você até o abismo e me falado que ia levá-la ao castelo, você podia ter pensado em mim, mas pensou só em você mesmo, aceitou esse plano todo porque queria ser rico, queria ter essa vida de agora.

– Eu queria tirar meus pais daquela miséria. Era ou aceitar e leva-los para uma vida de nobreza, ou negar e ser executado. Me diga que você não faria o mesmo.

– Eu não faria o mesmo. Sabe por que? Eu amava você. Parece forte, não é? Mas é verdade, eu amava você, e queria ficar com você, por isso eu sou guerreiro, eu queria viver perto de você, e se a princesa me oferecesse algo assim eu negaria, eu pensaria em você primeiro. Isso era o que eu sentia.

– E o que você esperava? Que nós dois fossemos nos casar, ter filhinhos e nos tornar conselheiros do rei? Nós somos homens, Arthur, quando homens não se casam com mulheres são considerados uma desonra, uma vergonha.

– Não, nós não somos homens. Eu sou. Você é um covarde.

Romulo respirou fundo. Odiava esse tipo de insinuação, mas não podia se deixar levar pela fúria mais uma vez. – Não me chame de covarde – ele sibilou, com visível auto-controle.

– Ah, não, você é um símbolo de coragem. Se apareceu uma oportunidade, me largou para trás, me deixou sozinho no vilarejo, fingiu que não me conhecia, que não sentia nada por mim, porque claro, casar com a princesa, é o que todos querem, é ser o orgulho da nação. Tu é covarde sim, Romulo, e Paulo era covarde também, mas você é mais. Você talvez nem tivesse coragem de chegar na beira daquele abismo, muito menos pular.

– Não-me-cha-ma-de-co-var-de... – repetiu, baixo como o trincar de uma montanha de gero antes de se partir em pedaços e afundar no mar.

– Então quer que eu saia?

– FICA AÍ! – Romulo se aproximou mais dele, rosto a rosto agora – você sai quando eu quiser. Eu mando em você agora.

Os olhos de Arthur se cerraram uns milímetros, foi sua vez de dar um passo a frente – Você manda em mim? Repete, repete. Você manda em mim? – pegou-o pelo pescoço, aproximou o rosto mais ainda do dele, as palavras saíram como se mastigadas por dentes de raiva – Você pode ser nobre daquela porta pra frente, na frente do rei ou de qualquer outro, mas eu sei que você é igual a mim, eu e você sabemos que você não manda porcaria nenhuma em mim, Paulo.

Do lado de fora, um ouvido se grudara a porta trancada, querendo saber a razão de toda aquela exaltação dentro do quarto. Era Oscar, que viera visitar seu amigo guerreiro.

E então Romulo o prensou de vez, uma chave de braço no seu pescoço, o derrubou no chão, mas do chão Arthur segurou a sua perna e a empurrou, derrubando Romulo também. Os dois se esgalfinharam, agarrados,com tanta força que as unhas marcavam a pele nua de Romulo e quase rasgavam as roupas de guerreiro de Arthur. Socavam-se, estapeavam-se, e imobilizavam um ao outro. Era difícil dizer quem estava vencendo, de tão aguerridos que estavam os corpos um no outro. E era difícil também dizer quando aquela luta começou a virar, quando aqueles golpes começaram a ser apertões, no braço de Arthur, no peito de Romulo, quando aqueles olhares de homens raivosos começaram a se tornar olhares de animais sedentos, abstinentes, e quando em vez de mordidas começaram a ser beijos ali jogados no chão. E Romulo tirou a parte de cima da roupa de Arthur, e Arthur pressionou a cabeça dele contra o piso e mergulhou sua boca na boca dele. Arthur em cima de Romulo agora. Um beijo muito mais violento que o primeiro, um beijo quase sem fôlego nem pausa. E Romulo depois ainda estava de olhos fechados quando Arthur acabou o beijo e acertou um tapa na sua cara – Quem manda em quem?

Ele não respondeu, Arthur lhe acertou outro tapa, com a outra Mao, puxou para baixo a calça de Romulo, na altura da coxa, o pau duro, a bunda no piso gelado. – Fala!

Romulo ainda não respondia, estava sem ar, estava sem palavras, estava com raiva e tesão e queria revidar ao golpe mas também queria outro beijo daqueles. Arthur molhou o dedo com saliva e o levou lá para baixo, pelo meio das pernas do loiro, parou na porta da sua bunda por alguns segundos, o ruivo parecia mesmo ter crescido, não era mais um menino, era homem agora, era homem e tinha coragem e não estava nenhum pouco preocupado em serem dois homens naquela situação ardente. – Fala!

– Você manda em mim – Romulo respondeu, e o dedo foi entrando, devagar mas sem parar, entrando nele com força, não chegou a doer, mas era uma sensação diferente, meio desconfortável, meio deliciosa. Arthur mergulhou o rosto no dele e o beijou mais uma vez, agora com o dedo dentro dele. E Rômulo tentou virar o coirpo e inverter aquela situação, mas não conseguiu, seu amigo mais novo agora era mais forte que ele, passara esses dois anos treinando lutas enquanto Romulo aprendia etiqueta, e o pressionou outra vez contra o piso. – Aqui dentro desse quarto você não manda nada! Eu sou o seu homem.

Tirou o dedo, tirou a calça, puxou a calça de Romulo também. Seu loirinho de olhos cândidos e medo de admitir que gostava de homens, não tinha coragem para ficar de pau mole, duro daquele jeito, impossível disfarçar o que ele sentia, impossível tentar negar agora. Romulo, Paulo, plebeu, nobre,m apaixonados pelo mesmo ruivo de olhos verdes. Que foi entre suas pernas e lambeu sua bunda, fazendo-o arfar e soltar ar quente. Arthur sabia fazer aquilo, Arthur esticava a língua e com ela transportava Romulo a um outro mundo, uma outra dimensão, de olhos fechados, sentindo o sangue correndo depressa e o pau latejando de desejo.

Oscar, do lado de fora, parecia triste e furioso e indignado e traído, e saiu dali, e foi embora sabendo aonde daria aquela cena.

Arthur virou o próprio corpo, deixando seu pau próximo ao rosto de Romulo, que já não disfarçar, que já não tinha porque tentar esconder o que queria, e pegou aquele pau e o pôs na boca, segurando com a Mao direita na sua base e com a esquerda na bunda de Arthur, que lá do outro lado revezava entre seu pau e a sua bunda. Gemiam, sem palavras, mas diziam muito. E depois Arthur falou só com o olhar que era hora, e ajeitou o corpo e levantou as duas pernas de Romulo para o alto, sobre seus ombros e seu pau, duro e inchado de tanto tempo com saudades do seu amigo, ficou na portinha do cuzinho de Romulo, de Paulo, e os dois trocaram olhares antes, para ver se ainda havia algum sinal de duvida, que já evaporara horas antes, dias antes, anos antes. Não havia duvida de que era assim que seriam felizes, e não importava se tivessem que guardar segredo do resto do mundo, era assim, um com o outro, que se tornariam homens e perderiam a virgindade. E o pau foi entrando, doendo, rasgando, perfurando como a lâmina de uma espada. Mas não era no inimigo, não era para machucar e não era bem dor o que Romulo sentia, era parecido, mas não era dor, se fosse ele não pediria mais, e ele não se empinaria mais e abriria os olhos e olhar fundo no poço verde daqueles outros olhos quando o pau estava todo La dentro dele e as coxas de Arthur grudadas nas coxas dele, e o cheiro de Arthur na carne dele, por dentro e por fora. E Arthur se inclinou e ficou com o corpo todo sobre o dele – Gostoso, Paulo, tu é muito gostoso – e Paulo gemeu, quer dizer Romulo, quer dizer, nem sabia mais quem era, nem pensava mais em identidade. Só gemia, e depois respondeu com um beijo na boca de Arthur, primeira vez que ele beijava Arthur, tomava a atitude, e depois rebolava a bunda pedindo que Arthur se movimentassem e ele foi movimentando, indo e voltando, estalando a carne dos dois, no piso frio seus corpos quentes, seus beijos quentes, e Romulo puxou seus cachos ruivos e Arthur sorrriu com a sua safadeza. E começava a ser bem ra´pido, os movimentos, primeira vez, não sabiam que era para prolongar, que era para adiar o que vinha depois de acelerar os movimentos daqueles jeito, Arthur sentindo que estava quase lá, quase chegando lá, mas não sabia aonde era “lá” nunca gozara e nunca imaginou que na hora de gozar fosse seu corpo todo reagir daquela forma, como uma explosão para fora, como o fim de uma raiva e de uma culpa e de uma mágoa lá dentro do corpo dele, enchendo o corpo dele, e Romulo gemendo muito com a sensação quente dele assim beijando o seu lábio e gozando no seu corpo e friccionando seu corpo no corpo dele e gozou, com o atrito das suas duas barrigas contra o seu pau, gozou também, e gemeu também. Alto. Gritando. Para depois relaxar, e Arthur relaxar com ele, deitado em cima dele, sussurrando me desculpa por ter te tratado mal, Paulo, quero dizer, Romulo. E Romulo respondendo, me desculpa por ter te deixado para trás, eu não queria, eu senti muito a sua falta. E os dois fazendo as pazes depois de tantos rugidos de animais selvagens.

Arthur foi para fora do quarto horas depois, de banho tomado e corpo recomposto, e não tinha como saber que naquele momento lá atrás ali na frente do quarto estava Oscar, que ouvira quase tudo, e o que não ouviu imaginou, e imaginou certo, e agora estava no seu quarto escrevendo uma carta. Explicando na carta que Conde Romulo não era conde coisa alguma, era uma fraude, era um plebeu e a princesa estava a caminho de se casar com um plebeu, preferia ter filhos de um plebeu do que do príncipe do reino aliado. E essa carta ele fechou, ele selou, chorando, de raiva, de rancor, e ele pediu no meio da madrugada que um mensageiro no porto levasse na manhã seguinte para o rei aliado, mesmo sabendo que quando o rei lesse o que havia ali naquela carta, começaria uma guerra.


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Comentários

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29/02/2016 23:52:51
Conto perfeito!
20/02/2016 23:15:12
Se superou hein cara!
20/02/2016 09:54:29
Puta que pariu!!! Muito bom...
18/02/2016 23:09:28
Esperando a continuação
14/02/2016 13:50:38
Muito boa a história cara adorando. . .
13/02/2016 01:07:46
Oscar bicha má! E eu tbm pensei q Artur era o passivo? !! Se bem que poderia fazer revezamento nesse conto! Continua urgente!
12/02/2016 18:44:23
credo que malvado. . porque ele fez isso mandou uma carta. . pro outro reino. . isso não vai ser nada bom
12/02/2016 15:19:34
Conto perfeito sem palavras, tinha escrito um comentário antes mas não foi e deixa pra lá oque eu disse, mas só aqui eu penseueque o passivo era o Arthur kkkkkk nota mil
12/02/2016 14:21:47
Orran diacho. Até que enfim *----* Eu sabia que essa Oscar ia aprontar uma. Gente e essa guerra? Já estou ansioso. Haaa e essa historia é muito boa, consegue fazer o leitor viajar. Abraços


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