O Internato – XXI

Um conto erótico de Bernardo/Daniel
Categoria: Homossexual
Data: 22/02/2016 22:04:58
Última revisão: 23/02/2016 11:46:12

Capitulo vinte e um

Eu não o mereço

Bernardo

Naquela noite eu recusei a carona de Dylan e liguei para meu pai ir me buscar. Apesar de eu não querer demonstrar para Dylan, eu estava completamente transtornado pelo que eu havia feito. Tinha cedido e voltado a ser a mesma pessoa suja que jurei a mim mesmo que nunca seria. Voltei a ser aquele Bernardo que fazia sexo com vários garotos da escola só para sentir algo parecido com que sentia quando estava com Gregório. O mesmo Bernardo que gravou um vídeo de sexo onde era a putinha de dez garotos ao mesmo tempo. Eu me lembro que na época o vídeo tinha sido postado no xvideos depois de uma edição que deixava o rosto dos dez garotos encobertos. Só eu era identificável. Eu me lembro exatamente daquele dia. Poderia dizer que estava Bêbado ou que tinha usado alguma droga, mas seria uma mentira. Eu estava completamente sóbrio e ciente de cada coisa que eu fazia. Me lembro de gostar daquilo e pedir mais. Até na hora em que eles tinham se reunido ao meu redor para gozar em meu corpo nu e suado tinha sido maravilhoso. Mas então o vídeo foi postado e todos ficaram sabendo quem eu era. Eu foi quando todos descobriram que eu era gay, bom na verdade muitos meninos já sabiam, mas como eles me comiam e não queriam que mais ninguém soubesse, eles não falavam para ninguém. Eu era aquele tipo de garoto que quase não tinha amigos e invisível para a maioria das pessoas, mas depois disso me tornei a pessoa mais famosa da escola. Gostaria de dizer que a direção fez algo para me ajudar, mas acredito que eles sequer tenham tomado conhecimento, pois eles não me zoavam na frente de todos. Escolhiam locais isolados como o banheiro, vestiário ou corredores quase vazios. Meus poucos amigos me abandonaram, pois não queriam envolvimento com uma puta como eu. Foi quando me tornei sozinho e mais perdido do que nunca. Chorava quase que o dia inteiro e era minha mãe quem me consolava mesmo que eu não lhe dissesse qual era o problema. Pensei várias vezes em lhe contar, mas hoje sei que sua reação seria ruim e terminaria de me destruir. O vídeo não ficou online muito tempo, pois tinha um seguindo em que o rosto de um dos garotos estava visível e logo todos começaram a chama-lo de gay também. O vídeo foi removido, mas muitos já o tinham baixado em seus celulares. Mas apesar do garoto identificado ter sido zoado, eu quem fui mais humilhado, pois querendo ou não ele estava comendo e eu dando para dez caras. Foi quando eu percebi que não valia a pena ser aquela pessoa que topava qualquer coisa para sentir prazer. Foi quando decidi que iria ser diferente. Os meninos ainda me procuravam, mas eu os rejeitava. Tinha que me valorizar, mas apesar de ter mudado minha conduta, minha fama já estava formada. Isso foi no final do ano passado. Quando finalmente sai daquela escola, decidi que na próxima, tudo seria diferente e ninguém nem saberia que eu era gay até que encontrasse alguém que realmente valia a pena. Mas então fiquei no mesmo quarto com Théo e desencanei dessa parte sobre as pessoas saberem de eu ser gay, mas mantive meu juramento de me envolver sexualmente somente com alguém que valesse a pena. Foi quando eu vi Daniel e senti pela primeira vez algo especial que nunca tinha sentido nem com Gregório. De repente, toda aquela busca por prazer tinha se tornado algo sem sentido já que aquilo que eu sentia naquele momento era algo muito melhor. Aquela foi a primeira vez que eu estava realmente apaixonado. Tudo o que eu tive antes foram paixonites de criança, como com um garoto na escola ou com meu primo, mas com Daniel era tudo muito mais intenso e que realmente me fazia sentir algo que valesse a pena lutar. E o que eu tinha feito naquela tarde poderia pôr tudo a perder.

“Desde que você apareceu na vida do meu irmão ele ficou deprimido, foi atropelado, teve uma arma apontada pra cabeça dele, levou uma surra e quase foi expulso! Ele parecia feliz para mim. Ele não tinha metade dos problemas que tem agora. E isso é tudo sua culpa.” As palavras maldosas e acusadoras de Théo voltaram a minha mente me deixando ainda mais culpado do que eu já estava. Eu o fiz revirar sua vida de cabeça para baixo só para depois trai-lo. Deixei meu antigo e verdadeiro eu me dominar e fiz o que senti vontade sem me importar com as consequências. Aquele garoto doce cuja confiança eu atirei no lixo, não merecia nada disso. Ele merecia ser feliz como era antes de eu aparecer em sua vida. Théo tinha razão quando me disse aquilo. Talvez eu não merecesse ter Daniel na minha vida. Talvez eu não merecesse nada além de ser usado por homens que só buscam prazer. Talvez eu mereça a humilhação de ter sido estuprado por Gregório. Talvez tudo o que eu mereça seja uma vida miserável.

– Senti sua falta – disse ao atender o telefone que interrompeu meus devaneios.

– Eu também – Daniel respondeu com a voz chorosa.

Por um momento meu coração parou de bater em meu peito. O medo dele ter descoberto paralisou até mesmo minha respiração enquanto disparava meus pensamentos. E se aquela tarde tinha sido um plano de Théo para provar a Daniel que eu não prestava? E se Dylan fez aquilo apenas para acabar com meu namoro?

– O que aconteceu? – indaguei com a voz tremula.

Daniel me contou tudo desde a descoberta da sexualidade do pai até a sua visita na cadeia. Aquele homem tinha causado uma ferida enorme na alma do meu namorado e nada que ele tenha passado em sua vida poderia justificar tal ato, mas Daniel não era uma pessoa capaz de magoar alguém só por magoar. Eu via em seus olhos a dor que sentia todas as vezes que me deixava sozinho depois de fazermos amor. Sentia em sua pele e em suas lágrimas o quão desconfortável aquilo era. Daniel era uma pessoa boa demais. Incapaz de guardar rancor ou de realizar uma vingança; Seu coração era puro e isso o tornava especial. Foi por isso que não me surpreendi quando ele disse que perdoou o pai por tudo apesar de que nunca iria esquecer.

– ... O que me preocupa é Théo – Daniel continuou ainda chorando – Ele disse que queria vê-lo queimando no inferno e depois foi embora. Eu nunca vi meu irmão tão magoado quanto hoje. Nem mesmo quando levou aquela surra. Tinha uma espécie de névoa negra em seus olhos. Eu não reconheci meu próprio irmão.

Mas eu conhecia aquele Théo vingativo, manipulador e rancoroso. O tinha visto duas vezes e ainda assim me recusava a acreditar que existia esse seu lado negro.

– Ele disse aquilo da boca para fora – tentei acalma-lo – Está em choque com a descoberta e ainda tem a mágoa que ele carrega a anos. Théo vai cair em si.

– Espero que sim – Daniel fungou e ficou um minuto calado me deixando ouvir sua respiração irregular – Ele não saiu do quarto desde que chegamos. Nem nos responde. Estou com medo dele fazer alguma coisa estupida.

– Nem pense nisso! – disse de supetão o que deve tê-lo assustado de início – Théo não vai fazer nada irresponsável. Ele só precisa de um tempo sozinho para se encontrar.

Ao fundo ouvi o som de uma música tocando ao fundo. Uma música que eu conhecia muito bem. Asleep da banda The Smiths. Aquela música automaticamente me fez lembrar de Dylan e que provavelmente tinha sido ele quem lhe apresentou tal música.

– Ele está ouvindo Asleep – Daniel murmurou – Isso é um bom sinal?

– Acredito que sim – disse sem nenhuma convicção – Quer que eu vá até ai?

– Acho melhor não – Daniel sussurrou as palavras de forma arrastada – Acho que ambos precisamos ficar um tempo sozinhos.

– Tem certeza? – indaguei sentido meu coração doer ligeiramente devido a rejeição.

– Tenho sim – ele fungou mais uma vez.

– Se precisar de mim, estarei aqui – disse a ele.

– Eu sei – respondeu quase que de forma inaudível – Eu te amo.

Aquelas palavras destroçaram meu coração a medida que traziam à tona as coisas que fiz hoje com Dylan, as palavras de Théo e meu passado. Eu não o merecia nem um pouco.

– Também te amo – respondi depois de quase dois minutos de silêncio em que eu me indagava se alguém que realmente ama outra faria aquilo que eu fiz.

Daniel desligou o telefone e eu fui tomar banho para dormir.

Durante aquele final de semana eu não falei mais com meu namorado. Não que eu ou ele tenhamos tentado entrar em contato um com o outro e não conseguimos, mas na verdade nós nem sequer tentamos nos comunicar. Daniel provavelmente estava péssimo com tudo o que tinha acontecido e preocupado com Théo enquanto eu não tinha coragem de ligar. Todas as vezes que eu pensava em fazer, uma voz acusadora em minha mente dizia: “Você não o merece. Ele é bom demais para você. Você traiu a única pessoa que te deu valor. Théo está certo. Você trouxe sofrimento a vida de Daniel”. Tais palavras me faziam perder toda e qualquer coragem de pegar o telefone e discar o número do meu namorado. Por isso passei o resto do fim de semana em casa assistindo Dexter. Meu pai me chamou para visitar minha mãe no hospital, mas eu ainda não me sentia bem com a ideia de vê-la novamente. Então fiquei sozinho em casa com aquele espirito acusador que fazia questão de me lembrar a cada quinze segundos, que eu não prestava e que merecia todo o sofrimento do mundo. O fantasma ainda dizia que tudo aquilo que eu tocava eu destruía e deixava podre. Foi assim com Gregório que graças a mim se transformou em uma pessoa insensível, foi assim com os garotos da escola que só me usavam para se satisfazer. Foi assim com Théo que o fez demonstrar um lado sóbrio que eu desconhecia e também estava sendo assim com Daniel que sofria só para ficar com uma pessoa que o traiu sem nenhum motivo além do próprio egoísmo.

Talvez eu estivesse certo antes e era muito mais fácil viver sem amor. Poderia ser triste e menos empolgante do que ter sempre alguém que se importa com você, mas era menos doloroso. Amar machuca mais do que qualquer surra. Amar te destrói de dentro para fora enquanto consome toda a sua alma. Amar faz com que a decepção seja mais dolorosa assim como uma facada no peito.

Na segunda- feira ele não foi para a escola e eu ainda assim não conseguia ligar para ele. Sabia que precisava e que provavelmente ele estava se queixando do por que eu não ter feito isso ainda, mas não conseguia. Me martirizava com as imagens e com o prazer que senti em meu ato. Como pude ser tão egoísta ao ponto de escolher o prazer ao invés do garoto que me dava carinho, conforto e amor? Como fui idiota em jogar tudo para o alto para ser a mesma pessoa que era a alguns meses?

Me lembrei em outubro do ano passado quando estava no banheiro da minha casa. Estava nu e olhava-me no espelho sem reconhecer quem eu vi diante de mim. Era como encarar uma estátua de cera com o meu formato. Poderia ser parecida mais não tinha a minha essência ali dentro. Vi as lágrimas escorrendo por meu rosto e jurei a mim mesmo que seria diferente. Que tinha cansado de olhar para o espelho e ver um boneco sem alma. Queria poder me olhar e ver uma pessoa digna de ser amada e respeitada. Queria ser mais do que aquela caricatura mal feita de um adolescente. Queria sentir amor, paixão e felicidade. Queria ter algo pelo qual valesse a pena lutar.

E joguei tudo fora na primeira oportunidade que tive.

– Oi gostoso – Dylan sentou-se ao meu lado na arquibancada em frente a piscina onde eu assistia ao treino de natação na esperança de que Daniel se materializasse na água – Fiz o que você me pediu.

– Como? – indaguei curioso, pois também não vi Théo na escola hoje.

– No sábado à noite Théo me ligou e eu fui lá ver como ele estava – ele disse aquilo com naturalidade.

– Não acredito que você teve coragem de ir na casa dele depois do que fizemos – disse perplexo.

– Eu faço isso direto – Dylan deu de ombros – Traio o Théo direto. Gosto dele e tudo mais, mas você conhece o garoto. As vezes ele me sufoca e eu preciso espairecer.

– Você é nojento, Dylan – disse me levantando.

– Olha quem fala – Dylan quase gritou – Até parece que essa foi a primeira vez que você traiu o Daniel.

– Eu nunca fiz isso antes – disse furioso – E nunca deveria ter feito.

Dylan gargalhou um pouco.

– Até parece – debochou – Você é uma puta sonsa, Bernardo. Já deve ter dado para a escola toda. Eu só fui mais um que te comeu.

Dei um tapa forte em seu rosto que deixou cair aquele seu sorriso debochado.

– Você não me conhece – disse com lágrimas de raiva escorrendo pelos olhos – Eu nunca tinha traído meu namorado e nunca mais vou trair. Seja com que for. Pode ficar com Théo se quiser, mas não quero que você me procure nunca mais.

– Sem problemas – Dylan levantou as mãos – Já consegui o que eu queria mesmo. Só me arrependo de ter apagado o vídeo.

– Lhe agradeço por isso, mas não significa que eu lhe deva algo. E tem mais. Se você sequer insinuar algo sobre o que nós fizemos, eu acabo com você!

– Eu não tenho medo de você – Dylan ironizou me olhando de cima abaixo.

– Mas devia, pois como eu disse, você não me conhece – Me levantei e fui embora deixando-o sozinho e provavelmente arrependido de ter apagado o vídeo.

Daniel

Contei para minha mãe tudo o que aconteceu e ela entendeu que eu não conseguiria ir para a escola na segunda-feira assim como Théo também não conseguiria. Não queria dizer nada a minha mãe, mas ela precisava saber o motivo de seu caçula ter chegado em casa batendo as portas e se trancando no quarto sem deixar que ninguém entrasse além de seu namorado. Ao saber, minha mãe teve um choque e quase desmaiou na sala, mas rapidamente se recuperou quando a segurei. Ela nunca desconfiou daquilo em todos os anos em que permaneceu casada com meu pai, mas que de certa forma aquilo justificava o ódio que ele tinha por homossexuais.

Passei a noite de sábado para domingo acordado pensando na infância do meu pai e em como ele deve ter sofrido. Claro que eu tinha visto algo semelhante dentro da minha casa quando Théo era pequeno, mas apesar de desprezar meu irmão, meu pai só veio a levantar a mão para Théo quando ele se assumiu aos treze anos. Não o estou defendendo meu pai, mas talvez a falta de punição física durante grande parte da infância de Théo, tenha contribuído para uma quantidade menor de traumas psicológicos. Traumas que transformaram meu pai nesse monstro. Gostaria de ter conhecido a pessoa meiga e sorridente que um dia ele foi e pedir para que ela nunca se perdesse. Gostaria de lhe dizer que ele passaria por diversos momentos em que desejaria jogar tudo para o alto e fazer o que lhe mandavam, mas lutar lhe deixaria muito mais feliz. Pois ser quem você nasceu para ser não tem preço.

– Acho que no fundo de sua mente perturbada o pai teve boa intenção – Fernanda disse-me naquela tarde de domingo. Estávamos deitados na minha cama como costumávamos fazer quando éramos mais novos e ela morava conosco. Ficávamos horas assim falando sobre a escola, amizades e programas de tv. Minha irmã me contava também sobre os garotos, pois ela via em mim alguém com quem ela poderia desabafar sem medo de ser julgada – Ela não queria que vocês sofressem como o vô disse que ele sofreria.

– Eu sei, mas o que não entra na minha cabeça é como ele achou que seria melhor ignorar Théo a vida inteira só para depois espanca-lo, me dar uma surra e me ameaçar com uma arma, nos faria sofrer menos do que simplesmente nos aceitar e nos acolher. Tudo bem que ele precisasse de tempo para nos aceitar assim como a mamãe, mas pelo menos seria compreensivo.

– O pai não é uma pessoa psicologicamente sã – ela disse brincando com uma mecha do meu cabelo dourado – Na cabeça dele isso faz sentido.

– Você já foi visita-lo na cadeia?

– Não tive coragem – ela deu um sorriso amarelo – Uma vez cheguei até a porta, mas me lembrei do que ele fez a vocês e acabei voltando. Como ele está?

– Destruído – respondi sem rodeios.

– Fizeram algo com ele? – ela indagou cobrindo a boca.

– Não – respondi – Digo destruído psicologicamente. Ele parece estar caindo na real e percebendo tudo de ruim que ele fez. Não tem mais aquele olhar orgulhoso de antes. Parece estar mais humano. Até aceitou meu perdão.

– Você o perdoou? – Fernanda não parecia espantada com isso. Ela me conhecia muito bem para saber que eu nunca conseguiria ter uma vida plena sem perdoa-lo.

– Eu precisava – respondi aparando uma lágrima teimosa que decidiu escapar do meu olho – Mas estou preocupado com Théo. Eu vi que ele buscava um motivo para a forma como o pai o tratou durante toda a vida e quando conseguiu ele conseguiu compreende-lo. Pude ver isso nos seus olhos, mas ele não consegue perdoa-lo e seguir em frente. Théo está preso a ele e por causa disso não consegue ser plenamente feliz.

Fernanda soltou meu cabelo e sentou-se na cama com aqueles olhos azuis me fitando com seriedade.

– Espero que você não me interprete mal e você sabe que eu amo muito o Théo, mas eu consigo vê-lo de verdade. Coisa que você não vê.

– Como assim? – eu indaguei confuso.

– Me escute até o final antes de falar – ela ordenou – Théo não é nenhum santo Daniel. Ele passou tanto tempo sem amor de pai e vivendo apenas com a rejeição que ele criou uma escuridão dentro dele. Uma escuridão que ele direcionou a você. Théo sempre teve inveja de você!

– Você está ficando doida – debochei me sentando.

– Eu disse para me escutar até o fim! – disse com o tom de voz firme que aprendeu com o pai. Odiava profundamente quando ela fazia isso, pois era como se ela o incorporasse – Você era o queridinho do pai e da mãe. Era popular, inteligente e bom nos esportes. Era o xodó da família. Talvez você não enxergue isso, mas tudo sempre girou ao seu redor enquanto Théo e eu éramos deixados em segundo plano. Eu nunca me importei muito com isso, pois eu me destacava em outros aspectos como em minha vida escolar e popularidade sem falar que também recebia amor dos nossos pais. Mas para Théo era diferente. Ele nunca foi uma criança que nossos pais olhassem e tivessem orgulho. Ele era diferente e estranho. Nunca vou esquecer das vezes em que o pai saia com você e a mãe pedia para o pai levar Théo também, mas ele dizia que não queria. Você não via, mas ele ficava chorando em casa até minha mãe dar um tapa no braço dele e colocá-lo de castigo. Lembra que quando você e eu contávamos como havia sido nosso dia na escola, nossos pais ouviam com atenção, mas quando era a vez de Théo eles logo o cortavam com outro assunto. Théo não recebia afeto e acho que nunca ouviu ninguém dizer que estava orgulhoso dele. Agora sabemos que era assim, porque o pai não conseguia olhar para ele sem lembrar se si quando tinha a mesma idade, mas naquela época era tudo uma incógnita. No início eu confesso que não percebia a diferença no trato que nossos pais tinham conosco, mas à medida que fui crescendo, fui reparando e ficando cada vez mais revoltada. Falei isso com a mãe uma vez, mas ela disse que eu estava maluca e que eles tratavam todos nós iguais. Foi quando me aproximei mais de Théo e um dia antes dele se assumir, ele me contou que sentia inveja de você, pois era perfeito e ele um peso de papel. Théo realmente achava que era nada e que estaria melhor morto. Agora imagina como estava a cabeça do garoto tendo que se aceitar como homossexual enquanto tinha toda essa baixa autoestima? Deve ter sido um inferno que o deixou um pouco amargo. Você cuidou dele depois da surra e tenho certeza absoluta que isso fez com que ele te amasse muito, mas não apagou o sentimento de inveja que ele tem de você. Depois que você se assumiu para a família e com exceção do pai, todos te aceitaram com mais facilidade, ele veio conversar comigo que ele ainda se sentia com inveja de como todos te amavam tanto a ponto de lutarem por você.

– Nós dois lutamos por ele! – a interrompi abismado com tudo o que ela estava falando.

– Sim, mas e a mãe? – Fernanda indagou – Ela encobriu o crime do pai, mas correu para a delegacia quando foi com você. Imagina como ele deve ter se sentido? Não estou dizendo que Théo seja uma má pessoa, mas ele guarda sentimentos ruins dentro de si a anos. A inveja que tem de você, o trauma da rejeição dos pais e a surra que levou por nada. Ele se prendeu a esses sentimentos de uma tal forma que se tornaram aquilo que ele é. Ele não perdoa o pai e segue em frente por que ele não sabe para onde seguir. Ele está confuso e perdido sem ninguém para orienta-lo. Théo sofreu mais do que qualquer um nessa casa e isso ele não esquece. Para você perdoar o pai significa esquecer-se de dois meses de sua vida. Para Théo, perdoa-lo significa esquecer-se tudo aquilo que ele conhece como vida.

– E como podemos ajuda-lo? – indaguei.

– Só podemos ajuda-lo quando ele quiser ser ajudado – Fernanda respondeu.

Bernardo

Estava caminhando pelo campus completamente sem rumo na hora da janta e percebi que estava diante a cabana do zelador onde fizemos amor pela primeira vez. Me aproximei vagarosamente me lembrando daquela tarde em que ele me levou até lá, me deitou sobre a mesa de madeira e me fez ir ao paraíso. Nossos corpos suados se fundindo, o cheiro de sua pele, o prazer avassalador... Tudo era novo para mim e intenso demais para que eu pudesse processar de uma vez. Tudo o que eu sabia naquele momento era que eu o queria cada vez mais para mim.

– Imaginei que estaria aqui – ouvi sua voz doce de veludo e me virei.

Lá estava ele diante de mim com um olhar abatido e cheio de saudade. Não pensei duas vezes e corri em sua direção e me atirei em seus braços. Meus lábios foram de encontro aos seus os esmagando em um beijo apaixonado. Minhas mãos rodeavam seu pescoço enquanto minhas pernas estavam entrelaçadas em sua cintura. Sua mão segurava-me pela bunda com delicadeza para que eu não caísse.

– Eu senti tanto a sua falta – disse beijando-o como se aquela fosse ser a última vez.

– Eu também – Daniel retribuiu os beijos com intensidade – Senti falta dos seus beijos e da sua pele macia.

– Eu senti falta do seu amor e do seu carinho – falei começando a chorar – Eu te amo muito Daniel! Te amo como nunca fui capaz de amar ninguém. Não importa o que aconteça, eu quero que se lembre sempre do quanto eu te amo.

– Você está estranho – Daniel desconfiou – Aconteceu algo?

– Não – menti começando a chorar – Eu só percebi que eu não te mereço.

– Do que você está falando? – Daniel ficou confuso e preocupado – Você é uma das melhores pessoas que eu já conheci. Eu te amo muito! Tira esse negócio de não me merecer da sua cabeça.

– Vou tirar – disse beijando-o mais uma vez.

– Eu quero você – ele sussurrou passando a mão pela minha perna – Eu preciso de você agora.

Ele mordiscou minha orelha me enchendo de tesão. Sorri e beijei sua boca. Daniel então me levou para a cabana do zelador ainda em seu colo. Nós não parávamos de nos beijar e eu já estava até tirando a camisa dele quando entramos na cabana e nos deparamos com algo estranho.

Cinco adolescentes sendo três meninas e dois meninos sentados em partes isoladas da cabana que estava sendo levemente iluminada por quatro velas. Todos vestiam roupas negras e usavam muita maquiagem no rosto. Cada um segurava um caderno de anotações. O cenário macabro era ainda decorado pelo rock estranho que lembrava um pouco ópera. Nunca ouvi aquilo em minha vida.

– Me desculpem – Daniel congelou – Não sabia que estavam aqui.

– Agora que sabem vão embora – um dos garotos disse com a voz fria e sem vida.

Meu namorado me colocou no chão e ambos saímos da cabana totalmente sem graça e achando estranho aquela reunião macabra de góticos. Assim que passamos pela porta Daniel deu de cara com um garoto de aproximadamente quinze anos que trajava um sobretudo preto e tinha o cabelo negro como a noite contrastando com sua pele clara como mármore. Eu já o tinha visto. Se chamava Lorenzo e era da minha turma. Sentava-se no fim da sala e não falava com ninguém, pois todos achavam seu estilo gótico completamente bizarro.

– Olha por onde anda Mortiça! – Daniel debochou completamente perturbado com a aparência daquele garoto.

– Espero que o anjo da morte lhe carregue para o sofrimento eterno – Lorenzo disse no mesmo tom frigido do outro causando arrepios em mim e em Daniel.

– Vamos embora, Be – Daniel pegou a minha mão e fomos embora daquela reunião das trevas.

E Daniel praticamente correu de mãos dadas a mim enquanto eu olhava para trás e olhava Lorenzo que me fitava de uma forma estranha. Uma mistura de curiosidade com ódio. Confesso que aquilo me assustava um pouco, e que com toda a certeza correria como um louco se estivesse sozinho, mas não deixava de ser curioso. Suas vestimentas, suas palavras e até sua música eram algo estranho, mas não de uma forma ruim. Apenas diferente. Era como encontrar uma parte de mim cuja qual eu nem sabia que tinha perdido. Aquelas roupas e o cenário que havia se tornado totalmente mórbido de alguma forma me convidavam para integra-lo. E olhar de Lorenzo? Não era nada parecido com o que eu já havia sentido e me deixou incomodado, pois era como se aqueles olhos castanhos conseguissem ver a dor em minha alma.

...

Gostaria de dizer que me entristece muito saber que alguns de vocês tenham ficado com raiva enquanto outros tenham dito que iriam parar de ler, mas tudo bem, pois a vida continua assim como o conto. Acho que não falei isso até então, mas pretendo narrar um ano inteiro da vida dos personagens e o ano ainda está em maio no conto. Então muita coisa ainda vai acontecer. Coisas que vocês podem gostar ou não assim como a traição de Bernardo e Dylan, mas peço que tenham paciência, pois nada está acontecendo por acaso e essa traição assim como diversos acontecimentos serviram para desenvolver os personagens assim como a história. Bom... não irei me alongar mais.

Espero que os leitores que sobraram tenham gostado deste capitulo e até o próximo.


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Comentários

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25/06/2016 16:00:14
...
15/04/2016 02:14:35
Muito bom
21/03/2016 05:14:10
Vou contar que a raiva que eu peguei do Bernardo está aos poucos sendo dissolvida, conforme todas as máscaras vão caindo. Adorei.
15/03/2016 07:46:42
O conto é muito bom!!!!
26/02/2016 04:17:37
Posta logo por favoor kk
24/02/2016 10:18:16
Traição nunca é algo legal, mas acontece na vida real e também várias histórias aqui tem traição no meio e tal e nem por isso o povo abandona, enfim, espero o próximo e vamos que vamos
23/02/2016 10:31:37
Oiiii olha eu não gostei da traição, mais isso não quer dizer que pararei de ler sua historia, ate pq adoro muito os meninos, mesmo eles errando e aprendendo com os erros. Não será isso que me fará parar de ler tua historia. Continua que estou amanda. E esta tudo ótimo, o tamanho, a linguagem, não muda nada.
23/02/2016 09:51:16
Adorei.Continua
23/02/2016 01:55:30
Eu n vou abandonar o conto,gosto muito !
22/02/2016 23:42:36
CARO ESCRITOR, OS CAPÍTULOS SÃO MUITO LONGOS. REPENSE ISSO POR FAVOR. A HISTÓRIA É MARAVILHOSA. NÃO GOSTEI DA TRAIÇÃO MAS NO FINAL TB PENSO NO CASAL JUNTOS PARA TODO SEMPRE.
22/02/2016 23:16:31
Gostei bastante. Claro, que a gente meio que se decepciona com as atitudes de alguns personagens, mas faz parte do desenvolvimento da história. Os personagens têm uma profundidade psicológica muito grande. Vc parece ser alguém que conhece muito da vida, pois transfere esse conhecimento para os personagens. Vou continuar lendo, pois gosto muito da história. Só não queria que houvesse sofrimento e que os protagonistas ficassem juntos. rsrs bjs
22/02/2016 22:24:43
Ainda espero q o casal principal fique junto... Eu to amando a história! Acho q ele vai virar gótico! E acho q ele deveria sentar e contar tudo ao Daniel, e se ele realmente o amasse, o perdoaria! Sinto q Théo ainda vai aprontar muito!
22/02/2016 22:24:26
Gostei cara... 👌👌


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