O Primo Desconhecido Cap.1

Cap.1

Minha vida amorosa até ali havia sido muito sem graça, tanto porque tinha pouca idade, apenas 17 anos, mas também por ter namorado apenas 4 vezes. E desses 4 namoros, dois foram virtuais. O primeiro, Leonardo, era um ótimo namorado, uma ótima pessoa, até aquele desastre acontecer na minha vida.

" Estava no meu quarto, vendo o meu Facebook no meu notebook. Tudo na maior tranquilidade, quando a porta do meu quarto foi invadida de repente.

- Lucas ? Que comentário é esse aqui no Facebook ? - e então ela me mostrou um comentário que eu havia feito numa foto de um casal de amigos meus, gays - você é gay por acaso ? "

Não adiantou eu mentir, ela não acreditou em mim. Como resultado, acabei sendo obrigado a mudar de cidade. Meus pais consideravam aquilo errado. Era como se eu usasse droga, eles perderam qualquer confiança em mim. Só que eu nunca fui um garoto levado e nem metido com coisas erradas, então acabei recuperando a confiança deles. Porém, perdi o namorado. Após isso, dois namoros virtuais, Emerson e Israel, sendo que os dois acabaram caindo na mesmice, talvez por culpa minha, ou de nós dois. O ultimo, com Daniel foi o pior e o mais curto. Ele é quase um ninfomaníaco, só pensava em sexo, todo encontro, falava em sexo. Sempre que ia em minha casa, queria transar. Eu cansei, e logo terminamos, pois com esse fogo incessante, ele acabou me traindo. Até ali, não havia tido um amor verdadeiro. Alguém que me fazia suspirar, e sorrir com apenas um gesto. Que me trazia a vontade de ajuda-lo, e de acompanha-lo em tudo quanto é lugar. De ser um namorado de verdade. Na verdade, acho que o que afasta as pessoas de mim é o meu jeito tímido, quieto, caseiro, carinhoso. Parece que as pessoas de hoje em dia querem um safado para namorar. Terminei o Ensino Médio, passei com méritos, e o fim de ano chegou. Como sempre, nos fins de ano, eu viajava de férias para a minha cidade natal, Santarém do Pará. Moro em Manaus atualmente. Apesar de fazer isso anualmente, sempre tinha uma grande esperança de que fosse diferente da próxima vez. De que nas férias, eu iria viver uma grande paixão e provar para eu mesmo que Não sou um garoto sem graça e que não atrai ninguém.

- Você já vai entrar ? - meu pai perguntava, na entrada da sala de embarque do Aeroporto de Manaus. Aquela altura nossa relação já havia melhorado, mas ele ainda continuava a não me tratar do mesmo jeito que me tratava antes de descobrir que sou gay.

- Já sim, a essa hora não tem o que fazer no aeroporto - falei, na entrada.

- Tudo bem, se cuide lá, OK ?

- OK - dei um leve abraço nele, e parti para o terminal. Como sempre, ficava feliz em viajar, pois amo aviação, amo aeroporto, amo tudo que se refere a este mundo aeronáutico. Esse era o maior sonho da minha vida, e com certeza eu iria seguir em alguma vertente dessa área. Alguns minutos depois, e eu estava indo em direção ao local aonde eu nasci.

TEMPO DEPOIS

Assim que sai da aeronave, já no pátio do Aeroporto de Santarém, liguei a câmera do celular e tirei uma selfie de corpo inteiro, frente a aeronave, minha alegria. Nela, podia ver a minha face, que causava controvérsias dentro de mim. Um garoto branco, alto, de corpo normal, cabelos pretos cacheados, olhos castanhos, que de longe parecem pretos, jeito tímido, sem safadeza, sem graça... Isso era o que eu imaginava de mim. Fui andando até a Sala de desembarque, já que ainda não tem pontes de embarque no aeroporto. Lá fora, minha tia e minha prima me esperavam.

- Oi !!! - minha prima falava, me abraçando fortemente - que saudade de você, estava sumido.

- Owwn prima, você sabe que eu não posso vir sempre aqui.

- Pois deveria, 500 km de distância, por favor..

- Prometo que vou tentar ser mais presente - cumprimentei a minha tia, que como sempre se mostrava solicita e simpática comigo. Elas duas, como toda a família, sabiam da minha sexualidade, porém ao contrário da minha tia, minha prima aceitava e falava sobre garotos comigo. Porém, como sempre eu não estava muito animado para isso.

- E aí, como estão os namoros ? - dizia eu, entrando no quarto aonde iria dormir durante a minha estadia na cidade.

- A mesma coisa de sempre prima. Acho que os homens não gostam de mim - disse, abrindo a sua mala.

- Acho que você Que é cheio de frescuras...

- Eu ? Sou traído em todo namoro, os garotos só pensam em sexo, o que você quer que eu faça ? Vire uma puta e dê o que eles querem ?

- Tá bom, não precisa falar assim - Fechei os jogos e me joguei na cama.

- Mas você tem razão. Eu sou sem graça. Deve ser por isso que nunca ninguém manifestou um interesse real em mim - um silêncio chato se manifestou no quarto - mas eu espero que nessas férias sejam diferentes.

- Vai ser ! Nós precisamos sair... Ir pro Shopping, para a Praia, enfim...

- Espero que sim... - peguei uma camisa da mala e começei a trocar - Olha, seu corpo melhorou...

- Você acha ?

- Acho, estava mais gordo ano passado - terminei de me vestir, e começei a arrumar as minhas coisas - e então, alguma novidade.

- Ah, tem... Lembra da Tia Maria ?

- Lembro, a que mora em Brasília - tenho um monte de tias, espalhadas pelo país. Meus bisavós procriaram muito, e meus avós também, então tio é que não falta - irmã da Vovó.

- É, ela mesmo. Ela está vindo para cá...

- Sério ?

- Sim...

- Nossa, a quantos séculos ela não vem aqui ?

- Faz 20 anos já... - arregalei os olhos.

- Meu Deus... Então ela vai estranhar quando chegar.

- Se vai... E ela vai vir com os dois filhos.

- Ela não tem três ?

- Tem, mas dois vem. A Bianca... E o Bruno.

- Quem é Bruno ? - era tanta gente, que muitas das pessoas eu não lembrava quem era.

- O filho dela, tem 24 anos, mora em Brasília, Comissário de Bordo...

- Nunca ouvi falar... - ela revirou os olhos.

- Deixa eu te mostrar uma foto - então ela pegou o celular e começou a procurar uma foto até achar uma - toma, aqui está ele. - peguei o celular com a maior calma, porém quando vi aquela foto, arregalei os olhos.

- Esse é o nosso primo Bruno ? - ela remexeu a cabeça, concordando - e... Pelo que eu saiba, ele é gay ! - ele é lindo... E gay...

Continua

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